domingo, 29 de janeiro de 2017

5 MITOS DESMITIFICADOS SOBRE A EDUCAÇÃO





1 - Para ser professor é necessário ter dom e vocação



Não foi nem uma ou duas vezes que ouvi alguém soltar essa frase perto de mim: "Ah, aquele professor tem tanto dom para lidar com as crianças", e por vezes acreditei que o fator X para ser um grande professor era realmente ter esse dom para ensinar, ou seja, algo além da capacidade humana para fazê-lo que depende única e exclusivamente da sorte de nascer com esse dom.

Porém, essa ideia desvaloriza o profissional que enfrenta todo dia uma sala com 15, 20, 30 alunos, faz das tripas um coração para conseguir realizar o seu papel e não consegue por falta do incentivo do governo, da sociedade, da escola, de seus colegas de trabalho e de todos que o cercam.

Professor é uma carreira como qualquer outra. Se alguém fizer uma faculdade em qualquer área da educação, pronto! Essa pessoa já é professora. Esses dois adjetivos são utilizados para tentar explicar a diferença entre bons e maus professores, porém é muito simplório explicar algo a partir desse pressuposto.

Um bom professor é aquele que corre atrás. Que usa seus conhecimentos teóricos para ministrar da melhor forma o conteúdo aos seus alunos. Isso depende apenas do esforço pessoal de cada um. Já o mal professor é aquele que, como em qualquer outra área, só sai de casa para executar aquilo que é imposto pelo seu patrão, não tendo nenhuma motivação pessoal (esforço, força de vontade, pró-atividades etc) ou profissional (cursos de capacitação, salário melhor, locais adequados para dar aula) para querer ser melhor em sua área.

Dessa forma, só com a reciclagem constante de ensino, planejamento e dedicação é possível atingir aquele "fator X" que todos chamam de dom e vocação, mas se resume em esforço pessoal.

2 - Criança pobre não aprende


Em pleno século XXI essa frase pode parecer descontextualizada ou impossível de acreditar que alguém a diga, porém, até mesmos professores já foram vítimas de usar essa pérola para se referir a algum aluno que tem maiores dificuldades de aprendizagem e coincidir que ele é de classe baixa. 

A verdade é que classe social e condições financeiras não impede ninguém de aprender. Claro que, para pessoas de baixa renda pode surgir alguma dificuldade em relação ao estímulo, aquisição de materiais ou imprevisto para estar sempre presente nas aulas (questão de transporte, alimentação, roupas etc), mas isso não pode ser um indicador para o seu baixo rendimento.

Quando um aluno vai mal isso depende única e exclusivamente de como o professor lida com ele. Se o aluno necessita de cuidados especiais, orientações pedagógicas, psicológicas etc, e isso não foi notado pelos pais, cabe ao professor fazer esse alerta. Como também se o professor nota que o seu método não funciona para determinado aluno, cabe a ele buscar novas estratégias de ensino para modificar esse quadro.

Assim, todos devem ter a mesma oportunidade para alcançar o mesmo nível de aprendizagem seja qual for o caminho que os leve a alcançar esse nível. Para que isso ocorra, vários fatores são essenciais: formação inicial e continuada de qualidade para a equipe escolar, infraestrutura, um currículo coerente com a realidade local e um acompanhamento constante.

3 - Crianças devem manusear apenas livros com muitas gravuras e histórias curtas


Em um passado nem tão distante, muitas crianças só tinham acesso a livros de história após aprender a ler, contudo já está comprovado cientificamente que o contato com o mundo das letras deve ser feito desde novos, pois assim eles tem maiores chances de desenvolver seu gosto pela leitura e o seu desenvolvimento na leitura e escrita também se diferenciará daqueles que não mantém esse hábito.

Os pais e professores devem disponibilizar livros com mais conteúdos aos seus filhos e alunos, mesmo que esses não saibam ler, pois isso incitará sua curiosidade em conhecer aquele código desenvolvendo suas habilidades desde pequenos.

4 - Creche é um mal necessário


As creches já deixaram há muito tempo de ser apenas locais para desova de filhos de pais ocupados. Proporcionando momentos de socialização com outras crianças e criando um espaço de aprendizagem, elas buscam proporcionar diferentes experiências a essa faixa etária que muitas vezes sofre com a educação precária dentro de suas casas.

Portanto, mesmo que haja alguém da família responsável para ficar com a criança em  casa, é fundamental que a matricule em uma creche onde ela poderá desenvolver interações básicas com outras crianças e materiais adequados para brincar de forma educativa.

5 - Conteúdo dado é conteúdo aprendido


Alunos tem níveis de aprendizagem diferente. Conteúdos que são aprendidos por alguns com muita facilidade, para outros podem ser um grande desafio. Muitas coisas podem influenciar esse resultado: problemas pessoais, metodologia de ensino, estímulo de aprendizagem, acúmulo de conteúdo etc.

Em algumas séries, um aluno precisa estudar cinco ou mais matérias, todas com suas complexidades e diferenças. O professor precisa entender que muitas vezes não é má vontade do aluno ou desinteresse e sim excesso de conteúdo em sua mente. Dessa forma, correr com matérias para fechar o plano de aula é inútil, pois o aluno sairá sem aprender a matéria e sofrer penalizações, como recuperações ou até mesmo reprovação, por algo que ele nem chegou a dominar.

Então é importante estar sempre atento ao nível dos seus alunos, buscando sempre novas formas para integrá-los na matéria e fazer com que dominem o conteúdo para a turma poder acompanhar juntos desenvolvendo a aprendizagem de cada um.

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