quinta-feira, 16 de abril de 2015
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12:25
PROJETO APRENDER BRINCANDO
1– SINTESE DO PROJETO
O Projeto Aprender Brincando é uma atividade complementar à vida escolar que objetiva atender crianças de 07 a 14anos matriculados na rede escolar pública.
Comer, plantar, cozinhar, lavar, limpar, correr, saltar, construir, dançar, cantar, sorrir, conversar, ler, estudar, pesquisar, inventar, acreditar, ser são alguns dos muitos verbos a serem praticados diariamente por crianças e adolescentes, proporcionando-lhes auto-estima, socialização, aprendizagem permanente, solidariedade, protagonismo, cidadania plena e o IRPS – INGRESSO, REGRESSO, PERMANENCIA E SUCESSO da criança na escola.
2 – ORIGEM DO PROJETO
O ponto culminante que deu origem ao Projeto: Aprender Brincando, foi a necessidade de mobilizar a comunidade local, através de uma ação solidária, a fazer algo de emergente que pudesse, oferecer as crianças em horários alternados ao escolar, atividades concretas e eficientes.
Algo que contribua para a sua formação e o verdadeiro exercício de cidadania, além de conscientizá-las e livrá-las dos abusos e explosão por parte de determinados grupos que marginalizam a sociedade com exploração de menor.
3 – JUSTIFICATIVA
Curvelo, situada no centro do Estado de Minas Gerais, pode-se orgulhar de ser “Cidade-Capital de minha literatura”, como a intitulou o próprio João Guimarães Rosa. Mas, infelizmente, não pode se orgulhar de possuir uma situação muito diferente da maioria das cidades mineiras e brasileiras, quando o assunto é a proteção integral e a garantia dos direitos de suas crianças e jovens, principalmente daqueles que vivem nas periferias e pelas diversas comunidades rurais do município
4 – OBJETIVO
O projeto “Aprender Brincando”, é uma ação complementar à escola, destinado, preferencialmente às crianças e adolescentes de 07 a 14 anos, matriculados na rede escolar pública, garantindo oportunidades de educação integral para crianças e jovens em situação de risco social, a partir “do brinquedo e do brincar”.
5 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Atingir este patamar significa assumir a realização dos seguintes objetivos específicos:
· Privilegiar o "diálogo" como mediador de “relações iguais entre pessoas diferentes", envolvendo educadores, pais, alunos e comunidade;
· Priorizar o respeito às diferenças individuais, valorizando os saberes, os fazeres e os ritmos de aprendizagem de cada um;
· Utilizar todas as situações – rotineiras e ocasionais - vividas pelas crianças e jovens participantes em suas comunidades como "conteúdos educacionais" programáticos e significativos;
· Transformar todos os espaços comunitários ocupados pelos participantes em "espaços de aprendizagem" e todas as "escolas" em "centros da cultura comunitária";
· Designar de "educadores" todas as pessoas (professores, funcionários, pais, alunos, etc, independente da idade, sexo e função) participantes do processo
6 - METODOLOGIA
Investir na formação e capacitação dos educadores, foi (e ainda é) nossa principal decisão de natureza política-estratégico-metodológica. Não podemos ficar à espera que as escolas normais, os cursos de magistério ou as faculdades formem para nós os educadores qualificados de que precisamos. Não tínhamos, nem temos tempo para isso. Temos pressa histórica.
CPCD – Centro popular de Cultura e Desenvolvimento (parceiro nesta ação): capacitar pessoas para serem educadores- coordenadores de práticas educativas transformadoras, geradoras de oportunidades de desenvolvimento harmônico e integral.
A concepção de "educação como algo que só ocorre no plural" e que "todos nós somos educadores-educandos", forneceu a base para a formulação das ações metodológicas::
· a busca sistemática de formas criativas e inovadoras de estímulo à participação (a roda, os jogos, as atividades lúdicas.);
· a valorização dos saberes e fazeres ( a cultura da criança e da comunidade como matéria prima a ser lida, escrita, pintada, dançada, desenhada, encenada, etc.) pelo projeto e pela escola;
· o diálogo como princípio gerador de uma prática educativa plural e norteador de relações mais humanas e mais iguais entre professores e alunos;
7 - PROGRAMAÇÃO
Durante a formação dos educadores, que acontece ao início de todo o ano, é construído o PTA- Plano de Trabalho e Avaliação. Este instrumento é nosso norteador e de acordo com as ações e resultados, construímos e reconstruímos este instrumento que nos possibilidade, na horizontal e da direita para a esquerda, termos um Plano de Trabalho e da esquerda para a direita um Plano de Avaliação.
Diariamente temos algumas atividades que são:
A Roda
Todas os dias as atividades educacionais iniciam-se com a "grande roda" Ali sentam-se educadores-e-educandos para conversar e planejar, dar notícias, comentar fatos, "trocar figurinhas", elaborar pautas, discutir alternativas e organizar as tarefas. A "roda" é, ao mesmo tempo, símbolo de organização e instrumento de trabalho.
Em seguida, os grupos se subdividem para cumprirem a pauta. Estes grupos formam suas “pequenas rodas” e se constituem por faixa etária (por exemplo, 7 e 8 anos formam um grupo, 9 e 10 outro, 11 e 12 outro e 13 e 14 anos outro) e, ocasionalmente, por nível de interesse. Todos eles têm nomes próprios, constroem sua identidade e suas áreas de interesse específico. Mas todos os grupos participam de todas as atividades do projeto, responsabilizando-se de maneira solidária e em rodízio das tarefas de limpeza e organização de espaços coletivos, etc.
A Pauta
Fazer a pauta significa planejar juntos: estabelecer prioridades, organizar caminhos, definir ações. Todos – educadores e educandos – participam e contribuem consensualmente para definir o que vai ser estudado, onde, como, até onde, com quem, até quando, etc.
A Avaliação
Ao final de cada dia de trabalho, a roda de novo se forma por grupo para a avaliação do que foi feito, dos resultados obtidos, das dificuldades encontradas, das questões não resolvidas, da participação, dos avanços, dos insucessos,.
A Memória
Todo este processo para ser eficaz deve ser sistematizado, portanto deve ser registrado, isto é, escrito, desenhado, encenado, cantado, esculpido, dançado, falado, etc. Cabe aos coordenadores organizar esta memória. Ela serve de referência para todos os participantes e é, ao mesmo tempo, a construção coletiva da história do grupo.
8 - ATIVIDADES
Todas as crianças passam por todas as áreas do projeto, em sistema de rodízio e/ou em atividades diárias: horta orgânica, reciclagem de papel, cozinha experimental, jogos de estudo, acompanhamento escolar, elaboração de jornal, confecção de brinquedos, jogos e bonecos a partir de sucata, montagem de espetáculos teatrais, atividades esportivas, exposição de artes plásticas, jograis e corais de música, leituras de livros, mostras e conversas sobre vídeos, montagem de cardápios, limpeza de banheiros, organização dos espaços, etc.
As promoções coletivas, envolvendo todos os grupos, acontecem regularmente, sendo estes temas amplamente debatidos e consensualmente aprovados pela “grande roda".
O educador-coordenador funciona como "provocador" e elo de idéias e propostas no grupo e intergrupos. As avaliações diárias com as crianças, semanais com educadores e mensais com os pais, garantem a prática da "ação-reflexão-ação".
Desta forma descobrimos que Paulo Freire não é para ser lido, mas para ser praticado. E esta tem sido a "nossa" modesta maneira de vivê-lo diariamente, conjugando o verbo “paulofreirar”, no presente do indicativo (“eu paulofreire, tu paulofreiras, ele paulofreira, nós paulofreiramos, vós paulofreirais, eles paulofreiram”)
No "Aprender Brincando" as atividades iniciam-se às 07h00min horas e terminam às 17h00min horas, de 2ª a 6ª feira.
As crianças participam em turnos distintos, fora do seu horário de escola. No Projeto tomam café da manhã, almoçam, e lancham.
As sextas-feiras há reuniões de avaliação da equipe, prática de esportes para a meninada ou atividades nos bairros. É costume se promover atividades especiais de lazer e confraternização para as crianças e suas famílias nos fins de semana. As reuniões com os pais, em geral, ocorrem na ultima sexta-feira de cada mês, sempre de forma lúdica e participativa, uma grande festa.
9 - RESULTADOS ESPERADOS
Esperamos que as crianças aprendam a ser solidárias, dinâmicas, protagonistas, criativas, que estejam felizes e que sejam multiplicadoras desta metodologia.
Que se apropriem da roda como instrumento de promoção de cidadania, igualdade, respeito, construção e inovação.
Que valorizem sua cultura e que os jovens a tenham como base de geração de instrumentos e de novas oportunidades para o desenvolvimento de ações criativas.
O Projeto “Aprender Brincando” tem como princípio a “educação pelo brinquedo” e como premissa metodológica a roda, a pauta, a avaliação e a memória. Ao tomar o lúdico como base de ação este projeto foi criando vários sub-projetos: a oficina de sucata, a brinquedoteca, a cozinha experimental, a alimentação alternativa, a horta orgânica, o projeto “Bornal de jogos: Brincando também se Ensina” (destinado às escolas públicas), brinquedos, etc.
10 - CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
Como parte deste consenso, a educação ocupa papel prioritário na determinação do “idh” e do “icv”, estando à frente dos dois outros indicadores, o nível de saúde e do poder de compra da população.
Se a educação é o principal gerador de oportunidades e, por conseguinte, o sustentáculo do desenvolvimento, investir em formas inovadoras de educação, capazes de gerar mais oportunidades de desenvolvimento, principalmente para as novas gerações, passou a ser quase uma exigência para os países, regiões e municípios pobres, ainda vivendo com “idhs” de 3o Mundo.
Como parte de seu aprendizado e fruto da preocupação constante com a medição de resultados e de impactos, avaliação de processos e sistematização de experiências, a equipe do CPCD (parceiros desta ação) construiu um sistema de acompanhamento e avaliação permanente de seus projetos, conhecido como PTA – Plano de Trabalho e Avaliação. Trata-se de um instrumento de ação, de fácil domínio e manuseio, utilizados por todos os coordenadores, monitores e participantes dos nossos projetos O PTA é construído a partir da determinação dos objetos (de trabalho e avaliação), suas dimensões, o público alvo (beneficiários), as perguntas importantes, as atividades, técnicas e instrumentos (de trabalho e avaliação), os indicadores e evidências (de resultado), tempo e responsabilidade.
Outro instrumento desenvolvido pela equipe do CPCD refere-se ao IQP – Indicador de Qualidade de Projeto. Ele surgiu de uma persistente busca e cobrança que nós nos fazíamos: medir e quantificar alguns dos mais relevantes objetivos de nossos projetos educacionais: auto-estima, desejo, alegria, prazer, solidariedade, participação, felicidade, etc. A questão norteadora desta construção foi a seguinte:
· O que determina a qualidade de um projeto social?
· E quando podemos afirmar que um projeto social tem qualidade?
A busca de respostas para estas perguntas levou-nos a identificar 12 (doze) índices que devem estar presentes, segundo nossa ótica, em todo e qualquer trabalho de natureza social e educacional:
· Apropriação (Metabolização – Tornar-se “dono”)
· Coerência (Equilíbrio entre o-querer-o-pensar-e-o-fazer)
· Cooperação (Espírito de equipe – Solidariedade)
· Criatividade (Inovação-Animação-Recreação)
· Dinamismo (Capacidade de auto-transformação)
· Eficiência (Identidade entre o fim e a necessidade)
· Estética (Referência de Beleza - Prazer)
· Felicidade/Realização(Sentir-se bem com o que temos e somos)
· Harmonia (Respeito Mútuo)
· Oportunidade (Possibilidade de opção)
· Protagonismo (Participação nas decisões fundamentais)
· Transformação (Passar de um estado a outro, melhor)
Estes índices são, por sua vez, obtidos a partir da formulação de 5 a 6 perguntas para cada um deles. Estas perguntas são formuladas para cada um dos envolvidos no projeto, por exemplo, crianças, adolescentes, pais, educadores, etc., compondo um total de aproximadamente 70 questões. Após cada conjunto de perguntas para cada índice, o participante dá uma nota (de zero a dez, por exemplo) para cada um dos referidos índices, possibilitando-nos aferir, qualitativamente e, ao mesmo tempo, matematicamente mensurar os resultados.
Estes dois instrumentos são parte do nosso acervo de instrumentos medidores de resultados, à disposição do projeto.
As duas grandes dificuldades enfrentadas são o convencimento da comunidade (pais, professores, etc.) e a conquista das crianças.
11 - PONTOS FORTES DO PROJETO
Ser um Projeto que garanta a crianças e adolescentes uma educação integral através do brinquedo e do brincar é sem dúvida nosso guarda-chuva, pois, proporciona auto-estima, socialização, aprendizagem plena, solidariedade, protagonismo e cidadania plena.
Participar com uma nova visão comprometida com o outro em sua plenitude.Tecer a rede mais do que trançar os fios é ter um sistema adequado as necessidades da criança e do adolescente em seu meio, através da valorização de seus conhecimentos, de sua cultura em todas as suas áreas de crescimento.
Exclusão social desvio de conduta dentre outros aspectos deveria ser uma responsabilidade não somente do estado ou do município, mas de todos que são comprometidos com a educação, saúde, esporte, lazer,etc.
Participar é um dever de todos, compromisso é uma realidade aliada a transformação do meio em que vivemos e convivemos.
A felicidade, o companheirismo, a mudança de comportamento, a inovação e a criação de jogos e brinquedos, a abertura a experimentação, apropriação do meio, ser cidadão dentro do que é planejado são evidências dos resultados alcançados durante a realização das atividades desenvolvidas no Projeto.
Regina SEMED
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