quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

DEFICIÊNCIAS - MARIO QUINTANA

Mario Quintana (1906-1994), poeta, tradutor e jornalista gaúcho, ficou conhecido como o "poeta das coisas simples". Neste texto, discorre de como podemos ser deficientes perigosos para nós mesmos e para aqueles que nos cercam. E alerta que deficiências éticas e comportamentais são mais destruidoras dos que as deficiências físicas, já que essas são, na maioria das vezes, imperceptíveis a olho nu.

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar a vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade e que vive, sem ter consciência de que é dono de seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e querer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

LIÇÃO PARA O VIVER: 

A vida humana se apresenta cheia de sofrimentos, muitos reais, mas a maioria deles imaginários. E esta dor imaginária traz pra nosso coração emoções que atrapalham a paz interior, gerando dúvidas, amargura e solidão. 
Este texto de Mário Quintana define como "deficientes" aqueles que se deixam levar por esta amargura de viver. Aqueles que se aproveitam de suas limitações pessoais como desculpas para não evoluir na fraternidade. Os que  usam das intempéries cotidianas como empecilho para viver melhor e fazer mais feliz aqueles que os rodeiam. 
Devemos ter claro que não somos reféns de circunstâncias externas ou imposições sociais. Somos, por direito e obrigação, donos de nossa consciência e do nosso destino. 
Então, vamos nos libertar de nossas deficiência e partir para uma vida melhor, mais humana, fraterna e feliz.

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