sexta-feira, 3 de junho de 2016

BONS LEITORES, BONS ESCRITORES

Leitura de textos literários difíceis
O que é Conhecer, analisar e investigar a linguagem literária em variados gêneros, como romances, contos, crônicas e poemas para ter condições de formar um gosto literário.

Por que propor Para que o aluno ganhe familiaridade com o texto literário e identifique seu caráter ficcional e poético. Assim, além de entender o sentido do que foi escrito, ele se torna capaz de reconhecer a engenhosidade e os recursos utilizados pelo autor.
Poesias divertem e emocionam
João Vitor 
de Souza Santos, 
12 anos. Arquivo pessoal/Ligia Maria Benelli Rosa
João Vitor de Souza Santos, 12 anos
No ano passado, as aulas do 6º ano da EE Professor Celso Müller do Amaral, em Dourados, a 235 quilômetros de Campo Grande, foram embaladas por poemas. Para que os estudantes desenvolvessem competências para ler o gênero de forma eficiente, Ligia Maria Benelli Rosa organizou uma sequência didática. Como diagnóstico, pediu que investigassem os poemas preferidos de amigos e familiares. Na aula seguinte, cada aluno leu um dos que trouxe. Durante as discussões, ela verificou que eles sabiam identificar versos, estrofes e rimas, mas achavam que a temática girava sempre em torno do amor.

Para mostrar que muitos assuntos podem servir de inspiração para os poetas, Ligia propôs a leitura individual de Tem Tudo a Ver, de Elias José (1936-2008) (disponível em escrevendo.cenpec.org.br, assim como os demais textos usados pela professora). "Depois, recitei o poema para entenderem que a entonação e o respeito à pontuação ajudam na interpretação." Em seguida, a sala discutiu a musicalidade e a cadência dos versos e a ideia de unidade conferida com a conexão entre as estrofes. Mas o debate maior foi sobre a diversidade de situações cotidianas que podem ser fonte de inspiração e provocar diferentes sensações.

A meninada escolheu, então, um livro de poesia na biblioteca. No dia seguinte, no pátio, todos leram um poema para os colegas, professores e funcionários, explicando o motivo da escolha. Na próxima etapa, Ligia organizou a leitura compartilhada de Quadras ao Gosto Popular, de Fernando Pessoa (1888-1935). Os alunos interpretaram o texto, discutiram a função das rimas e as compararam com as de Duas Dúzias de Coisinhas à Toa que Deixam a Gente Feliz, de Otávio Roth (1952-1993). Outros poemas foram trabalhados para o estudo da linguagem conotativa e da denotativa e das figuras de linguagem. "Fomos examinando verso por verso", diz a professora.

Como instrumento avaliativo, Ligia pediu que lessem Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu (1839-1860). Eles responderam a algumas questões sobre os aspectos estruturais do gênero, vistos ao longo da sequência. A turma passou a ler poemas com mais desenvoltura e autonomia, além de reconhecer características que dão a esse tipo de texto um caráter poético.

Propor a leitura de diferentes obras literárias, como faz Ligia, é uma prática que não pode ser negligenciada. Ela pode ser feita pelo professor ou pelo aluno de forma individual, em grupo ou mesmo de forma coletiva, de acordo com os objetivos a serem alcançados. "A mediação entre leitores com diferentes níveis de experiência é crucial para a formação ao longo de toda a escolaridade", defende Cristiane Tavares.

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