O FANTÁSTICO MAR DE HISTÓRIAS
Celia Nascimento
Mar de Histórias é a expressão que se usava em sânscrito para se referir ao universo das narrativas. O escritor Salman Rusdhie utilizou-se dela para dar título a um importante livro escrito para crianças e também a mais importante coletânea de contos universais feita no Brasil e idealizada por Paulo Rónai e Sérgio Buarque de Hollanda na década de 1960 recebeu este nome. É uma bela expressão que comunica a abrangência e, de certa forma, a necessidade de entrarmos em contato com esse universo.
Mar de Histórias foi o nome escolhido para uma atividade eficaz e querida de alunos e professores de todas as idades. Mar de Histórias é uma maneira de falar de literatura e de livros, de leituras, indicar títulos, autores e temas e ainda escolher livros que serão lidos pela turma ou socializados de alguma outra maneira.
A atividade consiste em colocar no chão um grande tecido que pode ser escolhido com as cores que lembram o mar ou que seja feito pela comunidade como bordado, colcha de retalhos ou outra solução. Porém a beleza ou singularidade do tecido não é indispensável à atividade. O que mais importa é que exista um tecido sobre o qualsejam dispostos muitos títulos e que os ouvintes possam aprender sobre eles e desejar lê-los.
Começamos a atividade com uma conversa sobre leitura, ou uma leitura propriamente dita, sobre uma narrativa que gostamos, que escolhemos por um determinado motivo. Pode-se optar por uma leitura sem discussão posterior já que, algumas vezes, o desejo é de apenas ler e ouvir a narrativa sem nos preocuparmos com nenhuma discussão sobre ela. O contrário também é totalmente possível, ou seja, abrir uma discussão sobre a narrativa depois da leitura. Evidentemente que uma ou outra maneira de conduzir a atividade depende do que se pretende com ela.
Sobre o tecido, dispomos os títulos que farão parte do Mar daquele dia. Em volta dele, reunimos o grupo que fará parte da roda: os alunos da sala de aula, o grupo de professores, o grupo de pais etc. Os títulos colocados no Mar devem ser variados e obedecer a algum pressuposto que se tenha estabelecido para aquela roda. Pode ser temática (um tema que se queira aprofundar ou trazer à tona: África, Mitologia, Ciência, Astronomia, Guerra...), pode ser por autores, por gêneros, comemorativos de alguma data ou evento especial e tantas outras idéias podem surgir. Evidente que o importante é que o professor faça uma escolha pensada no seu grupo, na faixa etária, na capacidade leitora de cada um, no histórico leitor e nas necessidades que se colocam para a formação de um público leitor. Também é importante que o professor comente cada livro colocado no Mar de Histórias para que os alunos possam escolher dentro de um leque anteriormente comentado e se sintam próximos e seduzidos pela indicação das leituras feitas.
Trata-se de uma atividade riquíssima que pode acontecer todas as semanas com inúmeras variantes. Pode ser uma roda:
de histórias de suspense,
de histórias de humor,
de romances,
de poesia,
de música,
de quadrinhos,
de biografias,
de obras de um autor específico,
de livros de imagens, livros de arte,
de crônicas, contos e outros gêneros literários,
de artigos de jornais,
de parlendas, travalínguas e trovas,
e tantas outras rodas... que o professor desejar e inventar!
* Leia textos que eles não leriam sozinhos. Histórias curtas, com pouco texto e muitas ilustrações – que podem servir à leitura individual dos alunos –, geralmente não são adequadas a essa situação.
* Escolha textos cuja história você aprecie. Se a história não for interessante para você, é provável que também não o seja para os alunos.
* A qualidade literária do texto é importante. Isto significa: uma trama bem estruturada (divertida, inesperada, cheia de suspense, imprevisível); personagens interessantes e linguagem bem construída, diferente daquela que se fala no cotidiano.
* Evite utilizar histórias que sirvam para dar alguma lição de moral ou mensagem edificante. Geralmente essas histórias têm uma linguagem muito simplificada, metáforas óbvias, enredos totalmente previsíveis e em geral levam a apenas uma interpretação de sentido. Uma boa história permite que cada leitor a interprete de seu modo, gerando múltiplos significados.
* Ler um livro em capítulos ou dividir uma história mais longa em partes pode ser bastante adequado para as turmas de 1a série. [...] Isso implica interromper a leitura em momentos que criem expectativa, pedir que os alunos façam antecipações e deixá-los sempre com gostinho de “quero mais”.
* Ouvir a leitura e poder comentá-la já é uma tarefa completa na qual os alunos aprendem muito. Não é necessário complementá-la solicitando que façam desenhos da parte que mais gostaram, dramatizações, dobraduras etc. Além de não serem ações que as pessoas façam ao ler
um texto literário, não contribuem para que os alunos aprendam mais sobre o texto nem para que se tornem melhores leitores.
Pré- leitor – Primeira infância ( 15 meses aos 03 anos)
A criança inicia o conhecimento da realidade que a rodeia, estimulada pelos contatos afetivos. É a chamada fase da “invenção da mão” , com o impulso básico de pegar tudo que estiver ao alcance. É o momento que conquista a própria linguagem e nomeia o que está à sua volta.
Segunda Infância ( a partir dos 3 anos ) – É a fase em que começam a predominar os valores vitais, referentes à saúde, e sensoriais, especialmente quanto à afetividade. É um período egocêntrico e de interesses pelos jogos e brincadeiras. Há impulso crescente de adaptação ao meio físico e novas formas de comunicação verbal.
Dos 6 aos 7 anos – Vivência da leitura com reconhecimento dos signos do alfabeto e das sílabas. É o início da racionalização da realidade, com maior socialização nos grupos da escola e da comunidade.
Dos 8 aos 9 anos – Domínio do mecanismo de leitura de textos, com maior interesse pelo conhecimento de coisas novas. Há maior atração pelos desafios da vida , com questionamentos sobre a natureza. A presença do adulto ainda é importante para motivar a leitura.
Dos 10 aos 11 anos – Fase da consolidação do mecanismo da leitura e da compreensão do mundo expressa no livro. A leitura estimula a reflexão, com maior capacidade de concentração e engajamento na experiência narrada.
Dos 12 aos 13 anos – Há total domínio da leitura, com capacidade de reflexão em maior profundidade. É a fase de desenvolvimento do pensamento reflexivo e crítico, com agilidade da escrita criativa. A ânsia de viver funde-se com a ânsia do saber pela auto-realização. O/a adolescente abre-se para o mundo e entra em relação próxima com o outro. É época de transformação, de contato maior com o mundo, levando a muitos questionamentos e posições radicais. A leitura permite uma identificação com o mundo o encontro com realidades diversas mas convergentes que poderão levar à afirmação como pessoa cidadã.
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