quinta-feira, 26 de março de 2015
Unknown
21:04
Todos nós sabemos que a inclusão deve acontecer nas salas e aula,mas muitas não sabem como fazer isso da melhor forma. Esta semana assisti a animação Cordas e o que ficou bem claro para mim é que a inclusão está muito além de livros e cursos, claro que conhecimento é sempre importante,mas o que conta mesmo é a dedicação, o carinho e a vontade de fazer o melhor para o outro!
Fui assistindo ao vídeo e me recordando de um aluno que tive,com uma distrofia muscular que o impedia de andar. Nestes 20 anos de profissão foi um dos que mais marcou a minha vida como professora. Eu, recém formada, com uma turma numerosa numa escola municipal, sem auxiliar ou qualquer outra pessoa que me ajudasse, recebi um aluno que não andava( chegou a andar quando pequeno e depois foi perdendo os movimentos das pernas), ele não tinha cadeira de rodas, se locomovia em um velotrol. Estava apenas com 5 anos, mas já tinha passado por muita coisa nessa vida, acabara de perder o pai assassinado.
Ele era muito inteligente, um pouco envergonhado,mas participava das aulas. Quando ele queria ir ao banheiro, eu o levava no colo, e isso se repetia em todos os momentos em que tínhamos que sair da sala. Eu o pegava no colo e saía com as outras 29 crianças atrás de mim. Confesso que no início me assustei, chorei com medo de não conseguir fazer um bom trabalho, de não dar conta de cuidar dele e dos demais, naquela época não se falava de inclusão e muito menos havia capacitação para isso, mas a resposta para fazer um bom trabalho, não estava nos livros e nem em um faculdade, estava dentro de mim, dentro do coração de todos que conviviam com ele...E a cada dia que passava,nossa turma estava mais unida, meus alunos cuidavam do amigo especial com muito carinho.
Certa vez, não ouvi gritaria e bagunça na hora do recreio, fui ver o que estava acontecendo e estavam todos sentados, conversando. Eu fui chegando perto e ouvi de uma menina: "Tia, estamos aqui juntinho do Heberton, conversando e brincando com ele, assim ele fica mais feliz!"
As crianças queriam a sua companhia, queriam as suas brincadeiras e por isso preferiam brincar sentadinhos já que era uma maneira dele participar também!
E nos nossos dias, muita coisa foi mudando, a aula de Educação Física era tão divertida com todos sentados, brincando de acertar a bola no gol utilizando as mãos, de jogar boliche, de cartas, e tudo que ele também pudesse participar! E tinha pega pega também...eu o carregava no colo e saía correndo atrás dos amigos! Ele dava risada...
Só sei que foi um grande aprendizado para mim, aprendi com crianças de 5 anos que a inclusão acontece quando todos querem, quando todos amam e estão dispostos a fazer o outro feliz!
E a carinha alegre dele não me sai da memória. Um ano depois perdemos nosso amigo, seu coraçãozinho não aguentou e ele partiu, foi um dia muito triste para toda a escola! Ele se foi muito cedo,mas deixou sua história marcada em nossos corações!
Espero que com essa reflexão, cada professor possa buscar dentro do seu coração os melhores caminhos para que a inclusão de fato aconteça!
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