quarta-feira, 25 de março de 2015

O ROUXINOL E A ROSA


O Rouxinol e a Rosa (Texto de Autor Desconhecido) 

 

 

Um rouxinol vivia no jardim de uma casa. Todas as manhãs, uma janela se abria e um jovem comia seu pão, enquanto olhava a beleza do jardim. Caíam sempre farelos de pão no parapeito da janela. O rouxinol comia os farelos, acreditando que o jovem os deixava de propósito para ele. Assim, criou um grande afeto por aquele que se preocupava em alimentá-lo ainda que com migalhas. Um dia, o jovem apaixonou-se. Mas, ao declarar-se, a sua amada impôs uma condição para retribuir o seu amor: que na manhã seguinte ele lhe trouxesse a mais linda rosa vermelha.

O jovem percorreu todas as floriculturas da cidade, mas sua busca foi em vão. Nenhuma rosa... Muito menos vermelha. Triste, desolado, ele foi pedir ajuda ao jardineiro de sua casa. O jardineiro declarou que ele poderia presenteá-la com petúnias, violetas, cravos...

Qualquer flor, menos rosas. Elas estavam fora de época; era impossível consegui-las naquela estação.

O rouxinol, que escutara a conversa, ficou penalizado com a desolação do jovem... Teria que fazer algo para ajudar o amigo a conseguir a flor.

Assim, a ave então procurou o Deus dos Pássaros, que falou: - Tu podes conseguir uma rosa vermelha para o teu amigo... Mas o sacrifício é grande e poderá custar-te a vida! - Não importa, respondeu a ave. O que devo fazer? É para a felicidade de um amigo! - Bem, tu terás que te emaranhar em uma roseira, e ali cantar a noite toda, sem parar. O esforço é muito grande; o teu peito pode não aguentar...

Quando escureceu, o rouxinol emaranhou-se no meio de uma roseira que ficava em frente a janela do jovem. Ali, pôs-se a cantar seu canto mais alegre, pois precisava caprichar na formação da flor. Um grande espinho começou a entrar no peito do rouxinol, e quanto mais ele cantava, mais o espinho entrava no seu peito. Mas o rouxinol não parou. Continuou seu canto, pela felicidade de um amigo. Um canto que simbolizava gratidão, amizade. Um canto de doação, até mesmo da própria vida!

Pela manhã, ao abrir a janela, o jovem deteve-se diante da mais linda rosa vermelha, formada pelo sangue do rouxinol. Nem questionou o milagre, apenas colheu a rosa. Ao olhar o corpo inerte da pobre ave, o jovem disse:

Que ave estúpida! Tendo tantas árvores para cantar, foi enfiar-se justamente em meio a roseira que tem espinhos. Pelo menos agora dormirei melhor, sem ter que escutar o seu canto chato. É muito triste, mas infelizmente... Cada um dá o que tem no coração... Cada um recebe com o coração que tem...

Enfim: Cada um dá o que tem no coração... Cada um recebe com o coração que tem...




O rouxinol e a rosa

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