quinta-feira, 4 de junho de 2015

Você recebe da vida o que dá – Por Flávio Siqueira


Quem fica preocupado com o destino do dinheiro que está doando, não está doando, está investindo. E está procurando uma boa desculpa pra não ter que se desfazer do próprio dinheiro. Nem deveria “doar”. Doação só é doação quando damos e nos desprendemos daquele valor. Quando aquele valor, que normalmente já é uma ninharia, deixa de fazer parte da nossa vida. O dinheiro da doação não é mais seu. Se com o dinheiro da doação o sujeito vai comprar comida ou vai cheirar tudo, isso não lhe diz mais nenhum respeito. Essa responsabilidade será cobrada do sujeito, pela vida, no momento certo. Entendo que é razoável se preocupar com o destino do dinheiro de doações, mas o que eu quero aqui é chamar atenção para o fato de que não podemos controlar tudo. Quem vai lhe garantir que o dinheiro que você costuma doar para aquela instituição pela qual você põe a mão no fogo já não pagou um jantar chique e particular – ou quaisquer outros benefícios particulares – para algum dos responsáveis pela instituição? A doação é um exercício de desapego. Ela deve beneficiar mais quem doa do que quem recebe. Todas as pessoas que lhe pedem dinheiro ou qualquer tipo de doação são como professores que vêm lhe ensinar e lhe conceder uma oportunidade para você exercitar e praticar a generosidade. E tenho acreditado cada vez mais que quando uma pessoa muito debilitada vem nos pedir ajuda, temos OBRIGAÇÃO de ajudar só por termos tido a bênção de não estarmos naquela situação. As igrejas sempre são muito criticadas pelo modo como impõe aos fiéis certa obrigação quanto à doação. É fato que muitas delas extrapolam. Mas primeiramente, devemos reconhecer que há plena coerência em esperar dos fiéis alguma retribuição financeira para a manutenção da estrutura da igreja em troca do conforto espiritual que oferecem ao povo gratuitamente. Em segundo, devemos saber que muitas delas também trabalham fortemente com a caridade, de uma forma muitas vezes anônima, justificando ainda mais o estímulo à doações (lembrando que oferecer conforto espiritual aos outros também é uma forma de caridade). Deus realmente não precisa de dinheiro, mas há muita gente que precisa. E por fim, depois que descobri que até certas ordens iniciáticas possuem recolhimento de donativos, passei a entender melhor o dízimo evangélico. Embora SIM, muitos líderes evangélicos tenham feito fortuna com o dízimo alheio, também é verdade que as igrejas oferecem uma grande oportunidade às pessoas de exercitarem sua generosidade, num estímulo a uma postura mais humana e menos egoísta por parte do indivíduo. E nem sempre doação é mera doação. Muitas vezes você pode ajudar MUITO uma pessoa comprando o que ela tem pra vender, mesmo que você não precise do que ela está vendendo. Você pode pegar o item comprado e dar para qualquer um, depois. O importante é ajudar quem está ali batalhando pela vida, muitas vezes em situações de precariedade financeira. Uma comprinha que para você é casual pode salvar o dia de quem está precisando de uns trocados. Enfim, são pontos de vista que pode nos ajudar a sermos menos mesquinhos e calculistas e mais generosos e úteis. 

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