quinta-feira, 4 de junho de 2015

As forças do amanhã

Ninguém vive só.
Nossa alma é sempre núcleo de influência para os demais.
Nossos atos possuem linguagem positiva.
Nossas palavras influenciam à distância.
Achamo-nos magneticamente associados uns aos outros.
Ações e reações caracterizam-nos a marcha.
Assim, é necessário saber que espécie de forças projetamos naqueles que nos cercam.
Nossa conduta é um livro aberto que denuncia nossa condição interior. 
Muitos de nossos gestos insignificantes alcançam o próximo, gerando inesperadas resoluções.
Quantas frases, aparentemente inexpressivas, que saem da nossa boca e estabelecem grandes acontecimentos.
A cada dia emitimos sugestões para o bem ou para o mal.
Dirigentes arrastam dirigidos.
Administrados inspiram administradores.
Qual caminho nossa atitude está indicando?
Um pouco de fermento leveda toda a massa.
Não dispomos de recursos para analisar a extensão de nossa influência, mas podemos examinar-lhe a qualidade essencial.
Cuidado, pois, com o alimento invisível que você fornece às vidas que o rodeiam.
Em momentos de indignação, uma palavra mal colocada pode ser o estopim para induzir o próximo ao cometimento de desatinos de consequências irreversíveis.
Um comentário maldoso talvez se multiplique ao infinito, causando na vida alheia dores e humilhações intensas.
O pai que não cumpre os compromissos assumidos com os filhos pode suscitar neles a ideia de que não é importante manter a palavra dada.
Esse exemplo negativo pode multiplicar-se por gerações.
O chefe que não assume a responsabilidade pela orientação que dá aos subordinados instala a desconfiança em sua equipe.
Em momentos de crise, a ausência de coesão no ambiente de trabalho pode levar uma empresa à falência, em prejuízo de toda a coletividade.
Por outro lado, comentar as virtudes de alguém que cometeu um pequeno deslize talvez faça cessar a maledicência.
Em momentos de distúrbio, quem consegue manter o equilíbrio e a paz, exteriorizando isso mediante atos e palavras, faz murchar a insânia dos demais.
Não raro tal conduta provoca um generalizado constrangimento, pela imediata e coletiva percepção do equívoco em que se incidia.
Não há nada como a grandeza alheia para fazer o homem perceber sua própria pequenez.
Defender corajosamente os mais fracos quiçá tenha o condão de motivar outras pessoas a também protegerem os desvalidos.
Manter-se honesto e íntegro, mesmo em face das maiores tentações, talvez seduza outros para a causa do bem.
A visão da generosidade em franca atividade é um grande consolo, em um mundo onde o egoísmo grassa.
Por se afigurar admirável a prática de virtudes, há tendência de alguém genuinamente virtuoso ser admirado e imitado.
Nosso destino se desdobra em correntes de fluxo e refluxo.
As forças que exteriorizamos hoje, potencializadas pelos atos que inspiramos, voltarão a nossa vida amanhã.
Desse modo, nunca é demais prestar atenção no testemunho que damos. Será nossa presença um fator de equilíbrio no mundo?
Por força da Lei de Causa e Efeito, que opera no Universo, recebemos o que damos.
Se desejamos paz, compreensão e conforto, devemos oferecê-los ao próximo, por meio de nossos sentimentos, atos e palavras.
Pensemos nisso.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo XIII do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O Clarim.

PRESERVA A TI PRÓPRIO

A semente valiosa que não ajudas, pode perder-se.
A árvore tenra que não proteges, permanece exposta à destruição.
A fonte que não amparas, poderá secar-se.
A água que não distribuis, forma pântanos.
O fruto não aproveitado, apodrece.
A terra boa que não defendes, é asfixiada pela erva inútil.
A enxada que não utilizas, cria ferrugem.
As flores que não cultivas, nem sempre se repetem.
O amigo que não conservas, foge do teu caminho.
A medicação que não respeitas na dosagem e na oportunidade que lhe dizem respeito, não te beneficia o campo orgânico.
Assim também é a Graça Divina.
Se não guardas o favor do Alto, respeitando-o em ti mesmo, se não usas os conhecimentos elevados que recebes para benefício da própria felicidade, se não prezas a contribuição que te vem de cima, não te vale a dedicação dos mensageiros espirituais. Debalde improvisarão eles milagres de amor e paciência, na solução de teus problemas, porque sem a adesão de tua vontade, ao programa regenerativo, todas as medidas salvadoras resultarão imprestáveis.
“Vai, e não peques mais.”¹
O ensinamento de Jesus é suficiente e expressivo.
O Médico Divino proporciona a cura, mas se não a conservamos, dentro de nós, ninguém poderá prever a extensão e as conseqüências dos novos desequilíbrios que nos sitiarão a invigilância.
¹“Vai, e não peques mais.” — Jesus. (João 8:11) 
Emmanuel, por Chico Xavier do livro Pão Nosso, pela editora FEB

24/01/15

Escolher pela pacificação

Veja como nossas sociedades se organizam sobre a tal luta pela sobrevivência, supervalorizando o “deus” mercado, permitindo que a economia fundamente nossas “castas” e hierarquias, formatando mentes, fundamentando valores, doutrinando jovens que passarão a vida tentando adequar-se a um sistema que poderá premiá-los, quem sabe, ungindo-os como fieis e valorosos soldados.

Quem vive preocupado com a própria sobrevivência não sente, não cria, não pensa, não vê. Ou você acha que existe outra razão para que as tais preocupações sempre estejam na pauta de quem cria as causas que ocuparão nossas mentes?

Precisamos retomar a dimensão da simplicidade, que não está em nada, não é uma meta a ser conquistada porque é um estágio interior. Não está fora, jamais estará, mas dentro. Você não tem mais problemas do que as outras pessoas, não se auto vitimize, apenas enxergue como reclama demais, grita demais, sofre além do necessário. É por isso que não consegue ver.

Pare de se pre-ocupar. Suas preocupações não resolverão nada. Pare. Entregue-se a fluxo natural que encaminha todas as coisas , eloquente em significados, sábio em cada desfecho. Com o tempo tudo ficará claro e a paz será seu árbitro, mas, agora é importante que entenda: enquanto andar preocupado estará mais distante de enxergar as soluções. Permanecerá confuso em seus próprios devaneios.
Independente dos cenários, pacificar-se é uma escolha sua, um caminho que pode ser seu. Fonte

16/01/15

Você recebe da vida o que dá – Por Flávio Siqueira


Quem fica preocupado com o destino do dinheiro que está doando, não está doando, está investindo. E está procurando uma boa desculpa pra não ter que se desfazer do próprio dinheiro. Nem deveria “doar”. Doação só é doação quando damos e nos desprendemos daquele valor. Quando aquele valor, que normalmente já é uma ninharia, deixa de fazer parte da nossa vida. O dinheiro da doação não é mais seu. Se com o dinheiro da doação o sujeito vai comprar comida ou vai cheirar tudo, isso não lhe diz mais nenhum respeito. Essa responsabilidade será cobrada do sujeito, pela vida, no momento certo. Entendo que é razoável se preocupar com o destino do dinheiro de doações, mas o que eu quero aqui é chamar atenção para o fato de que não podemos controlar tudo. Quem vai lhe garantir que o dinheiro que você costuma doar para aquela instituição pela qual você põe a mão no fogo já não pagou um jantar chique e particular – ou quaisquer outros benefícios particulares – para algum dos responsáveis pela instituição? A doação é um exercício de desapego. Ela deve beneficiar mais quem doa do que quem recebe. Todas as pessoas que lhe pedem dinheiro ou qualquer tipo de doação são como professores que vêm lhe ensinar e lhe conceder uma oportunidade para você exercitar e praticar a generosidade. E tenho acreditado cada vez mais que quando uma pessoa muito debilitada vem nos pedir ajuda, temos OBRIGAÇÃO de ajudar só por termos tido a bênção de não estarmos naquela situação. As igrejas sempre são muito criticadas pelo modo como impõe aos fiéis certa obrigação quanto à doação. É fato que muitas delas extrapolam. Mas primeiramente, devemos reconhecer que há plena coerência em esperar dos fiéis alguma retribuição financeira para a manutenção da estrutura da igreja em troca do conforto espiritual que oferecem ao povo gratuitamente. Em segundo, devemos saber que muitas delas também trabalham fortemente com a caridade, de uma forma muitas vezes anônima, justificando ainda mais o estímulo à doações (lembrando que oferecer conforto espiritual aos outros também é uma forma de caridade). Deus realmente não precisa de dinheiro, mas há muita gente que precisa. E por fim, depois que descobri que até certas ordens iniciáticas possuem recolhimento de donativos, passei a entender melhor o dízimo evangélico. Embora SIM, muitos líderes evangélicos tenham feito fortuna com o dízimo alheio, também é verdade que as igrejas oferecem uma grande oportunidade às pessoas de exercitarem sua generosidade, num estímulo a uma postura mais humana e menos egoísta por parte do indivíduo. E nem sempre doação é mera doação. Muitas vezes você pode ajudar MUITO uma pessoa comprando o que ela tem pra vender, mesmo que você não precise do que ela está vendendo. Você pode pegar o item comprado e dar para qualquer um, depois. O importante é ajudar quem está ali batalhando pela vida, muitas vezes em situações de precariedade financeira. Uma comprinha que para você é casual pode salvar o dia de quem está precisando de uns trocados. Enfim, são pontos de vista que pode nos ajudar a sermos menos mesquinhos e calculistas e mais generosos e úteis. 

15/01/15

O dia chamado hoje - A ilusão do tempo

Existo no hoje, descanso minha mente, tento não sobrecarregá-la com miragens e exercito, hoje, a gratidão de quem sabe que tudo é oportunidade para que eu veja o sentido do agora, para que eu aprenda a amar e não me preocupar com nada que seja menor do que esse espaço, onde todas as coisas acontecem, se renovam, se transformam, cabem em um frame, um fragmento de tempo que só sei chamar de hoje. Fonte

Espero...

Espero que antes de ficar rico, você conheça seus limites. Para que, ao se sentir poderoso, possa lembrar que na verdade não é.

Espero que antes de ficar com o corpo ideal, você saiba que mais vale o que está dentro do que fora. Cuide-se, alimente-se com saúde, mas que seja para o bem, não para seguir a moda, tampouco para se apequenar em um corpão.

Espero que antes que seu projeto dê certo, você se acerte consigo. Para que, depois que chegar lá não se perca, nem de você, de quem te ajudou e não esqueça dos caminhos que percorreu.

Espero que antes de encontrar a pessoa certa, você se encontre. Para que ao encontrá-la, não a sobrecarregue com ingrata responsabilidade de te fazer feliz.

Espero que antes de comprar aquele bem, você entenda que bem só é bom se for somente um bem. Para que não chegue o dia em que você olhe para seu patrimônio e lamente por ter perdido tanta coisa por tão pouco.

Espero que antes de se tornar conhecido, você se reconheça, e, conhecendo-se, mantenha os pés no chão.

Espero que antes de conquistar o emprego ideal, você se conquiste. Para que não precise de elogio ou reconhecimento, transformando-se em manipulador.

Espero que antes de se considerar importante, entenda que importância não se mede. Seja humilde, consciente de que importante é aquele que sabe que não é.

Espero que antes de grandes descobertas, você aprenda a perceber o mundo a sua volta em suas nuances, diversidades e complexidades. Assim entenderá que todas as respostas estão acessíveis àquele que simplesmente percebe.

Espero que antes de que suas obras impressionem os homens e te faça parecer grande perante eles, você se reconcilie com quem porventura tenha te ofendido e de fato perdoe. Dessa maneira andará livremente, em paz, reconciliado consigo mesmo e com o mundo.

Que suas conquistas sejam apenas reflexos de suas ações e nunca um fim em si mesmo.

Seus sonhos, reflexo de seus valores.

Seus caminhos, reflexo de quem você é.

Sem máscaras, sem maldade ou necessidade de auto afirmação; com luz nos olhos e a alegria de quem simplesmente percebe as coisas.

Desejo que seu caminho seja bom e suas escolhas fruto de um coração pacificado e nunca auto afirmações para um coração frágil e inseguro.

No fim das contas, todos os caminhos, projetos, realizações, sonhos e conquistas, são apenas reflexos de suas escolhas, daquelas que faz no dia a dia, de cada sim e não, do que elegeu como escala de valores, do que é importante para você e, sobretudo, de como você intimamente enxerga os outros, a vida e a si mesmo.

Quando o seu olhar é bom, todo o resto se iluminará. Se for mau, serão dias de muita escuridão.

É assim que espero. É assim que é. Fonte

07/01/15

Ano novo

Atrás do obstáculo, encontra-se a liberdade: entrando pelo novo ano
Rogel Samuel

O novo sempre é agradável de sentir, de viver, de estar. Não é constituído de palavras. É algo vivo, pulsa, tem energia. Viajamos no novo, entrando numa novidade. A nova ação produz as novas amizades, novas cores, flores.

Disse Dugpa Rinpoche: “Volte os olhos para a simplicidade natural do mundo”.

Dugpa Rinpochê é um escritor budista. Seus preceitos são simples, claros, curtos, poéticos. Ele os escrevia em pedacinhos de papel, meditava neles durante muito tempo, e depois os liberava, dava-os ao visitante. Acompanhou o Dalai Lama na fuga deste do Tibet, na época da invasão chinesa. Morou em Dharamsala, na Índia, e depois foi para Nagarkot, no Nepal, a três mil metros de altitude, perto daquelas montanhas, o Annapurna, o Melung Tse, o Everest.

Não deve ter tido uma vida fácil. Deve ter perdido a família e pátria. Viu o sofrimento de milhares de tibetanos. Talvez sua família tenha sido morta ou torturada, como tantas outras, naquela terrível invasão. Mas não esqueceu a surpresa da novidade, a alegria, o amor. Não deixou de ver o mundo e a vida como uma coisa nova e bonita, com alegria, sem depressão. Faleceu em Dharamsala, em 1989. A vida não é fácil, nunca é fácil. Mas sempre é uma coisa nova. E é muito curta para que a possamos sofrer, para que a transformemos em tragédia. É fácil fazer da vida uma tragédia. Difícil é o contrário, fazer dela uma alegria nova.

Sei que estou fazendo pose, que estou fazendo frases, que estou tecendo frases de efeito, frases de estilo. Mas vou ou procuro entrar nesse novo ano com um espírito renovado, sem os aborrecimentos do passado.

Podemos entrar no novo ano por um novo caminho interior, bem diferente, sem os padecimentos do passado, deixando no velho o peso morto.

Dugpa Rinpochê, “Quem deseja a sorte alcança-a sempre. Não deprecie nunca os seus sonhos. Deve fazer um pacto com eles. Eles são a nascente e a força inesgotável que levarão à vitória. Atrás do obstáculo, encontra-se uma liberdade virginal, um horizonte mais vasto”.


Sei que estou lidando com frases. Mas, além das frases, que mais existe? Fonte

05/01/15

Inferioridade - Conto Zen

Um samurai, conhecido por todos pela sua nobreza e honestidade, veio visitar um monge Zen em busca de conselhos. Entretanto, assim que entrou no templo onde o mestre rezava, sentiu-se inferior, e concluiu que, apesar de toda a sua vida ter lutado por justiça e paz, não tinha sequer chegado perto ao estado de graça do homem que tinha à sua frente.
- Por que razão me estou a sentir tão inferior a si? Já enfrentei a morte muitas vezes, defendi os mais fracos, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto, ao vê-lo meditar, senti que a minha vida não tem a menor importância.
- Espere. Assim que eu tiver atendido todos os que me procurarem hoje, eu dou-te a resposta.
Durante o resto do dia o samurai ficou sentado no jardim do templo, a olhar para as pessoas que entraram e saíram à procura de conselhos. Viu como o monge atendia a todos com a mesma paciência e com o mesmo sorriso luminoso no seu rosto. Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para agir, não para esperar. De noite, quando todos já tinham partido, ele insistiu:
- Agora podes-me ensinar?
O mestre pediu que entrasse, e conduziu-o até o seu quarto. A lua cheia brilhava no céu, e todo o ambiente inspirava uma profunda tranquilidade.
- Estás a ver esta lua, como ela é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente: árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e nunca escutei a lua a dizer: por que não tenho o mesmo brilho do sol? Será que sou inferior a ele?
- Claro que não - respondeu o samurai. - Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.
- Então, tu sabes a resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual a lutar à sua maneira por aquilo que acredita, e a fazer o possível para tornar este mundo melhor; o resto são apenas aparências. Fonte

Feliz 2015!


02/12/14

Conto de Hermano Hesse

“José e Daniel foram dois renomados curandeiros que viveram em tempos bíblicos. Ambos eram muito eficazes, ainda que trabalhassem de maneiras e com estilos diferentes. Ainda que contemporâneos, nunca tiveram um encontro e se consideravam mutuamente rivais. Foi assim durante anos, até que José, o mais jovem, adoeceu espiritualmente. Desesperado e sentindo-se incapaz de curar-se a si mesmo, partiu em peregrinação buscando a ajuda de Daniel. Durante seu percurso, descansando em um oásis durante a noite, iniciou uma conversa com outro viajante que, ao escutar o propósito de sua viagem, ofereceu-se como guia para ajudá-lo em sua busca por Daniel. Partiram juntos e, no meio de sua longa expedição, o homem mais velho revelou sua identidade. Ele era Daniel, a quem José procurava. Ato contínuo, passado o assombro de José, Daniel o conduziu até sua casa, convidando-o a permanecer ali. No princípio, diante do pedido de Daniel, José foi seu servente. Logo aprendiz e, finalmente, um colega de igual hierarquia. Assim viveram e trabalharam juntos muitos anos. Anos depois, velho e doente, Daniel pediu a José que escutasse uma confissão. Começou recordando seu encontro no oásis quando José, doente, viajou em busca de sua ajuda e como José havia considerado milagroso aquele encontro. Agora, enfrentando sua própria morte, Daniel quebrou o silêncio de tantos anos confessando que, para ele, também foi milagroso. Ele também, naquela época, havia caído em um sombrio desespero, sentindo-se vazio espiritualmente e incapaz de curar a si mesmo. Aquela noite do encontro, ele havia iniciado sua própria viagem em busca da ajuda do famoso curandeiro chamado José.” Fonte
Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você. Vocês são todos aprendizes, fazedores e professores” Richard Bach, no livro Ilusões

21/11/14

OS SONHOS E OS PROFESSORES - Por Augusto Cury

Professores, vocês não precisam de sonhos para ter eloquência, metodologia, conhecimento lógico. Nem precisarão de sonhos para gritar com os alunos, implorar silêncio em sala de aula, dizer que não terão futuro se não estudarem.
Mas precisarão de sonhos para transformar a sala de aula num ambiente prazeroso e atraenteque educa a emoção dos seus alunos, que os retira da condição de espectadores passivos para se tornarem atores do teatro da educação.
Precisarão de sonhos para esculpir em seus alunos a arte de pensar antes de reagir, a cidadania, a solidariedade, para que aprendam a extrair segurança na terra do medo, esperança na desolação, dignidade nas perdas.
Precisarão de sonhos para serem poetas da vida e acreditarem na educação, apesar de as sociedades modernas a colocarem em um dos últimos lugares em suas prioridades.
Precisarão de sonhos espetaculares para terem a convicção de que vocês são artesãos da personalidade e saberem que sem vocês nossa espécie não tem esperança, nossas primaveras não têm andorinhas, nosso ar não tem oxigênio, nossa inteligência não têm saúde.
Cury, Augusto, 1958
Nunca desista de seus sonhos / Augusto Cury. - Rio de Janeiro: Sextante, 2007.

28/09/14

Um pouco de silêncio - Lya Luft

Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam connosco nem nos interessam.
Não há perdão nem amnistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser atualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem-relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe. Se não tomar cuidado, põem-no numa jaula: um animal estranho.
Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou por trilhos determinados – como hamsteres que se alimentam da sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem apanha um susto de cada vez que examina a sua alma.
Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não «se arranjou» ninguém – como se a amizade ou o amor se «arranjasse» numa loja.
Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Pensamos logo em depressão: quem sabe terapia e antidepressivos? Uma criança que não brinca ou salta ou participa de atividades frenéticas está com algum problema.
O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incómodas e mal-resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse que paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largarmos a carteira ou a pasta. Não é para assistirmos a um programa: é pela distração.
O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras.
Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no meu ombro de criança e disse:
— Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, deem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
Lya Luft
Pensar é transgredir
Lisboa, Presença, 2005
Texto adaptado

A visita do anjo - Lya Luft

O homem estava a pegar nas chaves do carro (a mulher já tinha saído para levar as crianças à escola) quando tocaram à campainha.
Irritado, pois já se atrasara bastante, ele abre a porta:
— Sim?
O ser andrógino, belo e feio, alto e baixo, negro e louro, faz um sinalzinho dobrando o indicador:
— Vim buscar-te.
Não era preciso explicar, o homem entendeu logo: o Anjo da Morte estava ali, e não havia como escapar. Mas, acostumado a negociações, mesmo perturbado ele rapidamente pensou que era cedo, cedo demais, e tentou argumentar:
— Mas, como, o quê? Agora, assim, sem aviso, sem nada? Nem um prazo decente?
O Anjo sorri um sorriso bondoso e perverso, suspira e diz:
— Mas ninguém tem a originalidade de me receber com simpatia neste mundo? Nunca ninguém está preparado? Está certo que só tens quarenta anos, mas mesmo os de oitenta…
O homem agarrou mais firmemente a chave do carro que acabara por encontrar no bolso do casaco, e insistiu:
— Vá lá, dá-me uma oportunidade.
O Anjo teve pena, aquele grandalhão estava realmente apavorado. Ah, os humanos… Então teve um acesso de bondade e concedeu:
— Tudo bem. Eu dou-te uma oportunidade, se me deres três boas razões para não vires comigo desta vez.
(Passaria um brilho malicioso nos olhos azuis e negros daquele Anjo?)
O homem aprumou-se, claro, sabia que ia dar resultado, sempre fora um bom negociador. Mas, quando abriu a boca para começar a sua ladainha de razões — muito mais que três, ah sim — o Anjo ergueu um dedo imperioso:
— Espera aí. Três boas razões, mas… não vale dizer que os teus negócios precisam de ser organizados, a tua mulher nem sabe assinar cheques, os teus filhos nada conhecem da realidade. O que interessa és tu, tu mesmo. Porque valeria a pena deixar-te ainda aqui por algum tempo?
Já narrei esta fábula noutro livro e, nele, quem abria a porta era uma mulher. A objeção que o Anjo lhe fazia antes de ela começar a recitar os seus motivos era:
— Não vale dizer que é porque o marido e os filhos precisam de ti…
Muitas vezes contei esta historiazinha, e inevitavelmente homens e mulheres ficam surpresos e pensativos, sem resposta imediata ainda que de brincadeira.
E nós? Com que argumentos persuadiríamos o anjo visitante de ainda não nos levar?
Eles seriam falsos, inventados no momento, ou brotariam da nossa eventual contemplação — e reavaliação — da vida, e do sentido de tudo, dos nossos projetos e esperanças?
Isto é, se acaso alguma vez interrompemos a nossa agitação para fazer um questionamento destes. Pois, em geral, atordoamo-nos na agitação do dia, da moda, do consumo, da corrida pelo melhor salário, melhor lugar, melhor mesa no restaurante, melhor modo de enganar o outro e subir.
Ainda que infimamente no nosso ínfimo posto.
Lya Luft
Pensar é transgredir
Lisboa, Presença, 2005

31/08/14

Desejos vãos - Florbela Espanca

Eu queria ser o Mar de altivo porte
Que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a Pedra que não pensa,
A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
O bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
Que ri do mundo vão e até da morte!

Mas o Mar também chora de tristeza…
As árvores também, como quem reza,
Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia!
E as Pedras… essas… pisa-as toda a gente!…Fonte

TEMPO CERTO (Paulo Coelho)

De uma coisa podemos ter certeza:
de nada adianta querer apressar as coisas;
tudo vem ao seu tempo,
dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.


Temos pressa em tudo e aí acontecem
os atropelos do destino,
aquela situação que você mesmo provoca,
por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.


Mas alguém poderia dizer:
Qual é esse tempo certo?
Bom, basta observar os sinais.


Quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida,
pequenas manifestações do cotidiano
enviarão sinais indicando o caminho certo.


Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer.


Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará
de colocar você no lugar certo,
na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa.


Basta você acreditar que nada acontece por acaso.
Talvez seja por isso que você esteja
agora lendo estas linhas.
Tente observar melhor o que está a sua volta.


Com certeza alguns desses sinais
já estão por perto e você nem os notou ainda.
Lembre-se, que o universo sempre
conspira a seu favor quando você possui um
objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento. Fonte

24/08/14

A PORTA DO LADO - Por Dr. Drauzio Varella

Em entrevista dada pelo médico Drauzio Varella, disse ele que a gente tem um nível de exigência absurdo em relação à vida, que queremos que absolutamente tudo dê certo, e que, às vezes, por aborrecimentos mínimos, somos capazes de passar um dia inteiro de cara amarrada.

E aí ele deu um exemplo trivial, que acontece todo dia na vida da gente...

É quando um vizinho estaciona o carro muito encostado ao seu na garagem (ou pode ser na vaga do estacionamento do shopping). Em vez de simplesmente entrar pela outra porta, sair com o carro e tratar da sua vida, você bufa, pragueja, esperneia e estraga o que resta do seu dia.

Eu acho que esta história de dois carros alinhados, impedindo a abertura da porta do motorista, é um bom exemplo do que torna a vida de algumas pessoas melhor, e de outras, pior.

Tem gente que tem a vida muito parecida com a de seus amigos, mas não entende por que eles parecem ser tão mais felizes.

Será que nada dá errado pra eles? Dá aos montes. Só que, para eles, entrar pela porta do lado, uma vez ou outra, não faz a menor diferença.

O que não falta neste mundo é gente que se acha o último biscoito do pacote. Que "audácia" contrariá-los! São aqueles que nunca ouviram falar em saídas de emergência: fincam o pé, compram briga  e não deixam barato.

Alguém aí falou em complexo de perseguição? Justamente. O mundo versus eles.

Eu entro muito pela outra porta, e às vezes saio por ela também. É incômodo, tem um freio de mão no meio do caminho, mas é um problema solúvel. E como esse, a maioria dos nossos problemões podem ser resolvidos assim, rapidinho. Basta um telefonema, um e-mail, um pedido de desculpas, um deixar barato.

Eu ando deixando de graça... Pra ser sincero, vinte e quatro
horas têm sido pouco prá tudo o que eu tenho que fazer, então não vou perder ainda mais tempo ficando mal-humorado.

Se eu procurar, vou encontrar dezenas de situações irritantes e gente idem; pilhas de pessoas que vão atrasar meu dia. Então eu uso a "porta do lado" e vou tratar do que é importante de fato.

Eis a chave do mistério, a fórmula da felicidade, o elixir do bom humor, a razão por que parece que tão pouca coisa na vida dos outros dá errado."

Quando os desacertos da vida ameaçarem o seu bom humor, não estrague o seu dia... Use a porta do lado e mantenha a sua harmonia. Lembre-se, o humor é contagiante - para o bem e para o mal - portanto, sorria, e contagie todos ao seu redor com a sua alegria. A "Porta do lado" pode ser uma boa entrada ou uma boa saída... Experimente!

23/08/14

20 frases ditas por Gandhi que vão mover seu coração

Mahatma Gandhi inspirou inúmeras gerações, deixando um impacto significativo na vida das pessoas mesmo décadas após sua existência. Abaixo estão algumas palavras sobre coragem, trabalho, não-violência, aprimoramento pessoal e convicção ditas por Gandhi, um homem capaz de tocar o coração de milhares de cidadãos.
1. “O melhor modo de encontrar a si próprio é perder-se à serviço de outros.”
2. “Você pode me acorrentar, pode me torturar, pode inclusive destruir este corpo, mas jamais aprisionará minha mente.”
3. “Seja a mudança que você gostaria de ver no mundo.”
4. “A diferença entre o que nós fazemos e do que somos capazes de fazer seria suficiente para resolver a maioria dos problemas deste mundo.”
5. “Uma pitada de prática vale mais do que toneladas de pregações.”
6. “Nós podemos jamais ter força suficiente para ser completamente não-violentos nos pensamentos, palavras e atos. Porém precisamos manter a não-violência como nosso objetivo e progredir fortemente em direção a este objetivo.”
7. “A força não provém da capacidade física. Vem de um desejo indomável.”
8. “Um ‘Não’ advindo da mais forte convicção é melhor do que um ‘Sim’ apenas dito para agradar, ou pior, para evitar confusão.”
9. “Felicidade é quando o que se fala, o que pensa e o que se faz estão em plena harmonia.”
10. “Primeiro eles lhe ignoram, depois lhe ridicularizam, depois lutam com você, e então você vence.”
11. “Olho por olho somente tornará o mundo inteiro cego.”
12. “Viva como se fosse morrer amanhã. Aprenda como se fosse viver eternamente.”
13. “Você pode nunca saber quais resultados virão de suas ações, mas se você não tomar uma atitude, nenhum resultado virá.”
14. “Se acredito que posso fazê-lo, provavelmente adquirirei a capacidade para isso, mesmo não a tendo no começo.”
15. “A liberdade não vale a pena se não inclui a liberdade de se cometer erros.”
16. “Há inúmeras causas as quais estou disposto a morrer, mas nenhuma a qual estou disposto a matar.”
17. “A prece não é um pedido, é um anseio da alma. É admitir diariamente as suas fraquezas. É melhor possuir um coração sem palavras em meio à prece, do que palavras sem coração.”
18. “A não-violência é a maior força disponível da humanidade. É mais poderosa do que a arma mais poderosa de destruição já criada pela ingenuidade do homem.”
19. “Não precisamos converter uns aos outros por meio de nossos discursos ou pelas nossas palavras. Só podemos fazê-lo com nossas próprias vidas. Que nossas vidas sejam um livro aberto para que os outros possam estudá-lo.”
20. “A não-violência é a arma dos fortes.” Fonte

10/08/14

Cuida do mais importante

Certa vez um jovem recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a um outro rei de uma terra distante. Recebeu também o melhor cavalo do reino para usar na jornada.
- Cuida do mais importante e cumprirás a missão! - disse o soberano ao se despedir.
Assim, o jovem preparou-se, escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada à cintura.
Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E nem sequer pensava em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz. Para cumprir, porém, rapidamente sua tarefa, ele por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Assim exigia o máximo do animal. Quando parava numa estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe aliviava da sela e nem da carga, tão pouco se preocupava em dar-lhe de beber ou lhe providenciar alguma ração.
- Assim, meu jovem acabarás perdendo o animal - disse alguém.
- Não me importo. - respondeu ele. - Tenho dinheiro.Se este morrer, compro outro. Não fará nenhuma falta!
Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos, caiu morto na estrada. O jovem simplesmente seguiu o caminho a pé.
Acontece que nessa parte do país, havia poucas fazendas e estas eram muito distantes umas das outras. Passadas algumas horas, ele se deu conta da falta que lhe fazia o animal.
Estava exausto e sedento. Já tinha deixado pelo caminho toda a bagagem, com exceção das pedras, pois se lembrava da recomendação do rei: "CUIDE DO MAIS IMPORTANTE!"
Seu passo se tornou curto e lento. As paradas frequentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde caiu exausto ao lado da estrada, onde ficou desacordado.
Uma caravana de mercadores, que seguia viagem para o seu reino o encontrou e cuidou dele. Ao recobrar os sentidos percebeu que estava de volta em sua cidade. Imediatamente foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e colocou toda a culpa do insucesso nas costas do cavalo "fraco e doente" que recebera.
- Porém, majestade, conforme me recomendaste, "cuidar do mais importante", aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti, não perdi nenhuma sequer.
O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu demonstrando completa frieza diante de seus argumentos. Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado.
Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia: "Ao meu irmão, rei da terra do norte. O jovem que te envio é candidato a casar-se com a minha filha. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifique o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem aprecia a fidelidade e força de quem o auxilia na jornada. Se, porem, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido, nem rei, pois terá os olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem". Fonte

02/08/14

A escola de pedra - Por Rosi Martendal

Há algum tempo, ouvi uma história relacionada à educação denominada “A escola de vidro”, em que havia uma separação, uma fragmentação entre a vida fora e a vida dentro do vidro/escola. Talvez por preguiça, falta de tempo e de lembrar mesmo de pesquisar, nunca tive o texto nas mãos, porém algumas alunas me contaram várias vezes. Digo isso porque hoje as barreiras de vidro que separavam a escola do mundo real estão aos poucos caindo.
Porém, há algo que vem me preocupando, um aspecto que tenho notado em minha segunda profissão: coordenadora de concursos públicos. Já que tais concursos, em sua grande maioria, ocorrem em escolas das redes estadual ou municipal, posso falar com certeza o que tem sido lugar-comum: a transformação de pátios gramados, hortas, árvores e da própria natureza em cimento. Cimento, sim. Os pátios viraram calçadões de cimento, que, segundo alguns dizem, torna a limpeza mais fácil e o ambiente com aparência mais limpa. 
Nestes tempos em que se discute, reflete e debate o meio ambiente e se criam diversas políticas relacionadas ao tema, como podem os profissionais da educação, seus gestores, a comunidade, as escolas e os órgãos ambientais aceitar tamanha transformação?
Isso já é falado há algum tempo. Existe um conceito que define essa transformação, que os estudiosos chamam de reificação. “Reificar significa, genericamente, converter um conceito ou pessoa em coisa, materializar, também é conhecida como coisificação (BRÜGGER, p.3).”
Pois é, com a reificação do meio ambiente nas escolas, onde ficam os tempos em que se davam aulas embaixo de árvores, nos jardins da escola, nos pátios gramados?
Com tudo isso, muitos que se dizem educadores ainda se perguntam por que há revolta dos alunos em sala, falta de atenção às aulas, por que os alunos não querem mais aprender e se distraem com facilidade. Imagine se existisse um ambiente agradável, e não uma caixa quadrada cheia de carteiras e alunos. Não ficaria mais fácil ser aluno e menos difícil lidar com o processo de ensino-aprendizagem?
Sabe o que parece? Parece que o cimento que vem envolvendo o ambiente escolar também tem envolvido o coração daqueles que lidam com a educação de maneira direta ou indireta.
Nesse sentido, sou uma romântica em relação à educação, tal qual Rubem Alves, acreditando que a escola será um local de ensino e de aprendizagem com gosto, com vontade e com o coração no lugar do cimento que vem tomando conta dela.
Consultora educacional, pedagoga, especialista em didática: fundamentos teóricos da prática pedagógica, e em informática educativa. Está cursando especialização em mídia na educação. 

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