Aprendendo a fazer uso da pontuação
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Conteúdo(s)
- Conceito de pontuação aberta e pontuação fechada
- Conhecimento e utilização da pontuação segundo regras
- Reconhecimento da pontuação ou da falta de pontuação para obter um efeito estilístico
- Reconhecimento e emprego das diferentes formas de pontuação em diálogos
Ano(s)
7º
8º
9º
Tempo estimado
4 aulas.
Material necessário
- Textos escritos tendo como suporte fichas ou a tela do computador
- Obras literárias completas
- Poesias avulsas ou em antologias
Desenvolvimento
1ª etapa
Introdução
Sabe-se que durante muitos anos se ensinou pontuação através de regras gramaticais apenas, de forma descontextualizada , tornando o assunto desinteressante e prescritivo-normativo. Cabe ao professor oferecer aos alunos a possibilidade de observar o valor da pontuação dentro de enunciados linguísticos, fazer comparações com outras formas de pontuar e avaliar os efeitos de significado que as diferentes maneiras podem conferir a estes mesmos enunciados.
Para isso é preciso trabalhar com pequenos textos de diversos gêneros, fazer a observação de sua pontuação e a finalidade a que ela se destina ali (poemas, notícias, recados, cartas, textos de panfletos, anúncios, de publicidade etc.).
Proponha a leitura do poema Ouvir Estrelas, de Olavo Bilac.
Ouvir estrelas
Ora, (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com ela? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Provoque uma discussão entre os alunos sobre a pontuação usada pelo poeta e seus efeitos nos versos. Pergunte, por exemplo, que elementos do poema indicam que se trata de um diálogo e qual a diferença de ponto de vista entre o poeta e seu interlocutor.
Peça que expliquem qual a importância dos parênteses no primeiro verso.
Sabe-se que durante muitos anos se ensinou pontuação através de regras gramaticais apenas, de forma descontextualizada , tornando o assunto desinteressante e prescritivo-normativo. Cabe ao professor oferecer aos alunos a possibilidade de observar o valor da pontuação dentro de enunciados linguísticos, fazer comparações com outras formas de pontuar e avaliar os efeitos de significado que as diferentes maneiras podem conferir a estes mesmos enunciados.
Para isso é preciso trabalhar com pequenos textos de diversos gêneros, fazer a observação de sua pontuação e a finalidade a que ela se destina ali (poemas, notícias, recados, cartas, textos de panfletos, anúncios, de publicidade etc.).
Proponha a leitura do poema Ouvir Estrelas, de Olavo Bilac.
Ouvir estrelas
Ora, (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com ela? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Provoque uma discussão entre os alunos sobre a pontuação usada pelo poeta e seus efeitos nos versos. Pergunte, por exemplo, que elementos do poema indicam que se trata de um diálogo e qual a diferença de ponto de vista entre o poeta e seu interlocutor.
Peça que expliquem qual a importância dos parênteses no primeiro verso.
O que sugere o uso das reticências no verso "E abro as janelas, pálido de espanto...?” Qual a condição indicada pelo poeta para poder ouvir as estrelas e que sinal de pontuação nos sugere essa percepção ou sensação? Dessa forma, perceberão a importância da pontuação estilística, ou seja, utilizada para sugerir uma emoção, uma sensação, um sentimento.
2ª etapa
Trabalhe com outros textos literários nos quais se encontrem efeitos da pontuação estilística. Podem ser apresentados em fichas, ou lidos em antologias, ou pesquisados na internet e selecionados pelos próprios alunos etc. (o capítulo Velho diálogo de Adão e Eva, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é um bom exemplo para isso). A ausência de pontuação, em grande parte dos poemas, também é um recurso estilístico, pois muitas vezes a própria disposição dos versos sugere pausas, expressividade.
3ª etapa
Trabalhe com a turma reunida em grupos propondo que realizem a próxima atividade visando a garantir que as mensagens se tornem claras e objetivas, pelo uso da pontuação adequada.
Leia o texto
Leia o texto
A herança
Um homem rico estando muito mal de saúde, pediu que lhe trouxessem papel e tinta.
Escreveu o seguinte:
Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
padeiro nada dou aos pobres .
Deu o último suspiro antes de ter podido fazer a pontuação. A quem, afinal, deixava sua fortuna?
Eram apenas quatro os citados.
No dia seguinte, ao receberem o papel, cada um dos citados deu ao texto a pontuação e a interpretação que lhe favorecia.
Reescreva o texto pontuando da mesma forma que eles.
O sobrinho fez a seguinte pontuação:
A irmã chegou em seguida e o pontuou assim:
O padeiro pediu cópia do original e o deixou dessa forma:
A notícia se espalhou pelas redondezas e um sabido homem representando os pobres deixou o texto desse jeito:
Após a realização da atividade, discuta com os alunos o uso das vírgulas, do ponto final, do ponto-e-vírgula e de outros sinais que tenham usado para concluir as mensagens.
Registre as conclusões a respeito do uso desses sinais de pontuação. Depois de fazer isso, as convenções sobre o uso da pontuação ganharão significado, posto que realizadas dentro de um contexto e em verdadeira situação de uso.
4ª etapa
Leia um texto em prosa (um artigo de jornal ou um parágrafo, relativamente extenso) sem fazer pontuação alguma. Peça que relatem o que entenderam do que foi lido por você. O entendimento, seguramente, estará prejudicado. Esse exercício oral visa estimular a tomada de consciência dos alunos quanto à necessidade da utilização dos sinais de pontuação para compreensão dos enunciados. Em seguida, distribua o texto a eles para que façam a necessária pontuação. Depois é preciso que leiam em voz alta para comparar e sentir a diferença entre as duas formas de enunciação.
Pode ser feito o mesmo tipo de exercício com enunciados com interlocução para que pratiquem a pontuação do diálogo, em todas as suas variantes (com travessão no início das falas, depois das falas sem travessão, entre outras).
Pode ser feito o mesmo tipo de exercício com enunciados com interlocução para que pratiquem a pontuação do diálogo, em todas as suas variantes (com travessão no início das falas, depois das falas sem travessão, entre outras).
5ª etapa
Use um trecho qualquer da obra Todos os Nomes, de José Saramago, onde se encontra uma pontuação completamente diferente da empregada como norma em português. É uma boa oportunidade para reflexão sobre a relação entre a prescrição da gramática normativa e a transgressão dessas regras para efeito estilístico, portanto, inovador.
6ª etapa
A pontuação aberta é adotada especialmente nos seguintes casos:
- nas manchetes e títulos da imprensa;
- em títulos de artigos, ensaios, redações;
- em partes de correspondências, especialmente comerciais datas, endereçamento, vocativo, assinatura;
- na listagem de itens e outras partes de textos publicitários;
- na listagem de itens em textos jornalísticos, técnicos.
7ª etapa
Nesse estágio, o professor poderá propor exercícios que sistematizem o emprego da pontuação. Deve utilizar textos completos (períodos e parágrafos, e não frases isoladas). É preciso que as atividades tenham significado, estejam em um contexto para serem realizadas. Uma boa estratégia é trabalhar com as próprias produções dos alunos, coletivamente, em situações de reescrita, e não apenas de correção, para que percebam como escrever os mesmos textos com uma pontuação diferente da original.
Outra atividade interessante é pedir que os alunos ditem, uns para os outros, pequenas narrativas com diálogos (anedotas, conversas telefônicas, conversas de MSN) e as pontuem. Depois devem discutir a pontuação usada, se normativa, se estilística etc.
Outra atividade interessante é pedir que os alunos ditem, uns para os outros, pequenas narrativas com diálogos (anedotas, conversas telefônicas, conversas de MSN) e as pontuem. Depois devem discutir a pontuação usada, se normativa, se estilística etc.
Avaliação
A avaliação se dará coletivamente, em todos os momentos em que os alunos estiverem participando das discussões sobre pontuação e realizando exercícios, e individualmente, quando estiverem empregando a pontuação em produções escritas, de maneira prescritiva apenas ou de forma criativa para obter efeitos estilísticos.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
BILAC, Olavo, In: Antologia dos Poetas Parnasianos, Manuel Bandeira, Rio de Janeiro, Edições de Ouro, 1968. p.195 ASSIS, Machado: Memórias Póstumas de Brás Cubas, São Paulo, Moderna, 1983. SARAMAGO, José: Todos os Nomes, São Paulo- Companhia das Letras-1997 BASTOS, Lúcia K. e Maria A. de Mattos: A Produção Escrita e a Gramática,São Paulo, Martins Fontes, 1990 MOURA & Faraco: Gramática- São Paulo-Ática, 1999 GERALDI, João Wanderley e Beatriz Citelli: Aprender e ensinar com textos de alunos, S. Paulo, Cortez, 1997 |
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