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segunda-feira, 6 de julho de 2015



Por que o aluno não aprende apesar de todo esforço do professor? 
Como explicar o fracasso escolar? 
Como ajudar aquele aluno que já repetiu a 1ª série várias vezes e ainda não aprendeu a ler?


Se por um lado temos alunos e suas possíveis dificuldades, por outro temos um contexto escolar que precisa ser alterado, ou seja, a escola precisa oferecer uma proposta mais estimulante para que a aprendizagem aconteça, favorecendo o avanço desses alunos.

Mas, como transformar esses alunos ditos fracassados em alunos motivados, ativos, produtivos, com um bom rendimento escolar? É um desafio para a escola e de modo especial para os educadores.

O aluno precisa ver sentido no que aprende na escola. Os conteúdos devem fazer parte da sua vivência, do seu cotidiano, da sua realidade. Deve haver uma ligação entre o que a escola “dita” e a realidade do aluno, caso contrário não terá significado algum.

Segundo Paulo Freire (1990, p.8) “aprender a ler e escrever é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.

Como uma criança pode ser alfabetizada num contexto escolar que exclui a realidade que ela vive? Da mesma forma: como aprender a matemática da escola sem que ela seja contextualizada, de modo que faça sentido para o aluno ou que ele entenda que é a mesma matemática que ele usa no seu cotidiano?

Terezinha Carraher, no seu livro “Na vida dez, na escola zero”(2001), destaca que, muitas vezes, os alunos não aprendem matemática na escola mas usam a matemática no seu dia-a-dia com sucesso. O livro analisa situações em que feirantes, cambistas, mestres-de-obras, entre outros, que pouco ou nunca freqüentaram a escola, conseguem desenvolver estratégias que os ajudem a resolver problemas matemáticos. Daí vem a conclusão de que existe um contraste entre a matemática de rua e a da escola, cabendo ao professor aproximar as duas, ou seja, sistematizar seus conteúdos de forma que o aluno compreenda, que ele perceba que a matemática não é um “bicho de sete cabeças”, mas faz parte do seu cotidiano, deixando de ser memorização de coisas sem sentido.

Não só na matemática mas em todas as outras disciplinas, o professor deve está preocupado em oferecer condições para que o aluno possa fazer um paralelo entre o que está aprendendo e a sua realidade e tal qual Rubem Alves(1981, p.89), desejar “criar condições para que cada indivíduo atualize todas as suas potencialidades”. E nosso aluno da Escola Pública tem um potencial muito grande. O que está faltando é que o educador acredite nas possibilidades de avanço desse aluno, estimulando, desenvolvendo o espírito de persistência, os sentimentos de confiança e autoestima, respeitando as diferenças individuais de cada aluno, oferecendo ferramentas para que o aluno possa ampliar sua visão do mundo e, consequentemente, possa participar da vida social e da construção de uma realidade que garanta uma melhoria de vida. Que desafio! E que responsabilidade a de fazer diferença na história de vida dos alunos.

Segundo Cláudia Davis(1991), no ambiente escolar a criança sofre uma transformação radical em sua forma de pensar. Antes de chegar à escola, os conhecimentos são assimilados de modo espontâneo, a partir da experiência direta da criança. Quando ela chega à escola, existe uma intenção prévia de organizar situações que propiciem o aprimoramento dos processos de pensamento e da própria capacidade de aprender. O papel do educador nesse processo é fundamental. Por isso é importante que ele conheça as teorias de aprendizagem e tenha uma posição clara e definida sobre sua prática pedagógica. No dia-a-dia de sala de aula ele planeja, direciona e avalia a sua ação. Comete alguns erros, reflete sobre eles e enfrenta a possibilidade de corrigi-los. E ao longo desse processo não só o aluno aprende e avança mas o próprio professor tem a oportunidade de melhorar sua prática pedagógica.

Não existem fórmulas prontas para vencermos as dificuldades de aprendizagem dos nossos alunos. Até porque essas dificuldades muitas vezes são um sintoma de que algo não vai bem e é tarefa do educador identificar o que não vai bem e ajudar o aluno a superar o problema. Mas, quando o educador pára no tempo, não se prepara, não busca uma melhor formação, quando ano após ano usa o mesmo planejamento para todas as suas turmas, não se envolve com o aluno e só se preocupa em “jogar” os conteúdos da sua disciplina, ele está empurrando seus alunos para o fracasso escolar. Mesmo o educador mais experiente precisa planejar e avaliar constantemente o seu trabalho, mas acima de tudo, ele deve ter consciência do seu papel, da sua importância como formador de opiniões e que seu trabalho não é somente um “ganha pão”, mas é uma verdadeira vocação. E ele estará no caminho para descobrir suas próprias estratégias para vencer as dificuldades de aprendizagem de seus alunos. Mas quando todas as estratégias falham, ele pode contar com o apoio do psicopedagogo que vai investigar as causas dessas dificuldades e trabalhar com o aluno com o objetivo de vencê-las.

Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo, Ed. Cortez, 1990.
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo. Ed. Cortez, 1981.
CARRAHER, Terezinha. Na vida dez, na escola zero. São Paulo. Ed. Cortez, 2001.
DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São Paulo, Ed. Cortez, 1991.

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