sexta-feira, 20 de março de 2015

TIPOS DE TEXTOS

De acordo com as diferentes situações de uso, os enunciados se organizam e se agrupam em tipos, conforme a finalidade da comunicação. Quando um indivíduo utiliza a língua para se comunicar, sempre o faz por meio de um tipo de texto, conscientemente ou não. Nesse sentido, a língua se realiza por enunciados, orais ou escritos, previamente dominados pelo indivíduo. Caso não fosse assim, a comunicação se tornaria praticamente inviável. 
Os enunciados são utilizados – de maneira organizada e agrupada – em toda atividade humana. Essas atividades caracterizam-se por objetivos específicos e por condições especiais de uso, tornando os enunciados emitidos pelos indivíduos relativamente estáveis, comumente associados às atividades. Os enunciados, mesmo variando em extensão, conteúdo e estrutura, conservam características comuns, e são denominados gêneros do discurso ou gêneros textuais. 
A primeira classificação que se pode fazer dos textos encontrados com mais frequência no dia a dia é bastante reducionista e abrangente, provavelmente herdada da cultura greco-latina. Formam-se dois únicos grupos: o dos textos literários e o dos textos não-literários. No primeiro grupo, estariam os textos ligados à literatura e, portanto, ficcionais, como conto, crônica, poesia, novela etc. No segundo, os informativos: notícias, avisos, propaganda, outdoors, verbetes enciclopédicos etc. 
Texto publicitário (Foto: Reprodução)
Outra classificação agrupa os textos em três grupos, segundo sua funcionalidade:
Textos práticos – relacionados às ações do cotidiano, apresentam estrutura simples, como cartazes, placas, bilhetes, manchetes, notícias, propagandas, relatos;
Textos científicos – objetivam proporcionar o acesso ao conhecimento das diferentes áreas do saber. Utilizam uma linguagem mais formal. São os verbetes de dicionário e enciclopédia, os tratados científicos, matérias jornalísticas e até as anotações escolares;
Textos literários – preocupam-se mais com a linguagem e não com a informação. Geralmente têm caráter ficcional, voltando-se ao imaginário. São as narrativas, os contos, as lendas, fábulas, poemas, enfim, todo o universo da literatura. 

FINALIDADE

Mas para que é preciso agrupar os diferentes tipos de textos?
Quando estabelecemos tipologias claras e concisas para os textos, fica mais fácil interpretar e produzir textos que circulam em um determinado ambiente social. Por exemplo: ao nos depararmos com o texto a seguir, à primeira vista já sabemos que se trata de uma receita. Pela forma e pela distribuição do texto no papel, identificamos a parte dos ingredientes e a parte do “modo de fazer”. Isso nos prepara para a leitura e, consequentemente, para a interpretação. Veja:


OUTRAS CLASSIFICAÇÕES

Existem muitas formas de classificar os textos de acordo com seus tipos. A cada época da produção textual da humanidade, novas classificações vão surgindo. Isso por causa das novas tecnologias que aparecem ao longo dos anos. Na primeira metade do século XX, por exemplo, não se pensava em textos como e-mail, blog ou homepage. Observe mais esta classificação:
Textos literáriosconto; novela; obra teatral; poema
Textos jornalísticosnotícia; artigo de opinião; reportagem; entrevista
Textos de informação científicadefinição; nota de enciclopédia; relato de experimento científico; monografia; biografia
Textos instrucionaisreceita; instrutivo
Textos epistolarescarta; solicitação
Textos humorísticoshistória em quadrinhos
Textos publicitáriosaviso; folheto; cartaz; outdoor
Alguns pesquisadores da linguagem, consideram, ainda, uma outra forma de classificar os tipos de textos de acordo com as funções das linguagem. As principais são a informativa, que conduz o leitor, da forma mais direta possível, a identificar e/ou caracterizar as diferentes pessoas, acontecimentos e fatos que constituem o assunto do texto; a literária, que tem como objetivo a intencionalidade estética, utilizando os recursos da língua para dar prazer e produzir mensagem artística, obra de arte; aapelativa, que objetiva modificar comportamentos, e, por fim, a expressiva, que manifesta a subjetividade do emissor, seus estados de ânimo, seus afetos, suas emoções.

Assim, os textos seriam classificados de forma a estruturar os recursos da língua para veicular as funções da linguagem. Teríamos, então, a narração, que apresenta fatos ou ações em uma sequência temporal e causal; a argumentação, que enumera, comenta, explica ou confronta ideias, conhecimentos, opiniões, crenças ou valores; a descrição, que especifica e caracteriza pessoas, objetos, lugares, e a conversação, em que aparece a interação linguística que se estabelece entre os diferentes participantes de uma situação comunicativa.

No entanto, essa classificação não abrange todo o universo de textos encontrados na sociedade, pois os critérios utilizados ora são de proveniência sociolinguística, ora funcional; em outros momentos, abordam apenas as características formais e estruturais. Portanto, um texto precisa ser avaliado a partir de, pelo menos, dois critérios: um linguístico, referente à estrutura do texto; outro situacional, associado à situação comunicativa em que se insere. Além desses dois, também é preciso se preocupar com o fato de o texto pertencer a determinado contexto cultural.

Num ato de comunicação, portanto, os interlocutores, de certa forma, necessitam dominar o tipo de texto utilizado no momento da interlocução. Assim, a compreensão se dará mais facilmente e a comunicação atingirá seu objetivo.



Saber o tipo de texto que será produzido ou lido ajuda na hora de escrever a redação do ENEM que, geralmente, pede o texto dissertativo, que se enquadra no tipo informativo.

EXERCÍCIO

Classifique os textos em (1) descritivo, (2) narrativo ou (3) dissertativo. Justifique a sua resposta. 
                                TEXTO  I
(  ) Ele tinha o olhar fixo no anúncio luminoso, suspenso no fundo negro de um céu sem estrelas. Já fazia uma hora que tinha o olhar fixo no anúncio onde um cisne branco aparecia fosforescente em primeiro plano no espaço tumultuado de nuvens. Logo em seguida, com ondulações de pétalas mansas, abria-se em torno do cisne um pequeno lago que chegava até quase a meia-lua branca da qual saía o letreiro. Cortado pelo perfil de um edifício. Só as cinco letras do anúncio eram visíveis, as outras desapareciam detrás do cimento armado.
                                  (Lygia Fagundes Telles) 
                              TEXTO II
(   ) Enfim, chegou a hora da recomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens  choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver, tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas. As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela. Capitu enxugou-as depressa, olhando  a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.                                               (Machado de Assis) 
                           TEXTO III
(   ) A agressão ao meio que ameaça, hoje, todo o equilíbrio climático e a própria existência da vida no planeta é uma conseqüência dos modos de produção capitalista. As evidências dessa constatação saltam aos olhos quando se analisam os elementos que mais contribuem para a destruição do meio ambiente.
Veja-se, primeiramente, a questão central da poluição do ar e das águas. O modelo industrial, implementado pelo capitalismo, continua a jogar gases tóxicos no ar e seus rejeitos nos rios e mares. Além disso, é importante frisar um fato específico, ligado à realidade brasileira: a gravíssima e insana devastação das nossas florestas. As indústrias da madeira e de mineração, aliadas à brutalidade de fazendeiros, vêm provocando um verdadeiro desastre ambiental sem chances de reversão. Mais uma vez a noção de lucro supera a preocupação com o meio e o pior é que, neste caso, a intervenção das autoridades responsáveis continua a ser tímida [...]

             

Resposta:
(1) DESCRITIVO – Consiste na caracterização de um objeto, ou seja, a autora se preocupa em fornecer um “retrato verbal” daquilo que se propôs a descrever, fazendo observar a sequência  de aspectos e características que o compõe. 
(2) NARRATIVO – Trata-se de um fato ficcional ocorrido em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens. Acima de tudo, há o narrador que, no caso específico, conta esse fato na terceira pessoa. 
(3) DISSERTATIVO – Caracteriza-se por refletir, comentar, conceituar, expor idéias ou ponto de vista para fornecer conhecimento, associando-se à idéia de análise e compreensão. De forma coerente, o autor tenta persuadir o receptor por meio de argumentos articulados e construídos dentro de um repertório cultural produtivo. 

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