quarta-feira, 22 de abril de 2015

COPIAR PARA APRENDER A ESCREVER


 
Objetivo(s) 
Possibilitar ao aluno: 
  • a reflexão sobre procedimentos de estabelecimento de coesão e coerência textual por meio da análise de processos de regência e concordância nominal e verbal;
  • a utilização de procedimentos específicos para a resolução de problemas de regência e concordância, respeitando a coesão e coerência textual;
  • a construção e/ou ampliação de conhecimentos sobre regência e concordância nominal e verbal;
  • a sistematização no uso de conhecimento sobre casos selecionados de regência e concordância nominal;
  • a consciência da necessidade de preocupação com a correção da escrita, em especial quando o contexto de produção prevê a produção de textos em instâncias públicas de linguagem;
  • a apropriação de procedimentos de revisão de textos escritos, utilizando-se o conhecimento discutido anteriormente. 
Ano(s) 
Tempo estimado 
2 aulas.
Material necessário 
  • um texto curto
  • lousa
  • giz
  • folhas grandes de papel
  • caderno e lápis
  • um ou mais exemplares de dicionários e de gramáticas
Desenvolvimento 
1ª etapa 
Introdução 
Quando os textos dos alunos apresentarem inadequações de regência e de concordância nominal e verbal, pode-se ensinar esses processos sintáticos com um procedimento didático muito simples: a cópia reflexiva.

Organização dos alunos
Os alunos deverão sentar-se em duplas.

Atividade
  • 1) Avise a classe sobre a atividade com uma semana de antecedência, solicitando-lhes que pesquisem, em casa, o que significam regência e concordância. Selecione o texto que será usado no dia da atividade, em função dos aspectos que deseja colocar para reflexão.
  • A seleção desses aspectos deve ser adequada tanto ao que é possível aos alunos aprenderem naquele momento, quanto ao que precisam aprender para ampliarem sua proficiência escritora.
  • 2) Explique como se organizará a aula e quais os seus objetivos.
  • 3) Peça aos alunos que, a partir da pesquisa feita, digam o que entendem por regência e concordância, escrevendo suas respostas na folha grande de papel, que ficará exposta na sala para posterior confronto com os conceitos que surgirem após a atividade.
  • 4) Informe sobre o contexto de produção do texto que copiarão: quem é o autor, quando foi escrito o texto, em que portador foi publicado, qual o gênero no qual foi escrito, qual a finalidade presumida do texto, sempre comparando com os conhecimentos prévios dos alunos a respeito de todos esses aspectos. Isso possibilita que os alunos selecionem soluções mais adequadas para o texto, em função desse contexto discutido.
  • 5) Comece a copiar o texto selecionado na lousa e peça que os alunos o façam no caderno, simultaneamente.
  • 6) Ao copiar o texto, vá fazendo pausas estratégicas antes dos casos de regência e concordância. Nesse ponto, faça perguntas de antecipação, discutindo com os alunos a solução dada por eles. Confronte as soluções dadas pelos alunos com as soluções encontradas pelo escritor, do início ao final da cópia.
  • 7) Quando houver dúvida de vocabulário, da regência de algum nome ou verbo, ou, ainda, de concordância, faça com os alunos pesquisas nos dicionários e gramáticas. Os casos de regência e concordância vão sendo grifados para depois serem classificados.
  • 8) Após a cópia, solicite que os alunos reescrevam o texto copiado sem consultá-lo. Esse procedimento possibilita que os alunos reconstruam o percurso que fizeram para aprender esses processos sintáticos.
  • 9) Além disso, solicite aos alunos que digam que compreensão têm desses processos depois da reescrita, confrontando-os com a que tinham antes da atividade.
  • 10) Depois, solicite que revisem em colaboração com seu parceiro de dupla sua reescrita e a de seu colega.
Contextualização
  • A cópia, quando realizada mecanicamente, sem reflexão, é uma atividade sem nenhum sentido pedagógico. Aqui, ela se reveste de significação para a aprendizagem, uma vez que existe reflexão sobre a construção do texto copiado.
  • O texto selecionado deve ser um bom modelo de texto escrito: crônica, lenda, fábula, conto breve, notícia, piada e deve ser estudado previamente por você, em seus casos de regência e de concordância.
  • Para esclarecimentos de dúvidas durante a realização da atividade, evite utilizar minidicionários, pois essas edições não contêm muitas das palavras do nosso idioma.
  • Na avaliação das reescritas, você ficará tentado a corrigir os erros de ortografia e acentuação, mas deve deixar essa correção, sem abandoná-la, para outra ocasião. O aluno, nesse momento, tem que se concentrar na aprendizagem de conceitos novos.
  • O estudo da regência e da concordância pode ser sistematizado, ao longo da 7a e da 8a séries.
  • No ensino de Língua Portuguesa, não basta possibilitar a reflexão sobre determinados aspectos do conhecimento lingüístico; é necessário possibilitar ao aluno a apropriação de procedimentos que permitam ao aluno utilizar essa reflexão na revisão de seus textos. Estes procedimentos devem prever o registro da reflexão realizada, o qual deve ser a referência para as revisões textuais posteriores.
Sobre o trabalho junto aos alunos
  • Durante o processo de cópia, à medida que a reflexão for se realizando e que os alunos forem levantando hipóteses sobre a escrita adequada do texto, é preciso ir indicando os diferentes processos de concordância e de regência focalizados. Por exemplo: manutenção do tempo verbal; manutenção do gênero na articulação entre substantivo e adjetivo; articulação entre pessoa do verbo e sujeito da frase; preposição adequada para se utilizar para se garantir determinado efeito de sentido, entre outros.
  • Ao término da cópia, volta-se aos registros feitos durante a atividade e deriva-se, desses registros, possíveis regras de uso. Por exemplo: é preciso verificar se há coerência entre os tempos verbais de uma frase do texto ou de diferentes trechos do texto ; é preciso cuidar para que os adjetivos concordem em gênero e número com os substantivos a que se referem ; quando se for utilizar a expressão de propósito, para significar a intencionalidade (ou não intencionalidade) de uma ação, é preciso estar atento para que a preposição utilizada seja DE, e não A: de propósito é diferente de a propósito , entre outras possíveis.
  • Esses registros devem ser tomados como referência no processo de revisão dos textos.
  • Além disso, é possível derivar da discussão feita, o estudo mais aprofundado de conteúdos gramaticais como, por exemplo, a noção de locuções adverbiais; flexão de substantivo, adjetivo e verbos, entre outros aspectos.
Sobre os aspectos gramaticais tematizados na atividade
  • Em geral, uma palavra exerce, na oração, duas funções: uma taxionômica, outra sintática. Função taxionômica é a que a palavra exerce quanto à classe a que pertence (substantivo, adjetivo, pronome etc); a segunda função vem a ser a que a palavra exerce em relação a outros termos da oração (sujeito, complemento, etc.).
  • A concordância e a regência dos termos que entram na formação da oração são processos sintáticos, ou seja, são requisitos a que deve obedecer um termo ao referir-se a outro termo da oração. Concordância é o processo sintático pelo qual uma palavra se acomoda, na sua flexão, com a flexão de outra palavra da qual depende. Essa acomodação flexional pode efetuar-se quanto ao gênero, ao número e à pessoa.
  • Na língua portuguesa, há dois tipos de concordância: 1) nominal, em que o artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo, o numeral e o particípio concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem; 2) verbal, em que o verbo concorda em número e pessoa com seu sujeito. Tanto para um como para outro caso, há uma regra geral e regras especiais.
  • Regência é a relação de subordinação, ou seja, de dependência dos termos, uns dos outros, ou ainda, é a propriedade de ter uma palavra, sob sua dependência, outra ou outras que lhe completem o sentido. A palavra que está servindo de complemento chama-se regida ou subordinada; a palavra que é completada, inteirada na sua significação chama-se palavra regente ou subordinante. Assim é que se diz que as preposições regem, subordinam palavras, e as conjunções subordinativas regem orações subordinadas.
  • Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal; quando é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. As relações de regência são na frase indicadas: a) pela posição em que os termos se encontram na frase; b) pela preposição; c) pela conjunção subordinativa. (Fonte: Almeida, Napoleão Mendes de. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 40a ed. São Paulo, Saraiva, 1995.)
Avaliação 
O professor deverá estar atento aos acertos e às dificuldades dos alunos, confirmando e comentando os acertos e intervindo com correções quando necessário.

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