Produção Textual na alfabetização II
Como motivar a produção de texto mesmo na fase inicial da alfabetização?
Complementando a reflexão sugerida no último “post”, compartilho com vocês, meus preciosos leitores, sugestão de prática pedagógica baseada na Epilinguística (não se assustem com o nome! rs...), proposta pelo Grupo de Pesquisa e Formação de Professores, já citado em outros “posts” – O PROFA. Degustem, e bom apetite, assim como eu tive.
Reescrita de textos, de narrativas - Esta é uma boa atividade, porque se o aluno ouviu a história e tem a possibilidade de recontá-la e depois reescrevê-la ele terá que escrever, na verdade, uma nova história, pois no recontar e reescrever o aluno apresenta os aspectos que ele considerou mais importantes na narrativa, e além do mais terá que ajustar o que se fala, produz, com a escrita. São vários os desafios para um aluno neste tipo de atividade.
Mas infelizmente vemos no cotidiano escolar poucas atividades assim, alguns profissionais utilizam a história para escrever apenas palavras-chaves, outros para corrigir ortografia, mas pouco se viu intervenções para trabalhar a coesão e coerência textual, até porque boa parte dos professores acham que são atividades demoradas, que os alunos não estão acostumados, ou os alunos ainda não dominam o sistema de escrita, então não conseguem escrever o texto, (já vimos que isso não procede) e com isso há pouco investimento nestas atividades e com certeza uma grande perda para os alunos, pois é uma boa atividade para o professor revisar estes textos com os alunos e ajudá-los, cada vez mais.
Mas este tipo de atividade foi encontrada apenas em salas com alunos já alfabéticos. E o ideal seria realizá-la também com alunos não alfabéticos, tendo o professor como escriba ou os próprios alunos produzirem o texto em duplas ou trios, mesmo de forma não convencional.
Como sugestão diríamos para os professores investirem mais nesse tipo de atividade, mas vale a pena menos atividades e bem produtivas, do que muitas atividades e que, as vezes, pouco contribuem com o saber dos alunos, mais ainda que o professor seja, o escriba desses alunos, principalmente com alunos não alfabetizados.
Lembrando que o professor é modelo para o aluno, então da forma que o professor for escrevendo o que os alunos ditam e depois, ou mesmo durante a produção, ir fazendo as intervenções em relação ao texto (e não a ortografia) os alunos ficarão cada vez mais familiarizados com a produção destes referidos textos, e também eles mesmos escreverem, mesmo de forma não convencional, a ênfase aqui é no texto, nas idéias e estas precisam ter sentido para o aluno e principalmente utilizar-se da língua para comunicar-se e forma culta. Produção de textos a partir de gravuras - Esta é uma das atividades mais comuns nas escolas, esta atividade, a pesar de ser tão usada, tem aspectos que consideramos positivo e outros não.
Imagine você receber uma gravura, observá-la e ter que produzir um texto. Aí começam as dificuldades dos alunos, escrever o quê? Que historia “inventar” para a professora ler? Não é fácil, como se parece. E isso é tão óbvio quando se pede para professores realizarem este tipo de atividade, muitos dizem: ”Estou sem inspiração!”, “Não gostei da gravura!”etc. então pergunto por que cobrar dos alunos algo que nem os próprios professores gostam de fazer? Em que produzir um texto sem entusiasmo, e às vezes sem sentido, poderá ajudar na formação de alunos letrados?
Muitas vezes quando pegamos esse tipo de atividade nos deparamos com pequenas produções de textos, apresentando apenas o óbvio da gravura. Agora quando a proposta da atividade é a partir de uma seqüência de gravuras, ou uma história em quadrinhos é melhor, o aluno tem um certo subsidio para escrever.
Mas mesmo assim devemos analisar os seguintes aspectos: tem um interlocutor, qual o objetivo da atividade, é uma atividade seqüenciada, é um projeto? Precisamos pensar nessas questões. Como sugestão eu diria o seguinte: trabalhar a partir de gravuras seqüenciadas ou história em quadrinhos.
O professor poderia denominar a semana desse tipo de texto, e comentar isso com os alunos, o objetivo deve ser partilhado com os principais interessados, para que o aluno possa escrever, apresentar seu texto, o professor escolher alguns e revisar de forma coletiva, ( e isso é fundamental para se formar um aluno bom produtor de texto), montar um varal na sala, ou uma coletânea, colocar numa pasta...etc.
O que não deve ser feito é uma vez por semana colocar uma gravura na mesa do aluno e pedir que ele produza um texto, tirá-lo do nada e depois levar o texto para casa e fazer as correções e entregar para o aluno no dia seguinte. Isso com certeza não ajuda a formar alunos letrados; Nas salas de alunos que não escrevem alfabeticamente quase não encontramos atividades assim, a preocupação maior dos professores é a escrita alfabética, e os textos são deixados um pouco de lado. E isso é prejudicial para o letramento do aluno.
Ilustração de histórias - Ilustrar historia é importante para o aluno, sem dúvida nenhuma, mas não pode substituir uma produção de texto. São competências diferentes; Às vezes o professor por achar que os alunos ainda não escrevem alfabeticamente então é melhor só solicitar que eles ilustrem as historias lidas, e acaba perdendo a oportunidade de recontar e reescrever essas historias.
Atividades de listas - Listas são textos compostos de palavras do mesmo campo semântico, isoladas entre si, são super importantes para o aluno aprender o sistema de escrita, tem função social, e é excelente também para diagnosticar as hipóteses de escrita dos alunos, mas quando se fala em produção de texto com coesão e coerência textual, as listas pouco contribuem.
Filmes - Os filmes que os professores geralmente levam para sala de aula são, na maioria, de historias universais, os contos principalmente. E nesse caso tem função semelhante a dos respectivos textos, item já mencionado neste trabalho; Textos com inicio e meio para que os alunos acrescentem o fim. Como nesse caso os alunos já leram as primeiras partes do texto fica mais fácil brincar de serem escritores e escreverem o final. Só voltamos a questionar a finalidade do trabalho; o objetivo didático e social desse texto.
Projetos - Dentro da modalidade organizativa os projetos didáticos dão sentido à leitura e escrita de textos, pois possibilita ao aluno estar durante vários dias, e até meses, em contato com o mesmo gênero textual, e assim conseqüentemente a aprendizagem será maior e mais significativa, pois terá a oportunidade de ouvir, ler, contar, recontar, reescrever e ate escrever os textos, dependendo da especificidade do projeto, e Principalmente terá um objetivo claro e compartilhado por todos da sala que é o produto final, ou seja, todas as atividades serão em prol desse produto final e da culminância do trabalho. Além de ter objetivos didáticos, tem também objetivos sociais, pois o produto final de um projeto é publico, e pode ser apresentado a comunidade escolar, aos pais e também a convidados da comunidade extra escolar.
O importante é escolher um gênero textual para cada projeto, de preferência no início, trabalhar com projetos mais curtos, um mês, dois ou três, porque se for muito longo corre-se o risco de perder a motivação. E também a culminância motiva os alunos para as atividades. Nas escolas que acompanhamos muitos professores já desenvolvem projetos didáticos, (na maioria das escolas são poucos projetos por ano) mas ainda é pouco, e a maioria desenvolve, mas faz pouco investimento em reescrita e revisão dos textos, principalmente de forma coletiva. E muitos a consideram uma atividade difícil e que demanda tempo.
Muitos professores de alunos não alfabéticos não trabalham com esta modalidade organizativa. É lamentável porque hoje temos muitos estudos que comprovam a necessidade de produção de texto desde a Educação Infantil e, portanto precisa haver um maior investimento nessa modalidade organizativa, e assim trabalhar com objetivos didáticos e sociais.
Bilhetes - este tipo de texto é bom, pois tem destinatário certo, o texto é claro, e possibilita ao aluno entrar em contato com texto socialmente reconhecido, portanto tem finalidade pedagógica e social. Poderia ser mais explorado nas séries iniciais, principalmente Alfabetização e 1ª série. Poderia também acrescentar as cartas.
Hoje, pelo uso do telefone, da internet, e principalmente do Messenger (mas não é a realidade da grande maioria dos alunos) pouco se usa cartas, mas é um excelente texto para se trabalhar com os alunos, pois tem o porquê escrever, para quem e quem escreve. Este texto esta sendo deixado de lado e perde-se uma ótima oportunidade de se trabalhar com os alunos em prol da formação de alunos alfabetizados e letrados. Agora o que não pode acontecer é escrever apenas uma carta um dia na escola, e pronto, dar por encerrado o trabalho com esse gênero.
Elabore projetos, faça intercambio com outras salas, ou ate mesmo outras escolas, façam parcerias com Universidades, curso de Letras, Pedagogia, principalmente, para se corresponderem, demonstre para os alunos a importância de se corresponder e de escrever de forma clara e de forma convencional, pois terá um leitor real, assim o trabalho de produção e revisão tem objetivos claros e, portanto, são realizados com mais interesse pelos alunos.
Convites - foi a atividade que menos encontramos, a maioria dos convites entregues pelas escolas são organizados pela secretaria ou coordenação pedagógica e não em sala pelos alunos. E com isso perde-se mais uma oportunidade de produzir textos socialmente reconhecidos. Como sugestão poderia produzir o texto em sala e se quiser mandar digitado, ou datilografado, como a maioria das escolas faz, passariam o texto produzido pelos alunos juntamente com os professor para a secretaria somente digitar.
Você já pensou no entusiasmo dos alunos chegarem em casa e dizer para a mãe ou pai, “olha esse convite que você esta recebendo foi produzido pela nossa turma e a escola somente digitou”; Estas foram as atividades que mais apareceram na pesquisa. Lembrando mais uma vez que esta análise é somente de sala de Alfabetização e 1ª e 2ª série do Ensino Fundamental.
O que podemos concluir com este trabalho é que a maioria das atividades em sala de aula é voltada para a escrita alfabética dos alunos, deixando para depois a produção e revisão de textos e que o trabalho com a língua que se usa para escrever textos socialmente reconhecidos ainda é pouco nas escolas e conseqüentemente as escolas acabam atrasando, ou ate dificultando, a formação de alunos letrados.
Se houver um maior investimento nessas atividades de produção de texto, tendo o professor ou outra pessoa escolarizada para grafá-lo, com certeza nossos alunos sairão das séries iniciais bem mais preparados, pois há um grande investimento em escrita alfabética, interpretação de textos, gramática e pouco em produção e revisão de textos. (não que as outras não sejam importantes). Se o aluno não aprender a produzir e revisar seus próprios textos torna difícil a inclusão desse aluno no mundo letrado.
A concepção de aprendizagem do professor é um dos principais obstáculos nesta proposta, pois se o professor compreende que o aluno primeiro precisa dominar o sistema alfabético (letras, silabas e frases para depois chegar aos textos) automaticamente o aluno só produzirá textos depois de estar alfabetizado, e a maioria dos alunos chega a esta escrita somente no final da 1ª série.
E corre-se o grande risco de produzir textos com um “amontoado” de frases isoladas e depois para superar estas dificuldades é preciso um grande investimento nas séries futuras e corre-se o risco de não ter este investimento e o aluno ficar prejudicado, atrasando o processo de letramento.
Outro questionamento que fazemos é em relação à formação de nossos professores, pois a maioria dos profissionais veio de uma escola onde pouco se oportunizou a produção e revisão de textos, a maioria recebia as “redações” corrigidas pelo professor e pronto, o trabalho coletivo de revisão quase nunca acontecia, e com isso, muitos se sentem inseguros, às vezes, em fazer tais revisões.
Aspectos como o que revisar e como revisar, o que precisa ser modificado no texto do aluno para ele não perder a originalidade e ficar mais claro, mais liso para ler? A partir deste estudo podemos concluir que para que o processo de alfabetização e letramento esteja presente na prática pedagógica dos professores é preciso continuar com um bom investimento em formação continuada e especialmente um “novo olhar” nas atividades de produção de texto propostas em sala de aula para os alunos, tanto para aqueles alunos que já dominam o sistema alfabético quanto com aqueles que ainda não a dominam e estão em hipóteses de escrita anteriores.
Se queremos formar alunos alfabetizados e letrados não podemos ignorar o trabalho de produção e revisão de textos socialmente reconhecidos. E isso é um trabalho que já se faz muito tardio, portanto precisamos levantar esta “bandeira” e procurar ampliar a competência de produção de texto de nosso alunos.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA: BRASIL/Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria do Ensino Fundamental/MEC, 1997. BRASIL/Ministério da Educação. Coletânea de textos do Professor - Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 2001. FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médias, 1988. LENER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. RIBEIRO,Vera Mazagão (org.) Letramento no Brasil. São Paulo: Global, Instituto Paulo Montenegro/Ação Educativa, 2003. SMITH, Frank. Leitura Significativa. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999. SOLIGO Rosaura. Variações sobre o mesmo tema: letramento-e-alfabetização. Brasília, 10p. Trabalho não publicado.
Mas infelizmente vemos no cotidiano escolar poucas atividades assim, alguns profissionais utilizam a história para escrever apenas palavras-chaves, outros para corrigir ortografia, mas pouco se viu intervenções para trabalhar a coesão e coerência textual, até porque boa parte dos professores acham que são atividades demoradas, que os alunos não estão acostumados, ou os alunos ainda não dominam o sistema de escrita, então não conseguem escrever o texto, (já vimos que isso não procede) e com isso há pouco investimento nestas atividades e com certeza uma grande perda para os alunos, pois é uma boa atividade para o professor revisar estes textos com os alunos e ajudá-los, cada vez mais.
Mas este tipo de atividade foi encontrada apenas em salas com alunos já alfabéticos. E o ideal seria realizá-la também com alunos não alfabéticos, tendo o professor como escriba ou os próprios alunos produzirem o texto em duplas ou trios, mesmo de forma não convencional.
Como sugestão diríamos para os professores investirem mais nesse tipo de atividade, mas vale a pena menos atividades e bem produtivas, do que muitas atividades e que, as vezes, pouco contribuem com o saber dos alunos, mais ainda que o professor seja, o escriba desses alunos, principalmente com alunos não alfabetizados.
Lembrando que o professor é modelo para o aluno, então da forma que o professor for escrevendo o que os alunos ditam e depois, ou mesmo durante a produção, ir fazendo as intervenções em relação ao texto (e não a ortografia) os alunos ficarão cada vez mais familiarizados com a produção destes referidos textos, e também eles mesmos escreverem, mesmo de forma não convencional, a ênfase aqui é no texto, nas idéias e estas precisam ter sentido para o aluno e principalmente utilizar-se da língua para comunicar-se e forma culta. Produção de textos a partir de gravuras - Esta é uma das atividades mais comuns nas escolas, esta atividade, a pesar de ser tão usada, tem aspectos que consideramos positivo e outros não.
Imagine você receber uma gravura, observá-la e ter que produzir um texto. Aí começam as dificuldades dos alunos, escrever o quê? Que historia “inventar” para a professora ler? Não é fácil, como se parece. E isso é tão óbvio quando se pede para professores realizarem este tipo de atividade, muitos dizem: ”Estou sem inspiração!”, “Não gostei da gravura!”etc. então pergunto por que cobrar dos alunos algo que nem os próprios professores gostam de fazer? Em que produzir um texto sem entusiasmo, e às vezes sem sentido, poderá ajudar na formação de alunos letrados?
Muitas vezes quando pegamos esse tipo de atividade nos deparamos com pequenas produções de textos, apresentando apenas o óbvio da gravura. Agora quando a proposta da atividade é a partir de uma seqüência de gravuras, ou uma história em quadrinhos é melhor, o aluno tem um certo subsidio para escrever.
Mas mesmo assim devemos analisar os seguintes aspectos: tem um interlocutor, qual o objetivo da atividade, é uma atividade seqüenciada, é um projeto? Precisamos pensar nessas questões. Como sugestão eu diria o seguinte: trabalhar a partir de gravuras seqüenciadas ou história em quadrinhos.
O professor poderia denominar a semana desse tipo de texto, e comentar isso com os alunos, o objetivo deve ser partilhado com os principais interessados, para que o aluno possa escrever, apresentar seu texto, o professor escolher alguns e revisar de forma coletiva, ( e isso é fundamental para se formar um aluno bom produtor de texto), montar um varal na sala, ou uma coletânea, colocar numa pasta...etc.
O que não deve ser feito é uma vez por semana colocar uma gravura na mesa do aluno e pedir que ele produza um texto, tirá-lo do nada e depois levar o texto para casa e fazer as correções e entregar para o aluno no dia seguinte. Isso com certeza não ajuda a formar alunos letrados; Nas salas de alunos que não escrevem alfabeticamente quase não encontramos atividades assim, a preocupação maior dos professores é a escrita alfabética, e os textos são deixados um pouco de lado. E isso é prejudicial para o letramento do aluno.
Ilustração de histórias - Ilustrar historia é importante para o aluno, sem dúvida nenhuma, mas não pode substituir uma produção de texto. São competências diferentes; Às vezes o professor por achar que os alunos ainda não escrevem alfabeticamente então é melhor só solicitar que eles ilustrem as historias lidas, e acaba perdendo a oportunidade de recontar e reescrever essas historias.
Atividades de listas - Listas são textos compostos de palavras do mesmo campo semântico, isoladas entre si, são super importantes para o aluno aprender o sistema de escrita, tem função social, e é excelente também para diagnosticar as hipóteses de escrita dos alunos, mas quando se fala em produção de texto com coesão e coerência textual, as listas pouco contribuem.
Filmes - Os filmes que os professores geralmente levam para sala de aula são, na maioria, de historias universais, os contos principalmente. E nesse caso tem função semelhante a dos respectivos textos, item já mencionado neste trabalho; Textos com inicio e meio para que os alunos acrescentem o fim. Como nesse caso os alunos já leram as primeiras partes do texto fica mais fácil brincar de serem escritores e escreverem o final. Só voltamos a questionar a finalidade do trabalho; o objetivo didático e social desse texto.
Projetos - Dentro da modalidade organizativa os projetos didáticos dão sentido à leitura e escrita de textos, pois possibilita ao aluno estar durante vários dias, e até meses, em contato com o mesmo gênero textual, e assim conseqüentemente a aprendizagem será maior e mais significativa, pois terá a oportunidade de ouvir, ler, contar, recontar, reescrever e ate escrever os textos, dependendo da especificidade do projeto, e Principalmente terá um objetivo claro e compartilhado por todos da sala que é o produto final, ou seja, todas as atividades serão em prol desse produto final e da culminância do trabalho. Além de ter objetivos didáticos, tem também objetivos sociais, pois o produto final de um projeto é publico, e pode ser apresentado a comunidade escolar, aos pais e também a convidados da comunidade extra escolar.
O importante é escolher um gênero textual para cada projeto, de preferência no início, trabalhar com projetos mais curtos, um mês, dois ou três, porque se for muito longo corre-se o risco de perder a motivação. E também a culminância motiva os alunos para as atividades. Nas escolas que acompanhamos muitos professores já desenvolvem projetos didáticos, (na maioria das escolas são poucos projetos por ano) mas ainda é pouco, e a maioria desenvolve, mas faz pouco investimento em reescrita e revisão dos textos, principalmente de forma coletiva. E muitos a consideram uma atividade difícil e que demanda tempo.
Muitos professores de alunos não alfabéticos não trabalham com esta modalidade organizativa. É lamentável porque hoje temos muitos estudos que comprovam a necessidade de produção de texto desde a Educação Infantil e, portanto precisa haver um maior investimento nessa modalidade organizativa, e assim trabalhar com objetivos didáticos e sociais.
Bilhetes - este tipo de texto é bom, pois tem destinatário certo, o texto é claro, e possibilita ao aluno entrar em contato com texto socialmente reconhecido, portanto tem finalidade pedagógica e social. Poderia ser mais explorado nas séries iniciais, principalmente Alfabetização e 1ª série. Poderia também acrescentar as cartas.
Hoje, pelo uso do telefone, da internet, e principalmente do Messenger (mas não é a realidade da grande maioria dos alunos) pouco se usa cartas, mas é um excelente texto para se trabalhar com os alunos, pois tem o porquê escrever, para quem e quem escreve. Este texto esta sendo deixado de lado e perde-se uma ótima oportunidade de se trabalhar com os alunos em prol da formação de alunos alfabetizados e letrados. Agora o que não pode acontecer é escrever apenas uma carta um dia na escola, e pronto, dar por encerrado o trabalho com esse gênero.
Elabore projetos, faça intercambio com outras salas, ou ate mesmo outras escolas, façam parcerias com Universidades, curso de Letras, Pedagogia, principalmente, para se corresponderem, demonstre para os alunos a importância de se corresponder e de escrever de forma clara e de forma convencional, pois terá um leitor real, assim o trabalho de produção e revisão tem objetivos claros e, portanto, são realizados com mais interesse pelos alunos.
Convites - foi a atividade que menos encontramos, a maioria dos convites entregues pelas escolas são organizados pela secretaria ou coordenação pedagógica e não em sala pelos alunos. E com isso perde-se mais uma oportunidade de produzir textos socialmente reconhecidos. Como sugestão poderia produzir o texto em sala e se quiser mandar digitado, ou datilografado, como a maioria das escolas faz, passariam o texto produzido pelos alunos juntamente com os professor para a secretaria somente digitar.
Você já pensou no entusiasmo dos alunos chegarem em casa e dizer para a mãe ou pai, “olha esse convite que você esta recebendo foi produzido pela nossa turma e a escola somente digitou”; Estas foram as atividades que mais apareceram na pesquisa. Lembrando mais uma vez que esta análise é somente de sala de Alfabetização e 1ª e 2ª série do Ensino Fundamental.
O que podemos concluir com este trabalho é que a maioria das atividades em sala de aula é voltada para a escrita alfabética dos alunos, deixando para depois a produção e revisão de textos e que o trabalho com a língua que se usa para escrever textos socialmente reconhecidos ainda é pouco nas escolas e conseqüentemente as escolas acabam atrasando, ou ate dificultando, a formação de alunos letrados.
Se houver um maior investimento nessas atividades de produção de texto, tendo o professor ou outra pessoa escolarizada para grafá-lo, com certeza nossos alunos sairão das séries iniciais bem mais preparados, pois há um grande investimento em escrita alfabética, interpretação de textos, gramática e pouco em produção e revisão de textos. (não que as outras não sejam importantes). Se o aluno não aprender a produzir e revisar seus próprios textos torna difícil a inclusão desse aluno no mundo letrado.
A concepção de aprendizagem do professor é um dos principais obstáculos nesta proposta, pois se o professor compreende que o aluno primeiro precisa dominar o sistema alfabético (letras, silabas e frases para depois chegar aos textos) automaticamente o aluno só produzirá textos depois de estar alfabetizado, e a maioria dos alunos chega a esta escrita somente no final da 1ª série.
E corre-se o grande risco de produzir textos com um “amontoado” de frases isoladas e depois para superar estas dificuldades é preciso um grande investimento nas séries futuras e corre-se o risco de não ter este investimento e o aluno ficar prejudicado, atrasando o processo de letramento.
Outro questionamento que fazemos é em relação à formação de nossos professores, pois a maioria dos profissionais veio de uma escola onde pouco se oportunizou a produção e revisão de textos, a maioria recebia as “redações” corrigidas pelo professor e pronto, o trabalho coletivo de revisão quase nunca acontecia, e com isso, muitos se sentem inseguros, às vezes, em fazer tais revisões.
Aspectos como o que revisar e como revisar, o que precisa ser modificado no texto do aluno para ele não perder a originalidade e ficar mais claro, mais liso para ler? A partir deste estudo podemos concluir que para que o processo de alfabetização e letramento esteja presente na prática pedagógica dos professores é preciso continuar com um bom investimento em formação continuada e especialmente um “novo olhar” nas atividades de produção de texto propostas em sala de aula para os alunos, tanto para aqueles alunos que já dominam o sistema alfabético quanto com aqueles que ainda não a dominam e estão em hipóteses de escrita anteriores.
Se queremos formar alunos alfabetizados e letrados não podemos ignorar o trabalho de produção e revisão de textos socialmente reconhecidos. E isso é um trabalho que já se faz muito tardio, portanto precisamos levantar esta “bandeira” e procurar ampliar a competência de produção de texto de nosso alunos.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA: BRASIL/Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria do Ensino Fundamental/MEC, 1997. BRASIL/Ministério da Educação. Coletânea de textos do Professor - Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 2001. FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médias, 1988. LENER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002. RIBEIRO,Vera Mazagão (org.) Letramento no Brasil. São Paulo: Global, Instituto Paulo Montenegro/Ação Educativa, 2003. SMITH, Frank. Leitura Significativa. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999. SOLIGO Rosaura. Variações sobre o mesmo tema: letramento-e-alfabetização. Brasília, 10p. Trabalho não publicado.
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