segunda-feira, 27 de abril de 2015


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A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO SOB A PESPECTIVAS DAS ABORDAGENS DE ENSINO


Partindo de uma analise de MIZUKAMI* , sobre a relação professor e aluno, podemos definir com maior profundidade e abrangência o colapso deste tema. A autora nos mostra como essa relação tem se construído ou até mesmo se “destruído” dentro das diversas concepções teoricas!

Abordagem Tradicional

Esta relação é vertical e o mestre ocupa o centro de todo o processo, cumprindo objetivos selecionados pela escola e pela sociedade. O professor comanda todas as ações da sala de aula e sua postura está intimamente ligada à transmissão de conteúdos. Ao aluno, neste contexto, era reservado o direito de aprender sem qualquer questionamento, através da repetição e automatização de forma racional. (p.14-15)

SAVIANI (1991), referindo-se à relação professor e aluno, na escola tradicional, mostra-nos que o professor: "transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos.” (p. 18)

Ainda sob esta perspectiva, o aluno para ter acesso ao conhecimento tinha de passar pelo professor, que era quem mediava à relação. Assim, o professor controlava todas as ações exigindo dos alunos obediência que, por outro lado, era também exigida na empresa ou na indústria. Desta forma, pensar, questionar era coisa do chefe ou do dono da empresa.

Abordagem Comportamentalista

Segundo MIZUKAMI (1986), o professor é um planejador do ensino e da aprendizagem que trabalha no sentido de dar maior produtividade, eficiência e eficácia ao processo, maximizando o desempenho do aluno. O professor, como um analista do processo, procurava criar ambientes favoráveis de forma a aumentar a chance de repetição das respostas aprendidas. (p.31-32)

Segundo SAVIANI (1991), neste contexto: " o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e aluno posição secundária, relegados que são a condições de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos e imparciais."(p. 24)

Abordagem Humanista

Nesta abordagem as qualidades do professor (facilitador) podem ser sintetizadas em autenticidade, compreensão empática - compreensão da conduta do outro a partir do referencial desse outro - e o apreço (aceitação e confiança em relação ao aluno). (p.53)

O professor como facilitador da aprendizagem, aberto às novas experiências, procura compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tenta levá-los à auto-realização. A responsabilidade da aprendizagem (objetivos) fica também ligada ao aluno, àquilo que é mais significativo para ele, e deve ser facilitada pelo professor. Portanto, o processo de ensino depende da capacidade individual de cada professor, de sua aceitação e compreensão e do relacionamento com seus alunos.

Abordagem Cognitivista

A mesma autora, coloca que o professor atua investigando, pesquisando, orientando e criando ambientes que favoreçam a troca e cooperação. Ele deve criar desequilíbrios e desafios sem nunca oferecer aos alunos a solução pronta. Em sua convivência com alunos, o professor deve observar e analisar o comportamento deles e tratá-los de acordo com suas características peculiares dentro de sua fase de evolução. (p.77-78)

O professor passa a criar o cenário necessário, pensando no estágio de desenvolvimento em que o aluno se encontra, para que o aluno possa explorar o ambiente de forma predominantemente ativa. Neste ponto, o aluno não é um ser que recebe a informação passivamente, ele deverá experimentar racionalmente atividades de classificação, seriação e atividades hipotéticas. Assim, o professor sempre oferecerá ao aluno situações problemas que tragam a eles a necessidade de investigar, pensar, racionalizar a questão e construir uma resposta satisfatória.

Abordagem Sócio-Cultural

MIZUKAMI (1986) afirma que a relação entre o mestre e o aprendiz é horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador procurando levar o aluno à consciência, desmistificando a ideologia dominante, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99)

Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas sociais.

referência bibliográfica:

SAVIANI, Dermeval. - Escola e Democracia. São Paulo: Cortez Editora, 25ª edição, 1991.
*MIZUKAMI, Maria. G. N. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1986
Retirado do Blog DEPOIS DA AULA
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GANSOS E PATÊS

Uma amiga tem ideias curiosas sobre as escolas. Vivendo em uma cidade do interior, viu-se diante da encruzilhada difícil: “Qual a melhor escola para meu filho?” Pôs-se a campo visitando as tidas como as melhores. A cena se repetia. O diretor ou diretora se encontrava com a perspectiva de uma matrícula a mais. Fazia seus melhores esforços para convencer a mãe. Mostrava-lhes salas, laboratórios, quadras de esportes. Terminada a excursão, minha amiga tinha duas perguntas a fazer.

“-O senhor sabe, nosso mundo é competitivo, há o vestibular no horizonte, o mercado de trabalho, e eu gostaria de saber como é que sua escola lida com esses problemas...”

O diretor, seguro de sua filosofia de educação, respondia:


“-Essa é nossa grande preocupação. Precisamos preparar as crianças para o futuro. Assim, nossos professores são orientados no sentido de apertá-las ao máximo para que sejam vencedoras. Quanto a isso a senhora pode estar tranqüila.”

Aí ela continuava:

“-Sua resposta me esclareceu muito. Mas há uma última pergunta que quero fazer. As crianças passam apenas um período na escola. No outro período elas ficam com o tempo livre. O que fazer com esse tempo?”

Respondia o diretor: “-A resposta a essa pergunta já está implícita no que eu lhe disse. Não permitimos que as crianças tenham esse tempo ocioso. Damos tanta lição de casa que elas têm de trabalhar o dia inteiro...”

Aí a minha amiga concluía:

“-Sabe, senhor diretor, eu acho que a infância é um tempo tão bonito que é triste apertar as crianças em nome de um futuro hipotético. As crianças não podem viver hoje em função do amanhã. A vida delas é no hoje. Se elas forem ‘apertadas’, vão acabar por odiar a escola e o aprender. Além do que, as crianças devem ter num tempo livre para viver suas próprias fantasias, para brincar. Se elas tiverem todo o seu tempo tomado por deveres de casa perderão a alegria...”

E com essas palavras despedia-se do diretor perplexo.

Ela peregrinou de escola em escola e era sempre a mesma coisa. Até que chegou a uma periferia, condições físicas precárias, diretor esquisito. Perguntado sobre sua filosofia de educação, ele respondeu:

“-Acho que a coisa mais importante para as crianças nessa fase é que elas aprendam a se comunicar. Que aprendam a amar os livros. Que gostem de escrever. Uma criança que ama os livros tem o mundo aberto a sua frente...”

Minha amiga matriculou o seu filho nessa escola e ainda fez propaganda.

É preciso reconhecer que essa amiga anda na direção contrária. A maioria dos pais caminha na outra direção. Querem escolas fortes, que apertem, que preparem seus filhos para o vestibular, que encham o tempo dos alunos com um mundo de lições. Eles não estão interessados na educação dos seus filhos. Talvez nem saibam o que isto seja.

Vi, na antiga revista Life, a foto de um ganso sendo engordado para que seu fígado ficasse dilatado, próprio para ser transformado em patê. O cuidador do ganso segurava sua cabeça apontando para cima, um funil enfiado em seu bico, por onde a comida era enfiada, à força. Terminada a operação, para evitar que ele vomitasse a comida que ele não queria comer, seu pescoço era amarrado. Essa imagem dispensa explicações. Quem é o ganso? Quem é aquele que segura a cabeça do ganso? Quem é aquele que lhe enfia a comida goela abaixo? E o patê? Quem vai comer o patê? De uma coisa eu sei. Não será o ganso...

Autor: Rubem Alves
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Dez mandamentos para pais de crianças especiais- texto

Os 10 mandamentos para pais de crianças deficientes


1. Viva um dia de cada vez, e viva-o positivamente. Você não tem controle sobre o futuro, mas tem controle sobre hoje.

2. Nunca subestime o potencial do seu filho. Dê-lhe espaço, encoraje-o, espere sempre que ele se desenvolva ao máximo das suas capacidades. Nunca se esqueça da sua capacidade de aprendizagem, por pequena que seja.

3. Descubra e permita mentores positivos: familiares e profissionais que possam partilhar consigo a experiência deles, conselhos e apoio.

4. Proporcione e esteja envolvido com os mais apropriados ambientes educacionais e de aprendizagem para o seu filho desde a infância.

5. Tenha em mente os sentimentos e necessidades do seu cônjuge e dos seus outros filhos. Lembre-lhes que esta criança especial não tem mais do seu amor pelo facto de perder com ele mais tempo.

6. Responda apenas perante a sua consciência: poderá depois responder ao seu filho. Não precisa justificar as suas acções aos seus amigos ou ao público.

7. Seja honesto com os seus sentimentos. Não pode ser um super-pai 24 horas por dia. Permita-se a si mesmo ciúmes, zanga, piedade, frustração e depressão em pequenas necessidades sempre que seja necessário.

8. Seja gentil para consigo mesmo. Não se foque continuamente naquilo que precisa de ser feito. Lembre-se de olhar para o que já conseguiu atingir.

9. Pare e cheire as rosas. Tire vantagem do facto de ter ganho uma apreciação especial pelos pequenos milagres da vida que os outros dão como garantidos.

10. Mantenha e use o sentido de humor. Desmanchar-se a rir pode evitar que seja desmanchado pelo stress.
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Texto para Reunião de Início de ano letivo

Apenas brincando




Quando eu estiver a construir um edifício de blocos,
por favor não digas que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco sobre equilíbrio e forma.
Algum dia eu posso ser um arquitecto.

Quando eu estiver bem vestido, a pôr a mesa,
a cuidar do bebé,não tenhas a ideia de que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser uma mãe ou um pai.


Quando me vires pintado até aos cotovelos, a construir uma moldura,
ou a moldar e a dar forma à argila,por favor não me deixes ouvir-te dizer que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a expressar-me e a ser criativo.
Algum dia eu posso ser um artista ou um inventor.



Quando me vires sentado numa cadeira a "ler" para uma audiência imaginária,
por favor não rias e não penses que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser um professor.

Quando me vires a apanhar insectos ou a guardar as coisas que encontro no bolso,
não os deites fora como se eu "estivesse apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser um cientista.



Quando me vires a fazer um puzzle,
por favor, não penses que estou a desperdiçar tempo "brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Estou a aprender a concentrar-me e a resolver problemas.
Algum dia eu posso ser um empresário ou um engenheiro.

Quando me a vires cozinhar ou provar comidas,
por favor não penses que estou "só a brincar".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a aprender sobre os sentidos e as diferenças.
Algum dia eu posso ser um "chefe" cozinheiro.



Quando me vires a saltar, pular, correr e mover o meu corpo,
por favor não digas que eu "estou apenas brincando".
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.
Eu estou a aprender a conhecer melhor o meu corpo.
Algum dia eu posso ser um médico, uma enfermeira ou um atleta.



Quando me perguntares o que fiz na escola hoje,
e eu responder: "eu brinquei".
Por favor não me entendas mal.
Já que, entende, eu estou a aprender enquanto brinco.



Eu estou a aprender a apreciar e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou a preparar-me para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.

Anita wadley.
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A ESCOLHA DO AMOR - Texto para ser trabalhado no inicio do ano

Ao ler este texto do Gabriel Chalita, e claro que embora de férias, não conseguimos nos desligar totalmente da escola, dos alunos.... pensei em trabalhar com ele na primeira reunião de pais ( que fazemos logo no inicio do ano, para que os pais conheçam os profissionais que irão trabalhar com seus filhos no decorrer deste ano letivo). Acho que dá para fazer um bom trabalho, principalmente porque na maioria das vezes quem vai à Reunião são as MÂES e é mais fácil a mulher fazer essa transposição de idéias do literário para o dia-a-dia!
E vamos concordar né meninas, Gabriel Chalita é tudo de bom!!!!



Autor: Gabriel Chalita


Todos os dias fazemos escolhas em nossas vidas. Algumas escolhas são mais simples; outras, mais complexas. Escolhemos a roupa, o sapato, a alimentação, o trajeto. Escolhemos a escola, o trabalho, as prioridades. Como não é possível resolver todos os problemas de uma única vez, vamos escolhendo aqueles que precisam ser solucionados antes. Escolhemos no supermercado, na loja, a forma de pagamento.

Algumas escolhas simples ficam complicadas quando complicamos a vida. Fazer um almoço se torna um calvário para quem está angustiado. Ter de escolher o que fazer e que agrade às outras pessoas da família parece um trabalho insano.Escolher a escola dos filhos. Escolher a mudança de emprego. Aos poucos as escolhas vão exigindo mais reflexão e o resultado da escolha vai ficando mais sério. Uma coisa é escolher a comida errada no cardápio e decidir que não vai pedir mais aquele prato. Outra coisa é perceber que casou com a pessoa errada. A escolha do casamento tem de ser mais demorada do que a do produto de uma prateleira em um supermercado.

Como somos imperfeitos, a dúvida sempre fará parte de nossas escolhas. E é diante da dúvida que amadurecemos. Pessoas que têm certezas absolutas erram mais e sofrem mais com isso. A dúvida nos torna mais humildes, mais abertos ao diálogo.Nesses momentos é que percebemos a nossa maturidade frente aos obstáculos. Os mais concretos ou os mais abstratos.

Nesse início de ano, uma modesta sugestão: diante das dúvidas que surgirem, escolha o amor. Diante de sentimentos mesquinhos como a inveja, o ciúme, a vingança; escolha o amor. Antes de falar, pense. Mas pense com amor. Antes de agredir, lembre-se de que o tempo da cicatriz é mais demorado do que o tempo do comedimento. Antes de usar a palavra como instrumento de maldizer, lembre-se de que o silêncio é o grande amigo e de que, na dúvida, o outro deve receber a sua compaixão. Diante do comodismo, da alienação, escolha o amor em ação. Assim fizeram os apóstolos, mesmo sabendo que seriam incompreendidos; assim fez Francisco de Assis quando ousou chamar a todos de irmãos; ou João Bosco com os jovens que só se aquietavam quando se sentiam amados.

Assim fez Madre Tereza de Calcutá que fazia a escolha do amor diante de cada próximo que dela precisasse.

Diante da boa dúvida, é bom pedir ajuda. Para os irmãos e para Deus, a Essência do Amor.

Os desafios são muitos. É por isso que sozinho fica difícil. Como diz a canção:

Eu pensei que podia viver, por mim mesmo. Eu pensei que as coisas do mundo não iriam me derrubar.

E a oração continua e, com ela, nossa certeza: Tudo é do Pai. Toda honra e toda glória. É Dele a vitória alcançada em minha vida.

Que sejamos responsáveis em nossas escolhas mais simples ou mais complexas. Mais uma vez, com amor, tudo fica mais fácil e mais bonito!
A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos A+A-. A maturidade faz parte de um processo. Em um processo não podemos queimar etapas. Ele é lento, chato e demorado. Uma criança passa por um momento de amadurecimento a partir do momento que começa a brincar. A maturidade acontece, quando tomamos posse do que nós somos, para aí então poder nos dividir com os outros. Isso faz parte do processo de maturidade. 

Não nascemos amando, pelo contrário, queremos ter a posse dos outros. Essa é a forma de amar da criança, pois ela não consegue pensar de maneira diferente. Ela não consegue entender que o outro não é ela. Quantas pessoas já adultas pensam assim, trata-se da incapacidade de amar, falta de maturidade. 

Todos os encontros de Jesus levam a implantação do Reino de Deus. Mas só pode implantar esse reino quem é adulto, que já entende que só se começa a amar a partir do momento, que eu não quero mudar quem eu amo. Geralmente quando tememos alguém ruim ao nosso lado, é porque nos reconhecemos naquela pessoa. Jesus não tinha o que temer porque era puramente bom, por isso contagiava os que estavam ao seu lado. Na maturidade de Jesus você encontra a capacidade imensa de amar o outro como ele é. Amar significa: amar o outro como ele é. Por isso quando falamos em amar os outros, podemos perceber o quanto deixamos de ser crianças. Devemos nos questionar a todo o momento quanto a nossa maturidade. A santidade começa na autenticidade. 

Por isso Jesus nos pede para ser como as crianças, que são verdadeiras e simples. É nisso que devemos manter da nossa infância e não a forma de possuir as coisas para si. Você tem condições para perceber a sua maturidade. É só observar se você é obediente mesmo quando não há pessoas ao seu redor. Você não precisa que ninguém te observe, pois você já viu aquilo como um valor. Pessoas imaturas sofrem dobrado. Pessoas imaturas querem modificar os fatos, pessoas maduras deixam que os fatos os modifiquem. A maturidade nos faz perceber que não podemos mudar os fatos. Um imaturo ganha um limão e o chupa fazendo careta. O maduro faz uma limonada com o limão que ganhou. Muitas vezes os nossos relacionamentos de amizade são uns fracassos porque somos imaturos. Amigos não são o que imaginamos, mas o que eles são e com todos os defeitos. Amizade é processo de maturidade que nos leva ao verdadeiro encontro com as pessoas que estão ao nosso lado. Elas têm todos os defeitos, mas fazem parte da nossa vida e não a trocamos por nada deste mundo. Isso porque temos alma de cristão e aquele que tem alma de cristão não tem medo dos defeitos dos outros, porque sabe que aqueles defeitos não serão espelhos para nós, mas seremos um instrumento de Deus para ele superar esse defeito. Padre só pode ser padre a partir do momento que é apaixonado pelos calvários da humanidade. Se você não consegue lidar com os limites dos outros, é porque você não consegue lidar com os seus limites. A rejeição é um processo de ver-se. Toda vez que eu quero buscar no outro o que me falta, eu o torno um objeto. Eu posso até admirar no outro o que eu não tenho em mim, mas eu não tenho o direito de fazer do outro uma representação daquilo que me falta. Isso não é amor, isso é coisa de criança. O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja. Amar alguém é viver o exercício constante, de não querer fazer do outro o que a gente gostaria que ele fosse. A experiência de amar e ser amado é acima de tudo a experiência do respeito. 

Como está a nossa capacidade de amar? Uma coisa é amar por necessidade e outra é amar por valor. Amar por necessidade é querer sempre que o outro seja o que você quer. Amar por valor é amar o outro como ele é, quando ele não tem mais nada a oferecer, quando ele é um inútil e por isso você o ama tanto. Na hora que forem embora as suas utilidade, você vai saber o quanto é amado. Tudo vai ser perdido, só espero que você não se perca. Enquanto você não se perder de si mesmo você será amado, pois o que você é significa muito mais do que você faz. O convite da vida cristã é esse: que você possa ser mais do que você faz! ”


[ Padre Fábio de Melo ]


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SOBRE A CALIGRAFIA


Sobre a caligrafia


Arnaldo Antunes-20/03/2002


Caligrafia.

Arte do desenho manual das letras e palavras.

Território híbrido entre os códigos verbal e visual.

— O que se vê contagia o que se lê.

Das inscrições rupestres pré-históricas

às vanguardas artísticas do século XX.

Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.

Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.

— O que se vê transforma o que se lê.

A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala.

A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.

Entonação gráfica.

Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.

Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.

A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.Rastos de gestos.A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.

O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.

O A grávido de O.

Érres e ésses atacando Es.

.A multiplicação de agás.

Rios de Us e emes e zês.

Esqueletos de signos fragmentados.


Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.

Paisagens.

Horizontes ou abismos.

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