Aprendizagem X Transtornos + Distúrbios + Dificuldades
É preciso levar em consideração primeiramente sobre os estudos diversos realizados sobre transtornos, distúrbios e dificuldades de aprendizagem que são apresentados para consulta em livros, revistas, internet e outros. Há várias tendências e até supostamente contradições quanto ao conceito dos fatores que conduzem ao baixo rendimento ou nenhum em relação à aprendizagem. Acredito que todos se assemelham, pois envolvem o cérebro e o sistema nervoso central, que são, com certeza, peças fundamentais para o desenvolvimento cognitvo, afetivo e social do sujeito. Quando há lesões no cérebro, há a interferência e o comprometimento para o aprendizado. Quando há o mau desenvolvimento do sistema nervoso central, há o mau desempenho para o aprendizado.
Penso que os problemas para o aprender, em suma são considerados transtornos = distúrbios = dificuldades.
2-Procure elencar e explicar diversos distúrbios de aprendizagem existentes, descrevendo as áreas atingidas por lesões cerebrais:
São inúmeros, mas é possível falar um pouco sobre os mais comuns:
A - O mais divulgado é a dislexia, pode ser causada por fatores que vão desde hereditariedade até alterações nos cromossomos 6 e 15, alterações nos hemisférios cerebrais, passando pela anoxia perinatal, que pode causar a dislexia.
Portanto é distúrbio grave que precisa de avaliação e tratamento multidisciplinar ou seja, envolvendo várias áreas e precisa deixar de ser banalizado como ocorre agora, quando qualquer indivíduo que troque letras pode ser diagnosticado como disléxico, sendo que a verdadeira dislexia não faz trocar letras. O cérebro do disléxico não identifica nem codifica os sinais gráficos que caracterizam as letras, portanto seu cérebro sequer sabe o que vem a ser letra, por isso tanta dificuldade na aquisição da leitura e escrita.
B- Disgrafia: É a dificuldade ou ausência na aquisição da escrita. O indivíduo fala, lê, mas não consegue transmitir informações visuais ao sistema motor, resumindo lê, mas não escreve, além de ter graves problemas motores e de equilíbrio. Na maioria dos casos, está ligado a distúrbios neurológicos.
C- Desordem de déficit de atenção: Geralmente não tem ligação com disfunções neurológicas e não deve ser confundida com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, este deve ser tratado pela psiquiatria. O DDA caracteriza-se por baixo desempenho escolar, deficiência ou ausência de memória ou ainda tendo aprendizado satisfatório, o indivíduo pode ser disperso, desatento, meio alienado ou alternando hiperatividade com alienação. O Transtorno difere-se porque o indivíduo está hiperativo 24 horas por dia. O tratamento, entre outras atividades, inclui jogos de memória, xadrez, ditados aliados a objetos, nunca só auditivos. O tratamento clínico é multidisciplinar.
D- Discalculia: É distúrbio neurológico com causas diversas, que envolve o orgânico e psiconeurológico. Pode ser causada pelos fatores já descritos e caracteriza-se pela dificuldade ou incapacidade para reconhecer e codificar sinais numéricos/geométricos e total inabilidade para quaisquer cálculos matemáticos. Neste caso, é preciso distinguir o distúrbio das falhas do ensino, pois os métodos usados pela maioria das escolas é totalmente ultrapassado e ineficaz.
E- Limitrofia: Anomalia do sistema nervoso causada por anoxia perinatal ou síndromes não identificadas. Caracteriza-se por dificuldades de concentração, falta de equilíbrio e/ou coordenação motora, problemas de articulação para fala e dificuldades na aquisição de leitura. Há também uma certa alienação, por vezes o indivíduo parece se bastar a si mesmo, não se relaciona com colegas, brinca sozinho e tem dificuldades em expressar-se.
F- Existe um distúrbio pouco citado e estudado que é a hiperlexia, contrário da dislexia: Crianças com aprendizado acelerado de leitura/escrita, podem até se auto alfabetizar e tornarem-se auto didatas, com excelente memória e capacidade para cálculos complicados. No entanto, quase sempre são hiperativas, têm dificuldades de relacionamentos, abandonam a escola tradicional muito cedo por não adaptarem-se aos métodos usados, têm mais facilidade no aprendizado cinestésico (experimentação) e apresentam impaciência, impulsividade, agressividade, incapacidade para prestar atenção a qualquer ensinamento. Ao contrário do que os pais imaginam, terem produzido um gênio, devem conscientizar-se de que este tipo de criança precisa de tratamento tanto quanto a criança disléxica.
G- Afasia é perda parcial ou total da capacidade de linguagem, de causa neurológica central decorrentes de AVC(Acidente Vascular Central), lesões nas áreas da fala e linguagem. Só se tem afasia quando há comprometimento do hemisfério cerebral esquerdo,pois a área da linguagem encontra-se somente no lado esquerdo. Afasia motora de Brockat (não consegue falar porém escreve).Afasia de compreensão (consegue falar a palavra mas não lhe atribui um sentido, um significado).Afasia de expressão de Wernes (a palavra está no registro mas não consegue articulá-la).
H- Dadilalia é fala muito lenta. Apresenta-se em quadros funcionais do Sistema Nervoso, associados à deficiência mental ou a quadros de distúrbio funcional sem deficiência (nas dificuldades de desenvolvimento – hiperatividade).
I- Disfasia é fala atrapalhada, onde o ritmo é prejudicado. O fonema é pronunciado de forma truncada, sem compreender o sentido.
J- Dislalia é a troca de letras, mas entende-se o sentido.
L- Anusia é o distúrbio funcional entre o equilíbrio do sistema piramidal que localiza-se no lobo temporal com os núcleos da base(audição e cerebelo). Tem dificuldade em adquirir ritmo, tendo com isso dificuldade na aquisição da leitura
Descreva as áreas atingidas por lesões cerebrais que prejudicam a aprendizagem:
As áreas atingidas por lesões cerebrais que prejudicam a aprendizagem referem-se às áreas dos lobos frontais, temporais, parietais e occipitais. Nos últimos 10 anos cresceu muito o interesse pelas funções do lobo frontal. É nesta parte do cérebro que se encontra a diferença entre os seres humanos e seus antepassados na evolução. Apesar de serem as maiores partes do cérebro humano, o lobo frontal direito e esquerdo é também um local misterioso e desconhecido até recentemente. Agora se sabe que é no lobo frontal que se situam as habilidades humanas mais complexas, como o planejamento de ações seqüenciais, a padronização de comportamentos sociais e motores, parte do comportamento automático emocional e da memória.O pensamento abstrato também fica no lobo frontal.Os lobos frontais que amadurecem mais lentamente podem provocar alterações tanto à memória como às funções de planejamento.Quando os hemisférios direito e esquerdo do cérebro são cotejados com a recuperação de pacientes lesados na infância, há considerações importantes a fazer. Por um lado, se sabe que um paciente com uma lesão do hemisfério esquerdo, responsável pela linguagem, pode compensar suas perdas lingüísticas por intermédio do hemisfério direito. A plasticidade funcional acarreta esta recuperação. Apesar desta compensação no plano lingüístico, o paciente poderá a apresentar problemas de ordem espacial. A explicação para este fato é que, ao compensar a função da linguagem, o hemisfério direito, responsável pelas relações espaciais, não apresentará mais condições de bem desempenha-las, uma vez que se ocupou de outras tarefas. Diferentemente das outras regiões do cérebro,os lobos frontais impressionam pela complexidade de sua anatomia. Ocupando mais de um terço do córtex cerebral humano, apresentam diversas unidades anatômicas que mantêm conexões distintas com todas as regiões corticais e subcorticais do sistema nervoso, bem como relações de reciprocidade entre estas regiões. Algumas destas conexões se dão com outras estruturas do neocórtex através de aferências e eferências das áreas associativas dos lobos temporais, parietais e occipitais, sobretudo com as áreas de convergência multimodal. Há também conexões com a região pré-motora e dessa forma, com o córtex motor. Encontram-se, também conexões de grande importância com o córtex límbico do giro do ângulo e com as estruturas subcorticais límbicas e motoras. Além das conexões subcorticais com o hipotálamo, amígdala, hipocampo, tálamo e outras regiões, os lobos frontais recebem projeções do córtex visual, auditivo, sômato-sensorial e olfatório. Destacam-se também as projeções intracorticais do lobo frontal. Assim, a função frontal representa um papel de integração da atividade mental, bem como do controle da atenção. Está envolvida com o planejamento e com as habilidades sociais, o que é facilmente percebido nas lesões desta área, as quais se associam, muito freqüentemente, a comportamentos despidos de responsabilidade e socialmente grosseiros. Atualmente a integração frontal com outras partes do cérebro tem sido mais pesquisada sob outros ângulos. Lockwood revela que as funções cognitivas específicas e de alto nível, revelam, genericamente falando: compreensão e pensamento, são geralmente atribuídas aos lobos temporais e parietais, uma vez que o hemisfério esquerdo, especialmente certas regiões da fronteira têmporo-parietal, é tido como responsável pela linguagem. Por sua vez, as áreas correspondentes no hemisfério direito parecem principalmente relacionadas às tarefas visuais e viso-espaciais.
O professor necessita ter uma atuação frente a um aluno diferente. Quais deveriam ser suas ações?
As ações de um professor frente a um aluno diferente poderiam ser:
Ø respeitar as dificuldades do aluno e seu ritmo de aprendizagem;
Ø evitar expor a criança aos demais colegas em situações de competição, encenações,
leitura ou escrita, quando este apresentar dificuldade para ler ou escrever;
Ø evitar comparações com os alunos que não apresentam dificuldades para aprender;
Ø evitar que os alunos ou o próprio professor criem rótulos, conforme a dificuldade do aluno;
Ø conversar muito com o aluno e expor que toda dificuldade apresentada pode ser superada e que ele, professor, está para auxiliá-lo durante todo as aulas;
Ø valorizar o que o aluno sabe para elevar a sua auto-estima e acreditar que pode aprender;
Ø apresentar vários estímulos para que o aluno encontre o melhor caminho para o seu aprendizado;
Ø variar as técnicas usando muito criatividade(a didática) para ensinar o aluno;
Ø observar muito o aluno em sala;
Ø solicitar encaminhamento aos pais ou aos especialistas da escola (orientador,supervisor) para outros profissionais que forem necessários;
Ø estar em contato constante com os pais;
Ø amar o que faz para criar vínculo positivo com o aluno.
A família deve desempenhar um papel junto ao sujeito que apresenta distúrbio ou dificuldade de aprendizagem. Qual deverá ser ele?
Uma atitude bastante positiva é integrar-se à vida escolar da criança, acompanhando as lições de casa, atividades, aliás esta deve ser a atitude correta de qualquer pai ou mãe, independente de apresentarem distúrbios. E sempre deixando claro que também tiveram dificuldades quando pequenos, que ninguém nasce sabendo e que, com um pouco de esforço, é possível acompanhar os ensinamentos na escola e na vida. A família deve ainda dar atenção ao indivíduo com distúrbio sem sufocá-lo, sem esquecer-se de outros membros da família. Viver em comunhão de forma que todos apóiem todos e nunca tratando o indivíduo com distúrbio de aprendizagem como se fosse um deficiente inútil, primeiro porque estes distúrbios não são impedimentos para uma vida normal, segundo porque nem os deficientes graves devem ser tratados como inúteis. Cabe à família integrar o indivíduo ao máximo dentro e fora de casa, pois é um indivíduo normal, apenas tem dificuldade em um ou outro segmento da aprendizagem. Ao invés de se lamentar, a melhor forma de administrar é incentiva-lo às artes e esportes que, além de auxiliá-lo no desenvolvimento de coordenação motora e no aprendizado de forma geral, ainda abrirão possibilidades de carreiras.
(...) Os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem as causas físicas ou psicológicas, nem análise das conjunturas sociais. É preciso compreedê-los a partir de um enfoque multidimensional que almagame fatores orgânicos cognitivos, afetivos, sociais, tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem
inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.
Acredito que há uma chance para todos enquanto seres humanos. Acredito que aonde há vida, há uma uma razão para existir.
Acredito que independente de fatores intrínsicos ou extrínsicos ao ser humano, há uma chance de vida, há o que fazer, o que aprender para si mesmo e para compartilhar com o outro. Vivemos em sociedade. Vivemos com diferenças. Vivemos com a certeza que todos sabemos algo e que podemos fazer algo bem feito. Acredito que a educação deve sempre investir em seus profissionais para auxiliar no desenvolvimento e crescimento do aluno e que possa possibilitar cada vez mais o seu próprio aprendizado com prazer, com descoberta, com motivação, com superação e que vale a pena acreditar em si e no outro. Que pode-se construir um caminho mais ampliado de recursos e de muita vontade para viver de bem consigo mesmo e com o outro. Que se pode encontrar alternativas para quem ensina e para quem aprende, fazer da escola um lugar de prazer em aprender e viver, que a vida sempre nos leva a aprender, com ou sem problemas. E ressalto que as palavras abaixo descritas formam uma bela mensagem para cada um de nós e é uma bela resposta para o questionamento acima:
"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do resto do universo que o cerca - uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência, moldado pela cultura. E essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Poderá ser que ninguém consiga atingir plenamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior". (Albert Einstein)
(Trabalho Acadêmico em Psicopedagogia)
Rosangela Lucineia Scheuer
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