Alunos lentos e rápidos na mesma classe
A heterogeneidade das turmas é a grande marca da EJA, o que para nós, professores, é um grande desafio. Há dois perfis de estudantes que, quando estão juntos, são especialmente complicados para o docente. São eles o lento assíduo e o rápido faltoso. Veja se os exemplos a seguir são familiares a você:
Jaqueline* é uma aluna que já domina certos procedimentos escolares e tem facilidade para compreender as propostas do professor. Ela é sempre a primeira a terminar as tarefas e costuma fazer isso com competência. Por essa razão, frequentemente fica sem nada para fazer em sala, esperando que os colegas terminem as atividades. O ritmo mais lento dos demais irrita a estudante, que não tem paciência para trabalhar coletivamente e acaba assumindo uma postura individualista. É comum vê-la mexendo no celular ou em revistas que nada têm a ver com as atividades. Jaqueline falta muito às aulas, um padrão que se repete há alguns semestres.
Já Francisca* foi alfabetizada recentemente e ainda está se acostumando com o mundo letrado. A dificuldade com a leitura lhe traz problemas para compreender as propostas dadas. Apesar do ritmo lento, consegue executar as atividades e o desenvolvimento dela é visível ao longo do semestre. A aluna nunca falta às aulas e sempre interage com os colegas, pedindo ajuda quando não encontra caminhos e buscando contribuir nos pontos que domina.
Estudantes como Francisca e Jaqueline são comuns nas salas de aula e coexistem nas turmas de EJA. Então, como lidar com essa disparidade de perfis?
Em minha classe, tenho alunos muito parecidos com as descrições acima – embora não com os nomes citados. Em uma proposta de pesquisa, decidi colocá-los juntos em um mesmo grupo de trabalho, com a intenção de que um estudante aprendesse com o outro e as diferenças entre eles se compensassem. Porém, a estratégia não funcionou.
As faltas de “Jaqueline” desestabilizaram muito o grupo e, quando presente, ela buscava resolver todos os problemas sem consultar o que já havia sido feito. O ritmo lento de “Francisca”, por sua vez, acabou contribuindo para atrasar o trabalho. Apesar de ter conseguido realizar algumas tarefas e de seu desenvolvimento ser notado, ela não completou a pesquisa. Quando o grupo estava completo, era atropelada por “Jaqueline”.
Diante desse cenário, cabe refletir: é justo avaliar alguém como Jaqueline – que não participa de todas as aulas e interage pouco com os colegas, mas dá conta das propostas – negativamente? E pessoas como Francisca – que se esforçam, mas nem sempre atingem os objetivos–, devem receber sempre uma avaliação positiva?
Você, professor, já deve ter se deparado com situações semelhantes. Como se organiza para lidar com esses dois tipos de estudante? Fale sobre sua experiência nos comentários. No post da semana que vem, vou contar o que eu fiz para lidar com a questão na minha turma e como consegui superar o problema. Não deixe de acompanhar o final dessa história!
*Os nomes são fictícios.
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