sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

COMO ELABORO UM PROJETO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Como elaboro um projeto de formação de professores

Para planejar uma formação, precisamos pensar nas particularidades do processo de ensino e aprendizagem dos adultos (Foto: Gabriela Portilho)
Para planejar uma formação, penso nas particularidades do processo de ensino e aprendizagem dos adultos (Foto: Gabriela Portilho)
Estudamos e pesquisamos bastante sobre como as crianças aprendem, quais atividades são mais adequadas para mobilizar os saberes delas e quais devem ser as intervenções dos professores em determinadas situações. Será que, no caso dos adultos, os processos de ensino e de aprendizagem são semelhantes? Qual será a melhor maneira de tematizar e discutir um conteúdo com os docentes para que a prática deles seja mais acertada e eficiente?
Com base nessas perguntas, penso um projeto de formação de professores em três níveis:
  1. Como envolver os profissionais numa reflexão que explicite a necessidade de estudar um conteúdo;
  2. Quais atividades serão mais adequadas para focar ou tomar a prática como objeto de estudo;
  3. Como o conhecimento gerado será sistematizado.
No primeiro nível, minha preocupação é que fique muito claro o quê e o porquê iremos discutir determinado conteúdo. Vou dar um exemplo para ficar mais fácil. Numa das formações, escolhi trabalhar o reconto. Tomei essa decisão após receber algumas solicitações de professores para falar sobre isso, observar algumas salas de aula e ler os relatórios de avaliação do primeiro semestre. Percebi, então, que estavam acontecendo poucas situações em que as crianças faziam o reconto, além de, algumas vezes, os textos literários escolhidos para essa atividade não serem os mais adequados. Foi justamente com essas constatações que comecei o primeiro encontro. Minha primeira proposta foi que cada profissional fizesse um pequeno texto reflexivo sobre como estava o trabalho com reconto na turma dele, analisasse os registros e explicitasse os resultados, as dificuldades e as conquistas.
O próximo passo foi aprofundar o conhecimento sobre o conteúdo. Algumas perguntas que eu gostaria de responder com o grupo ao longo de alguns encontros (previamente estipulados) eram: por que é fundamental que o reconto aconteça em todas as salas e o que se espera que as crianças aprendam. A estratégia formativa que adotei foi, considerando a reflexão feita anteriormente, destacar leituras de referências e analisar o planejamento e a execução de ações em sala. Para isso, planejamos juntos uma atividade de reconto e combinamos que todos os professores a fariam em determinado período e a filmariam. Deixei livre para que cada pessoa analisasse o vídeo sozinha, comigo ou tematizando com o grupo. Essa etapa do projeto é a mais longa, mas também a essência da formação, pois visa aperfeiçoar a prática dos participantes. É importante que todos saibam que serão respeitados e que toda e qualquer dúvida ou equívoco serão vistos como oportunidade de melhoria. E quem garante esse acolhimento é o coordenador pedagógico.
Por fim, o último encontro foi destinado à sistematização e registro de tudo o que havíamos discutido e a formulação de quais seriam os encaminhamentos que tiraríamos daí. Geralmente, proponho a elaboração de um documento com orientações didáticas, que é datado, copiado e distribuído para cada um dos professores. Essas orientações podem estar relacionadas ao planejamento, à seleção de materiais, à sugestão de atividades, às intervenções, ao que é necessário observar e registrar sobre a aprendizagem das crianças, entre outros aspectos que possam ajudar o docente a qualificar o fazer pedagógico.
Como o contexto da escola e das turmas podem mudar com o tempo, deixei claro que poderíamos voltar ao mesmo conteúdo no futuro para aperfeiçoá-lo novamente.
E você, como planeja o projeto de formação dos professores?
Abraços, Leninha

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