Para aprender
Escrito por Anna Veronica Mautner- Publicado em 20 Outubro 2014
Afinal, qual é a semelhança entre um mestre que orienta, um professor que ensina, um pai e um líder de uma nação? Todos ensinam a nos transformar, divulgam verdades e ensinam conhecimentos. Os homens que lideram a sociedade são detentores da palavra. As mulheres, nas mais variadas posições que ocupam no mundo moderno, nos ensinam a ser com base em hábitos, costumes e jeitos de viver o dia a dia. As mulheres constroem a partir do dia a dia vivido e a linhagem masculina conta essa história.
Sabemos e sempre soubemos que homens e mulheres desempenham papéis diferentes na construção da história da humanidade. Eu queria tentar destacar o papel das trocas no presente. É sobre elas que se institui a história e o futuro. O passado nós guardamos em outro patamar, em outro lugar. Olhando de perto, em detalhes, vemos que não só o homem e a mulher exercem funções bem diferentes no dia a dia da conservação da espécie como vão exercer funções diferentes ao contar a história que nos faz homens.
E onde fica a escola tal qual a conhecemos? A família transmite, por exemplo, as diferentes funções do gênero. Já a escola é geradora da consciência de ser, por meio da ampliação do vocabulário e, especialmente, do desenvolvimento do ato de duvidar. Resumindo, a escola tem a função de ensinar a duvidar, ao mesmo tempo em que ensina as respostas. É também sua função apontar a complexidade da vida e nos ensinar a resolver os conflitos dela. Isso vale tanto para as questões de números (aritmética, matemática, ciências) quanto para as de emprego de vocabulário. O professor, ao exercer suas funções em sala de aula, aponta tanto ideias quanto quantidades e , também, esperança e lembranças. Linguagem, aritmética, história e geografia.
E a ciência, onde fica? Cabe a ela desvendar tanto o que não é aparente quanto o visível e dar nome ao que compõe a natureza e o seu funcionamento. A natureza é cheia de nomes de coisas. A aritmética as quantifica sem parar e ensina a juntar, separar, ampliar, diminuir. Cabe à ciência examinar como tudo isso ocorre, como as coisas interagem e o que elas criam de novo. Cabe aos professores ter em mente que, independentemente da matéria que ensinem, estarão nomeando (ao ensinar) a si próprios e a tudo que está entorno de si mesmos.
De maneira muito simples, é isso o que ocorre desde a pré-escola até o fim da carreira acadêmica. Observamos, nomeamos, classificamos, descrevemos como cada item observado funciona e gera sem parar o mundo em que vivemos. A origem de tudo é o nome do objeto, do fato, da dinâmica. A escola dá nome a tudo que ocorre e foi descrito pelos homens no decorrer dos séculos e milênios. A escola nomeia, esclarece e ensina. A escola dá nome à transformação.
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