sexta-feira, 3 de junho de 2016


Conheça as situações didáticas essenciais para os alunos lidarem bem com textos cada vez mais difíceis até o fim do 9º ano

Elisângela Fernandes (novaescola@fvc.org.br)
Leitura de textos informativos difíceis
O que é Ler textos que não têm como público-alvo alunos da Educação Básica e que podem ser encontrados em diferentes situações cotidianas. Reportagens e artigos de divulgação científica são exemplos.

Por que propor Para ensinar a fazer inferências em relação a aspectos não explicados pelo autor, relacionar ideias citadas em diferentes pontos e levantar chaves de interpretação, antecipando, verificando e descartando dados irrelevantes.
Informações que vão além do livro didático
Marcelo Henrique Dias Martins Marques, 8 anos. Arquivo pessoal/Susan Carolina Amorim
Marcelo Henrique Dias Martins Marques, 8 anos
Para que o 3º ano da EMEF Cecília Meireles, em São Paulo, aprendesse a distinguir os animais invertebrados dos vertebrados e conhecesse características dos mamíferos, Susan Carolina Amorim propôs uma sequência didática. Algumas atividades eram baseadas em textos informativos.

A professora leu com as crianças O Maior Peixe da Terra. Depois, pediu que relessem e sublinhassem o tamanho do tubarão-baleia, o lugar onde vive, do que se alimenta e suas características. Algumas grifaram frases inteiras e outras apenas umas poucas palavras. Durante a discussão, elas concluíram que no segundo caso retomava-se a informação de forma mais rápida e precisa. Susan também colocou em debate respostas que não atendiam ao enunciado. "Assim, ficou clara a necessidade de selecionar a informação de acordo com o que foi solicitado."

Mais adiante, a aula teve como base o texto informativo Quando os Animais Mentem, trecho de reportagem publicada na revista SUPERINTERESSANTE de abril de 1988, que aborda a capacidade de alguns animais se camuflarem. Susan fez a leitura compartilhada e pediu que, em duplas, os alunos respondessem a questões. As respostas foram transformadas em curiosidades, utilizando marcas linguísticas, como "Fique ligado!" e "Você sabia?". Para que dessem conta da tarefa, a professora indicou livros e revistas que continham material semelhante. Os estudantes produziram as curiosidades com textos de autoria, baseados no que aprenderam sem recorrer ao texto fonte.

Por fim, todos leram em duplas Nem Cobra Nem Minhoca, de Oscar Rocha Barbosa, que integra a obra Textos Informativos, Textos Instrucionais e Biografias, do Ministério da Educação (MEC). O desafio estava em inferir informações e preencher uma ficha técnica. Para evitar que a turma apenas procurasse uma palavra presente na pergunta e copiasse mecanicamente um trecho, Susan usou outras, que não apareciam no texto, como hábitat, cujo significado estava implícito. Por fim, cada um escreveu um texto informativo a respeito do que aprendeu nas aulas sobre os animais.

Como demonstra a sequência realizada por Susan, é fundamental diversificar as atividades, com momentos de leitura individual, coletiva e pelo professor. Além disso, a professora dá oportunidade de as crianças lerem textos não dirigidos especificamente a elas, como defende Delia Lerner em Ler e Escrever na Escola - O Real, o Possível e o Necessário (128 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 44 reais): "Os textos fáceis só habilitam para se continuar lendo textos fáceis. Se pretendemos que os alunos construam por si mesmos (...) o comportamento de se atrever a ler textos que são difíceis para eles (...), é imprescindível enfrentar o desafio de incorporar esses textos em nosso trabalho"
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