quinta-feira, 30 de junho de 2016

DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA




Inúmeras pesquisas já comprovaram que as crianças de classes diferenciadas aprendem a ler e a escrever da mesma maneira. Num primeiro estágio, distinguem o que é desenho do que é escrita. No contato com o professor e em atividades regulares de sala de aula, elas passam a refletir sobre a organização do nosso sistema de escrita. As descobertas de Emília Ferreiro revelam que essa construção do conhecimento tem fases com degraus intermediários entre elas:
§  no nível pré-silábico, a criança constrói dois critérios: que é preciso uma quantidade mínima de letras (três) para que se possa ler e escrever e elas precisam ser diferentes;
§  no silábico, ela costuma usar uma letra para cada sílaba (PFOA para professora, por exemplo);
§  no alfabético, se estabelece a relação direta entre as letras e os sons (mas ainda são comuns os erros de ortografia, como em MEZA);
§  e só no ortográfico o aluno começa a dominar as regras do sistema alfabético para produzir textos corretamente. 
Essas hipóteses acontecem em todas as crianças e vão evoluindo gradativamente em sua aprendizagem, através da escrita na qual a criança vai associar os sons.
Para que a criança chegue ao patamar desejado, é importante que o educador saiba organizar, sistematizar, adequar a métodos que sejam suporte e orientação no processo de elaboração do conhecimento da leitura/escrita, com isto ela irá conseguir vencer todos os níveis até chegar no ortográfico “lendo e escrevendo”.
Com a aplicação de métodos evolutivos a criança terá uma aprendizagem significativa. É preciso organizar o trabalho educativo para que os alunos experimentem, vivenciem a prática de produção de textos. O documento PCN’s/LP assinala:
“É necessário, portanto, ensinar o aluno a lidar tanto com a escrita da linguagem – os aspectos notacionais relacionados ao sistema alfabético e às restrições ortográficas – como com a linguagem escrita - os aspectos discursivos relacionados à linguagem que se usa para escrever. Para tanto é preciso que, tão logo o aluno chegue à escola, seja solicitado a produzir seus próprios textos, mesmo que não saiba grafa-los, a escrever como lhe for possível, mesmo que não o faça convencionalmente”. (1997, p. 68).
A leitura e a escrita são conhecimentos complementares no desenvolvimento da competência textual do aluno
 Desenvolvimento da Leitura

O grande desafio do educador das séries iniciais é compreender o processo e procurar agir de forma dinâmica e diversificar ao realizar atividades que desenvolvam as habilidades da linguagem verbal como: a leitura, a escrita, a fala e a escuta. A leitura é a habilidade linguística mais difícil e complexa. A leitura é um processo de aquisição da lectoescrita e,  como tal, compreende duas operações fundamentais: a decodificação e a compreensão.
A decodificação é a capacidade que temos como escritores ou leitores ou aprendentes de uma língua  para identificarmos um signo gráfico por um nome ou por um som. Esta capacidade ou competência linguística consiste no reconhecimento das letras ou signos gráficos e na tradução dos signos gráficos para a linguagem oral ou para outro sistema de signo.
A aprendizagem da decodificação se consegue através do conhecimento do alfabeto e da leitura oral. Conhecer o alfabeto não significa apenas o reconhecimento das letras, e sim, entendermos a evolução da escrita como: a pictográfica (desenho figurativo), a ideográfica (representação de idéias sem indicação dos sons das palavras) e a fonográfica (representação dos sons das palavras).
As funções essenciais da leitura são: transformar, compreender e julgar.
§    Transformar, em leitura, se dá quando o leitor  converte a linguagem escrita em linguagem oral.
§    Compreender se efetiva quando o leitor consegue captar ou dá sentido ao conteúdo da mensagem.
§    Julgar é capacidade que o leitor tem de analisar o valor da mensagem.
O enfoque da  Psicolinguística considera a leitura como uma habilidade complexa, na qual intervém uma série de processos cognitivo-linguísticos de distintos níveis, cujo início é um estímulo visual e cujo final deve ser a decodificação do mesmo e sua compreensão. 
Os processos básicos da leitura são também chamados de “processos de nível inferior”. Sua finalidade é o reconhecimento e a compreensão das palavras. Dentro destes se encontram a decodificação  e a compreensão de palavras. Já os “processos de nível superior” têm por finalidade a compreensão de textos.

Os processos básicos que se voltam à decodificação e à compreensão de palavras, são particularmente importantes nas primeiras etapas da aprendizagem da leitura e devem ser bem assimilados até a quarta série, já que um déficit em alguns alunos e impede o desenvolvimento dos processos superiores de compreensão da leitura.
 Leitura com Prazer


A leitura, parte de um processo que também se desenvolve de forma gradual, é um hábito a ser adquirido e deve ser fonte de prazer e não apresentada de forma obrigatória através de imposição ou cercada de castigos e ameaças.
A leitura reflete-se de forma significativa na escrita da criança (e do adulto), na medida em que, ao ler, memorizamos as correspondências ortografia-som sem memorizar regras, e apreendemos também as exceções das mesmas, além de ampliarmos o vocabulário e o conhecimento das estruturas de diferentes textos, o que aumenta o repertório e reflete-se em uma escrita melhor.
É muito importante para a criança viver em um ambiente familiar letrado. Do ponto de vista psicológico e cultural as crianças normalmente desenvolvem as competências fundamentais para a leitura no contato com irmãos, adultos, vizinhos, por meio de interações, conversas e brincadeiras. Neste sentido, o desenvolvimento é natural e as competências são aprendidas de maneira informal. Mas grande parte das crianças oriundas de ambientes extremamente pobres não tem oportunidade de desenvolve-las. Ela já valoriza o contato com jornais, revistas, livros, etc.
Os adultos que participam da vida da criança têm papel fundamental no aprendizado da leitura e escrita. Por isso é importante que sejam modelos de leitura, que leiam freqüentemente para a criança e que introduzam a leitura em sua vida o mais cedo possível. Afinal, ler é um hábito a ser desenvolvido e, como todo o hábito, só se instala se for realizado muitas vezes.




1.5. Fatores que dificultam a Aprendizagem da Leitura e Escrita
Sendo a aprendizagem um processo constituído por diversos fatores, é importante ressaltar que além do aspecto fisiológico referente ao aprender, como os processos neurais ocorridos no sistema nervoso, as funções psicodinâmicas do indivíduo necessitam apresentar um certo equilíbrio, sob a forma de controle e integridade emocional para que ocorra a aprendizagem.
De acordo com Caraher:
“Uma criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende explicações, reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer a ordens complexas.. Não há razão para que ela não aprenda também a ler”. (2002,  p. 7).
Toda criança encontra alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. Muitas delas superam-se durante o processo de aprendizagem, mas outras não conseguem e através de testes de inteligência é possível detectar que são crianças com dificuldades de aprendizagem. Geralmente essas crianças costumam repetir o ano escolar várias vezes.
Certas dificuldades podem surgir por diversos motivos, como problemas na proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares ou déficits cognitivos, entre outros. Assim que identificados, os pais devem procurar orientações de um profissional habilitado para que medidas adequadas sejam tomadas. Os principais problemas são:
§   Dislexia -  é uma das mais comuns deficiências de aprendizado.
Segundo pesquisas realizadas, 20% de todas as crianças sofrem de dislexia, o que faz com elas tenham grande dificuldade ao aprender a ler, escrever e soletrar. Pessoas disléxicas que nunca se trataram - leem com dificuldade, pois é difícil para elas assimilarem palavras. Isto não quer dizer que elas são menos inteligentes. Aliás, muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população. Ela é vista como uma condição hereditária devido a alterações genéticas, mas tal só acontece numa pequena porcentagem de casos. Ela também é caracterizada por apresentar padrão neurológico.
Lembramos que este distúrbio envolve percepção, memória e análise visual. A área do cérebro responsável por estas funções envolve a região do lado occipital e parietal.


§   Dificuldades com a linguagem e escrita;Sintomas da dislexia:
§   Dificuldades em escrever;
§   Dificuldades com a ortografia;
§   Lentidão na aprendizagem da leitura;
§   Dificuldades com memória de curto prazo e com organização;
§   Dificuldades com a língua falada;
§   Dificuldades com a percepção espacial;
§   Confusão entre direita e esquerda.

§   Disgrafia – é uma alteração da escrita, normalmente ligada a problemas percepto-motores. É também chamado de letra feia. Ao tentar recordar esse grafismo escreve muito lentamente o que acaba unindo inadequadamente as letras, tornando-as ilegível.
Podemos encontrar dois tipos de disgrafia:
§   Disgrafia motora - a criança consegue falar e ler, mas encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever as letras, palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não consegue fazer os movimentos para escrever.
§   Disgrafia perceptiva - não consegue fazer relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e frases. Possui as características da dislexia sendo que esta está associada à leitura e a disgrafia está associada à escrita.
A escrita disgráfica pode ser observada através das seguintes manifestações:
§   Traços pouco precisos e incontrolados;
§   Falta de pressão com debilidade de traços demasiado fortes que vinquem no papel;
§   Grafismos não diferenciados nem na forma nem no tamanho;
§   Escrita desorganizada;
§   Realização incorreta de movimentos de base, especialmente em ligação com problemas de orientação espacial, etc.
§  
§   Dislalia – é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os.Disortografia – Consiste numa escrita, não necessariamente disgráfica, mas com numerosos erros, que se manifestam logo que tenham adquirido os mecanismos da leitura e da escrita. Um sujeito é disortográfico, quando comete um grande número de erros. Destaca-se atraso na aquisição da linguagem, vocabulário pobre e outros. A característica principal de um sujeito com disortografia são as confusões de letras, sílabas de palavras e trocas ortográficas já trabalhadas pelo professor. Exemplo: troca letras, que parecem sonoramente, confunde sílabas, omite letras, funções, etc.
A falha na emissão das palavras pode ainda ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os sintomas da dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação de fonemas.
As dislalias constituem um grupo numeroso de perturbações orgânicas ou funcionais da palavra. No primeiro caso, resultam das malformações ou de alterações de inervação da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação. Encontram-se em casos de malformações congênitas, tais como o lábio leporino ou como conseqüência de traumatismos dos órgãos fonadores. Por outro lado, certas dislalias são devidas a enfermidades do sistema nervoso central.
Quando não se encontra nenhuma alteração física a que possa ser atribuído a dislalia, esta é chamada de dislalia funcional. Nesses casos, pensa-se em hereditariedade, imitação ou alterações emocionais e, entre essas, nas crianças é comum a dislalia típica dos hiperativos. Também nos deficientes mentais se observa uma dislalia, às vezes grave a ponto da linguagem ser acessível apenas ao grupo familiar.
§   Afasia – é uma perturbação devido a uma lesão adquirida e recente do sistema nervoso central, da capacidade de compreender e formular linguagem. è uma perturbação multimodal, representada por alterações diversas: compreensão auditiva, linguagem expressiva oral, leitura e escrita.
O afásico pode apresentar-se mais ou menos perturbado nos seguintes aspectos:
§   Tem dificuldade em dizer o que quer, limita-se usando poucas palavras;
§  
§   Tem dificuldade em fazer gestos para exprimir o que deseja;Tem dificuldade em perceber o significado dos gestos das outras pessoas;
§   Tem dificuldade em fazer contas, utilizar o dinheiro, etc.;
§   Tem dificuldade em compreender o que lê.

Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

A hiperatividade e déficit de atenção é um problema mais comumente visto em crianças e se baseia nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum). Tais aspectos são normalmente encontrados em pessoas sem o problema, mas para haver o diagnóstico desse transtorno a falta de atenção e a hiperatividade devem interferir significativamente na vida e no desenvolvimento normais da criança ou do adulto.
Antes dos quatro ou cinco anos é difícil ser feito o diagnóstico, pois o comportamento das crianças nessa idade é muito variável, e a atenção não é tão exigida quanto de crianças mais velhas.
Geralmente o problema é notado quando a criança inicia atividades de aprendizado na escola, pelos professores das primeiras séries, quando o ajustamento à escola mostra-se comprometido. Durante o início da adolescência o quadro geralmente mantém-se o mesmo, com problemas predominantemente escolares, mas no final da adolescência e início da vida adulta o transtorno pode acompanhar-se de problemas de conduta (mau comportamento) e problemas de trabalho e de relacionamentos com outras pessoas. Porém, no final da adolescência e início da vida adulta ocorre melhora dos sintomas na maioria dos casos.
§   Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
§   Abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
§   Corre ou escala em demasia, em situações impróprias;
§   Tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;
§   Está sempre "a todo vapor";
§   Fala demais;
§  
§   Dá respostas precipitadas antes de ouvir as pergunta inteira;É impulsiva;
§   Tem dificuldade para aguardar sua vez;
§   Intromete-se na conversa dos outros ou a interrompe.
É uma obrigação do professor e pais conhecerem os sintomas e aprender a lidar com esse problema, pois o aluno não pode perder o rendimento.
Os professores precisam ter paciência e disponibilidade, pois eles exigem tratamento diferente, mais atenção e uma rotina especialmente estimulante.
Os casos graves necessitam de tratamento com medicamentos.
O tratamento é feito por um período mínimo de dois anos, mas deve durar até a adolescência, quando os sintomas desaparecem, graças ao amadurecimento do cérebro, que equilibra a produção de dopamina.
Para lidar com a agitação dos alunos, recomenda-se:
§   Trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças hiperativas;
§   Dar tarefas curtas ou intercaladas, para que as crianças possam concluí-las antes de se dispersar;
§   Elogiar sempre os resultados;
§   Usar jogos e desafios para motivá-los;
§   Valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura, mantendo sempre o estímulo, através de novidades no material pedagógico;
§   Permitir que elas consertem os erros, pedindo desculpas quando ofender algum colega ou animarem a bagunça da classe;
§   Repetir individualmente todo comando que for dado ao grupo e fazendo-o de forma breve e usando sentenças claras para entenderem;
§   Pedir a elas que repitam o comando para ter certeza de que escutaram e compreenderam o que o professor quer;
§   Dar uma função oficial às crianças, como ajudantes do professor; isso faz com que elas melhorem e abram espaços para o relacionamento com os demais colegas;
§   Mostrar limites de forma segura e tranquila, sem entrar em atrito;
§   Orientar os pais a procurarem um psiquiatra, um neurologista ou um psicólogo.

A criança com problema de aprendizagem deverá se submeter a um diagnóstico, que deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, geralmente pode ser um neurologista, psicólogo, pediatra ou psiquiatra. O diagnóstico deve ser auxiliado por testes psicológicos ou neurológicos, principalmente em casos duvidosos como em adultos, mas mesmo em crianças para o acompanhamento adequado ao tratamento. Assim ela terá uma melhor recuperação no desenvolvimento da aprendizagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário