terça-feira, 14 de julho de 2015

ENTRE A CIÊNCIA E A SAPIÊNCIA O DILEMA DA EDUCAÇÃO, DE RUBEM ALVES.



            É através da paixão pela educação que Rubem Alves descreve as cenas da beleza da aprendizagem; o sentido poético do sonhar; a importância do apreender; a valorização do homem no mundo do saber viver; a importância de se gostar do mundo, valorizando o que é belo. O autor coloca como missão não só a cientificidade da aprendizagem, mas a importância de se ver o mundo através dos olhos da beleza, isto é, aprender exleticamente através do prazer de saber. Descreve em seu livro sua vontade de disseminar os seus sonhos, suas esperanças, as sementes da educação para quem quiser fazer delas um jardim florido de pensamentos e idéias. Entre metáforas, através de cartas aos produtores de sonhos, o autor coloca sua opinião do dever educacional instituindo seu parecer para aqueles que comandam e divulgam a cultura, aqueles que com seu poder interferem na construção e formação dos conceitos existenciais, como o presidente da Rede Globo de televisão, o Ministro da Educação, os mestres, professores e educadores, artistas do meio sócio-educacional; levando sua ideologia e às vezes traduzindo a vontade que o envolve como jardineiro que sonha, ama e curte a tarefa de cuidar do seu jardim. Também é bastante crítico quanto à leitura, não acreditando na quantidade do que se lê, mas na qualidade e no processo crítico da leitura. Ler por prazer se transforma em alegria, conhecimento adquirido e assumido. Refere-se às escolas como instituições que transmitem conhecimento científico, não valorizando o homem como um sonhador. Mas, visando o bem estar do povo, tendo como tarefa a desenvolver nos cidadãos, a capacidade de pensar. Pois o que faz um povo são os pensamentos que os compõem. Valoriza os diversos saberes, as tecnologias de ensino, vislumbrando sempre os prazeres e alegrias de aprender; a felicidade de saber viver. Faz críticas à cientificidade, à ciência propriamente dita, pois ela não deixa o simples, o mero cotidiano de o conhecimento natural fluir; só validando o que é científico.

O que não é científico é muito mais atraente e enfeitiçante, e é preciso saber compreender essas coisas importantes da vida como a poesia, a música, a beleza, a alegria. É preciso saber conviver com os dois: o conhecimento e a beleza. Mas, a beleza não é científica. A ciência busca ser a imagem fiel da realidade, trabalha com resultados válidos, confiáveis e reprodutíveis, sendo este, o critério da verdade da ciência. O prazer não pode ser medido, nem sempre repetido, o sentimento não vem pronto, não há método, nem teoria, simplesmente se sente, se deseja; e o desejo do prazer, do sentir é que move o mundo. Rubem Alves é a favor das pesquisas científicas desde que a cientificidade também valide aquilo que não é científico. O saber profano do sentir, viver, amar, apreciar, questionar, gostar e degustar as coisas simples de vida, as coisas de todos os momentos. No entanto, é a ciência que produz e contribui para a construção da vida e a formação da cultura. As pequenas sensações que fazem do homem um ser único, com sentimentos religiosos, intuitivos, criativos, fazedor de sonhos, construtor de sua própria imaginação, admirador das belezas da vida, um pensador, um praticante do amor, um viajante do conhecimento, um inventor da liberdade, ávido de informação e aprendizagem, um ser que pensa, reflete, critica e continua em busca de luz, de conhecimento, sempre em busca da ciência sendo um aprendiz do Universo. É assim, poeticamente, por meio de metáforas, que Rubem Alves interpreta a sabedoria da ciência no conhecimento do cotidiano, na esperança de alargar e expandir a educação. E assim Rubem Alves nesta obra apresenta a ciência e a beleza e é preciso saber conviver com os dois, a ciência ser a

fiel da realidade, trabalha com resultados válidos, confiáveis e reprodutíveis, sendo este, o critério da verdade da ciência. O prazer não pode ser medido, nem sempre repetido, o sentimento não vem pronto, não há método, nem teoria, simplesmente se sente, se deseja; e o desejo do prazer, do sentir é que move o mundo. Rubem Alves é a favor das pesquisas científicas desde que a cientificidade também valide aquilo que não é científico. O saber profano do sentir, viver, amar, apreciar, questionar, gostar e degustar as coisas simples de vida, as coisas de todos os momentos. No entanto, é a ciência que produz e contribui para a construção da vida e a formação da cultura. As pequenas sensações que fazem do homem um ser único, com sentimentos religiosos, intuitivos, criativos, fazedor de sonhos, construtor de sua própria imaginação, admirador das belezas da vida, um pensador, um praticante do amor, um viajante do conhecimento, um inventor da liberdade, ávido de informação e aprendizagem, um ser que pensa, reflete, critica e continua em busca de luz, de conhecimento, sempre em busca da ciência sendo um aprendiz do Universo. É assim, poeticamente, por meio de metáforas, que Rubem Alves interpreta a sabedoria da ciência no conhecimento do cotidiano, na esperança de alargar e expandir a educação
 Assim como o autor comenta no primeiro capítulo, não são  os saberes das ciências que podem ser encontrados em livros de todo o mundo, mas sim, os nossos saberes, nossos próprios pensamentos. Se durante a vida conseguirmos plantar nossas idéias, perceberemos que outros continuarão com nossos sonhos, tornando-os um dia realidade.
Precisamos disseminar nossos saberes.  Semelhante ao que Rubem Alves está fazendo através desta obra, ele está plantando sua paixão pela educação em todos os leitores,buscando discípulos para plantar as esperanças.
Mas, é muito difícil uma pessoa conseguir plantar suas idéias. É preciso seduzir para convencer que alguma coisa é realmente boa. Os alunos aprendem fórmulas mirabolantes e nem sequer sabem aplicá-las no dia-a-dia. Os educandos acabam não visualizando uma lógica nos estudos. Exatamente como Rubem Alves comenta em sua obra, por mais que a ciência e suas pesquisas provem e comprovem a veracidade dos cálculos e teorias, ela não sabe como fazer o homem amar. Somente a beleza da imagem, o sonho é que tem o poder de persuasão.
A televisão conseguiria com suas imagens, promover o que as escolas não conseguem com seus estudos, que seria a criação de ideais e projetos de vida na mente dos estudantes. Os meios de comunicação criam sonhos, e a educação das escolas brasileiras não. Os saberes científicos das escolas não conseguem mostrar o que a vida tem de bom, enquanto as imagens e sons atingem o interior do homem.
Rubem Alves faz uma analogia perfeita: um exemplo são os viciados em cigarros, a beleza e a liberdade expressada na maioria das propagandas, parecerem apagar todo o mal que ele causa. Ou seja, por mais que a ciência esteja correta, é a imagem que seduz. A ciência sabe fazer o homem chegar na lua, mas, não sabe fazer o homem sonhar. Ninguém deixa de fumar por causa das advertências do Ministério da Saúde. A verdade não faz com que os homens sonhem com o paraíso.
Sem dúvidas, o grande problema do atual sistema educacional são os próprios professores e o método de ensino. Educar é uma arte! Para ser professor é preciso ter dom. É saber ensinar sem ter aprendido a pedagogia. Se os professores mudassem essa idéia de passar somente conhecimentos científicos e fizessem os alunos pensarem por conta própria, ou seja, ver os estudos científicos e analisá-los, julgá-los ao seu ponto de vista, formaria estudantes, pessoas que pensam por conta própria. O conhecimento científico faz com que um aluno aprenda a fazer uma casa, mas, não faz com que ele tenha vontade, de construí-la.
O excesso de leitura pode tornar uma pessoa burra, afinal, ela só pensa pelo que lê, acaba não tendo um raciocínio próprio. O erro é das escolas, que deveriam ensinar aos alunos como buscar o conhecimento e não simplesmente empurrar um conteúdo programado, excluindo os pensamentos e opiniões dos estudantes. Obrigando a permanecerem na escola, sem perceberem que o ensino não é medido pelo número de horas, mas pelo aproveitamento. Ficar sentado quatro horas diante de um professor, não é sinônimo de aprendizado. A produtividade é mais importante que a quantidade.
Os textos científicos deixam os acadêmicos incapazes de lerem literatura e de verem o mundo real. Porque para a ciência, tudo precisa ser medido e comprovado. As pessoas acreditam que é preciso buscar o saber. Saber para escrever artigos em revistas internacionais, pois assim, ficará comprovado que sabem. Usando uma analogia, é como se sua avó, não soubesse fazer o bolo que ela faz há anos, somente porque não está registrado em uma publicação científica.
A ciência só aceita o que ela conhece. Quando a vaca, diante do suculento bife, declara de forma definitiva que aquilo não é comida, ela está em erro. Falta, à sua afirmação, senso crítico. Deveria ser: Isso não é comida para o meu estomago. Assim, quando a ciência diz isso não é cientifico, é preciso ter em mente que, para muitos outros estômagos, aquilo é comida, comida boa, gostosa, que dá vida, que dá sabedoria.
Para a ciência tudo precisa de um método, se não tiver, não é científico. Mas, para ter boas idéias não existem métodos, elas simplesmente aparecem. A obsessão com o método dificulta o caminho das boas idéias. A ciência é boa, mas, pode provocar como afirma Rubem Alves, emburrecimento por causa de sua cegueira. É o que acontece com as pessoas que se dedicam exclusivamente a uma atividade. Elas se afastam dos demais, e nada sabem das outras coisas do mundo. A tal da área de especialização é uma caverna para quem se dedica a ser um mestre na área escolhida.
A ciência sabe produzir objetos iguais, mas, não sabe provocar as mesmas reações em diferentes pessoas. Não há receita para a repetição de um sentimento. O gosto não pode ser explicado ou ensinado. Por exemplo, não existem palavras para expressar o sabor de uma comida e a lembrança de algo que ela trás. Mas, isso é extremamente real. Não é cientifico, mas, é real. Também pode ser real a afirmação de que o universo esteja destinado à morte. Mas, existe uma forma de continuarmos vivos. Se passarmos nossas idéias as outras pessoas ou se deixarmos armazenadas nos discos rígidos dos computadores elas poderão perdurar para a eternidade. Conforme supramencionamos no texto, 
O prazer não pode ser medido, nem sempre repetido, o sentimento não vem pronto, não há método, nem teoria, simplesmente se sente, se deseja; e o desejo do prazer, do sentir é que move o mundo. Sendo assim, há que ter o prazer de ensinar pra daí  acontecer o prazer de aprender, sonhando e plantando sonhos no terreno fértil e ávidos de conhecimento: o  ser aprendente.



BIOGRAFIA DE RUBEM ALVES


Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, naquele tempo, chamada de Dores da Boa Esperança. A cidade é conhecida pela serra imortalizada por Lamartine Babo e Francisco Alves na música "Serra da Boa Esperança".
A família mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1945, onde, apesar de matriculado em bom colégio, sofria com a chacota de seus colegas que não perdoavam seu sotaque mineiro. Buscou refúgio na religião, pois vivia solitário, sem amigos. Teve aulas de piano, mas não teve o mesmo desempenho de seu conterrâneo, Nelson Freire. Foi bem sucedido no estudo de teologia e iniciou sua carreira dentro de uma igreja  como pastor em cidade do interior de Minas.
No período de 1953 a 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP), tendo se transferido para Lavras (MG), em 1958, onde exerce as funções de pastor naquela comunidade até 1963.
Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975). Foi ela sua musa inspiradora na feitura de contos infantis.
Em 1963 foi estudar em Nova York, retornando ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, torna-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.
Sua tese de doutoramento em teologia, “A Theology of Human Hope”, publicada em 1969 pela editora católica Corpus Books é, no seu entendimento, “um dos primeiros brotos daquilo que posteriormente recebeu o nome de Teoria da Libertação”.
De volta ao Brasil, por indicação do professor Paul Singer, conhecido economista, é contratado para dar aulas de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (SP).
Em 1971, foi professor-visitante no Union Theological Seminary.
Em 1973, transferiu-se para a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, como professor-adjunto na Faculdade de Educação.
No ano seguinte, 1974, ocupa o cargo de professor-titular de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na UNICAMP.
É nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 1979, professor livre-docente no IFCH daquela universidade. Convidado pela "Nobel Fundation", profere conferência intitulada "The Quest for Peace".
Na Universidade Estadual de Campinas foi eleito representante dos professores titulares junto ao Conselho Universitário, no período de 1980 a 1985, Diretor da Assessoria de Relações Internacionais de 1985 a 1988 e Diretor da Assessoria Especial para Assuntos de Ensino de 1983 a 1985.
No início da década de 80 torna-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise.
Em 1988, foi professor-visitante na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Posteriormente, a convite da "Rockefeller Fundation" fez "residência" no "Bellagio Study Center", Itália.
Na literatura e a poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos.
Afirma que é “psicanalista, embora heterodoxo”, pois nela reside o fato de que acredita que no mais profundo do inconsciente mora a beleza.
Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, onde deu vazão a seu amor pela cozinha. No local eram também ministrados cursos sobre cinema, pintura e literatura, além de contar com um ótimo trio com música ao vivo, sempre contando com “canjas” de alunos da Faculdade de Música da UNICAMP.
O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

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