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terça-feira, 12 de maio de 2015

Qualquer pessoa, por mais simples que seja, percebe que o tempo humano não é feito de dias, horas, minutos com a mesma densidade; que é possível que um determinado momento ilumine uma vida inteira; que certos instantes são marcos que nos determinam, aqueles que para o bem ou para o mal, nunca esquecemos... Sabe bem disso, principalmente quem experimentou essa coisa tremenda que chamamos oportunidade perdida ( o beijo que não se deu, a conversa que não se teve, o não e o sim que não foram pronunciados... tanta coisa que faz a diferença entre uma vida intensamente vivida e um passar pela vida como quem está na janela vendo sempre o mesmo pedaço de rua).
Se há momentos diferentes, é preciso viver o tempo de forma diversificada. Quem tem muitas prioridades, não tem nenhuma; quem faz banquete todo dia, não sabe o que é mesmo um banquete... ou como dizia Saint Exupéry: na vida é preciso ter ritos – e rito é aquilo que faz com que um dia seja diferente do outro. Só quem trabalha sabe o valor do feriado.
Os gregos tinham em sua mitologia uma imagem muito sugestiva da oportunidade: era uma figura que passava sempre correndo e só podia ser agarrada pelos cabelos, mas tinha cabelos apenas na frente da cabeça, não atrás. Assim, os que quisessem agarrá-la tinham que se dar conta de sua presença antes que ela lhes virasse as costas. Parece que às vezes temos oportunidade desse tipo, mas temos que percebê-la antes que ela se vá. Precisamos estar preparados, aproveitar as chances para depois não se arrepender. Como o tempo não pára, é preciso caminhar, é para isso que temos pés. Mesmo que o caminho seja sofrido, por ele também passam pessoas bonitas, pessoas boas, pessoas que vão pra onde a gente também vai. A estrada cheia de pedras pode ter uma margem maravilhosa, com flores, árvores e sombra. Basta saber olhar. Velhos olhos podem ter um novo olhar.

Procópio Lamarca
(Filósofo, Sociólogo e Professor)

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