Hoje chego aqui para contar uma experiência que gostei muito de vivenciar. Como vocês sabem, e aqueles que ainda não sabiam vão saber agora, tenho quarto anos de formada. Este ano completo quatro anos em sala de aula.
Gosto muito do que faço e já passei por um monte de coisas, mas a experiência de hoje foi única!
Lá na escola a reunião de pais é trimestral, e hoje foi a reunião dos pais dos alunos do segundo ano. Infelizmente todos os pais não puderam estar presentes, mas a reunião foi a melhor que já tive nestes quarto anos de trabalho.
Geralmente nestas reuniões os pais nos olham com olhar investigador, mas hoje foi diferente os olhares eram de pais preocupados com o bem estar de seus filhos e também de compreensão com a posição dos professores. Olhares entendimento, de acolhimento.
Sorrimos, das travessuras dos pequenos, falamos sobre a importância de olhá-los com carinho, mas também da constante necessidade desafiadora de ensinar-lhes a ter limites. E fomos falando sobre um monte de coisas.
Em um momento, quando falávamos sobre comportamento, e sobre a forma muitas vezes audaciosa que os alunos nos respondem, uma mãe pedindo licença fez a seguinte pergunta.
- Como esses alunos seriam tratados dentro das escolas particulares?
Várias discussões seguiram, alguns defenderam que a cobrança é diferente porque os pais cobram dos filhos porque pagam, outros disseram que na escola pública os professores ficam a mercê de julgamentos, então muitas vezes ficam de pés e mãos atados...
Mas o que mais me chamou a atenção foi a fala final desta mesma mãe. Vejam:
Eu falei sobre isso com o meu patrão, e ele empolgado com a minha pergunta disse que nossa sociedade "depende" dessas diferenças para sobreviver, o que seria dos ricos se não fossem os pobres...
E ainda acrescentou:
"Agora eles estão criando uma novas classe, essa que está sendo permitida entrar nas faculdades, comprar com menos dificuldades seus carros etc... E então eu disse a ele, e vou pedir a vocês professores que me orientem a pelo menos encaminhar a minha filha para essa classe posição. Que ela possa ser alguém, que possa conseguir um bom posicionamento de vida. Eu tenho orgulho de ser empregada doméstica, mas desejo algo melhor para minha filha..."
Gente, ouvir isso daquela mãe com os olhos cheios de lágrimas deu um novo rumo em meu dia. num só impulso resolvi respondê-la e disse que a só pelo fato de sua filha estar matriculada em uma escola e ter o apoio de perto que ela, a mãe lhe oferecia, já estava em um bom caminho! Porque muitas, muitas mesmo, são as crianças que queriam estar em uma escola por diversos motivos, não conseguem.
Depois desta reunião fiquei imaginando, e reafirmando o que por teoria eu já sabia um pouco. Os pais e os professores podem muito juntos. Pensar sobre o futuro de uma criança, não é algo simples e não pode ser feito sozinho.
Compartilho aqui a situação de hoje, pois sei que as diferentes situações que vivenciamos diariamente em nossas escolas algumas vezes nos desanimam. Mas quando vemos algo assim, mesmo que seja de um pequeno grupo, já vale o esforço de voltar para a sala com um novo gás, um novo olhar.
Vamos pensar sobre isso!
Vamos abrir mais espaços para discussões como estas em nossas escolas!
Vamos fazer a educação acontecer em nossa volta!
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