Içami Tiba trás em seu livro Ensinar Aprendendo a teoria Integração Relacional; Que busca integrar a Psicologia com a educação, oferecendo subsídios para a compreensão psicológica das dificuldades relacionais e sugestões práticas incentivando o professor melhorarem a qualidade de ensino.
Nos dias de hoje, cada vez mais cedo, a educação familiar está sendo transferida para as escolas, crianças de 2 anos sem amadurecimento adequado para uma socialização escolar, são lançadas aos braços de professores, que por sua vez não tiveram no seu currículo profissional a capacitação para “criar” estes alunos. Os professores estão ali para conduzirem da melhor forma a construção e a busca de conhecimento e aprendizado. Quando se coloca a quem cabe o dever de educar entramos num jogo de empurra, pois a família cobra a responsabilidade da escola e que por sua vez acha que educação deve vir de berço.
“A indisciplina é o resultado quase natural da falta de educação.”
Para Tiba “Aprender é como comer”, essa relação de aprender e comer compreende-se em 5 etapas:
1° - Ingerir o alimento equivale a receber a informação.
2° - Mastigar e digerir o alimento equivale a decompor essa informação em partes menores, suficientes para serem compreendidas.
3° - Absorver o alimento digerido equivale a assimilar a informação já compreendida.
4° - A transformação do alimento digerido e absorvido em energia acumulada equivale à transformação da informação compreendida em conhecimento.
5° - A energia acumulada é utilizada para a manutenção da vida, como energia vital. É o uso do conhecimento que o transforma em sabedoria.
Diante do ato de aprender exercido pela escola é possível questionar a motivação não só do educando, mas também, do educador, pois como podemos incentivar o outro a comer se não temos mais desejo de comer o que oferecemos? Como está a vontade de comer, digerir, assimilar e obter sabedoria por parte dos nossos educadores?
Vários questionamentos podem ser suscitados, já que sabemos que o ato de comer é um ato de antropofagia, que nos convida a devorar o outro sem perder nossas peculiaridades, ou seja, cada alimento digerido nos dará a possibilidade de sentir um gosto diferente e o exercício da “palatabilidade” é uma ação constante de comer comido.
Essa palatabilidade sugerida pelo autor nos faz pensar na diversidade de cada estudante no seu movimento de aprender. Cada aluno é um ser diferente e a forma como internaliza e processa as informações são múltiplas e com essa postura o “engolir a aula” vai depender do processo de mastigação de cada um e como a acomodação e assimilação das informações estão sendo registradas conforme as inteligências desenvolvidas pelos sujeitos, portanto “a absorção e assimilação são partes do aprendizado que dependem mais do aluno do que do professor, enquanto a parte docente na aula depende mais do professor que do aluno”.
Pode-se então reconhecer que a construção do conhecimento está diretamente relacionada com as transformações estabelecidas pelo sujeito que ensina e aprende numa dinâmica dialógica, polilógica e polissêmica que se transfigura em sabedoria viva do ato de ser e saber. O professor tem que se preocupar em preparar suas aulas da melhor maneira com ingredientes que torne essas aulas saborosas com o humor, movimentação com a participação de todos, musicalidade entre outros temperos, buscando seduzir cada aluno no contexto da sala de aula.
No momento que estamos é preciso encontrar novos caminhos que suscitem aos alunos formas variadas de comer, ingerir, mastigar e transformar as informações de maneira prazerosa que ressoam na sua vida.
Hoje na maioria das vezes nos deparamos com professores desmotivados e prontos a dar os conteúdos da grade impondo o aprendizado por que precisa cobrar a matéria, desta forma o desinteresse e a falta de comprometimento que é passado e sentido pelos alunos que de outro lado copiam seus professores, decoram e guardam informações até o momento da prova e depois descartam.
O professor que propõe a ouvir seus alunos está demonstrando querer aprender juntamente com as experiências vividas por cada um. “O relacionamento professor-aluno melhora muito quando o aluno inverte o papel com o professor. É uma maneira de o aluno sentir-se com o poder daquele que fala que explica. Além do mais é supereducativo, pois o aluno possa respeitar o professor.
As escolas continuam com o mesmo sistema de avaliação, não evolui, ainda é baseada em notas obtidas por provas. Outro fator negativo no ensino é a adolescência, difícil período que os jovens passam, pois se deixa de ser criança para entrar no mundo adulto. Eles passam por mudanças físicas, cognitivas e afetivas; isso gera atitudes diferentes entre meninos e meninas: a rebeldia, o sentimento de impotência, a insegurança, sentimento de onipotência, etc. O professor precisa conhecer e compreender essa fase. Alguns professores, ao contrário agem como "estupradores mentais" simplesmente impõem o conhecimento sem se preocupar se os alunos estão preparados para recebê-lo. Outros, porém se acomodam com o que sabem ou acham que já sabem tudo e assim limitam seu crescimento. A verdade é que falta estímulo para os alunos aprenderem porque são obrigados a aprender sem ter dúvidas. O professor, muitas vezes não sabe estimular a curiosidade do aluno.
O professor precisa ceder espaço para o aluno expor suas dúvidas e idéias ou seja inverter os papéis.
Há na escola dois tipos de profissionais: os mestres e os professores. Os mestres transmitem, dividem a sabedoria e despertam o desejo de aprender. O professor impõe o aprendizado e cobra a matéria. Para ser um mestre é preciso entender o aluno, conhecer o ambiente em que se trabalha, sentir bem consigo mesmo, ser uma pessoa receptiva e ser capaz de atingir objetivos; O professor não é o único detentor do saber mas com a modernidade muitos se sentem intimidados quando na verdade deveriam aprender a aprender.
Conforme o autor há onze tipos de alunos: 1- o esponja: absorve tudo, mas não aprende; 2- o peneira: seleciona o que aproveitará da matéria; 3- o funil: anota tudo para repassar em casa; 4- o salteado: aposta na sorte, estuda qualquer coisa porque não sabe o que vai cair na prova; 5- o sorteado: acredita que vai cair algo na prova e só estuda aquilo; 6- o última-horista: só estuda em cima da hora; 7- o ausente de corpo-presente: faz outras coisas na aula; 8- o sintonia fina: capta qualquer coisa que não tenha haver com a aula; 9- o autodidata: apesar de não prestar atenção é capaz de aprender por conta própria; 10- o chupim: o aluno que cola e só assina o nome nos trabalhos; 11- o abelha: é o aluno que estuda rigorosamente.
Há também onze tipos de professores: 1- um aluno faz a média: se um aluno tirar nota já basta; 2- super exigente: só começa a aula quando houver silêncio total; 3- estuprador mental: entra, explica a matéria e não dá espaço para o aluno; 4- o carrasco: exige mais do que ensinou; 5- o tanto faz: não se importa se houve aprendizado ou não; 6- o crânio: conhece a disciplina, mas tem dificuldade para se comunicar; 7- o vítima: não consegue se impor, é "zoado pela classe"; 8- o sedutor/seduzido: favorece e privilegia determinados alunos; 9- o crédulo: compreensivo, acredita em tudo que o aluno diz; 10- o super atual: abusa de novidades e assim desperta o interesse na classe; 11- o menção honrosa: é o professor ético, competente, relacionável e atualizado e que desperta no aluno o desejo de aprender.
Içami Tiba fala várias vezes em seu livro, que a escola tem que estar em conjunto com a família devendo haver uma soma. O livro é uma auto-ajuda e facilita a refletir e compreender onde os professores estarão errando e como corrigir essas falhas respeitando o aluno para que possa ser respeitado e ser considerado e lembrado como um mestre não apenas como professor fazendo um papel presencial.
“Uma família que só exige da escola sem contribuir em nada está educacionalmente aleijado. Não existe alguém que nunca teve um professor na vida, assim como não há ninguém que nunca tenha tido um aluno. Se existem analfabetos, provavelmente não é por vontade dos professores. Se existem letrados, é porque um dia tiveram seus professores. Se existem prêmios Nobel, é porque alunos superaram seus professores. Se existem grandes sábios, é porque transcenderam suas funções de professores. Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar. Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.” Içami Tiba
Biografia:
Filiação: Yuki Tiba e Kikue Tiba
Nascimento: 15 de março de 1941, em Tapiraí/SP
1968: Formação: Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. 1970: Especialização: Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.2010: Psicoterapeuta de adolescentes e consultor de famílias em clínica particular. 1971-77: Psiquiatra-assistente do Departamento de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas da FMUSP. 1975: Especialização em Psicodrama pela SOPSP - Sociedade de Psicodrama de São Paulo. 1977: Graduação: professor-supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela FEBRAP- Federação Brasileira de Psicodrama. 1977 a 92: Professor de Psicodrama de Adolescentes no Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
"O comportamento humano não é pré-determinado, como nos animais. Temos o poder de mudar o futuro, de mudar nosso comportamento já no próximo momento. Podemos mudar por amor, por querer bem a uma pessoa amada, a um filho, à humanidade."
(Içami Tiba)
Içami Tiba
Içami Tiba estudou na Faculdade de Medicina da USP, onde terminou os estudos em medicina, é psiquiatra no Hospital das Clínicas da FMUSP, professor-supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela Federação Brasileira de Psicodrama. É um membro activo na Equipe Técnica da Associação Parceria Contra Drogas (APCD).
Há três décadas que trabalha com adolescentes e conflitos familiares, o psiquiatra Içami Tiba é hoje um dos maiores especialistas nessa área no Brasil. Professor em diversos cursos no Brasil e no exterior criou a Teoria da Integração Relacional, que facilita o entendimento e a aplicação da Psicologia por pais e educadores.
Depois de ter um quadro em programas da TV Record e da TV Bandeirantes por vários anos, hoje Içami Tiba participa com freqüência de vários programas na televisão e no rádio. Desde 1985, ano em que lançou seu primeiro livro, ele já publicou outros onze, atingindo a marca de meio milhão de exemplares vendidos. Sua última obra, "Anjos Caídos", aborda a prevenção das drogas na adolescência. Produziu ainda diversos vídeos, entre eles "Adolescência, Drogas e Rebeldia" e "Onipotência Juvenil".
No seu currículo existem mais de 3 mil palestras proferidas, mais de 72 mil atendimentos psicoterápicos a adolescentes e suas famílias e também 15 livros publicados, com um total de 850 mil livros vendidos.
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