terça-feira, 14 de abril de 2015

TEXTOS PARA REFLEXÃO

Amar é também, disciplinar2



          A educação de nossas crianças, não digo a educação do aprender a ler e a escrever, cada vez mais é dirigida única e exclusivamente como tarefa da escola, onde os pais preferem esquivar-se a enfrentar a fúria e o mau humor de seus filhos.
          Estamos cansados de assistir as crises de birras das crianças que não se contentam com o que lhes é dado. Quantas e quantas vezes vemos nas filas dos supermercados e shoppings, crianças embolando, gritando e agredindo, impondo aos pais o direito de terem e fazerem apenas o que desejam. Estaria nossa sociedade entregue a estes pequenos tiranos?!…
          A escola é o ambiente onde a criança passa a maior parte do seu tempo de vida. É o lugar escolhido para brincar, sonhar, estudar, pintar e fazer novos amiguinhos. É na escola onde a criança dar seus primeiros passos rumo ao descobrimento das letras, da escrita e da aprendizagem propriamente dita. É o lugar, por excelência, carregado de magia, de surpresas e descobertas para o desenvolvimento psico-social-acadêmico e afetivo da criança. É o mundo encantado das letras, das amizades e descobertas da vida e para a vida.
          Assim sendo, a escola é a o alicerce para o desenvolvimento e crescimento de nossas crianças, atuando na formação de cidadãos conscientes de seu papel, de respeito e obediência aos pais, estando a escola no papel mediador do conhecimento e prática dos bons costumes. E por falar nos bons costumes…Que tal aproveitarmos a oportunidade e tentarmos ajudar nossas crianças a se portarem e serem bons cidadãos e semeadores do bom costume, do bom comportamento, e por que não, do bom filho?!.
          A agressividade é característica do comportamento de todo o ser, quer seja criança ou adulto, mas para que esta seja considerada “normal”, digo aceitável, ela tem que ser canalizada para aquisição do crescimento e desenvolvimento de todo ser humano, quando bem canalizada tem o seu papel de grande importância para o ser, isto é, a tentativa e busca de vencer na vida, mas quando não, é considerada uma atitude negativa e desestrutura a criança, a família e parte da sociedade.
          E pensando assim, vale apena lembrar a vocês pais o quão é saudável e importante falar sempre a verdade para os filhos, ter atitudes coerentes e firmes e não deixar ser levados pelos caprichos e birras dos mesmos. Devemos amá-los incondicionalmente, mas isto não implica em fazer tudo o que eles desejam e pedem. Amar é educar com amor, prepará-los para a vida, para serem cidadãos educados e compromissados com a ética.
          Pense bem antes de tomar uma medida enérgica com seu filho. A conversa é muito importante para o enriquecimento do diálogo entre os membros familiares, como também para o conhecimento da dinâmica familiar.
          Lembrem-se: os filhos são o reflexo dos pais!
Adriana Gaião e Barbosa
Psicóloga Infantil e Escolar

Texto para Incentivar Professores - Amor no Coração


Numa sala de aula havia várias crianças. Quando uma delas perguntou à professora: "Professora, o que é o amor?".
A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e trouxesse o que mais despertasse nela o sentimento de amor.
As crianças saíram apressadas e, ao voltarem, a professora disse: "Quero que cada um mostre o que trouxe consigo”.
A primeira criança disse: “Eu trouxe esta flor, não é linda?”.
A segunda criança falou: “Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção”.
A terceira criança completou: “Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha?”.
E assim as crianças foram se colocando.
Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Esta estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. A professora se dirigiu a ela e perguntou: “Meu bem, por que você não trouxe nada?”.
E a criança timidamente respondeu: “Desculpe, professora. Vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume durasse mais tempo. Vi também a borboleta, leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas, ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe?”.
A professora agradeceu a criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no coração.

Aprendizagem e Afetividade







O Vínculo Afetivo na Relação Ensino Aprendizagem

Autora: Cecília G.M. Faro
- O que é aprender?
- Aprender é ... como quando papai me ensinou a andar de bicicleta. Eu queria muito andar de bicicleta. Então ... papai me deu uma bici ... menor do que a dele. Me ajudou a subir. A bici sozinha cai, tem que segurar andando...- Dá um pouco de medo, mas papai segura a bici. Ele não subiu na sua bicicleta grande e disse “ assim se anda de bici” ... não, ele ficou correndo ao meu lado sempre segurando a bici ... muitos dias e, de repente, sem que eu me desse conta disso, soltou a bici e seguiu correndo ao meu lado. Então eu disse: Ah! Aprendi!
... - Ah! Aprender é quase tão lindo quanto brincar
(Fernandez, 2001 O Saber em jogo )
Este texto tem um encanto simples, mas significativo que relata tantas verdades em poucas palavras. Leio, releio prazerosamente e percebo o quanto é recheado de afetos e ensinamentos.
Fica clara a relação entre a afetividade e o desenvolvimento cognitivo, confirmando que o pensar e o sentir estão intimamente ligados.
Partindo deste ponto, posso afirmar que o vínculo afetivo quando presente, torna diferente a relação do sujeito com o aprender, propicia-lhe a oportunidade de ser visto com competências e olhado com possibilidades e respeito.
Voltou-me com clareza a lembrança de pessoas queridas, que fizeram parte da minha caminhada e tanto acrescentaram em meu saber. A presença de experiências marcantes vividas com meus primeiros ensinantes continua atuando positivamente, reforçando a afirmação de que o vínculo recheado de afeto deixa marcas.
Tenho sido educadora há muitos anos e remetendo-me à esta vivência, percebi que o sentimento de afeto ao qual delego importância influenciou e até mudou minha postura frente ao processo de aprender. Inevitavelmente, fiz uma relação entre a aluna que fui e a professora que sou hoje.
A afetividade no dia-a-dia da sala de aula se reflete na preocupação com os alunos, reconhecendo-os como seres autônomos, mostrando exigências coerentes e uma atitude de confiança e respeito à sabedoria e à condição de aprendiz de cada um. Quantas sutilezas estão contidas no mistério da aprendizagem. A maior delas talvez seja a simples fé de que o aluno vai aprender... e a fé move montanhas.
Tenho visto, entretanto rupturas neste importante vínculo, fruto de algumas posturas imaturas e superficiais na relação professor / aluno, onde o autoritarismo erroneamente confunde o ato de dar uma nota baixa com a postura de um professor exigente.
Será que ser exigente é fazer uso da nota como meio de controlar o aluno?
Será que ainda estamos vivendo na época em que os acertos de contas professor / aluno eram feitos através das notas, que ficavam sob o domínio absoluto da subjetividade de cada professor?
Avaliação e nota de aluno são temas intensamente discutidos nos meios acadêmicos. Ainda não foi encontrada uma forma absolutamente justa de aplicação. A meu ver, devemos ter como termômetro, o olhar focado, para detectar o que o aluno sabe.
Quando isto não ocorre e fatos como os citados acontecem, tiramos dele mais do que as notas no boletim. Tiramos notas da construção, da auto-estima e das possibilidades do indivíduo constituir-se como SER único.
O professor queira ou não, interfere positiva ou negativamente na formação de seu aluno, quando coloca em pauta o seu potencial de aprendiz e fragiliza o vínculo estabelecido nas relações.
A quem caberá recompor estas fraturas?
Em sala de aula, transmitimos mais que palavras; transmitimos também crenças, e conteúdos que vão além das linhas dos livros.
Acredito naquele professor que se envolve afetivamente e se vê como formador, que crê na missão de que ensinar vai além dos conteúdos dos livros didáticos.
Com propriedade, Alicia Fernández e Sara Pain nos dizem que para aprender são necessários dois personagens, o ensinante e o aprendente e um vínculo que se estabelece entre ambos. (FERNÁNDEZ, 1991.p.48)
É fato que a aprendizagem é considerada um processo que engloba os indivíduos em questão como um todo.
É importante que o professor perceba-se como facilitador do processo de aprendizagem, pois, quando a relação que estabelece com seu aluno é pautada no vínculo e no afeto, propicia a ele a oportunidade de: mostrar, guardar, criar, entregar o conhecimento e permite que o outro possa investigar, incorporar e apropriar-se do conhecimento. Desta forma há uma relação que ultrapassa o nível acadêmico e permite que ocorra um olhar diferenciado em direção ao desconhecido.
Quando este olhar permeado de afetos, em que os diferentes vínculos circularam acontece, há espaço para que o aluno seja ativo e autor do próprio conhecimento. Aí sim, há um despertar, uma vontade de apropriar-se do conhecimento. Há então um real aprendizado e o encontro efetivo de quem ensina com quem aprende. Este envolvimento dá a oportunidade para que haja um movimento na direção do desabrochar de cada um.
A esperança é primordial na relação professor / aluno. O olhar com possibilidades à condição de aprender, que vem do afeto responsável, a meu ver é necessário para o encontro do indivíduo com a crença nele próprio (“eu posso”). Este espaço possibilita a circulação do saber em direção à vida e ao desabrochar de cada aluno.
Enfim, para concluir, as relações permeadas pelo vínculo afetivo contribuem para reparar possíveis fraturas no processo de aquisição do conhecimento de cada um dá espaço para que haja um aprendizado que transforma interiormente propiciando a ele o saber fazer e ser atuante com possibilidades de posicionar-se frente a uma sociedade exigente e em constante movimento.
Posso então afirmar que o afeto faz diferença na construção do sujeito e deixa marcas em suas conquistas.

Cecília G.M. Faro - Psicopedagoga formada pela PUC-SP com especialização em dislexia; Pedagoga atuando na rede particular

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