domingo, 17 de maio de 2015

MUSICA E POESIA

Fora do Script



A dor que invade minh'alma é intensa demais, entranha aberta, exposta a toda infecção pela falta de atenção, desvalida
E a vida segue em tons tão tristes, invisíveis para a felicidade

Desfalecida, perdida, consumida pelas correntes
Pesadas da desilusão, restando um corpo
De espírito abatido, angustiado entre lençóis inundados
E travesseiro cansado  de tantas lamúrias ouvir

Não me furto da presença da solidão
Hoje, ela convida-me a ver um túnel 
De lindos momentos, sedentos de alegria
E, eu, sem  pensar no estilhaço de meus dias, obedeço
Sem questionar, compreender, atenta aos detalhes
Cálidos e românticos envolvendo a película
Do filme de longa duração, suavizando meu olhar
Apaziguando meu sentimento

Percebo, aos poucos, cenas tristes demais, fora do script
Cadê o diretor para nesta hora socorrer, não permitindo
Tudo isso acontecer?

A trilha sonora é filha da agonia, escrava de si mesma
Um pesadelo de olhos bem abertos
Maestria malévola surrada por velhos açoites impiedosos

Sangrou a alma, faltou oxigênio
Por um segundo fez a passagem, voltou
Acordou, e , ao chão, encontrou-se gélida e fraca
Cadê o autor dessa história para poder escrever
A glória das cenas de amor libertando os protagonistas?
Cadê?

A essência quer voar pelo palco livre e sem teto
Sem porta ou janela
Vamos autor, use a sua generosa criatividade
E desfaça toda essa esparrela!




Dezenove





Vestiu uma roupa mais ousada, repaginou seu sorriso
E encantou a si mesma na atmosfera que lhe cabia
Dezenove, viu a mudança acontecer, algo preciso
No âmago de sua vontade de deusa, enternecia

Fez ensaio fotográfico para sentir na película felina
O seu transbordante sorriso, viu-se forte, mulher, livre
Apaixonou-se com a sutileza favorecida por sua graça feminina
E entregou-se intensamente ao encanto do tigre

Acalentou o sentir tão lindo contrariando consequências
Pensou em sua expressão iluminada e viveu o momento
A alquimia de desejos, a telepatia de corpos, experiências
A junção de almas, a vibração de toques, lábios febris,contentamento

Devagar, foi crescendo raiz sem saber se repleta de frutos
Essa flor nasceria, e numa estufa, ao lado de tantas outras
Destacava-se em terra fofa, macia e quente, solos bonitos

Dezenove, a virgindade do amor em tenro olhar
Paraíso distante do concreto sem cor 
A pele rubra, o jeito menina coberto pela força a ensejar
O enlevo da mulher redescoberta e isenta de dor
Enamorada em sorriso de bela flor

Dezenove, desabrochou num sol sereno e suave
Protegida foi pela noite banhada pelo orvalho
Alimentando-a com a calma e a força inerente a ela
Entendeu o amor em si, purificou-se, permitiu-se viver
A novidade pulsante em frágil seio sem novamente evadir-se





Meu Anjo Protetor!



Um anjo cuida de mim desde a hora do adormecer
Entre a lua brilhante ou o céu nebuloso
Repousando com a graça de Ísis
Num templo belo de simplicidade
Ao abrir dos meus olhos dando-me bom dia
Com suave voz e uma imagem aprazível ao olhar

O mesmo anjo caminha comigo por longa viagem
Sem  eu vê-lo, ciente da sua agradável presença de paz
Por vezes ele emudece, contudo, suas asas amparam-me
Sem dizer uma palavra sequer e com amabilidade
Presenteia-me com a etérea proteção, sublime

Oh, anjo, tão longe do meu alcance, porém palpável
Tão qual a maciez do meu toque em sua face risonha
Nas doces vontades do meu ser, intensidade

O ébano da sua tez contrasta com alvas asas acolhedoras
E, em nuvens claras, recebes a mim nos momentos de dor
Ou qualquer solidão regida por caminhos opressores
Retirando-me do porão onde presa estava minha respiração

Contigo os voos são profundos, os saltos mais altos
Esvoaçando meus quereres tornando-os inebriantes levitações
Até quando comigo estarás com suas falanges abençoadas
Como pele a renovar a minha outrora ressequida
Fazendo sorrisos nascerem em ventre meu?




Se Um Dia...



Se um dia nos encontrarmos, receberei de ti
Um abraço suave num tempo paralisado
Onde cerrarei os meus olhos contemplando
A beleza do momento para não mais esquecer
Na hora de viajarmos pela natureza, palco de felicidade e pureza
Vento a sensualizar sensivelmente pelas madeixas  cor de fogo Despenteando os sentidos outrora tão comportados

Se um dia nos encontrarmos, agradecerei aos céus
Lugar onde estarei encantada com tão precioso presente
Mesmo partindo, como um pássaro que voa, longe do céu
Onde moro, dos caminhos que sigo, deixando saciada
A minha doce ilusão em contentamento sofrido
E um reluzente olhar

Segue pelo meu corpo um arrepio crescente
Despertado pelas linhas lidas de ti, canções de notas
E acordes de alma, acolhendo na palma e com calma
O meu coração Fênix

Se um dia nos encontrarmos, serei plena e o amor
Habitará minh'alma sem preocupar-se com a despedida
E, voltarei ao tempo, vivenciando a essência da naturalidade
Onde cúmplices serão nossas protetoras mãos
No aconchego bendito do toque ameno, sem pressa
Feito reza silenciosa e intensa
Se esse dia existir, quão belo e iluminado de poesia será!



O Que Será?




O que será o arrepio que a toma sem pele
Com palavras que aquecem as pernas
Um sorriso de criança, descobrindo
Entre as muitas sensações florescentes
De um nascimento de sensações inocentes?

O que será um desejo incontido sem abraço
Sem boca a beijar, um olhar sem se cruzar
Forte como um vento demorado a passar
Deixando a brisa lentamente mover o passo
E, em pensamento, viajar e seu destino encontrar?

Insanidade será? Subtração dos sentidos, ora lúcidos?
Imersão em uma palheta sem cor ou colorida em demasia?
Para a esquerda não  volta sua direção
Tampouco para a direita, sem equilíbrio, centro
Que destino é esse temperamental e indeciso?

A canção é um bálsamo  saciando esses momentos
Dá luz ao âmago dessa alma confusa, partida
Entre o bom senso e o inesperado, quão inesperado!
Como as estrelas, vai desnudando emoções  de forma querida
Que deveriam ser aprisionadas, mais certo seria
E a pergunta continua  a suspirar...




A Mais intensa Dor


Tempo  de hibernação, quando muito
Ações programadas, sem vontade
Apenas preenchendo os dias
Que a necessidade impõe
Frustração, desilusão, tristezas e mágoas
São o banquete impiedoso, seu desjejum
Onde o apetite é secundário

A água não banha seu corpo como outrora
Nem expulsa seus diversos demônios
Paradoxalmente ela é escassa
E os antônimos causam inundação

Tem uma alma tão sensível
Sem escudo protetor
Refém de uma dor 
Chamada isolamento

Sua fala é por poucos ouvida
Quando queria mesmo era emudecer
Desaparecer em meio ao verde de uma ilha
Ao azul da água contemplativa batendo em rochas
Vislumbrando as muitas estrelas deste tão escuro céu
Conversar com Deus, gritar sem ninguém ouvir
E, cansada, silenciar...



Traição Sem Corpo



Inominável ação vinda de um coração
Sem noção de quanta mágoa poderia trazer
Escondendo como proteção a quem dizia ser seu bem
Pobre e triste engano descoberto ao ser levantado
O pano da omissão, traição sem corpo ou pensamento

A mentira camuflada de normalidade parecendo saudável
Calamidade calada no ausente cálido seio, morto
Esperando as feras o devorarem num cenário triste
De ausências de luas e elementos afins

E, como palavras vazias em choque profundo
Irradiam uma mescla de sentimentos
Sem um alento diário, quiçá temporário
Até as plumas cobrirem seu corpo de realidade
Sedentos sentidos procurando solução
E um perdão, que no âmago, não saberá aprisionar!


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