Mario Quintana (1906-1994), poeta,
tradutor e jornalista gaúcho, ficou conhecido como o "poeta das coisas
simples". Neste texto, discorre de como podemos ser deficientes perigosos
para nós mesmos e para aqueles que nos cercam. E alerta que deficiências éticas
e comportamentais são mais destruidoras dos que as deficiências físicas, já que
essas são, na maioria das vezes, imperceptíveis a olho nu.
"Deficiente" é aquele que
não consegue modificar a vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da
sociedade e que vive, sem ter consciência de que é dono de seu destino.
"Louco" é quem não procura
ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê
seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus
míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não
tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou apelo de um irmão. Pois está
sempre apressado para o trabalho e querer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não
consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não
consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não
consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe
deixar o amor crescer.
E finalmente, a pior das deficiências
é ser miserável, pois:
"Miseráveis" são todos que
não conseguem falar com Deus.
LIÇÃO PARA O VIVER:
A vida humana se apresenta cheia de
sofrimentos, muitos reais, mas a maioria deles imaginários. E esta dor
imaginária traz pra nosso coração emoções que atrapalham a paz interior,
gerando dúvidas, amargura e solidão.
Este texto de Mário Quintana define
como "deficientes" aqueles que se deixam levar por esta amargura de
viver. Aqueles que se aproveitam de suas limitações pessoais como desculpas
para não evoluir na fraternidade. Os que usam das intempéries
cotidianas como empecilho para viver melhor e fazer mais feliz aqueles que os rodeiam.
Devemos ter claro que não somos
reféns de circunstâncias externas ou imposições sociais. Somos, por direito e
obrigação, donos de nossa consciência e do nosso destino.
Então, vamos nos libertar de nossas
deficiência e partir para uma vida melhor, mais humana, fraterna e feliz.
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