terça-feira, 12 de maio de 2015


Educar não é responsabilidade só da escola!

Em minha última postagem mostrei meu descontentamento em ver a escola sendo cobrada por uma responsabilidade muito maior  e pela qual não esta preparada. Acabei, quase que como um desabafo, repassando a responsabilidade para a família do educando. Sinceramente, não gosto deste “joguinho de empurra”, pois além de parecer “desculpa esfarrapada” fica feio e antiético. Hoje, mais calma, vou explicar melhor minha indignação. Quando se atribui a ineficiência da escola aos seus profissionais, mesmo que os bons estejam isentados de culpa, não se sentem excluídos. No entanto, percebo que quando repasso parte da culpa para  a família do educando estou da mesma forma ofendendo aquelas famílias que investem no futuro dos seus filhos. Sendo assim, reconheço que estou usando os mesmos “golpes baixos” com os quais me senti atacada. Pensando desta forma, me desculpo com os responsáveis, mas reafirmo minha opinião com relação aos irresponsáveis. Não vou dizer que são a maioria, embora muitas das vezes na minha prática seja esta minha impressão, pois o número deles é considerável e o suficiente para atrapalhar, em muito, um trabalho de qualidade.  Qualquer professor de escola pública entendeu perfeitamente a história do lápis que citei na última postagem.
Hoje, vemos professores sendo cobrados todo o tempo pela falta do preparo do aluno, mas pouco vemos falar sobre a omissão de suas famílias que têm se visto desobrigadas de educar. A escola além de ter que ensinar os conteúdos mínimos obrigatórios ainda precisa passar conceitos e valores, antes responsabilidade da família, o que torna os conteúdos ainda mais mínimos e menos obrigatório. Desde que o professor passou a ser educador – me perdoe o mestre Paulo Freire! – as coisas que eram ruins de um lado, passou a ser pior ainda de ambos os lados. A conta é bem simples e os fatos facilmente comprovados: a criança passa cerca de 4horas na escola e 20 horas em casa. Com a omissão da família esse jovem passa a ter 4 horas de educação por dia e no restante do tempo tem a rua e a televisão como sua principal fonte de informação, educação e entretenimento.  Belas fontes!!! Isto sem contar que a educação recebida na escola entra em choque com a “deseducação” recebida em casa. Das 4 horas que o professor passa com o aluno, em uma turma de 35 alunos, descontando os 15 minutos do recreio, sobra para cada criança 6 minutos e 42 segundos para um atendimento individualizado. Isto se o professor não precisar parar tudo para socorrer aquele que levou uma cadeirada, encontrar o lápis que sumiu do outro, ou atender a qualquer outra ocorrência de praxe no seu cotidiano e que sempre envolve episódios de violência. Com essa educação coletiva e medíocre a que fica restrita nossas crianças percebe-se que dificilmente conseguiremos uma sociedade educada, politizada e preparada!
Somente através da definição do papel da família e o papel da escola, será possivel alcançar níveis de uma educação qualitativa. Enquanto não houver uma tomada de consciência, uma chamada à responsabilidade, um programa de reestruturação familiar,  e até o famigerado  - me perdoem pelo palavrão - controle de natalidade, as pessoas continuarão a exigir da escola responsabilidades muito além de sua capacidade. É importante deixar claro que nunca haverá esforços que consigam fazer da escola uma substituta da família na criação e educação dos nossos jovens. As famílias que abdicaram da função de educar, que se recusam a dividir com a escola esta responsabilidade, continuarão tendo seus filhos – e cada vez mais cedo - para o governo sustentar e a escola criar! E a escola por sua vez continuará sendo responsabilizada por deficiências que estão muito além dos seus bancos.
Educar dá trabalho! E  “não basta dar o peixe tem que ensinar a pescar”. Mas é fato que é muito melhor receber o peixinho fritinho na mão, do que ter o trabalho de ir atrás dele, não é mesmo? Mas isto será a introdução da próxima postagem. Onde finalmente vou concluir este assunto. Até lá!

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