O PNE, aprovado em 2014 pela Lei nº13.005, define as diretrizes para as políticas educacionais na próxima década. Ao todo são 20 metas desdobradas em 254 estratégias para garantir o acesso e a qualidade à Educação Básica e Superior, formação docente, carreira, gestão e financiamento. Alguns dos objetivos devem ser atingidos até o final da vigência do Plano, enquanto outros já estão vencendo. Para acompanhar e analisar a evolução do que foi estabelecido, a Lei do PNE determina que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publique estudos como esse a cada dois anos. As análises trazidas agora se referem a dados de 2013, 2014 e 2015 e não contemplam, em grande parte, projeções para os anos em que elas vencem.
Veja abaixo o que o relatório diz sobre cada uma das metas:
Meta 1 - Educação Infantil Em 2016, encerra-se o prazo para a universalização da Educação Infantil e, até 2024, deve-se ampliar em 50% o atendimento à creche. Em 2014, o percentual da população de 4 e 5 anos que frequentava a escola ou creche era de 89,6 (o que representa um crescimento de 2,8 pontos percentuais [p.p.] comparado ao ano de 2012), enquanto as matrículas de 0 a 3 anos atingiram apenas 33,3% (4.5 p.p. de crescimento em relação ao biênio anterior). Mesmo tendo o prazo encerrado em janeiro deste ano, o Inep não fez uma projeção, apenas avaliou como distante de atingir o resultado esperado. Já o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma notana data de publicação do relatório em que trazia os dados referentes ao ano de 2016, com a indicação de que o resultado atual está 600 mil vagas abaixo da meta.
Meta 2 - Ensino FundamentalPrevê a universalização do acesso ao Ensino Fundamental e a conclusão dessa etapa na idade recomendada até 2024. Em 2014, 97,7% das pessoas de 6 a 14 anos frequentavam ou já tinham concluído a etapa de ensino, o que significa que no período de aprovação do Plano (em 2013), a meta já estava próxima de ser atingida. Apesar disso, ao considerar a série histórica, vê-se que no último biênio, o Fundamental cresceu apenas 0,2 p.p. e 74,3% dos adolescentes concluíram essa etapa na idade certa. Para o Inep, apesar dos avanços, é preciso melhorar o indicador na idade recomendada. O órgão também destaca a permanência da desigualdade quando se comparam grandes regiões.
Meta 3 - Ensino Médio
A universalização do acesso à Educação para a população de 15 a 17 anos até 2016 e a elevação da taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85% até 2024 ainda devem percorrer um longo caminho até serem atingidas. As informações disponíveis mostram que essas áreas estão relativamente estagnadas. Apesar dos números de 2014 trazerem que 83,8% da população de 15 a 17 anos frequentava a escola ou havia concluído a Educação Básica (0,2 p.p. a mais que em 2012), em 2013, a porcentagem era de 84,1 (0,3 p.p. a mais que no ano de última análise). Ou seja, quase não houve avanço. Além disso, em 2014, apenas 65,7% da população nessa faixa etária estava ou tinha concluído o Ensino Médio.
Meta 4 - Inclusão
O Inep apontou que não há dados oficiais que permitam mensurar de forma integral a universalização do acesso à Educação e ao atendimento educacional especializado (AEE) para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades ou superdotação. Além da limitação relativa do acompanhamento da série histórica, os conceitos que englobam essa população adotados pelo Censo Demográfico e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) ou ao próprio PNE são diferentes (o Censo, por exemplo, não inclui alunos com altas habilidades) e os dados disponíveis não esclarecem se houve acesso a Atendimento Educacional Especializado (AEE) e outros recursos. Mas, de forma geral, de acordo com o Censo da Educação Básica 88,4% desse público foi atendido em classes regulares em 2015. O número representa um crescimento de 1.3 p.p. em relação ao ano anterior.
Meta 5 - Alfabetização
A Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) categoriza os estudantes em quatro níveis de alfabetização, sendo apenas o nível 1 considerado inadequado pelo MEC. Alguns especialistas julgam que o nível 2 também não deveria ser considerado suficiente para declarar uma criança alfabetizada. Os dados mostram que ao fim do 3º ano do Fundamental, 22% dos alunos se encontram no nível 1; 34% no 2; 33% no 3 e apenas 11% no nível mais avançado. Portanto, os resultados ainda estão distantes da meta de alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o 3º ano.
Meta 6 - Educação em tempo integral
Apesar do crescimento significativo de 13,1 p.p. nos últimos 6 anos, em 2015, apenas 18,7% das matrículas eram em tempo integral e 52,5% das escolas ofertavam desse tipo. A meta prevê o envolvimento de 50% das escolas públicas e de, pelo menos, 25% dos alunos nessa modalidade. Ao analisar separadamente instituições municipais de estaduais, vê-se que as redes municipais, de forma geral, já atingiram a meta, enquanto as estaduais ainda encontram-se em 9,2% de atendimento. Vale dizer que se o Novo Ensino Médio for aprovado, a medida deve atender até 257.400 matrículas nos próximos 48 meses. Os anos finais da Educação Básica são os com piores índices de acesso à Educação integral. No ano passado, o Ensino Médio atendeu apenas 6,4% das matrículas com horário estendido, enquanto a Educação Infantil, 28,9%.
Meta 7 - Ideb
A meta determina fomentar a qualidade da Educação Básica de modo a atingir as médias nacionais estabelecidas para cada etapa de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os últimos dados divulgados apontam melhoria nos anos iniciais e estagnação no Ensino Médio, mas não são considerados no relatório de Monitoramento do PNE. Ainda assim, o Relatório evidencia a dificuldade de alcançar a média prevista para os anos finais do Fundamental e Médio.
Meta 8 - Escolaridade média da populaçãoPrevê a ampliação da escolaridade média de jovens na faixa etária de 18 a 29 anos de idade para alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo de forma equitativa entre grupos específicos, como, por exemplo, a população do campo e os 25% mais pobres. Em 2014, esse número era de 9,9 anos. Segundo o estudo, a tendência de ampliação do indicador manteve-se em 2014 e políticas como a Lei nº 12.711/2012, que prevê critérios sociais e raciais para o ingresso em universidades e no ensino técnico, auxiliam no alcance da meta.
Meta 9 - Erradicação do analfabetismo
O objetivo de ter 93,5% da população de 15 anos ou mais alfabetizada até 2015 não pôde ser medido no relatório, pois o último número apresentado é de 2014, em que 91,7% da população estava contemplada. De 2012 para 2013 houve o crescimento de 0,2 p.p., bem como no ano seguinte. Para atingir a meta, seria necessário um crescimento de 1,8 p.p. em 2015. Para 2024, o objetivo é mais ousado: erradicar o analfabetismo e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Esse último vem caindo bastante, mas ainda faltam 8,4 p.p. para chegar lá. Na avaliação do Inep, é necessário intensificar políticas públicas.
Meta 10 - Educação profissional na EJA
Em 2015, o número de matrículas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ensino Fundamental e Médio na forma integrada à Educação profissional era equivalente a 3%. Nos três anos anteriores, o percentual se manteve em 2,8%. A meta prevê a oferta de, pelo menos, 25% de matrículas nessa modalidade até 2024.
Meta 11 - Educação profissional no Ensino Médio
Propõe triplicar o número de 1.602.946 matrículas da Educação profissional técnica de nível médio, dado de 2013. Apesar de atingir 283.221 novas matrículas em 2014, no ano seguinte, o número caiu 59.878. Dessa forma, no período de 2016 a 2024 será preciso criar 2.982.549 novas vagas, o que representa um crescimento de 163,3% em relação ao observado em 2015.
Meta 12 - Educação Superior
2013 para 2014, a taxa bruta de matrículas no Ensino Superior subiu 1,8 p.p., atingindo 32,1%. A meta propõe a elevação desse número para 50%, além da taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a expansão no segmento público para, pelo menos, 40% de novas matrículas. O Inep considera que para cumprir o objetivo é preciso acelerar o ritmo de crescimento anual e que o desafio é maior nas regiões Norte e Nordeste. A taxa líquida, em 2014, atingiu 21,2% (crescimento de 1 p.p. em relação ao ano anterior) e a participação do segmento público na expansão de matrículas de graduação até 2014 representava 20,7% do crescimento total.
Meta 13 - Mestres e doutores na Educação Superior
Visa ampliar para 75% o percentual de docentes com mestrado ou doutorado na Educação Superior até o final da vigência do PNE, sendo 35% destes doutores. Em 2014, o Brasil já tinha alcançado 73,4% de mestres e doutores - esses últimos atingindo 35,5%. Este é o único indicador superado até agora no PNE. O Inep avalia que há muita disparidade quando se olha para os estados separadamente e coloca que as políticas educacionais devem levar em consideração a territorialidade.
Meta 14 - Pós-graduação stricto sensu
Até o ano de 2024, prevê-se o total de 60 mil títulos de mestrado e 25 mil de doutorado concedidos anualmente. Em 2014, os títulos estavam, respectivamente, em 51.527 (85,9% da meta) e 17.048 (68,2%). O órgão responsável pelo monitoramento analisa que observando a série histórica, há tendência de rápida expansão da pós-graduação stricto sensu no Brasil.
Meta 15 - Formação
No objetivo de assegurar a formação adequada de todos os docentes da Educação Básica, o país ainda está muito longe do índice estipulado. No ano de 2015, o número de professores com formação compatível à disciplina lecionada foi de 52,5%. O pior índice está relacionado aos que atuam na Educação Infantil. Apenas 44,6% deles possuem formação em Pedagogia. O índice mais avançado se dá no Ensino Médio, em que 56,6% dos docentes possuem licenciatura na disciplina que lecionam ou bacharelado na área e curso de complementação pedagógica.
Meta 16 - Pós-graduação na Educação Básica
Em 2015, 32,9% dos professores da Educação Básica tinham pós-graduação. Para 2024, prevê-se que 50% deles esteja nessa situação. Também ficou estabelecido garantir a formação continuada na área de atuação para todos. No ano passado, isso ocorreu com apenas 68,6% dos profissionais.
Meta 17 - Valorização docente
A razão entre o salário médio de professores da Educação Básica da rede pública e o de outros profissionais com escolaridade equivalente chegou a 81,6% em 2014. A meta prevê a equiparação até 2020 e, nos últimos 10 anos, o crescimento foi de 22,3 p.p.. A análise coloca que a equiparação depende de fatores como o cumprimento do piso salarial e condições macroeconômicas, como taxa de desemprego e de câmbio.
Meta 18 - Plano de carreira
Estabeleceu o prazo de dois anos para que todos os sistemas de ensino desenvolvam um plano de carreira para os profissionais da Educação pública. Até junho de 2016, quando a meta venceu, 64% dos municípios não haviam informado o status do seu Plano de Carreira e Remuneração (PCR), enquanto 22% declararam tê-lo e cumprir integralmente a Lei nº 11.738/08. 14% não possuem PCR ou possuem, mas não cumprem as exigências do piso nacional e/ou da jornada mínima em hora-atividade. A análise mostra que 20 estados e 3.538 municípios teriam que elaborar o plano ou adequá-lo às normas vigentes.
Meta 19 - Gestão democrática
O PNE visava efetivar a gestão democrática da Educação no prazo de dois anos. Em 2013, 45,6% dos diretores escolares assumiram o cargo por indicação. O percentual de escolhidos por meio de critérios técnicos de mérito e desempenho e de consulta pública à comunidade escolar foi de 12,2%, sendo mais centralizado nas redes estaduais e urbanas. No que diz respeito à formulação coletiva dos projetos político-pedagógicos (PPP), 89,1% das instituições afirmaram contar com algum tipo de discussão com a equipe escolar. Em relação à autonomia da gestão, 90% das escolas dizem contar com o apoio da comunidade.
Meta 20 - Ampliação do investimento financeiro
Aumentar o investimento em Educação pública para, no mínimo, 7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2019 e 10% até 2024. Em 2014, essa proporção era de 6%, aproximadamente 344 bilhões de reais. Considerando o PIB desse mesmo ano, para atingir os 7% previstos será necessário um investimento de aproximadamente 398 bilhões de reais, enquanto para os 10%, 569 bilhões de reais. Isso representa um total aproximado de 225 bilhões de reais a mais para o governo investir ao longo dos próximos nove anos. A análise do Inep não considera o que ocorrerá se a PEC 55 (antiga PEC 241), que limita os gastos para Educação, for aprovada. No entanto, especialistas e organizações como o Todos Pela Educação acreditam que a aprovação inviabilizaria o cumprimento desta meta e de outras que dependem do apoio financeiro e de infraestrutura da União para serem contempladas.
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