O “Método das 28 palavras” tira partido do potencial da imagem na aprendizagem da leitura e da escrita. Trata-se de um método muito divulgado na aprendizagem de crianças com dificuldades de aprendizagem e com resultados muito positivos.
Embora não acredite que este método seja só especialmente dedicado a crianças com dificuldades de aprendizagem, vou fazer uma pequena introdução, com base em vários documentos que li sobre o assunto:
As crianças com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) manifestam problemas sensoriais, físicos, intelectuais e emocionais e, também, muitas vezes, evidenciam dificuldades de aprendizagem derivadas de factores mentais, orgânicos ou ambientais.
Para estas crianças a aprendizagem da leitura e da escrita constitui a pedra basilar de que depende todo o seu percurso acadêmico. Contudo, para o ensino destas competências básicas, os professores recorrem a métodos baseados quase exclusivamente em suportes convencionais como seja o livro de texto, ilustrações, cartazes, etc.
Todos sabemos como o computador tem vindo a entrar cada vez mais cedo na vida das crianças. Desde a mais tenra idade que o ambiente informático lhes é familiar; trata-se de um mundo que as atrai devido às suas cores, ao movimento, aos sons.
O ato da ler e de escrever é um processo complexo que implica um conjunto de conhecimentos que a pessoa adquire ao longo da sua vida antes e durante o seu ingresso no ambiente escolar. É uma atividade cognitiva e não uma capacidade sensorial e auditiva que se pensava ser necessário para aprender a ler e a escrever. É uma descodificação e compreensão de representações gráficas e auditivas.
A aprendizagem da leitura e da escrita baseia-se em dois pressupostos fundamentais : o de retirar informação visual (sinais gráficos) e também o de compreensão do que se está a ler e a escrever.
O ingresso na leitura e na escrita por parte da criança é um processo de aprendizagem, de prática e de aperfeiçoamento. Antes desse ingresso, a criança já dominava a comunicação oral e usava-a de maneira autônoma e perfeita para ser entendida e compreendida pelos demais interlocutores. Portanto, a aprendizagem da leitura e da escrita visa o mesmo objetivo, ou seja, dar ao educando uma autonomia para poder compreender e ser compreendido pelos seus interlocutores. – “aprender a ler e a escrever representa, nesta perspectiva, dar à criança os meios que lhe permitam comunicar com outrem na sua ausência, exigindo-lhe desta forma a conquista de uma autonomia”.
Saber ler um documento escrito é compreender.
A leitura pode, daí em diante, tornar-se o meio essencial da aquisição de conhecimentos, do desenvolvimento do pensamento e do enriquecimento da personalidade.
A escolha de um bom método de leitura ajuda na compreensão da leitura e da escrita. Ensinar a ler só se complementa quando o professor leva os alunos a gostarem da leitura e a descobrir os prazeres e alegrias que ela lhes pode proporcionar.
Existem vários métodos de ensino da leitura e da escrita.
– O mais antigo é o método analítico sintético. Apesar de ser o mais antigo, é o que domina como método de ensino-aprendizagem nas escolas portuguesas. Consiste no ensino da letra como unidade sem significância para muitos alunos. As letras (maiúscula e minúscula) são repetida vezes sem conta no caderno escolar dos alunos. Depois é ensinada a sílaba, que também é repetida no caderno, para que a sua caligrafia seja perfeita. Mais tarde ensina-se a junção das sílabas para formar palavras e de seguida formam-se frases.
Em suma, é um método com base na repetição da letra até formar sílabas, que passam para as palavras e por fim a frase.
– Em contrapartida, o método das 28 palavras consiste em desenvolver a aprendizagem da leitura e da escrita a partir de situações concretas e reais para os alunos: As palavras estão sempre relacionadas com imagens. Trata-se de um método que adota um esquema de aprendizagem; por exemplo, a primeira palavra que se ensina é “menina”, e depois:
* faz-se o desenho da palavra ou mostra-se o cartaz com a imagem da menina;
* as crianças escrevem a palavra em letra manuscrita e à máquina;
* depois ensina-se a palavra “menino”, seguindo os passos a cima;
* depois mostra-se a diferença entre as duas palavras que é entre as vogais “a” e “o”.
* separam-se as sílabas das palavras “menino” e “menina”;
* quando surgem outras palavras separa-se as sílabas e formam outras palavras;
* depois formam-se frases.
Os exercícios contínuos ajudam a concretizar os conteúdos dados.
Poderá recortar de revistas ou jornais, figuras ou palavras aprendidas, que colocará no caderno, escrevendo por baixo a palavra respectiva”…
Lembrando que muito se tem discutido e produzido sobre alfabetização nos últimos anos. Há muita polêmica em relação a esta questão. Mas, com certeza, não existe a mesma discordância sobre o que seja fazer uma boa leitura ou produzir um bom texto. Para ser um bom leitor e bom escritor é preciso garantir uma situação de comunicação contextualizada. Então, se o objetivo da escola é formar pessoas que saibam ler e escrever com competência é preciso, desde o início da escolaridade, dar sentido ao ato de ler e de escrever. Mas nem sempre esse objetivo é alcançado e inúmeros alunos vão avançando nas séries sem se apropriar da leitura e escrita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário