Por que propor Para ensinar a produzir textos de diferentes gêneros. Mesmo com a limitação do que pode ou não ser recriado, há espaço para a autoria.
A ideia do trabalho surgiu após Kátia assistir a uma palestra da pesquisadora argentina Ana Siro, que, em 2001, fez o mesmo com estudantes de Buenos Aires. No livro Narrar por Escrito do Ponto de Vista de um Personagem (168 págs., Ed. Ática, tel. 4003-3061, 39,50 reais), Ana e Emilia Ferreiro demonstram que eles aprenderam não só a dar voz aos personagens de histórias conhecidas mas também desenvolveram competências referentes à produção de autoria ao trazer em seus textos elementos de ironia e humor.
O primeiro passo do trabalho foi a reescrita individual de Chapeuzinho Vermelho sob o ponto de vista de um dos personagens. A atividade funcionou como diagnóstico. "Muitos tinham dificuldade em ordenar os fatos e outros não conseguiam separar o discurso direto do indireto. Havia alguns erros de ortografia e pontuação, como o uso do travessão", lembra Kátia. Em seguida, os alunos leram diferentes versões de Os Três Porquinhos e, em duplas, criaram a sua da perspectiva de um dos porcos. Quem escrevia melhor, encadeando os fatos de forma mais organizada, tinha a função de relator. O outro, que precisava se aprimorar mais em relação aos aspectos notacionais, assumia a posição de escritor. Esse agrupamento possibilitou o avanço de todos.
Para avaliar a aprendizagem da sala, Kátia deu um novo desafio: a reescrita de João e Maria. No fim de três meses, a garotada estava escrevendo com muito mais autonomia, coerência e coesão, respeitando as características do gênero, o interlocutor e os aspectos notacionais. Isso foi possível graças às revisões feitas a cada novo texto produzido. Elas tinham objetivos específicos: foco narrativo, discurso, ortografia e pontuação.
Nesses momentos, Kátia projetava no datashow trechos de textos que traziam erros recorrentes para que todos revisassem e comentassem. Essa foi a primeira vez que ela fez a correção de forma compartilhada. Antes realizava apenas as individuais. Para dar conta, pediu apoio para a coordenadora pedagógica. "Tive de negociar, trazer para a discussão os mais quietos e ao mesmo tempo não frustrar aqueles que tinham muitas sugestões. A solução foi levantar questões para que as crianças justificassem suas escolhas. Assim, juntas, elas foram encontrando o melhor caminho."
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