OFICINA DE POESIA
O trabalho com textos poéticos busca criar condições para a ampliação dos conhecimentos prévios, lingüísticos e pragmáticos, necessários para leitura e compreensão de textos literários.
O trabalho com poesias tem por objetivos:
DESCOBRIR o gosto pelas obras poéticas;
AMPLIAR os conhecimentos sobre poema e poesia;
APRECIAR a estilística da obra literária;
ADOTAR atitudes investigativas frente ao texto;
IDENTIFICAR pistas deixadas no poema para construção de sentido, através dos conhecimentos prévios;
FORMAR leitores e produtores de poemas.
Autora:
Professoras
METODOLOGIA
Primeiramente fazer a preparação do ambiente. Colocar uma música de fundo, de preferência clássica, arrumar a sala para que as carteiras formem um círculo e a professora deve fazer parte dele.
A princípio é feita a leitura de algumas poesias em voz alta para os alunos (a quantidade fica a critério da professora).
Após a leitura, a professora perguntará a classe se eles perceberam emoções e/ou sentimentos nos poemas lidos, isto levará o aluno a refletir que poesia é um conceito abstrato que se refere a emoções e sentimentos. Deixar acontecer um pequeno debate sobre o assunto.
São explicados para a turma os conceitos de poesia, verso, estrofe e poema. Estes conceitos podem ser escritos na lousa para a turma copiar, ou entregues a eles em uma folha digitada, preparada para a oficina (critério da professora).
Antecipadamente, a professora preparará uma caixa com pequenas poesias infantis (anexo). A professora colocará uma música animada e ficará de costas para a turma que passará a caixa de mão em mão. A professora irá parar a música e a criança que estiver segurando a caixa tirará um poema e o lerá para toda a turma.
A professora escolherá três poemas dos que estiverem em anexo neste projeto e os lerá para a turma para que eles elejam o melhor. Este poema vai ser trabalhado da seguinte forma:
Leitura oral;
Debate na intenção de interpretá-lo e descobrir os sentimentos e emoções;
Um desenho será feito para que eles ilustrem o que entenderam;
Uma reconstrução coletiva do texto (mudança do tema ou das intenções do autor, este fica a critério do professor e do andamento da oficina);
Cada criança irá produzir um poema com o tema livre.
Avaliação: será realizado um sarau de poesias, onde as crianças apresentarão suas composições para a turma, sempre com uma música de fundo.
ANEXO
Cecília Meireles
Colar de Carolina
Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
Vinícius De Moraes
A Foca
Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.
Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.
Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga!
Vinícius De Moraes
O Peru
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!
O Peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.
O Peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.
O Peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando foi dizendo
Que beleza de pavão!
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!
Rosângela Trajano
Eu vi um dragão
Eu vi um dragão
Voando no céu
E meu coração
Riscou no papel.
Eu vi um dragão
Com suas asas
Levar um leão
Perdido pra casa.
Eu vi um dragão
Soltando fogo
Mais que carvão
Perdeu o jogo.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
FERNANDO PESSOA
A lavadeira no tanqueBate roupa em pedra bem.
Canta porque canta e é triste
Porque canta porque existe;
Por isso é alegre também.
Canta porque canta e é triste
Porque canta porque existe;
Por isso é alegre também.
Ora se eu alguma vez
Pudesse fazer nos versos
O que a essa roupa ela fez,
Eu perdeira talvez
Os meus destinos diversos.
Pudesse fazer nos versos
O que a essa roupa ela fez,
Eu perdeira talvez
Os meus destinos diversos.
Há uma grande unidade
Em, sem pensar nem razão,
E até cantando a metade,
Bater roupa em realidade...
Quem me lava o coração?
Em, sem pensar nem razão,
E até cantando a metade,
Bater roupa em realidade...
Quem me lava o coração?
MÁRIO QUINTANA
Canção da garoa
Em cima do telhado
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.
O relógio vai bater:
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.
E chove sem saber porquê
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...
CECÍLIA MEIRELES
Ou Isto Ou Aquilo
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
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