LEITURA E ESCRITA: POSSIBILIDADES DE VER, SENTIR E TRABALHAR O TEXTO.
1. APRESENTAÇÃO:
Saber ler e escrever faz diferença na vida, é importante para o desenvolvimento como pessoa, como estudante e como profissional, permitindo o exercício da cidadania.
É a língua como instrumento poderoso de comunicação que é que nos permite dialogar no e com os diversos contextos sócio-culturais da nossa sociedade. E o texto literário é um portal que nos permite atravessar o tempo e o espaço, observar a natureza humana, nossas fraquezas e nossas virtudes no longo de toda a trajetória humana.
Este projeto “leitura e escrita: possibilidade de ver, sentir e trabalhar o texto” é destinado aos alunos do 1º ao 9º ano. Com duração de um bimestre.
O projeto “Leitura e Escrita”, trará inúmeras possibilidades de ver, sentir e trabalhar o texto, já que o contexto escolar que vivenciamos trata o texto como mero instrumento para o ensino de gramática e esta, por sua vez, feita de maneira descontextualizada (aulas de português separadas de aulas de redação, o que torna o ensino da Língua sem graça e sem uma maior importância, onde o professor finge que ensina passando-lhes apenas regras e conceitos gramaticais e os alunos fingem que aprendem, quando não, dizem que é muito complicado e muito difícil decorar tanta coisa.
E, no universo dos que fingem que ensinam e dos que não aprendem, vivemos sem perceber que muitas vezes, ou melhor, sempre utilizamos a língua seja ela escrita ou falada para comunicar o que pensamos, o que sentimos e o que descobrimos no nosso dia-a-dia.
“Saber falar significa saber uma língua. Saber uma língua significa saber uma gramática. Saber uma gramática não significa saber de cor algumas regras que se aprendem na escola, ou saber fazer algumas análises, morfológicas e sintáticas. Mais profundo do que esse conhecimento é o conhecimento (intuitivo ou inconsciente) necessário para falar efetivamente a língua”. (Possenti 2000, 30)
2. JUSTIFICATIVA:
O inicio das aulas é um momento que mistura alegria, tristeza, ansiedade, novidade e choro. Justamente por se tratar de algo novo para crianças requer um período de adaptação, especialmente para as que estão indo para a escola pela primeira vez. A fase de adaptação pode durar alguns minutinhos, horas, dias e até meses. Cabe a escola realizar a acolhida e a introdução dos novos conteúdos de forma diferenciada e divertida. Portanto, nada melhor do que música e poesia para animar a turma e introduzir os conteúdos que serão trabalhados.
Atualmente, a prática da leitura de poesia está um pouco esquecida nas escolas. Isso ocorre devido ao pouco contato, desde os primórdios de sua formação, dos educadores de Língua Materna. Uma forma para melhorar a aprendizagem é a aproximação constante da poesia, como também a utilização do conhecimento prévio. O conhecimento prévio engloba o conhecimento lingüístico, que abrange desde o conhecimento sobre pronunciar o português, passando pelo conhecimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua. O conhecimento do texto, que se refere às noções e conceitos sobre o texto, e, por último, o conhecimento de mundo, que é adquirido informalmente através das experiências, do convívio numa sociedade, cuja ativação, no momento oportuno, é também essencial à compreensão de um poema.
Além do poema outro recurso de grande importância para trabalhar a leitura e a escrita é a música. Quando pensamos em música, logo imaginamos o ouvido como órgão importante de sentido, mas é o cérebro que interpreta as ondas sonoras recebidas pelo ouvido. Assim como todos os sentidos externos do corpo humano (audição, olfato, tato, paladar e visão) a audição é resultado de uma interpretação cerebral. Quanto mais rica for uma música em seus diferentes sons (agudos, médios e graves), timbres (cordas, sopro e percussão), ritmos (pulsações), velocidades (notas longas, médias e curtas), intensidade (forte, média e fraca) com harmonia (combinação de sons simultâneos), mais o cérebro de quem a ouve será estimulado.
A música, arte de combinar os sons, é uma excelente fonte de trabalho escolar porque, além de ser utilizada como terapia psíquica para o desenvolvimento cognitivo, é uma forma de transmitir idéias e informações, faz parte da comunicação social.
Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, usa-se a música há muito tempo em sala de aula, mas normalmente de uma forma lúdica, sem cobrança pedagógica do conteúdo aos alunos, salvo algumas exceções.
No Ensino fundamental II a música é raramente utilizada, mas ao professor interessado em enriquecer a sua prática pedagógica com música cabe estar atento à pertinência do tema musical à matéria lecionada e fazer um planejamento que permita ao aluno desenvolver análise e interpretação da letra, defendendo-a, rebatendo-a e/ou lhe acrescentando algo.
Pensando assim, esse projeto tem como finalidade trabalhar a construção de competências e desenvolver as diversas habilidades nas mais variadas disciplinas utilizando o poema e a música como ponto de partida e de chegada para a construção do conhecimento
3. OBJETIVOS:
Segundo Hengemühle (2004), a Educação deve formar o aluno para as competências e habilidades. Ser competente significa ser eficaz na busca de soluções para problemas fora da rotina do seu dia-a-dia, agindo com valores éticos e morais em clima de boa convivência.
Para ele formar para as competências pressupõe:
- O respeito à individualidade do ser humano;
- A preocupação em potencializar o ser em sua natureza: ser, conhecer, fazer e conviver;
- O respeito à cultura, à vida fora da escola;
- A preocupação em dar um sentido aos saberes escolares;
- A preocupação em redimensionar as fragmentações disciplinares da escola;
- A preocupação em potencializar o ser humano diante de situações complexas da vida e em fazer-lhe compreender o sentido e utilidade das coisas;
- A preocupação em desenvolver exercícios mentais que possibilitem a pessoa analisar, argumentar, refletir e encontrar soluções fundamentadas para as situações vividas e enfim a capacitação da pessoa para ser eficaz no exercício da cidadania, da profissão e tornar sua vida significativa.
Diante dessa perspectiva, este projeto tem como objetivos desenvolver exercícios mentais para a formação de pessoas competentes; desenvolver habilidades para perceber que as imagens não são apenas aquilo que vemos, mas, perceber que os textos nos oferecem infinidades de imagens que se formam a cada leitura; Desenvolver a capacidade de contextualizar e argumentar as tipologias textuais (poemas, músicas); Reelaborar conceitos autônomos e críticos a partir do texto. Estimular a capacidade de dialogar com o texto, relacionando língua, gramática e literatura num mesmo contexto. Dessa forma, formar um sujeito que tenha a capacidade de resolver situações-problemas, fundamentado, em teorias.
Assim, se esse projeto conseguir atingir seus objetivos juntamente com a escola, que é “desenvolver a capacidade de pensar e as habilidades de observar, relacionar, estruturar, analisar, justificar, sintetizar, correlacionar, inferir, entre outras, então preparou o cidadão desenvolvendo suas competências”. (Hengemühle apud Moretto, 2001:18)
4. QUADRO TEÓRICO:
“O conhecimento é a grande categoria do processo educacional: mas nem no plano subjetivo – o da consciência do sujeito -, nem no plano objetivo, da cultura -, ele é algo de puramente especulativo, teórico, estratosférico. O conhecimento é estratégia fundamental e privilegiada de vida. Não de uma vida próxima que se constrói, histórico e socialmente, no cotidiano que emoldura e catalisa nossas experiências”. (Vasconcellos, 2004, p.10)
Nessa perspectiva, o conhecimento é mediação central do processo educativo. Ele se constrói a partir da intencionalidade, metodologia e planejamento. Para que esse processo de conhecimento seja concreto, Vasconcellos aborda a metodologia dialética, baseada numa concepção de homem e de conhecimento, onde se estende o homem como um ser ativo e de relações. Portanto, os conteúdos devem ser trabalhados, refletidos e reelaborados pelo aluno para se constituir em conhecimento dele. É a abordagem em que o mesmo autor chama de síncrese (mobilização para o conhecimento), análise (construção do conhecimento) e síntese (elaboração e expressão do conhecimento).
A princípio, o sujeito entra em contato com o objeto (conhecimento). A partir desse contato, analisa-o produzindo o conhecimento para, então, expor, ou seja, expressar o conhecimento adquirido. Dessa forma devem ser trabalhadas todas as disciplinas na escola e principalmente a Língua Portuguesa, a qual, o ensino tem sido de forma fragmenta e marcado por uma seqüência de conteúdos que se poderia chamar de aditivas:
“Ensinar-se a juntar sílabas (ou letras) para formar frases e a juntar frases para formar textos”. Essa abordagem aditiva levou a escola a trabalhar “textos” que não existem fora da escola e, como os escritos das cartilhas, em geral, nem sequer podem ser considerados textos, pois não passam de simples agregados de frases.
Se o objetivo é que o aluno aprenda a produzir e a interpretar textos, não é possível contar como unidade básica de ensino nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que, descontextualizada, pouco têm a ver com a competência discursiva, que é questão central. Dentro desse marco, a unidade básica de ensino só pode ser o texto” [...] (Parâmetros Curriculares Nacionais, Língua Portuguesa: volume 2, p. 35).
Assim, o texto quando é usado, é apenas como mero instrumento para o trabalho com a gramática. Mas, na verdade, o texto é muito mais que um simples instrumento, “um texto é um veículo aberto em que o interprete pode descobrir infinitas interconexões”. (Eco, 1993, p. 45) O erro não está em ensinar à gramática, nem em utilizar o texto, mas em como ensinar à gramática e em como utilizar o texto. Mas para que o ensino mude, é necessária uma revolução. No caso especifico do ensino de português, nada será resolvido se não mudar a concepção de língua na escola (o que já acontece em muitos lugares, embora, às vezes, haja discursos novos e uma pratica antiga). (Possenti, 2000, p.16). Tanto no papel de leitor como no de produtor de texto, é necessário ter uma postura de reflexão sobre a linguagem, compreender a íntima relação que há entre a organização de um texto e a gramática que o sustenta. Não queremos aqui desvalorizar o ensino da gramática até porque para produzir um texto é necessário ter certo conhecimento da mesma. O que se quer, é chamar atenção e enfatizar o texto como ponto de partida e de chegada para o ensino-aprendizagem da língua, já que o texto vai possibilitar trabalhar a língua nos seus três eixos (gramática, literatura e produção) de forma contextualizada e integrada interdisciplinarmente.
Por isso, os textos devem ser a matéria prima do professor no trabalho com alunos. A partir dele, os educando devem descobrir os modos de construção, sejam capazes de refletir a língua e seu contexto bem como produzir seus próprios textos.
“A ação educativa desenvolvida e os meios utilizados (metodologia, técnica, conteúdos, relacionamentos) podem ajudar as pessoas a irem se libertando de tudo que o escravizam interior e exteriormente [...] mas pode também ser de natureza tal que mantenha a pessoa e os grupos em situação de dependência, manipulando-o como objetos e sujeitando-os as estruturas injustas. [...] deixa de ser educação para converter-se em instrumento de dominação, de domesticação responsável pela formação de homens e mulheres acomodados e alienados.” (Vasconcellos, 2004 p.11)
A educação que sonhamos é aquela que liberta o ser humano das amarras sociais, mas a que vemos é aquela que domestica os seres. Para que a educação mude é necessário desenvolver uma prática de ensino em que o conhecimento trabalhado em sala de aula não tenha um fim em si mesmo. O conhecimento tem sentido quando possibilita o compreender, o usufruir ou transformar a realidade. “O conhecimento tem que ser tal que o sujeito se transforme, e com isto seja capaz de transformar a realidade. Esta é a educação que interessa: formar novos mestres, e não eternos discípulos, formar os novos dirigentes.” (Vasconcellos, apud, Gramsci) dessa forma, o conhecimento contribui para a conquista dos direitos da cidadania, para continuidade dos estudos bem como a preparação para o trabalho. E o texto, um leque de possibilidades de ver e sentir a linguagem.
Para Hengemühle, o sentido da educação é ajudar o ser humano a caminhar rumo à realização do seu grande desejo: entender porque as coisas são como são, porque dizemos aquilo que dizemos. E só então quando formos capazes de compreender e vivenciar tais questionamentos estaremos construindo uma educação de qualidade e formando cidadãos conscientes de seu papel de atuar e transformar a realidade em que vive.
4.1. Trabalhando a música em sala de aula
A música facilita o processo de ensino-aprendizagem, pois, cria empatia entre aluno e professor e forma um referencial de memória para os alunos, facilitando, assim, sua relação com o conteúdo. Para se trabalhar com música em sala de aula, é importante que tanto o professor como os alunos tenham noção dos elementos fundamentais de composição das músicas: a letra e a sonoridade. A partir daí, você terá inúmeras alternativas para trabalhar:
1. Ter clareza de que a música provoca uma expressão corporal espontânea, que pode ser aproveitada pela criança para o desenvolvimento e a consciência do próprio corpo.
2. Antes de colocar a música para seus alunos, procure fazer uma atividade de levantamento de hipóteses. Uma boa alternativa é dizer o título da música e deixar que eles digam o que será tratado na letra.
3. É importante que o professor estude com seus alunos a estrutura textual das músicas, composta de versos e estrofes, caracterizarem o refrão e desenvolver a percepção sonora das crianças.
4. Conhecer o autor da música e sua biografia é essencial para o trabalho e, se possível, conhecer as condições em que a música foi produzida são informações que facilitarão entendimento.
5. As letras das músicas são excelentes temas geradores. Portanto, o professor deve trabalhar os seus significados, relacionando-as com inúmeras coisas.
6. É fundamental definir, com os alunos, os conteúdos que serão estudados a partir da música ou para compreendê-la, e isso inclui pesquisa, demanda e empenho para encontrar as informações.
7. Fazer com que todos os alunos coloquem as relações que conseguiram estabelecer a partir da música é essencial, porque é nessa hora que eles perceberão as diferentes interpretações.
8. Procurar pesquisar e trabalhar outros tipos de textos que envolvam o mesmo assunto tratado pela música é uma forma de desenvolver a competência intertextual e ajuda o aluno a estabelecer o seu conhecimento de mundo, ou seja, as relações metalinguísticas.
9. Reescrever a música em outro tipo de texto ou representação plástica (desenho, pintura, escultura, etc.) também é uma boa saída para verificar se ela foi bem compreendida pelo aluno ou não.
10. Produzir músicas também é muito útil, porque o aluno estará em contato direto com tudo que é necessário para se fazer música. Essa atividade faz com que ele pense em instrumentos, letra, arranjos, entonação de voz, etc., tudo de uma vez só. Portanto, estará pensando globalmente. Abaixo estão relacionados alguns elementos das músicas que poderão facilitar o estudo:
Ritmo - combinação de sons e silêncios que resulta numa impressão agradável aos ouvidos.
Compasso ou cadência - cada uma das divisões de um trecho musical, sucessão de acordes que indica a harmonia.
Tempo e velocidade - os dois estão ligados diretamente ao compasso ou cadência, pois cada um será dito mais rapidamente ou lentamente, em um intervalo determinado.
Melodia - conjunto de sons sucessivos que forma uma ou mais frases musicais.
Notas musicais - sinal para representar o som e sua duração.
Escalas musicais - série de notas dispostas na ordem natural de sons ascendentes ou descendentes.
Acordes - é quando duas ou mais notas sobrepostas são tocadas ao mesmo tempo.
Harmonia - conjunto de sons que forma acorde musical, ensina a formar e dispor os acordes.
Textura - maneira como se “entrelaçam” as vozes ou as diferentes linhas em uma composição.
Timbre - resultado da seleção das vozes e dos instrumentos que compõem a obra.
Dinâmica - mudança de intensidade sonora.
Expressão da voz - se relaciona com a interpretação da música.
Instrumentos musicais - objetos que produzem som. Você pode até confeccionar alguns com seus alunos para montar um grupo musical.
Dentro da sala de aula, a música aproxima a memória individual do professor com a dos alunos. A maior parte da consciência musical não é criada na escola, mas vem do cotidiano familiar. Por isso é necessário que o professor contextualize as canções, que mostre aos alunos e que se proponha a conhecer o que os alunos gostam de ouvir para haver maior empatia entre eles.
4.2. Trabalhando a poesia em sala de aula
“A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a fala da alma, do sentimento. E precisa ser cultivada.”
Afonso Romano de Sant’Ana
Mesmo sabendo da importância da poesia na vida dos seres humanos como mostra acima Afonso Romano, muitas escolas esqueceram-na, principalmente nas séries iniciais, dando mais espaços, entre aspas, para coisas mais importantes e mais sérias, como também para textos em prosa, privando os alunos dessa “experiência inigualável”, conforme caracteriza Maria Helena Zancan Frantz (1998, p. 80).
Poesia virou mito em nossas salas de aula. De modo geral, observamos resistências na escola em ler, interpretar, criar e recriar poemas. Ela nos remete ao passado, coisa de nossos avós que declamavam para as visitas ou recitavam versos nas aulas de língua portuguesa. A poesia reclama seu espaço e sua vez nesse planeta conturbado. Várias são as iniciativas de professores que recuperaram o prazer da leitura poética, a degustação de palavras combinadas, a viagem na fantasia das imagens, o fôlego da mesmice. Relatos publicados em sites e revistas de educação e os programas de cursos para professores provam que é possível romper o preconceito de que é difícil trabalhar com poesia.
O objetivo não é transformar os discentes em grandes escritores de poemas, até porque precisa-se ter dom para esta arte, mas sim transformá-los em leitores aptos a interpretar e compreender o que o poeta quis transmitir em meio aos versos, além de propor que os educando não percam a poesia que nasce neles desde quando as mães cantavam cantigas de ninar para que dormissem e depois quando brincavam de cantigas de roda, adivinhas, trava línguas etc..
Vários autores vêm pesquisando as questões da leitura e de trabalhos de poesias em sala de aula como Pinheiro (2002), Micheletti (2001), Frantz (1997), Cunha (1986) e investigam as dificuldades que os alunos possuem de interpretar estes textos, não só pela falta do conhecimento prévio, mas também pelo pouco contato que eles têm com a poesia.
Poesia entra no mundo infantil como jogo, enfatiza Huizinga. É jogo verbal em uma construção sutil de frases que permite a exploração de múltiplos significados, de recriação sonora e semântica, de adivinhações, de deslocamentos de pensamento e ação, etc. Esses jogos tornam-se mais complexos e as regras sendo introduzidas para garantir resultados mais elaborados. O aluno entra em contato com os recursos estilísticos da poesia para reconhecer, interpretar e criar. Como diz José Paulo Paes em “Poesia para crianças - Um depoimento” Editora Giordano,1996 ”... a poesia tende a chamar a atenção da criança para as surpresas que podem estar escondidas na língua que ela fala todos os dias sem se dar conta delas”. Ou então, Jerome Rothemberg: “a poesia imita o pensamento ou ação. Ela propõe seu próprio deslocamento. Permite a vulnerabilidade e o conflito.... aberta à mudança, a uma troca de idéias. O que é linguagem. O que é realidade. O que é experiência...”
5. METODOLOGIA:
O presente projeto “leitura e escrita: as possibilidades de ver, sentir e trabalhar o texto” terá como público alvo, alunos do 1ª ao 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Pedro Izidio de Oliveira e partirá de uma metodologia dialética mobilizando o aluno para a elaboração, construção e expressão do conhecimento.
Segundo Vasconcellos (2004), uma metodologia na perspectiva dialética baseia-se numa concepção de homem e de conhecimento. Aqui se entende o homem como um ser ativo e de relações. Nessa concepção, o aluno é mobilizado no processo de construção do conhecimento. A teoria dialética do conhecimento nos aponta que o conhecimento se dá basicamente em três grandes momentos: a síncrese (mobilização para o conhecimento) a análise (construção do conhecimento) e a síntese (elaboração e expressão da síntese do conhecimento). No primeiro momento, o sujeito entra em contato com o conhecimento, no segundo o sujeito constrói o conhecimento e no terceiro ele expõe seu conhecimento.
Baseado nessa concepção e na observação da realidade do público alvo, a qual apresenta uma deficiência considerável em interpretação e construção de textos, bem como na leitura dos mesmos a aplicação do projeto estará centrada em oficinas pedagógicas onde os participantes, refletirão sobre os aspectos teóricos e práticos, no que se refere ao estudo da Língua Portuguesa, bem como dos conteúdos gramaticais, leitura e produção, tendo como ponto de partida e de chegada o texto: músicas, poemas, imagens, numa perspectiva interdisciplinar.
Serão utilizados trabalhos individuais, em grupo, com análises, discussões, leituras compartilhadas, dinâmicas envolvendo os alunos na construção do conhecimento. Assim, estaremos mobilizando o aluno em um complexo e dinâmico processo de interações (professor-aluno, aluno-professor, aluno-aluno) e os objetos do conhecimento (temas, assuntos, objetos, etc.) e o contexto em que se inserem (sala de aula, escola, comunidade, realidade em geral, etc.).
6. CULMINÂNCIA:
Realizar um recital de poesias, envolvendo os alunos do 1º ao 5º ano e um concurso de paródias com os alunos do 6º ao 9º ano, objetivando a participação e o interesse de todos na construção do conhecimento.
7. AVALIAÇÃO:
A avaliação é um momento privilegiado da construção de conhecimento. “A avaliação, em um contexto de ensino, tem o objetivo legitimo de contribuir para o êxito do ensino, isto é, para a construção desses saberes e competências pelos alunos” (Hengemühle apud Hadji).
Nessa perspectiva, a avaliação não deve ser um acerto de contas, mas um momento privilegiado de construção do conhecimento. Para isso a avaliação deve ter regras claras e coerência do processo como um todo, possibilitando que os envolvidos tenham a possibilidade de orientar-se corretamente a reavaliar a caminhada. Deve apresentar instrumentos múltiplos que possibilitem conhecer os avanços e as limitações do aluno em sua capacidade de resolver situações-problemas, fundamentados no conhecimento teórico, a luz dos exercícios mentais planejados.
Assim, ao elaborar um instrumento de avaliação, o professor deve considerar que a avaliação refere-se à leitura, à produção de texto e ao estudo da língua. Por isso, esse projeto tem como instrumentos avaliativos as produções orais e escritas, individuais e em grupos; a observação e a criatividade bem como a capacidade de sintetizar e argumentar, de forma consciente e critica, a resoluções de situações-problemas.
A princípio serão feitos diagnósticos através de oficinas, leitura e dinâmicas que terá como objetivo verificar o que os alunos já sabem, quem são e como aprendem. No meio do processo será feito uma avaliação que chamamos de avaliação reguladora que tem como objetivo verificar como cada aluno aprende ao longo do processo de ensino-aprendizagem e adequar o planejamento as necessidades do grupo. Será feita uma atividade integradora que verificara o conhecimento e avaliará todo o percurso do aluno. Essa atividade será feita através de estudo de textos com participações orais e escritas. A avaliação final verificará os resultados obtidos. Eles irão expor através de um recital de poesias e de um concurso de paródias tudo aquilo que foi significativo e que gerou conhecimento.
Dessa forma, a “Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão critica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos”. (Vasconcellos, 2006, p.53)
8. RECURSOS:
· Humanos: apresentações com os alunos;
· Materiais: caderno, canetas, papel A4, textos;
· Audiovisuais: imagens/textos, computador; som, máquina digital, mensagens, DVD, CD, caixa de som e aparelho de DVD; data show.
· Dinâmicas;
· Oficinas;
REFERÊNCIAS:
ECO, Humberto. Interpretação e superinterpretação. São Paulo: Editora Martins, 1993.
HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de ensino e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: 3 º e 4º.Brasília: MEC/SEF.1998.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula, 15ª ed. São Paulo: Libertad, 2004.
TRABALHOS REALIZADOS EM SALA DE AULA:
ALUNOS DO 5º ANO B BRINCANDO E APRENDENDO COM OBJETOS DE APRENDIZAGEM
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