TEXTO PARA REFLEXÃO E ESTUDO: "CAXORO, PÁÇARO E OS PROBLEMAS DA ALFABETIZAÇÃO"
Se a língua é o patrimônio de um povo, nossas crianças são despossuídas: só 20% delas terminarão o ensino médio dominando plenamente a leitura e a escrita
O tempo e as jabuticabas
PARA REFLETIR...
Apenas brincando
Ler para crianças pequenas (bebês e até barrigas de qualquer idade estão incluídos) não é a mesma coisa que contar histórias para as crianças. São atividades muito diferentes e muito importantes em suas diferenças.
CONTAR é isto: você pode contar histórias que aconteceram com você, com seus amigos e familiares, coisas que você ouviu outras pessoas contarem, “casos” que são contados por seu avô e o avô de seu avô... De boca em boca, coisas que fazem parte do que chamamos de Tradição Oral. Você pode inventar histórias alegres, tristes e engraçadas, ou pode recontar famosas histórias infantis como o O Chapeuzinho Vermelho e Os Três Porquinhos. E com certeza cada um conta um pouquinho diferente. Ou, ainda, você pode montar uma história com as crianças, tornando a criação uma atividade interativa. Toda essa variedade de formas de contar histórias pode ser praticada com total liberdade na sua expressão vocal, facial e corporal. Você pode usar músicas, desenhos, roupas e qualquer acessório que quiser para dar um colorido especial para suas histórias. Certamente, você já notou que algumas pessoas têm mais facilidade que outras para contar histórias...
LER é outra coisa: ler em voz alta é servir como ponte entre o livro e a criança. Como a pessoa que lê fica no meio entre dois elementos – o livro e o ouvinte –, muitas vezes chamamos o "ledor" de mediador, exatamente para diferenciá-lo do contador de histórias. Ao ler, é preciso ser fiel ao texto escrito. Não dá para mudar as palavras. Isso não significa que sua leitura deva ser monótona e sem cor. As variações na sua voz, o ritmo da leitura, com sons e silêncios, vão dar cor e temperatura à leitura, fazendo com que o livro fique vivo.
TEXTO PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO
Toda ação educativa tem o seu papel principal na intervenção, no encaminhamento e na devolução: pois esses são constitutivos do ato de aprender e ensinar.
O que varia, é como cada concepção de educação concebe o que é ensinar, o que é aprender, o que é conhecer e, portanto, qual o exercício da intervenção, do encaminhamento e da devolução.
Para uma concepção que busca uma relação democrática, o ato de intervir fundamenta, prepara, aquece, instiga, provoca, impulsiona o processo de aprendizagem e a construção do conhecimento. Através do planejamento de suas intervenções, suas perguntas ao grupo, o educador lança questionamentos que instiga a todos o pensar, o refletir, duvidar sobre o que sabem; para assim, no mal-estar provocado (do choque entre o velho e o novo), possam iniciar a construção do que ainda não conhecem.
Tanto educador como educando fazem, exercitam cada um em sua função, intervenções, encaminhamentos e devoluções. Para construir a aula, juntamente com o educador, o educando necessita exercitar suas intervenções, propor encaminhamentos e fazer devoluções tanto pra seus pares quanto para o educador.
Na construção de suas intervenções, o educador necessita ter claro seu foco, dentro do conteúdo que vai priorizar no seu ensinar. A delimitação do conteúdo possibilita objetivar, também, o foco das intervenções. São as intervenções que sedimentam o aprendizado de perguntar, questionar, que provoca o aluno a pensar – alicerce da aprendizagem significativa e construção do novo. Portanto, primeiro movimento do ensinar, na construção da aula, está centrado no planejamento das hipóteses de intervenções por parte do educador. É neste exercício que o educador vai estruturando seu aprendizado de aprender a perguntar. São as intervenções que vão alicerçando o “desembrulhar” do objeto em estudo, do conteúdo. Elas vão possibilitando que cada um socialize suas dúvidas, seus saberes, e desse modo preferem constatar, tanto o que já sabem como principalmente o que não conhecem.
Foco do desafio do educador no seu ensinar, encontra-se, justamente, nesta segunda constatação. Para isso deve construir seus encaminhamentos, que constitui o segundo movimento na construção da aula. Os encaminhamentos são as propostas de atividades dentro da rotina da aula, as tarefas, os passos a seguir em determinada atividade, a mudança da pauta que exigiu um novo encaminhamento. É através de seus encaminhamentos que o educador direciona, organiza, delimita o caminho do pensar, sobre o conteúdo de estudo. Os encaminhamentos oferecem espaço à interação do sujeito com o objeto do conhecimento. Objeto agora “desembrulhado”, onde o desafio é estudá-lo, na intimidade individual e/ou coletiva das atividades, para transformá-lo em conteúdo funcional na prática de cada um.
São as intervenções e os encaminhamentos que vão construindo os movimentos de devolução. A devolução apazigua o mal estar, o confronto com o não sei, porque sistematiza organizadamente as informações que o grupo necessita, oferece esclarecimento teórico para a compreensão do que vinha sendo trabalhado desde as primeiras intervenções. Pois, quando o educador começa a fazer suas intervenções ele deve ter claro onde quer chegar em sua devolução. De certa forma, portanto, a devolução é o clímax, o coroamento do que o educador trabalha para atingir no seu ensinar. Ele ensina para fazer devoluções e ao mesmo tempo porque luta por isso, tem que construí-lo mediado por suas intervenções e encaminhamentos. Dessa maneira cada ingrediente desses, depende um do outro e são construídos na dialogicidade do processo. Pois, logo após a conquista de determinado conteúdo apreendido, o educador já vislumbra nossas intervenções que, outra vez, deflagrarão novas inquietações na busca do que constatam que ainda faltam conhecer. E a espiral não tem fim...
Vale salientar que esses três ingredientes podem ser exercitados em diferentes linguagens: verbal, plástica, gestual, musical. Em todas essas linguagens o pensar sobre, pode ser exercitado. Ele não se dá somente na linguagem verbal. Contudo a linguagem verbal tem seu papel fundamental na socialização do pensamento, apoiando as linguagens não verbais.
Temos, também, a nível da intervenção e do encaminhamento a possibilidade de utilizarmos materiais diversificados . Podemos criar a nível espacial, onde pela arrumação do espaço, questionamos determinada concepção de educação, sua postura pedagógica. Provocamos o pensar sobre, a partir da leitura de uma intervenção espacial. A socialização do lido é que se apoiará na linguagem verbal.
Também podemos construir encaminhamentos que trabalham conjuntamente materiais e espaço. Quando propomos uma tarefa onde o desafio é desenha com lápis, de olhos fechados, a imagem vista em folhas de tamanhos variados, trabalhamos estes dois focos ao mesmo tempo. Ou ainda: a reflexão sobre o tema em estudo poderá ser trabalhada em material plástico ou tridimensional, mas numa ou em outra o espaço trabalhado deverá ter proporções minúsculas etc
Devoluções estéticas (obras de arte) enriquecem e possibilitam ampliação de pensamento, pois estes três ingredientes não são exercitados em compartimentos estanques. O sujeito é uma totalidade, no exercício de comunicação utilizando-se de várias linguagens, onde estes ingredientes no seu ensinar re-intercruzam no movimento dialógico de construção do processo e conquista do produto.
Não há ação educativa que prescinda deles, pelo simples fato de que toda ação educativa é diretiva. Direciona-se para a conquista de um determinado produto de aprendizagem. Pois todo educador ensina e enquanto ensina aprende a fazer suas intervenções, encaminhamentos e devoluções.
*In Avaliação e Planejamento : A prática educativa em questão. Instrumentos Metodológicos II, 1997, pg 9.
1. Vou trabalhar menos.
2. Vou entrar na academia.
3. Lerei mais livros.
4. Vou fazer reeducação alimentar.
5. Vou visitar amigos distantes.
6. Vou conhecer novas pessoas.
7. Vou comer menos bobagens.
8. Vou aprender uma nova língua.
9. Vou gostar mais do que tenho.
10. Vou aprender a dirigir.
11. Vou passar mais tempo com minha família.
12. Não vou confundir bens materiais com sucesso.
13. Vou cuidar mais de mim.
14. Vou ser voluntária.
15. Vou ter objetivos bem definidos.
16. Terei estratégias para alcançá-los.
17. Vou me culpar menos.
18. Vou me cobrar menos.
19. Vou ser competente naquilo que escolhi fazer.
20. Minha cabeça estará onde meu corpo estiver.
21. Vou parar de comprar tanto sapato.
22. Vou me concentrar naquilo que é bom para mim.
23. Permitirei que apenas as boas pessoas se aproximem.
24. Vou parar de me cobrar felicidade o tempo todo.
25. Vou aprender a curtir as pequenas coisas.
26. Vou à praia com meus filhos.
27. Vou dividir as minhas angústias.
28. Minha mente estará aberta às novidades.
29. Vou aprender a dançar.
30. Não vou dizer "não" aos bons convites.
31. Não guardarei nada para "ocasiões especiais".
32. Viverei o aqui e o agora.
33. Não vou julgar nem criticar gratuitamente.
34. Vou ver menos TV.
35. Trocarei o shopping pelo parque.
36. Não vou reclamar do trânsito, vou buscar outros caminhos.
37. Não vou criticar o motoboy, vou torcer para que ele não se machuque.
38. Vou perdoar todos os dias.
39. Vou pintar o cabelo.
40. Vou ser mais flexível.
41. Direi "não" quantas vezes for necessário.
42. Vou reconciliar as pessoas.
43. Vou evitar as fofocas.
44. Vou caminhar mais.
45. Não vou superproteger meus filhos.
46. Vou reciclar meu lixo.
47. Não vou ignorar quem precisa de mim.
48. Vou prestar atenção às minhas reais necessidades.
49. Não vou carregar pesos que não são meus.
50. Vou ter fé.
51. Vou comprir minha palavra.
52. Vou pensar menos naquilo que me chateia.
53. Vou acreditar mais em mim.
54. Não vou dar margem à negatividade.
55. Vou comer mais frutas.
56. Vou reparar menos nos outros.
57. Vou superar minhas tristezas.
58. E conviver pacificamente com aquelas que não se vão.
59. Vou me conscientizar do meu valor.
60. Vou cultivar as minhas melhores lembranças.
61. Vou buscar compreender as diferenças.
62. Vou valorizar meu lugar no mundo.
63. Vou buscar o que nunca tive.
64. Vou fazer o que nunca fiz.
65. Vou ser feliz, um pouco de cada vez, de um jeito a cada momento, sempre
O QUE FAZER COM ALUNOS QUE PARECEM NÃO APRENDER?
Depois que fizer as sondagens de escrita para avaliar as aprendizagens, dedique maior atenção àqueles alunos cujos resultados não correspondem às expectativas de aprendizagem, ou seja, que ainda não escrevem segundo a hipótese silábica com valor sonoro. Se mostrarem avanços, mas estes ainda forem pequenos, o que fazer?
Vários aspectos merecem ser considerados, mas um deles é fundamental: essas crianças precisam do seu acompanhamento diferenciado e próximo.
Mesmo que contem com a ajuda dos colegas nas propostas em duplas, é indispensável a intervenção direta e constante do professor. Seu apoio será importante, em certos momentos, para incentivá-las a continuar manifestando suas idéias. A relação que você estabelece com a criança e com o que ela produz é fundamental para que se sinta capaz de aprender. Em outros momentos, porém, cabem intervenções mais explícitas para que fiquem atentas às características do sistema de escrita; é o caso, por exemplo, de quando você pede para ajudarem a escrever certas palavras, faz perguntas sobre as letras iniciais ou finais etc.
Apresentamos a seguir algumas orientações gerais, que serão úteis no encaminhamento de qualquer atividade, com o intuito de criar condições para atender o maior número possível de alunos com dificuldades.
PARA REFLETIR...
Certo dia uma moça estava à espera de seu vôo na sala de embarque de um aeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas resolveu comprar um livro para matar o tempo. Também comprou um pacote de biscoitos. Então ela achou uma poltrona numa parte reservada do aeroporto para que pudesse descansar e ler em paz.
Ao lado dela se sentou um homem. Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Ela pensou para si: Mas que "cara de pau. Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse".
Cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um. Aquilo a deixava tão indignada que ela não conseguia reagir.
Restava apenas um biscoito e ela pensou:
O que será que o "abusado" vai fazer agora. Então o homem dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela.
Aquilo a deixou irada e bufando de raiva. Ela pegou o seu livro e as suas coisas e dirigiu-se ao embarque. Quando sentou confortavelmente em seu assento, para surpresa dela o seu pacote de biscoito estava ainda intacto, dentro de sua bolsa.
Ela sentiu muita vergonha, pois quem estava errada era ela, e já não havia mais tempo para pedir desculpas. O homem dividiu os seus biscoitos sem se sentir indignado, ao passo que isto lhe deixara muito transtornada.
Quantas vezes em nossa vida nós é que estamos comendo os biscoitos dos outros, e não temos a consciência de que quem está errado somos nós.
(Autor desconhecido)
PARA REFLETIR...
Tomei o livro de poemas de Robert Frost e li um dos seus mais famosos poemas. "Os bosques são belos, sombrios, fundos. Mas há muitas milhas a andar e muitas promessas a guardar antes de poder dormir. Sim, antes de poder dormir."
Li vagarosamente. Porque cada poema tem um andamento que lhe é próprio. Como na música. Se o primeiro movimento da "Sonata ao Luar", de Beethoven, que todos já ouviram e desejam ouvir de novo, "adagio sostenuto", fosse tocado —exatamente as mesmas notas!— como "presto", rapidamente a sua beleza se iria. Ficaria ridículo. Porque o "presto" é incompatível com aquilo que o primeiro movimento está dizendo. O tempo de uma peça musical pertence à sua própria essência.
Já sugeri que os escritores deveriam imitar os compositores, que, como medida protetora da beleza, colocam, ao início de uma peça, uma informação sobre o tempo em que ela deve ser tocada: grave, andante, "vivace", "maestoso", alegro. Cada texto literário tem também o seu próprio tempo.
Há textos que devem ser lidos ao ritmo de uma criança pulando corda e dando risadas. Como o poema "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles: "Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?". O poema inteiro é marcado por essa alegria infantil, saltitante. Quando se passa para a sua "Elegia", escrita para a sua avó morta, o clima é outro. Há uma tristeza profunda. Há de se ler lentamente, com sofrimento: "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos. Tive medo de a enxugar: para não saberes que tinha caído".
Li vagarosamente. O poema pede para ser lido vagarosamente. Terminada a leitura, não me atrevi a dizer nada. É preciso que haja silêncio. A música só existe sobre um fundo de silêncio. É no silêncio que a beleza coloca os seus ovos. É no silêncio que as palavras são chocadas. É no silêncio que se ouve aquela outra voz mencionada por Fernando Pessoa, voz habitante dos interstícios das palavras do poeta.
(Por isso fico profundamente irritado quando alguém fala enquanto a música é tocada. É como se estivesse a ver uma partida de futebol enquanto faz amor...)
Passados alguns momentos de silêncio (como o silêncio que existe entre os dois movimentos de uma sonata), pus-me a ler o mesmo poema de novo, com a mesma música. E aí, então, no silêncio que se seguiu à segunda leitura, ouvi um soluço no fundo da sala. Uma jovem chorava. Jamais me passaria pela cabeça que ela estivesse chorando por causa do poema. Embora ele me comova muito, minha comoção nunca chegou ao choro. Pensei que se tratasse de um sofrimento de sua vida privada. Diante de um soluço, tudo pára. Agora, o que importava não era o poema, era aquele soluço.
"O que aconteceu?", perguntei. "Não sei, professor. Esse poema me deu uma tristeza imensa." Eu quis entender: "Mas o que, no poema, lhe deu tristeza?". "Não sei, professor. Só sei que esse poema me faz chorar..." Lembrei-me de Fernando Pessoa: "E a melodia que não havia, se agora a lembro, faz-me chorar". Grande mistério, esse: o que não há e que provoca o choro.
Como disse Paul Valéry, vivemos pelo poder das coisas que não existem. Por isso, os deuses são tão poderosos... (Essa jovem, que assim me marcou de forma inesquecível, pouco tempo depois morreu num desastre de carro. Espero que ela, no outro mundo, tenha visitado os bosques "belos, sombrios e fundos" de Robert Frost.)
Houve beleza e mistério porque eu não me meti a interpretar o poema. E, no entanto, a interpretação de textos parece ser uma das obsessões dos programas escolares. Se o meu propósito fosse interpretar o poema de Frost, para aproveitar o tempo, eu o teria lido um pouco mais depressa, teria desprezado o silêncio e não teria repetido a leitura.
Essas coisas nada têm a ver com a interpretação. A interpretação acontece a partir daquilo que está escrito —se devagar ou depressa, não importa. Minha primeira pergunta teria sido: "O que é que Robert Frost queria dizer?".
Toda interpretação começa com essa pergunta. É a pergunta que surge numa zona de obscuridade: há sombras no texto. O intérprete é um ser luminoso. Não suporta sombras. Ele traz suas lanternas, suas idéias claras e distintas, e trata de iluminar os bosques sombrios... Não percebe que, ao tentar iluminar os bosques, dele fogem as criaturas encantadas que habitam as sombras. Esquecem-se do que disse Gaston Bachelard: "Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante...". O inconsciente é um bosque sombrio... (Continuamos a conversa mês que vem...)
PARA RIR... OU PARA REFLETIR?...
MATEMÁTICA DE MENDIGO
Preste atenção nessa interessante pesquisa de um estagiário...
Um sinal de trânsito muda de estado em média a cada 30 segundos (trinta segundos no vermelho e trinta no Verde)... Então, a cada minuto um mendigo tem 30 segundos para faturar pelo menos R$ 0,10, o que numa hora dará: 60 x 0,10 = R$6,00.
Se ele trabalhar 8 horas por dia, 25 dias por mês, num mês terá faturado: 25 x 8 x 6 = R$ 1.200,00.
Será que isso é uma conta maluca?
Bom, 6 reais por hora é uma conta bastante razoável para quem está no sinal, uma vez que, quem DOA nunca dá somente 10 centavos e sim 20, 50 e às vezes até 1,00.
Mas, tudo bem, se ele faturar a metade: R$ 3,00 por hora terá R$600,00 no final do mês, que é o salário de um estagiário com carga de 35 horas semanais ou 7 horas por dia.
Ainda assim, quando ele consegue uma moeda de R$1,00 (o que não é raro), ele pode descansar tranqüilo debaixo de uma árvore por mais 9 viradas do sinal de trânsito, sem nenhum chefe pra 'encher o saco' por causa disto.
Mas considerando que é apenas teoria, vamos ao mundo real.
De posse destes dados fui entrevistar uma mulher que pede esmolas, e que sempre vejo trocar seus rendimentos na Panetiere (padaria em frente ao CEFET). Então lhe perguntei quanto ela faturava por dia. Imagine o que ela respondeu?
É isso mesmo, de 35 a 40 reais em média o que dá (25 dias por mês) x 35 = 875 ou 25 x 40 = 1000, então na média R$ 937,50 e ela disse que não mendiga 8 horas por dia.
Moral DA História :
É melhor ser mendigo do que estagiário (e muito menos PROFESSOR), e pelo visto, ser estagiário e professor, é pior que ser Mendigo...
Se esforce como mendigo e ganhe mais do que um estagiário ou um professor.
Estude a vida toda e peça esmolas; é mais fácil e melhor que arrumar emprego.
Lembre-se :
* Mendigo não paga 1/3 do que ganha pra sustentar um bando de ladrão.
Viva a Matemática!
Que país é esse?
TEXTO PARA REFLEXÃO...
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
TEXTO DE REFLEXÃO
O MENINO PINTOR
Ele era bastante pequeno
E ela era uma grande escola.
Mas quando o menino descobriu que podia ir à sua sala caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz.
E a escola não mais parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:“Hoje nós iremos fazer um desenho”.“
Que bom” pensou o menininho.
Ele gostava de fazer desenhos.
Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos e ele pegou uma caixa de lápis e começou a desenhar.
Mas a professora disse: “Esperem, ainda não é hora de começar”.
E ela esperou até todos estarem prontos.
“Agora” - disse a professora.
“Nós iremos desenhar flores”.
“Que bom”. - pensou o menininho.
Ele gostava de desenhar flores.
E ele começou a desenhar diversas flores com seu lápis rosa, laranja e azul.
Mas a professora disse: “Esperem.Vou mostrar como fazer”.
E a flor era vermelha, com o caule verde.
“Assim” disse a professora.
“Agora vocês podem começar”.
O menininho olhou para a flor da professora.
Então olhou para a sua flor
Ele gostou mais da sua flor.
Mas não podia dizer isto.
Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre a professora disse:
“Hoje iremos fazer alguma coisa com barro”.
“Que bom” - pensou o menininho.
Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todo tipo de coisa com o barro: elefantes e camundongos, carros, caminhões.
E ele começou a amassar e juntar sua bola de barro.
Mas a professora disse:
“Esperem. Não é hora de começar”.
E ela esperou até todos estarem prontos.
“Agora”. - disse a professora.
“Nós iremos fazer um prato”
“Que bom” - pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse: “Esperem.
“Vou mostrar como se faz”.
E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
“Assim” - disse a professora.
“Agora vocês podem começar”.
Então ele olhou para o seu próprio prato.
Ele gostava mais do seu prato que o da professora.
Mas ele não podia fazer isso.
Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente e fez um prato igual ao da professora.
Era um prato fundo.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora e muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.
Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir a outra escola.
Esta escola era ainda maior do que a outra.
E não havia porta da rua para sua sala.
Ele tinha que subir grandes degraus até sua sala.
E no primeiro dia ele estava lá.
A professora disse:
“Hoje nós vamos fazer um desenho”.
“Que bom” - pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada.
Ela apenas andava pela sala.
Quando ela veio até o menininho disse: “Você não quer desenhar?”
“Sim”, disse o menininho. “O que vamos fazer?”
“Eu não sei até que você faça” - disse a professora.
“Como eu posso fazê-lo?” - perguntou o menininho.
“Da maneira de que você gostar”. - disse a professora.
“E de que cor?” perguntou o menininho.
“Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como posso saber quem faz o quê?”
“E qual o desenho de cada um?”
“Eu não sei”, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde.
Senhor!...
Disseram os homens que me queriam tanto, mas ao atingir-lhes a casa, não dialogaram comigo, segundo as minhas necessidades.
Quase todos me ofereceram um berço enfeitado, mas poucos me deram o coração.
Afirmam que devo procurar a felicidade, entretanto, não sei como fazer isso, se os vejo a quase todos sofrendo e rebelando-se por não aceitarem as disciplinas da vida.
Escuto-lhes as lições de paz, contudo, acompanho-lhes as rixas em vista de estarem sempre exigindo o maior quinhão de recursos da Terra.
Recomendam-me buscar a alegria, mas, muitas vezes, observo que está misturado de lágrimas o leite que me estendem.
Erguem palácios para mim, no entanto, entre as paredes dessas mansões coloridas e belas, renovam, a cada dia, reclamações e queixas que não sei compreender, nem registrar.
Explicam que preciso praticar o perdão e, ao mesmo tempo, muitos me mostram como exercitar a vingança.
Senhor!...
Que será de mim, neste grande mundo que construíste entre as estrelas, sempre adornado de flores e aquecido de sol, se os homens me abandonarem?
Fazei que eles reconheçam que dependo deles como o fruto depende da árvore. E, tanto quanto seja possível, dize-lhes, Senhor, que terei comigo apenas o que me derem e que posso ser, enquanto estiver aqui, unicamente o que eles são.
Livro: Antologia da Criança
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