sexta-feira, 5 de junho de 2015

Projeto: Leitura e Escrita



Os projetos de leitura e escrita são fundamentais para a organização da prática de ensino de Língua Portuguesa.







QUESTIONAMENTOS:

- Os alunos da atualidade são bons leitores?
- Como está a qualidade da produção textual dos estudantes da escola?
- Quais os meios através dos quais podemos alcançar uma competência
satisfatória da leitura e da escrita?



A leitura proficiente tem infinitas possibilidades. Ela começa pelos olhos, mas vai além deles, pois necessita de um elemento fundamental para a compreensão, que é o conjunto de conhecimentos prévios relacionados ao assunto do texto lido. Por isso, a capacidade do ser humano de compreender os textos depende da relação entre o cérebro e os olhos.




A concepção de leitura na escola deve ser focada na interação entre autor, texto e leitor, baseada na concepção dialógica da língua, na qual “os sujeitos são visto como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação e da constituição dos interlocutores.”




A habilidade de antecipar a imagem do leitor e as demais condições de circulação e divulgação do texto — em que gênero será organizado, para qual leitor, com qual finalidade, em que portador, em que esfera de comunicação — é fundamental no processo de escrita.

Isso porque, é a adequação do texto a essas características — que acabam por compor o contexto de produção do texto —, que vai torná-lo mais ou menos eficaz.

Quando se escreve para o professor, para o colega de classe, ou, ainda, para os pais, há a possibilidade de esclarecimento do leitor durante o processo de leitura do produto final, já que a leitura, nessa situação, será feita na presença física do produtor do texto.


Quer dizer, os leitores poderão solicitar esclarecimentos sobre o texto diretamente ao escritor, dispensando-o da tarefa de antecipação das imagens e adequação do texto a elas.





Então, para este projeto, a tarefa principal é promover essa motivação para a leitura e escrita nos estudantes, pois, acredita-se que somente através do interesse do próprio leitor é que se pode alcançar um bom nível de compreensão textual que se reflita em proficiência na escrita, já que “o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação”.

Esses projetos podem priorizar a leitura, a escrita, ou ambas, quando se tratar de linguagem escrita, ou a escuta, a fala, ou ambas, quando se tratar de linguagem oral. De qualquer maneira, tais práticas nunca serão tratadas de maneira isolada, articulando-se, necessariamente, no desenvolvimento dos projetos.


Um aspecto fundamental para que o projeto possibilite uma efetiva aprendizagem, é a necessidade de se definir e explicitar, antecipadamente, todas as condições de produção dos textos, as etapas de desenvolvimento do projeto, a forma de avaliação e auto-avaliação dos produtos.




Dicas:

1. De escrita
·        Produzir uma coletânea de contos de fadas recontados pela classe.
·    Produzir uma coletânea de contos reescritos a partir da visão de um dos personagens da narrativa.
·      Produzir fábulas a respeito de preocupações mais atuais das pessoas, ou fábulas humorísticas.
·      Produzir um capítulo a mais, a ser inserido em um determinado conto de aventuras lido pela classe ou escolhido pelo aluno.
·      Produzir uma coletânea de contos policiais e detetivescos elaborados pela classe.
·     Produzir encartes que contenham instruções para jogos criados pela classe.

2. De leitura
·   Produzir um jornal mural temático (por exemplo, sobre clonagem, transgênicos, pesquisas a respeito do genoma humano, perdas que a biosfera vem sofrendo, candidatos da próxima eleição e suas plataformas de governo etc.).
·    Produzir uma coletânea dos melhores contos de ficção científica (ou outro gênero) escolhidos pela classe.
·  Produzir uma coletânea das diversas versões já produzidas sobre determinado conto de fadas (ou outro gênero).
·       Organizar um sarau literário sobre a obra de determinado autor.
·      Gravar uma fita cassete — ou de vídeo — em que sejam lidos contos ou poemas, para enviar a escolas de portadores de deficiência visual.

3. De leitura e escrita
·      Produzir um suplemento de resenhas críticas.
·     Produzir um fichário de resenhas das obras que constam da biblioteca e que foram lidas pela classe.
·    Organizar um jornal mural em que se elaborem comentários críticos sobre as principais polêmicas do mês.

4. De linguagem oral
·       Organizar um seminário sobre tema de interesse da classe.
·  Organizar uma mesa-redonda para debater determinada questão polêmica.
·    Realizar uma apresentação expositiva sobre o estande da classe na Mostra de Trabalhos organizada na escola.
·  Organizar e participar de um debate sobre determinado tema de relevância social (como preconceito racial, internacionalização da Amazônia, trabalho infantil, entre outros).



Gêneros do discurso e produção de textos
Os gêneros do discurso são um elemento fundamental no processo de produção de textos, porque são os responsáveis pelas formas que estes assumem. Qualquer manifestação verbal organiza-se, inevitavelmente, em algum gênero do discurso, seja uma conversa de bar, uma tese de doutoramento, seja linguagem oral ou escrita.
Os gêneros são, portanto, formas de enunciados produzidas historicamente, que se encontram disponíveis na cultura, como notícia, reportagem, conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, de aventuras...), romance, anúncio, receita médica, receita culinária, tese, monografia, fábula, crônica, cordel, poema, repente, relatório, seminário, palestra, conferência, verbete, parlenda, adivinha, cantiga, anúncio, panfleto, sermão, entre outros.
Os gêneros se caracterizam pelos temas que podem veicular, por sua composição e marcas linguísticas específicas. Assim, não é qualquer gênero que serve para se dizer qualquer coisa, em qualquer situação comunicativa. 
Se alguém pretender discutir uma questão polêmica, como a descriminalização das drogas ou a pena de morte, precisará organizar o seu discurso em um gênero como artigo de opinião, por exemplo. É o gênero que pressupõe a argumentação a favor ou contra questões controversas, mediante a apresentação de argumentos que possam sustentar a posição que se defende e refutar aquelas que forem contrárias àquilo que se defende.
Por outro lado, se a finalidade for relatar um fato ocorrido no dia anterior, certamente a notícia deverá ser o gênero escolhido. Se o que se pretende é orientar alguém na realização de determinada tarefa, pode-se escrever um manual ou relacionar instruções, por exemplo. Se a intenção for apresentar algum ensinamento por meio de situações exemplares, colocando animais como protagonistas para representar determinadas características humanas, então a fábula é o gênero mais apropriado.
Portanto, saber selecionar o gênero para organizar um discurso implica conhecer suas características, para avaliar a sua adequação aos objetivos a que se propõe e ao lugar de circulação, por exemplo. Quanto mais se sabe sobre esse gênero, maiores são as possibilidades do discurso ser eficaz.
Dessa forma, a proficiência do aluno em Língua Portuguesa depende também do conhecimento que ele tem sobre os gêneros e de sua adequação às diferentes situações comunicativas. Suas características, portanto, devem ser objeto de ensino e tema das atividades que se organizar.

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