Educar nos novos tempos requer coragem, humildade e paciência, defende filósofo Mario Sergio Cortella |
sábado, 29 de outubro de 2016
EDUCAR NOS NOVOS TEMPOS REQUER CORAGEM, HUMILDADE E PACIÊNCIA, DEFENDE FILÓSOFO
Unknown
17:40
Em uma hora e meia de palestra, poucos se levantavam ou demonstravam distração. Apenas com o microfone e sem apresentação de slides, o filósofo e educador Mario Sergio Cortella convidou mais de mil educadores a despertarem o interesse em sala de aula com temas que movem o universo dos alunos. A palestra encerrou a 10ª edição do Congresso Nacional de Educadores, promovido pelo Sistema Ari de Sá (SAS), no hotel Marina Park.
Com o tema “A educação e a emergência de múltiplos paradigmas: novos tempos, novas atitudes”, Cortella ressaltou características desejáveis no educador: coragem, humildade e paciência. Segundo ele, ferramentas necessárias para lidar com um novo tempo na escola, que recebe pessoas com deficiência, jovens inseridos em novas configurações de família e de pais com dificuldade em estabelecer regras e disciplina em casa.
Com duas edições por ano, nos meses de janeiro e setembro, o evento teve como tema geral “Pessoas com excelência constróem escolas de excelência”. O encontrou reuniu professores e gestores de escolas de diversos estados do Brasil, com quatro palestras nos turnos da manhã e da tarde. O público estimado pela organização foi de 1,1 mil participantes.
“Nós queremos nos tornar educadores melhores e discutir o cotidiano das escolas. Antes de mais nada, nós queremos formar seres humanos críticos, questionadores, livres e pensadores”, afirmou Raison Pinheiro, diretor de Consultoria Educacional do SAS. O relacionamento interpessoal e o estímulo ao pensamento e à participação na escola foram abordados em palestra de Marcos Moriggi, gerente de Consultoria Pedagógica do SAS.
Encerrando o evento, Mario Sergio Cortella deu exemplos de situações práticas para uma educação de excelência. Segundo o filósofo, o uso das tecnologias é bem-vindo quando houver intenção pedagógica. Independente da forma, ele defende que o papel do educador é transmitir o conhecimento dentro da realidade experimentada pelo aluno. No entanto, ele argumenta que nada disso é possível sem um bom planejamento e sem a busca constante dos professores por renovação.
Em entrevista ao O POVO Online, Mario Sergio Cortella fez uma síntese da mensagem principal deixada aos participantes.
O POVO Online - O que significa educar com excelência?
Excelência é tudo aquilo que ultrapassa, é tudo aquilo que vai além. A própria palavra excelente significa aquilo que vai além. Portanto, a educação excelente é aquela que faz mais do que a obrigação. Isto é, aquela que tem obrigação como ponto de partida, não como um ponto de chegada. Uma educação excelente é aquela que oferece sólida base científica, formação de cidadania, concepção de solidariedade social... Mas que faz isso de uma maneira que encante, que eleve, que faça com que haja alegria e prazer naquilo, de maneira que se queira mais. Portanto, a excelência é aquela que não tem um ponto de interrupção. Excelência é um horizonte, não é um lugar onde você chega.
O POVO Online - Quando pensamos em novos tempos e novas gerações de alunos, que novas atitudes o educador deve perseguir?
A gente tem de ter três grandes atitudes. A primeira delas é coragem. Entender que coragem não é ausência de medo, mas é capacidade de enfrentar o medo. E nós temos de ter coragem pra entender que hoje há um movimento novo, e nós temos de lidar com ele. Temos uma sociedade que muda com muita velocidade. Por isso, os alunos novos apresentam para nós não um encargo, mas um patrimônio. Portanto, eles são uma fonte de aprendizagem. É preciso ter coragem para lidar com essa questão.
Segundo: humildade. Saber que eu não sei todas as coisas. E se eu estou na educação, eu preciso entender que só é um bom ensinante quem for um bom aprendente. Em terceiro lugar: paciência. A gente não constrói as coisas de maneira apressada, de maneira açodada. Ao contrário, há um tempo de maturação em que as coisas acontecem. Por isso, coragem, humildade e paciência. Essas atitudes nos permitem entrar na estrada. Não significa que, com elas, a gente já chega ao final. Mas é assim que a gente começa.
FONTE: opovo.com.br | Escrito por: Thaís Brito
Regina SEMED
EDUCAR É COISA DE OUTRO MUNDO OU É ARTE E REFLEXÃO
Unknown
17:37
Os problemas educacionais neste país residem em fatos inúmeros e reincidentes e que se desenrolam desde o início da educação formal neste pais.
Há controvérsias em se tratando do tema: Formação docente e reflexão, o cabedal de leis e decretos que acercam o histórico do processo ensino-aprendizagem no ciclo educativo redunda em desequilíbrio ao ato artístico de educar- Abarcando uma série de sentimentos que se refletem em uma insofismática dualidade.
E como atuar neste Espetáculo ímpar que é educar? Ser engolido pelo monstro ou desvendar, ser engolido pelo monstro significa a aceitação do sistema vigente, com suas políticas mecânicas e irrefletidas...
Quem alcança seu ideal vai além dele, assim dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche: o professor o pedagogo () tendo alcançado seu ideal de estar educador vai muito além, e isso em hipótese alguma deveria gerar qualquer prática irrefletidamente tecnicista.
Ainda no campo filosófico que sustenta e alimenta o ato de ensinar (ou assim o deveria) o escritor Oscar Wilde imprimi valor ilimitado às definições do mundo em sua célebre frase: Definir é limitar.
Reflete-se que os meandros educacionais ainda encontram-se repletos de atitudes fragmentárias por parte dos docentes e isso reflete no discente em seu papel social.
A consolidação do aprender a aprender gera um ciclo benéfico no processo de ensino e a visão holística quando alcançada pelos atores envolvidos neste ato: Torna a sala de aula um espaço solidário que considera a criticidade e toda a prontidão que cada educando e envolve a comunidade nessa construção organizada dos saberes.
O fenômeno educacional inclui uma educação de qualidade e para que isto ocorra todos os atores sociais envolvidos nesta trama precisam mobilizar esforços pela transformação ou porque não dizer revolução cultural e antropológica nos parâmetros educacionais.
Educar é o verbo, e educar é uma arte milenar, que vem sendo realizada desde a pré-história, o homem primitivo já trazia uma semente a florescer: Instituindo o fogo como produto de sua investigativa busca por descobertas que lhe pudessem trazer conforto, e seu campo mental adaptado cada vez mais às mudanças do meio ambiente, avança na pele de Homo sapiens – arte/educador.
Artigo por Valéria Sá Guerra de Araujo
POR QUE TANTA PRESSA EM ALFABETIZAR AS CRIANÇAS
Unknown
17:32
Créditos: Shutterstock Crianças pequenas e bebês aprendem muito rápido. Mas por que apressar a alfabetização? Para a especialista em neuropsicologia Michelle Müller, é perda de tempo. |
O mundo em que vivemos é repleto de estímulos - visuais, sonoros, textuais - e passamos a vida toda decodificando esses códigos a todo instante. O processo de ler e interpretar esses estímulos é tão automático e aparentemente banal que não paramos para pensar em como - e, principalmente, quando - ele acontece.
Apesar de ser mais recorrente entre seis e sete anos, não há um momento exato ou ideal para que a chamada "revolução mental" aconteça - criado pelo neurocientista Stanislas Dehaene, o termo denomina o período em que a criança começa a criar as primeiras conexões profundas com a palavra.
Créditos: Shutterstock Alfabetização é um processo complexo que não deve ficar à mercê da ansiedade dos pais e professores. |
Mas quando a leitura é de palavras, o processo é mais complexo. "Passamos tanto tempo recebendo e transmitindo informações por meio da linguagem escrita que ela nos parece quase tão espontânea quanto a comunicação oral. No entanto, não há nada de natural na leitura. Não existe no cérebro nenhuma sequer região especialmente dedicada à decodificação de símbolos que representem palavras", destaca a jornalista especialista em neurociências e neuropsicologia Michelle Müller, em um texto publicado no Brasil Post.
Diante disso, querer 'apressar' a alfabetização das crianças se torna um contrassenso. "Para acontecer com sucesso, a alfabetização deve esperar que etapas anteriores estejam muito bem construídas e assimiladas", explica Michelle, referindo-se ao ritmo de cada pequeno na hora de apreender os estímulos externos. "Alfabetização precoce é perda de tempo", ela enfatiza.
Afinal, o que é alfabetização?
O psicolinguista colombiano Evelio Cabrejo Parra, explica que adquirimos a linguagem já na primeira infância, quando bebês, e associa a 'alfabetização' a um processo anterior à fala e à escrita. "O bebê, ao nascer, já vem com a capacidade de escutar. Quando se lê para ele em voz alta ou se canta uma canção de ninar, ele se põe em posição de escuta. Isso quer dizer que ele está tratando de construir significado à sua maneira".
Já a escritora e ilustradora infantil Patricia Auerbach ressalta como o próprio conceito do que é 'ler' é insuficiente. Segundo ela, a alfabetização e a leitura na educação infantil focam somente no texto, deixando de lado o potencial de leitura de imagens. "Se a gente só alfabetizar para a palavra, a criança não vai dar conta de decodificar o mundo, que é muito visual”, explica Patricia em entrevista ao blog Garimpo Miúdo. Patricia é autora de diversos livros ilustrados infantis, como "O jornal" (Brinque-Book) e "Coisas de gente grande" (Cosac Naify).
Seja como for, o fato é que a maioria das pessoas tem a capacidade da linguagem tão introjetada no dia a dia que é fácil esquecer como foi lento e gradual adquiri-la. Antes de generalizar o aprendizado das palavras ou apressar a alfabetização, é preciso ter em mente que a leitura de mundo dos pequenos acontece de muitas maneiras. Um bebê, por exemplo, lê com o corpo, com os ouvidos, com as mãos, a partir da exploração tátil, sonora e visual das coisas.
Para entender mais sobre o assunto, clique aqui e leia a análise completa de Michelle Müller.
Fonte: CATRAQUINHA
Regina SEMED
NOVO ENSINO MÉDIO É APROVADO COM AUMENTO DA CARGA HORÁRIA E EXCLUSÃO DE DISCIPLINAS
Unknown
17:24
NOVO ENSINO MÉDIO É APROVADO COM AUMENTO DA CARGA HORÁRIA E EXCLUSÃO DE DISCIPLINAS |
Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia não farão mais parte do currículo obrigatório do ensino médio.
Em cerimônia realizada na tarde desta quinta-feira, 22 de setembro, o presidente Michel Temer assinou a Medida Provisória (MP) que reformula o ensino médio no Brasil. A cerimônia também contou com a participação do ministro da Educação, Mendonça Filho, e de governadores e representantes das unidades federativas.
O Novo Ensino Médio prevê a implantação da escola em tempo integral, com 7 horas diárias de aula em 200 dias letivas. Com isso, a carga horária anual vai passar de 800 para 1.400 horas. O aumento vai ser gradual e começará no primeiro semestre de 2017.
O ponto polêmica do Novo Ensino Médio é a flexibilização do currículo. A proposta define uma Base Nacional Comum no 1º ano e currículo vocacionado no 2º e 3º ano do ensino médio. Apenas o ensino da língua portuguesa e de matemática será obrigatório em todos os anos.
A partir do 2º ano do ensino médio o estudante terá autonomia para escolher uma área para aprofundar os estudos, entre cinco opções: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Ensino Técnico Profissional. Até esse ano, o ensino médio tinha 13 disciplinas obrigatórias.
Exclusão de disciplinas
O texto da MP exclui as disciplinas de Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia da grade obrigatória do ensino médio. Essas disciplinas passam a ser opcionais no ensino médio. Artes e Educação Física continuam obrigatórias no ensino infantil e fundamental. Já a disciplina de Inglês passa a ser obrigatória a partir do sexto ano do ensino fundamental.
Justificativas
O ministro da Educação começou seu discurso afirmando que o ensino médio está falido. Segundo Mendonça Filho, as reformas no ensino médio são necessárias porque o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) está estagnado desde 2011 e conhecimento dos jovens em língua portuguesa e matemática piorou para o nível de 1997.
Recursos
O Governo Federal vai investir R$ 1,5 bilhão ao longo de dois anos para implantar as escolas em tempo integral nos estados e no Distrito Federal. A expectativa é matricular 500 mil jovens em tempo integral até 2018.
Ainda não é Lei
A MP entra em vigor a partir de sua assinatura, mas para virar Lei precisa ser analisada por uma comissão especial do Congresso e depois ser aprovada pela Câmara e pelo Senado. Isso precisa acontecer em um prazo de 120 dias para a MP não perder a validade.
Enem
Na cerimônia, nada foi falado sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, caso a MP vire lei, o Enem terá que se adaptar ao novo ensino médio em 2017. A Matriz de Referência do Enem não muda desde 2009.
Fonte: Brasil Escola
COMENTE pelo Facebook:
BONS LEITORES, BONS ESCRITORES
Unknown
17:20
Nathalya e um trecho do texto premiado na Olimpíada de Língua Portuguesa - Fonte:NOVAESCOLA |
A produção da página seguinte é um trecho de Cores, Aromas e Sabores de Infância, de Nathalya Cristina Trevisanutto, 13 anos. Aluna do 8º ano do CEEFM Doutor Duílio T. Beltrão, em Tamboara, a 503 quilômetros de Curitiba, ela foi uma das vencedoras, em 2012, da Olimpíada de Língua Portuguesa, na categoria memórias literárias, ao contar lembranças de sua professora. Todos podem ter um desempenho como o de Nathalya. Para isso, o professor de Língua Portuguesa deve garantir que entendam e produzam textos cada vez mais complexos desde a alfabetização inicial até o 9º ano.
Isso implica uma série de competências. Na hora da leitura, os alunos precisam ser capazes de tomar uma posição frente ao que leem, perceber não só o que está explícito, mas o que está subentendido, e compreender as intenções do autor e suas motivações para apresentar a informação de determinado modo. Na hora de redigir, têm de saber definir quem será o destinatário, qual o propósito da escrita e como fazer isso de um jeito eficiente. Aí está incluído definir o gênero mais adequado e seguir as normas e os padrões socialmente aceitos. Infelizmente, poucos conseguem.
Avaliações que medem as habilidades de leitura, como a Prova Brasil, revelam que há muito a ser feito. Em 2011, 70% dos jovens do 9º ano não alcançaram a nota mínima esperada para essa etapa, segundo o corte estabelecido por organizações ligadas à Educação. O indicador é um sinal de que dificilmente eles são escritores competentes, pois ler bem é condição para uma boa escrita. É preciso "gerar um conjunto de condições didáticas que autorizem e habilitem o aluno a assumir sua responsabilidade como leitor", defende a pesquisadora argentina Delia Lerner no artigo A Autonomia do Leitor - Uma Análise Didática.
Veja mais:
Como propor os quatro desafios
Não basta ler só para responder às questões explícitas. Do mesmo modo, não adianta escrever apenas para o professor corrigir. Para inverter essa lógica, ainda presente na escola, uma saída é propor situações didáticas desafiadoras, como ler textos informativos que não têm os alunos como público-alvo e obras literárias de peso, reescrever uma história conhecida e produzir algo autoral. Nesta reportagem, mostramos como elas foram propostas por quatro professoras.
Desenvolver os comportamentos leitores e escritores leva tempo. Por isso, as quatro atividades devem ser propostas ao longo do Ensino Fundamental por meio de atividades permanentes, sequências e projetos didáticos. Cabe a você sempre adequar o nível de dificuldade delas aos conhecimentos da turma e considerar o que é preciso ensinar naquele momento.
Ajuda nesse processo manter até o 9º ano práticas como a leitura pelo professor e produções coletivas no quadro ao tratar novos conteúdos curriculares. "Quando isso ocorre, o docente atua como mediador, centrando a atenção da garotada num aspecto discursivo - relacionado à linguagem em uso - ou notacional - como questões ortográficas e gramaticais", diz Cristiane Tavares, mestre em Literatura e formadora de professores da Associação Crescer Sempre. "Os objetivos da produção individual e da coletiva são diferentes. Elas se complementam." Por isso, os jovens do 6º ano em diante devem redigir individualmente. "O bom desempenho deles está relacionado à familiaridade com os textos e ao tempo de experiência como leitor e escritor", enfatiza Helena Weisz, professora de Literatura e Redação e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada. Então, que tal incluir mais experiências de leitura e escrita nas suas aulas?
Fonte: NOVA ESCOLA
MELHOR CRIAR CRIANÇAS FORTES DO QUE CONSERTAR ADULTOS DESTROÇADOS
Unknown
17:17
As emoções desempenham um papel determinante na hora de transformar uma criança em um adulto feliz e de sucesso. Contudo, se o desenvolvimento emocional de uma criança se desvia, sofrerá como consequência uma grande variedade de problemas pessoais e sociais ao longo da sua vida… Neste caso estaremos criando crianças vulneráveis em vez de crianças fortes.
Mas a verdade é que ser responsável pela educação emocional das crianças não é uma tarefa fácil. Ou seja, fazer uma criança entender que os sentimentos têm tantos tons quanto as cores, mesmo que não os vejam, pode parecer algo complicado.
Crianças são a base de tudo |
A consciência emocional como base da força infantil
A consciência emocional é o melhor veículo para a mudança em nossas vidas. Precisamos ser conscientes daquilo que nos provoca sentimentos frustrantes e negativos, ou positivos e prazerosos, para encontrarmos as formas de fomentá-los, compreendê-los e controlá-los.
Veja também:
- 1. VOCÊ NÃO TEM OBRIGAÇÃO DE AGRADAR, MAS TAMBÉM NÃO PRECISA AGREDIR!
- 2. A NECESSIDADE DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL DO PROFESSOR
- 3. ENCORAJAR AS ESCOLHAS DAS CRIANÇAS
- 4. CRIANÇA PEQUENA TAMBÉM LÊ: EXPERIÊNCIA DE INCENTIVO À LEITURA NA ED. INFANTIL
- 5. É BRINCANDO QUE SE APRENDE!
Se conseguirmos isso, conseguiremos que as crianças (e os futuros adultos) sejam capazes de ter sentimentos sobre os seus próprios sentimentos, isto é, serão crianças fortes. Apesar de parecer redundante, esta habilidade é importante para ser um comunicador emocional habilidoso e, portanto, fortalecer o seu próprio eu interior e social.
Ensinar as crianças a observar, comunicar e aprender sobre as suas emoções ajudará no seu desenvolvimento e no seu sucesso vital. De fato, em primeira instância, evitaremos que sejam vulneráveis aos conflitos dos outros.
A importância da comunicação emocional
Um bom exemplo do que pode significar a aquisição destas habilidades para criar crianças fortes está no livro “Inteligência emocional para as crianças” de Shapiro Lawrence:
“Martin é uma criança de seis anos cujos pais estavam passando por um processo de divórcio muito nocivo. O pai de Martin insistia para que ele pegasse um voo para visitá-lo em Boston todos os fins de semana, enquanto a sua mãe tinha a custódia durante a semana em Richmond, Virginia. Martin mal falava durante toda a viagem de ida de duas horas e meia, e insistia em ir para a cama assim que chegava a qualquer uma das suas duas casas. Depois de dois meses deste sistema, Martin começou a se queixar de dores no estômago, e sua professora apontou que na escola ele quase não falava com ninguém.
Durante a audiência de custódia, o advogado de Martin lhe perguntou:
– Como você se sente visitando seu pai todos os fins de semana?
– Não sei – respondeu Martin.
– Bom, você fica contente de ver o seu pai quando chega a Boston? – perguntou seu advogado, controlando as suas próprias emoções e procurando não induzir Martin a uma ou outra resposta.
– Não sei – voltou a responder Martin, com um tom monótono que mal se ouvia.
– O que você me diz da sua mãe? Você se sente bem vivendo com ela durante a semana? – perguntou o advogado, percebendo que obteria uma única resposta de Martin durante o procedimento.
– Não sei – disse Martin, mais uma vez, e nada no seu comportamento sugeria que soubesse.”
Não deixe de Ler:
- 6. 'Agora ele abraça', diz mãe de autista após criança entrar na escola em PE
- 7. FALANDO SÉRIO...VAMOS BRINCAR?
- 8. A ESTIMULAÇÃO NO BERÇÁRIO É FUNDAMENTAL PARA A APRENDIZAGEM
- 9. ALFABETIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
- 10. EDUCAÇÃO INFANTIL: A BASE PARA O ENSINO
MELHOR CRIAR CRIANÇAS FORTES DO QUE CONSERTAR ADULTOS DESTROÇADOS |
e privarmos as nossas crianças de um desenvolvimento emocional adequado, obteremos como consequência a incapacidade de compreender e evoluir de acordo com seus sentimentos e emoções.
Assim como vimos claramente neste exemplo, isso provoca um sofrimento muito elevado que não se deve permitir às nossas crianças. Acontece que a capacidade de uma criança para traduzir suas emoções em palavras é indispensável para a satisfação das necessidades básicas. Se ensinamos as crianças a se expressarem emocionalmente, pouco a pouco irão se transformando em crianças fortes.
Leia também:
- 11. DEIXE A FALTA DE EDUCAÇÃO PARA OS MAL-EDUCADOS. NÃO REAJA, RESPONDA!
- 12. A Importância do Desenho Infantil no Processo de Alfabetização
- 13. A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
- 14. A Importância da Literatura Infantil na Formação dos Pequenos Leitores
- 15. A IMPORTÂNCIA DOS GIBIS NA ALFABETIZAÇÃO
Isto funciona assim porque as palavras que descrevem as emoções estão diretamente conectadas com os sentimentos e a expressão fisiológica e emocional destes (por exemplo, uma criança precisa saber que a angústia se associa a uma leve alteração do pulso, um aumento da pressão sanguínea e grande
É preciso cultivar a linguagem emocional
Se as crianças crescem em um entorno que reprime os sentimentos e evita a comunicação emocional, é provável que cresçam como pessoas emocionalmente mudas.
Assim, ainda que possamos aprender a linguagem das emoções durante a vida toda, as pessoas que a falam desde a juventude a expressam com mais clareza. Portanto, mostram-se mais competentes emocional e socialmente falando, o que lhes abre portas para o sucesso vital e a realização dos seus sonhos.
Não deixe de ver também:
- 16. AS CRIANÇAS NÃO SÃO DEFINIDAS POR SUAS NOTAS ESCOLARES
- 17. A Criança e a Motivação
- 18. O Acompanhamento Familiar no Desenvolvimento Educacional da Criança
- 19. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
- 20. A Importância dos Brinquedos Pedagógicos feitos de Sucata
Portanto, fica totalmente justificada a “obrigação” moral que todos temos de cultivar este aspecto vital nas nossas crianças, pois só criando crianças fortes evitaremos ter que reparar tantos adultos quebrados pela solidão, pela desconfiança e pelo desamor por si mesmos e pela sociedade.
NÃO INSISTA NAQUILO QUE NÃO TEM FUTURO
Unknown
17:12
NÃO INSISTA NAQUILO QUE NÃO TEM FUTURO |
Não podemos nos desanimar frente aos obstáculos que se interpõem entre nós e a realização de nossos sonhos; isso é fato. No entanto, depositar esperanças demasiadas em pessoas e em situações que sabemos que não mudarão, que resistirão a qualquer tipo de avanço, é como alimentar-se de vento. Temos que sonhar, sim, pensar sempre no melhor, mas com os pés firmes no chão das possibilidades palpáveis.
Não espere que o outro irá mudar com o tempo, que deixará de lado certas atitudes, que revisará seu estilo de vida e modificará os comportamentos, a fim de atender às suas vontades. Ou aceitamos o outro, em tudo o que ele oferece, ou viveremos acompanhados de frustrações e de esperanças quebradas. Ajustamos, sim, nossas condutas em favor de nosso parceiro, mas nossa essência permanece e é com ela que teremos de lidar.
Esqueça aquela história de que com o tempo você será reconhecido por todo o esforço e por toda a dedicação com que efetua seu trabalho. Ninguém fica acumulando elogios, para dali a um tempo vir demonstrar satisfação e gratidão. Caso não nos sintamos realizados e valorizados pelo que fazemos, apesar do melhor com que realizamos nossas tarefas, teremos de pensar em novas perspectivas, direcionando nossas ambições em outra ocupação, em outro lugar.
NÃO INSISTA NAQUILO QUE NÃO TEM FUTURO |
Reveja essa ideia de que encontrará o príncipe ou a princesa encantada. Preste atenção no tipo de pessoas que anda atraindo para sua vida, pois somos responsáveis por tudo aquilo que trazemos para junto de nós, tanto as coisas boas quanto as ruins. É preciso que estejamos dispostos a nos entregar verdadeiramente, para que possamos mergulhar ao encontro de certezas que condizem com o nosso estilo de vida. Não podemos aceitar menos do que merecemos, mas temos que fazer por merecer o que nos cabe.
Liberte-se do papel de vítima e tome as rédeas do rumo de sua vida, impondo-se como alguém que tem muito a oferecer e muito merece receber em troca. Assumir a responsabilidade por aquilo de que constitui a nossa jornada é imprescindível para que mudemos em nós, primeiramente, aquilo que nos emperra o caminhar tranquilo. Somente depois de analisarmos nossas ações com propriedade é que teremos discernimento suficiente para cobrar do outro alguma coisa. Saber quando temos de partir para outra nos evitará aborrecimentos e desgastes inúteis.
Os sonhos, as esperanças e os ideais são inegavelmente combustíveis de vida, uma vez que são eles que nos sustentam o olhar positivo a partir do momento em que acordamos e saímos à luta em busca de nossa felicidade. No entanto, investir tempo, dinheiro e energia em algo que no fundo sabemos ser quase impossível de se efetivar acabará nos emperrando os passos e nublando a lucidez necessária ao nosso aprimoramento diário. Afinal, o que importa é ser feliz, e jamais seremos felizes gastando nossa vitalidade e nossas energias com coisas e com pessoas que não merecem um pingo de nossa atenção. Fato.
Fonte: O SEGREDO
Regina SEMED
Fonte: O SEGREDO
ENTREVISTA COM A EDUCADORA ARGENTINA DELIA LERNER
Unknown
17:09
Delia Lerner: "É preciso dar sentido à leitura" |
Uma série de pesquisas científicas feitas nos últimos 35 anos provocou alterações radicais no conhecimento da aquisição da leitura e da escrita pelas crianças. Em consequência, mudaram as concepções do ensino de língua e de alfabetização e também o modo de abordar esses conteúdos.
Entre os especialistas no assunto, a educadora argentina Delia Lerner se destaca pela atuação abrangente e intensa em termos científicos e práticos. Ela assessora órgãos governamentais e instituições particulares na Espanha e em vários países da América Latina.
Professora de graduação e de mestrado nas universidades de Buenos Aires e La Plata, Delia trabalha ainda numa escola de nível fundamental - que considera seu "melhor laboratório" - e é consultora de diversos projetos. No Brasil, participa do programa Escola que Vale, do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo, e aconselha o Ministério da Educação nas áreas de alfabetização, currículos e livros didáticos.
Seu campo de atuação estende-se também à didática da Matemática. "Quando dá tempo, eu escrevo", completa Delia, que tem vários livros publicados no Brasil. A seguir, ela fala sobre o ensino de leitura e escrita, os equívocos mais comuns na área e a formação de professores.
Veja mais:
Confira a entrevista Retirada do site NOVAESCOLA:
Por que tem sido tão difícil formar leitores na América Latina?
DELIA LERNER A dificuldade não se limita a esta ou aquela região. Na América Latina, sobretudo nos setores mais pobres, a tarefa fica muito a cargo da escola, o que a torna mais complexa. Isso porque há muitas tensões vinculadas ao tempo disponível para ensinar e também ao entendimento sobre o que é formar leitores. Tradicionalmente as escolas consideram que o objeto de ensino não é leitura e escrita, mas a língua. Entre esses dois objetivos existem diferenças. Quando se concebe que o tema é a língua, os conteúdos prioritários são os descritivos, principalmente a gramática e a ortografia. Mas, se o objeto fundamental são as práticas de leitura e escrita, a língua passa a ser incluída num assunto maior, em que não é tão fácil determinar a ordem dos conteúdos, como ocorre com a gramática.
O processo de formação de leitores deve começar com a alfabetização?
DELIA As duas coisas não se distinguem. A participação na cultura escrita deveria começar muito antes de concluída a aprendizagem da própria escrita. As crianças cujos pais¿ lêem histórias para elas ou que presenciam comentários sobre notícias de jornal estão aprendendo muito sobre linguagem escrita. Para isso não faz falta saber ler e escrever no sentido convencional. Ao adotar uma perspectiva global, o conhecimento se aprofunda.
Só que essa convivência inicial com a leitura não existe nos setores mais
pobres... DELIA Normalmente, é isso o que ocorre, mas não é a regra. Eu trabalho em bairros de periferia na Venezuela e conheci famílias que lêem assiduamente. Lembro de uma menina que chegou à 1a série muito avançada na construção do sistema de escrita. O que acontecia: sua mãe é cabeleireira, levava para casa revistas para aprender novos penteados e as compartilhava com a garota. Portanto, o contato pode ser maior ou menor com certos materiais, mas existe. Só que a escola é uma instituição cujas expectativas estão modeladas à imagem e semelhança da classe média para cima. Estou de acordo com isso, porque creio que uma de suas funções é democratizar a cultura dominante. Se, assim que¿ entram na creche, as crianças ouvem a leitura de diferentes materiais, conseguem ingressar na escrita dominante desde pequenas.
DELIA LERNER A dificuldade não se limita a esta ou aquela região. Na América Latina, sobretudo nos setores mais pobres, a tarefa fica muito a cargo da escola, o que a torna mais complexa. Isso porque há muitas tensões vinculadas ao tempo disponível para ensinar e também ao entendimento sobre o que é formar leitores. Tradicionalmente as escolas consideram que o objeto de ensino não é leitura e escrita, mas a língua. Entre esses dois objetivos existem diferenças. Quando se concebe que o tema é a língua, os conteúdos prioritários são os descritivos, principalmente a gramática e a ortografia. Mas, se o objeto fundamental são as práticas de leitura e escrita, a língua passa a ser incluída num assunto maior, em que não é tão fácil determinar a ordem dos conteúdos, como ocorre com a gramática.
O processo de formação de leitores deve começar com a alfabetização?
DELIA As duas coisas não se distinguem. A participação na cultura escrita deveria começar muito antes de concluída a aprendizagem da própria escrita. As crianças cujos pais¿ lêem histórias para elas ou que presenciam comentários sobre notícias de jornal estão aprendendo muito sobre linguagem escrita. Para isso não faz falta saber ler e escrever no sentido convencional. Ao adotar uma perspectiva global, o conhecimento se aprofunda.
Só que essa convivência inicial com a leitura não existe nos setores mais
pobres... DELIA Normalmente, é isso o que ocorre, mas não é a regra. Eu trabalho em bairros de periferia na Venezuela e conheci famílias que lêem assiduamente. Lembro de uma menina que chegou à 1a série muito avançada na construção do sistema de escrita. O que acontecia: sua mãe é cabeleireira, levava para casa revistas para aprender novos penteados e as compartilhava com a garota. Portanto, o contato pode ser maior ou menor com certos materiais, mas existe. Só que a escola é uma instituição cujas expectativas estão modeladas à imagem e semelhança da classe média para cima. Estou de acordo com isso, porque creio que uma de suas funções é democratizar a cultura dominante. Se, assim que¿ entram na creche, as crianças ouvem a leitura de diferentes materiais, conseguem ingressar na escrita dominante desde pequenas.
Até que ponto o aprendizado é melhor se a escolarização começa mais cedo?
DELIA Antes se pensava que, para conhecer as histórias infantis, era preciso saber ler. A escola deve começar a ler para os alunos o mais cedo possível. Para os de família de baixa renda, está a cargo do professor provocar situações desse tipo, de que os outros dispõem desde que nascem. Isso não significa antecipar a exigência de que saibam ler e escrever. O sistema escolar tem um limite tênue entre dar oportunidades de aprender certos conteúdos e cobrar seu conhecimento.
De que forma os conhecimentos científicos das últimas décadas mudaram o conceito de leitura?
DELIA Em minha história, tudo começou com os estudos de Emilia Ferreiro sobre a psicogênese da língua escrita, que mostraram o processo de aquisição de conhecimento como um conjunto de problemas cognitivos - e não somente uma técnica. Em relação às práticas sociais, foram fundamentais os estudos em História, Sociologia e Antropologia e autores como Roger Chartier e Jean Hébrard. Investigações psicolingüísticas, desde os anos 1970, mostram que não se lê letra por letra, que a leitura implica uma construção de significados e que eles não estão no texto, mas são construídos pelo leitor. Tudo isso começou a abrir a possibilidade de conceituar de outra maneira o objeto de ensino e a participação dos sujeitos na apropriação dessas práticas.
Que tipo de atividade favorece a apropriação de significado?
DELIA Temos construído situações didáticas, como os projetos de produção e interpretação dirigidos a um fim. Por exemplo: uma antologia de contos fantásticos da literatura inglesa do século 19. Os alunos lêem para escolher, algo que normalmente não se faz na escola. Ou então o professor propõe a composição de um texto sobre um conteúdo, o que implica um trabalho de aprendizado e de seleção, tendo em vista que o produto final será afixado no mural ou publicado num site da internet. Isso restitui os propósitos comunicativos da leitura e da escrita, sem abrir mão da finalidade didática.
O que são práticas sociais de leitura?
DELIA Em nossas sociedades, ainda que não fisicamente, existem comunidades de leitores. Cada um de nós pertence a várias delas, de um jornal diário, de um determinado autor etc. Nessas comunidades, há questões que são práticas sociais e não só de cada um. É o que chamamos de comportamentos leitores: comentar livros, discutir o sentido de um trecho, interpretá-lo, indicar textos que são importantes para nós, consumir resenhas e informações sobre literatura.
Em que sentido a escola cumpre esse papel?
DELIA Em muitos casos, o enfoque se distancia das práticas sociais de leitura. Fora da escola, lê-se para aprender a fazer certas coisas ou saber algo sobre um assunto de interesse ou inteirar-se sobre os acontecimentos. No caso da literatura, pode-se dizer que se lê para entrar num outro mundo possível. Na escola, costuma-se ler para aprender, e só. Pode ser que as crianças, sobretudo as que provêm de meios sociais onde não se produzem leitores, aprendam como se faz, mas não para quê. Nesse caso, terão dificuldade em ver sentido na leitura.
DELIA Antes se pensava que, para conhecer as histórias infantis, era preciso saber ler. A escola deve começar a ler para os alunos o mais cedo possível. Para os de família de baixa renda, está a cargo do professor provocar situações desse tipo, de que os outros dispõem desde que nascem. Isso não significa antecipar a exigência de que saibam ler e escrever. O sistema escolar tem um limite tênue entre dar oportunidades de aprender certos conteúdos e cobrar seu conhecimento.
De que forma os conhecimentos científicos das últimas décadas mudaram o conceito de leitura?
DELIA Em minha história, tudo começou com os estudos de Emilia Ferreiro sobre a psicogênese da língua escrita, que mostraram o processo de aquisição de conhecimento como um conjunto de problemas cognitivos - e não somente uma técnica. Em relação às práticas sociais, foram fundamentais os estudos em História, Sociologia e Antropologia e autores como Roger Chartier e Jean Hébrard. Investigações psicolingüísticas, desde os anos 1970, mostram que não se lê letra por letra, que a leitura implica uma construção de significados e que eles não estão no texto, mas são construídos pelo leitor. Tudo isso começou a abrir a possibilidade de conceituar de outra maneira o objeto de ensino e a participação dos sujeitos na apropriação dessas práticas.
Que tipo de atividade favorece a apropriação de significado?
DELIA Temos construído situações didáticas, como os projetos de produção e interpretação dirigidos a um fim. Por exemplo: uma antologia de contos fantásticos da literatura inglesa do século 19. Os alunos lêem para escolher, algo que normalmente não se faz na escola. Ou então o professor propõe a composição de um texto sobre um conteúdo, o que implica um trabalho de aprendizado e de seleção, tendo em vista que o produto final será afixado no mural ou publicado num site da internet. Isso restitui os propósitos comunicativos da leitura e da escrita, sem abrir mão da finalidade didática.
O que são práticas sociais de leitura?
DELIA Em nossas sociedades, ainda que não fisicamente, existem comunidades de leitores. Cada um de nós pertence a várias delas, de um jornal diário, de um determinado autor etc. Nessas comunidades, há questões que são práticas sociais e não só de cada um. É o que chamamos de comportamentos leitores: comentar livros, discutir o sentido de um trecho, interpretá-lo, indicar textos que são importantes para nós, consumir resenhas e informações sobre literatura.
Em que sentido a escola cumpre esse papel?
DELIA Em muitos casos, o enfoque se distancia das práticas sociais de leitura. Fora da escola, lê-se para aprender a fazer certas coisas ou saber algo sobre um assunto de interesse ou inteirar-se sobre os acontecimentos. No caso da literatura, pode-se dizer que se lê para entrar num outro mundo possível. Na escola, costuma-se ler para aprender, e só. Pode ser que as crianças, sobretudo as que provêm de meios sociais onde não se produzem leitores, aprendam como se faz, mas não para quê. Nesse caso, terão dificuldade em ver sentido na leitura.
É possível formar uma comunidade de leitores dentro da própria escola?
DELIA É desejável que a escola se abra ao exterior. Eu participei de uma experiência em que se instalou um quiosque no pátio, com material para os pais, numa região em que havia muitas pessoas supostamente analfabetas. Houve um movimento muito forte de procura por material instrutivo sobre diferentes profissões: mecânicos, costureiras etc. Em Buenos Aires, um diretor atraiu a comunidade com um programa semanal de leitura para visitantes.
A organização teórica das situações didáticas não conflita com a
imprevisibilidade dos acontecimentos na sala de aula?
DELIA Faço uma pergunta parecida. O conhecimento sobre doenças tira dos médicos a flexibilidade para fazer diagnósticos e definir que medicamentos indicar a um paciente? É a mesma coisa. O conhecimento didático nunca vai abranger tudo o que pode acontecer durante o ensino e a aprendizagem. Trata-se de entender as variáveis que estão implicadas numa situação didática, não de prescrever regras. Os resultados de pesquisa são complexos e não receituários do tipo "vá e faça". Os professores precisam produzir espostas próprias, mas não inventar o que já se sabe.
Que competências um professor de língua precisa ter hoje em dia?
DELIA O professor não precisa saber história da leitura ou Sociologia e Antropologia. Mas é indispensável que os processos de formação permitam a ele elaborar situações efetivas de aprendizagem. Insisto nisso porque em geral se encara o docente como profissional da prática. É preciso saber que o trabalho de ensinar é muito difícil. É crucial reconhecer que há um conjunto de saberes específicos a ser dominados e eles são fundamentalmente didáticos.
Qual é o problema do tempo didático?
DELIA Práticas requerem períodos longos para ser exercidas porque não dependem apenas do conhecimento de regras. Aprende-se a ler por meio de muitas leituras, do conhecimento de diversos autores, de vários setores da cultura escrita etc. Tudo isso depende de jornadas longas. É um processo em espiral, no qual se volta a certos conteúdos sob uma nova perspectiva. Há aspectos que ocorrem simultaneamente e necessitam de diferentes situações para que sejam apropriados.
A organização de horários nas escolas costuma ser um obstáculo para esse
aprendizado? DELIA Sim, mas isso pode ser modificado. Na Argentina, trabalha-se por blocos de 80 minutos, três vezes por semana. O mais difícil de controlar é o longo prazo. Para dar sentido à leitura são necessários projetos que não acabem em um dia. Por exemplo: adota-se por dois meses a atividade de conhecer um autor para se descobrirem o que caracteriza seu estilo, os fios condutores de sua obra etc. Infelizmente, as escolas costumam ensinar fragmentos de saber distribuídos em pequenas parcelas de tempo.
A ênfase na formação de leitores e produtores de escrita prejudica o ensino da gramática? DELIA Sim e não. Reserva-se menos tempo à gramática, mas esse conteúdo ganha mais sentido porque, na prática, ele passa a ser reflexão sobre a própria língua. Essa possibilidade permite ao autor distanciar-se de seu texto, pondo-se no lugar do leitor. As noções gramaticais construídas por meio de leitura e escrita são assumidas pelos estudantes como próprias. Do contrário, os conhecimentos se perdem. Todo ano, os professores têm de voltar a ensinar sujeito e predicado porque, usualmente, ensina-se a gramática como se a língua materna fosse algo alheio ao sujeito, não uma tomada de consciência do que já se sabe, embora sem conceituar.
DELIA É desejável que a escola se abra ao exterior. Eu participei de uma experiência em que se instalou um quiosque no pátio, com material para os pais, numa região em que havia muitas pessoas supostamente analfabetas. Houve um movimento muito forte de procura por material instrutivo sobre diferentes profissões: mecânicos, costureiras etc. Em Buenos Aires, um diretor atraiu a comunidade com um programa semanal de leitura para visitantes.
A organização teórica das situações didáticas não conflita com a
imprevisibilidade dos acontecimentos na sala de aula?
DELIA Faço uma pergunta parecida. O conhecimento sobre doenças tira dos médicos a flexibilidade para fazer diagnósticos e definir que medicamentos indicar a um paciente? É a mesma coisa. O conhecimento didático nunca vai abranger tudo o que pode acontecer durante o ensino e a aprendizagem. Trata-se de entender as variáveis que estão implicadas numa situação didática, não de prescrever regras. Os resultados de pesquisa são complexos e não receituários do tipo "vá e faça". Os professores precisam produzir espostas próprias, mas não inventar o que já se sabe.
Que competências um professor de língua precisa ter hoje em dia?
DELIA O professor não precisa saber história da leitura ou Sociologia e Antropologia. Mas é indispensável que os processos de formação permitam a ele elaborar situações efetivas de aprendizagem. Insisto nisso porque em geral se encara o docente como profissional da prática. É preciso saber que o trabalho de ensinar é muito difícil. É crucial reconhecer que há um conjunto de saberes específicos a ser dominados e eles são fundamentalmente didáticos.
Qual é o problema do tempo didático?
DELIA Práticas requerem períodos longos para ser exercidas porque não dependem apenas do conhecimento de regras. Aprende-se a ler por meio de muitas leituras, do conhecimento de diversos autores, de vários setores da cultura escrita etc. Tudo isso depende de jornadas longas. É um processo em espiral, no qual se volta a certos conteúdos sob uma nova perspectiva. Há aspectos que ocorrem simultaneamente e necessitam de diferentes situações para que sejam apropriados.
A organização de horários nas escolas costuma ser um obstáculo para esse
aprendizado? DELIA Sim, mas isso pode ser modificado. Na Argentina, trabalha-se por blocos de 80 minutos, três vezes por semana. O mais difícil de controlar é o longo prazo. Para dar sentido à leitura são necessários projetos que não acabem em um dia. Por exemplo: adota-se por dois meses a atividade de conhecer um autor para se descobrirem o que caracteriza seu estilo, os fios condutores de sua obra etc. Infelizmente, as escolas costumam ensinar fragmentos de saber distribuídos em pequenas parcelas de tempo.
A ênfase na formação de leitores e produtores de escrita prejudica o ensino da gramática? DELIA Sim e não. Reserva-se menos tempo à gramática, mas esse conteúdo ganha mais sentido porque, na prática, ele passa a ser reflexão sobre a própria língua. Essa possibilidade permite ao autor distanciar-se de seu texto, pondo-se no lugar do leitor. As noções gramaticais construídas por meio de leitura e escrita são assumidas pelos estudantes como próprias. Do contrário, os conhecimentos se perdem. Todo ano, os professores têm de voltar a ensinar sujeito e predicado porque, usualmente, ensina-se a gramática como se a língua materna fosse algo alheio ao sujeito, não uma tomada de consciência do que já se sabe, embora sem conceituar.
E quanto à ortografia?
DELIA Quando se escreve para comunicar, e não somente para ser avaliado, o interesse pela ortografia cresce muito. É preciso saber que a escrita e a ortografia têm regras e é conveniente conhecê-las. Todos buscam regularidades. Por isso, é importante apresentar a ortografia como um produto social resultante de uma história, o que leva algumas palavras a ser escritas de um jeito e não de outro.
Que problemas a senhora vê nas atividades habituais de interpretação de texto?DELIA O texto é um conjunto de marcas sobre um papel; alguém deixou ali pensando num sentido e quem lê atribuirá outro, que coincide parcialmente com o primeiro. Quem interpreta o faz em relação ao que sabe. Além disso, entende-se de modos diferentes, segundo o propósito. No caso de um manual de instruções, me aproximo ao máximo do que quis dizer quem o escreveu. Mas, se estou diante de um artigo de jornal no qual procuro algo específico que me interessa, posso ler saltando trechos. As diferentes interpretações não dependem exclusivamente do texto em si. Por isso, não faz sentido fazer perguntas simplesmente sobre o que está escrito ali se elas podem ser respondidas sem uma compreensão verdadeira do texto.
Como a escrita pode ser um instrumento de reflexão sobre o próprio pensamento?DELIA Quando está produzindo, por exemplo, o resumo de um texto, o aluno é obrigado a compreendê-lo mais do que quando apenas o lê. Precisa explicitar aquilo a que se refere e usa a escrita para organizar o que entendeu. Do lado literário, quando alguém produz uma resenha, precisa voltar à obra, com perguntas feitas do ponto de vista do escritor. Há muitas maneiras de aproximar -se de diferentes gêneros e propósitos ao utilizar a escrita como meio de reconstruir o conhecimento.
DELIA Quando se escreve para comunicar, e não somente para ser avaliado, o interesse pela ortografia cresce muito. É preciso saber que a escrita e a ortografia têm regras e é conveniente conhecê-las. Todos buscam regularidades. Por isso, é importante apresentar a ortografia como um produto social resultante de uma história, o que leva algumas palavras a ser escritas de um jeito e não de outro.
Que problemas a senhora vê nas atividades habituais de interpretação de texto?DELIA O texto é um conjunto de marcas sobre um papel; alguém deixou ali pensando num sentido e quem lê atribuirá outro, que coincide parcialmente com o primeiro. Quem interpreta o faz em relação ao que sabe. Além disso, entende-se de modos diferentes, segundo o propósito. No caso de um manual de instruções, me aproximo ao máximo do que quis dizer quem o escreveu. Mas, se estou diante de um artigo de jornal no qual procuro algo específico que me interessa, posso ler saltando trechos. As diferentes interpretações não dependem exclusivamente do texto em si. Por isso, não faz sentido fazer perguntas simplesmente sobre o que está escrito ali se elas podem ser respondidas sem uma compreensão verdadeira do texto.
Como a escrita pode ser um instrumento de reflexão sobre o próprio pensamento?DELIA Quando está produzindo, por exemplo, o resumo de um texto, o aluno é obrigado a compreendê-lo mais do que quando apenas o lê. Precisa explicitar aquilo a que se refere e usa a escrita para organizar o que entendeu. Do lado literário, quando alguém produz uma resenha, precisa voltar à obra, com perguntas feitas do ponto de vista do escritor. Há muitas maneiras de aproximar -se de diferentes gêneros e propósitos ao utilizar a escrita como meio de reconstruir o conhecimento.
Fonte : NOVAESCOLA
Regina SEMED
Assinar:
Postagens (Atom)