ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Alfabetização e Letramento, da teoria a prática
- A história da alfabetização
- Alfabetizando com sucesso
- As fases da criança para a construção do pensamento em relação a língua escrita
- Nível pré-silábico
- Nível silábico
- Nível silábico-alfabético
- Nível alfabético
- Quando inicia o processo de alfabetização?
- Corrigir ou aceitar – o erro no processo de alfabetização?
- Dicas de jogos para alfabetizar
- Referências bibliográficas e dicas de leitura
- Considerações importantes
Na área da alfabetização, grandes avanços aconteceram nos últimos anos. Pesquisas e teorias de Jean Piaget, Emília Ferreiro, Vigostsky, Paulo Freire e outros foram de extrema relevância e significado. Estas teorias muito contribuíram para a pratica pedagógica, principalmente para a alfabetização, cuja prática, há dezenas de anos não se alterava. Em meio a tantos anseios, dúvidas e questionamentos que acompanham o processo de alfabetização e percebemos que muitos educadores ainda vêem a alfabetização como um processo estanque as demais séries, desenvolvendo um trabalho voltado para a prática sem um embasamento teórico conciso e resumindo a alfabetização num simples ato de decodificação de símbolos onde utilizam-se de uma metodologia única para todos, esperando que a criança tenha o estalo para se alfabetizar é que buscamos elaborar técnicas e atividades que auxiliassem não apenas o processo de aquisição de linguagem e escrita, mas que também dessem sentido a ele, proporcionando assim, o letramento.
Portanto, refletir sobre o processo de alfabetização é percorrer um mundo de magia e encantamento o qual ainda tem muito para ser descoberto. É ter consciência de que a alfabetização não é decodificar símbolos pelo simples fato e sim dar compreensão e posicionamento do que vê, lê e vive. Enfim, como afirma Paulo Freire “ser alfabetizado...é estar presente e ativo na reivindicação da própria voz, da própria história e do próprio futuro”. (FREIRE & MACEDO, 1990:11)Sendo o processo de alfabetização e letramento um acontecimento que pode ser estendido ao longo de nossas vidas, o presente artigo, pretende explorar apenas a alfabetização de crianças.
Os sistemas de escrita estabelecidos na história dos povos nunca foram privilégio de ninguém. De acordo com fatos comprovados historicamente, a escrita surgiu do sistema de contagem feito com marcas, provavelmente para contar o gado.
Nessa época de escrita primitiva, ser alfabetizado significava saber ler o que aqueles símbolos significavam e ser capaz de escrevê-los. Assim, com a expansão do sistema de escrita, a quantidade de informações necessárias para quem soubesse ler e escrever aumentou consideravelmente, o que obrigou as pessoas à usarem cada vez mais símbolos que representassem sons da fala, como por exemplo, as sílabas.
Na antigüidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo já escrito e depois copiando. Começavam por palavras, depois por textos famosos até que começavam a escrever seus textos próprios. O segredo da alfabetização era a leitura e a cópia. Dessa forma, pode-se perceber que a má compreensão da alfabetização é tão verdadeira para o passado quanto para o presente. GRAFF (1994:27) afirma que: “a alfabetização... é profundamente mal entendida” o que possibilita a nós, perceber que esta construção equivocada de significados vem se arrastando ao longo dos anos.
ALFABETIZANDO COM SUCESSO
Sabe-se, que a leitura e a escrita são instrumentos básicos para o ingresso e participação na sociedade letrada em que vivemos. São ferramentas para compreensão e realização da comunicação do homem na sociedade e chave para a apropriação dos saberes já conquistados. Por meio da alfabetização, o homem se torna um ser global, simbólico, social, enfim, um cidadão inserido na sociedade.
Assim, pode-se concordar com CÓCCO e HAILER (1996:9) quando afirmam que: “Saber ler e escrever é condição necessária Desta forma, aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código lingüístico, é tornar-se um usuário da leitura e da escrita. Uma aprendizagem mecânica do ler e escrever, que não se apoie sobre idéias e conhecimentos adquiridos pela criança sobre a língua escrita, que não venha acompanhada de uma real compreensão dos usos e funções da linguagem, que não esteja sustentada em um interesse comum, em comunicar e compreender, é totalmente inútil a participação na sociedade letrada em que vivemos. É pré-requisito para a cidadania”.
Pode-se perceber a partir do trecho acima que a alfabetização vai muito além do decifrado. A alfabetização é um processo de aprendizagem conceitual onde o sujeito emprega a sua lógica sobre a língua escrita para poder aprendê-la e entender o seu significado.
FERREIRO (1986) ainda afirma que: “Ler não é decifrar, escrever não é copiar”. A escrita da criança não resulta de uma simples cópia de um modelo, mas é um processo de construção, onde reinventam a escrita, no sentido de compreender seus processos de construção e suas normas de produção.
Ler e escrever são, de um lado, processos que envolvem o relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras; mas, por outro, também são processos de construção de interpretação de textos escritos (leitura) e de expressão de idéias e de organização de pensamento (escrita). Portanto, ler e escrever o seu próprio nome ou um simples bilhete, ou até mesmo, ler apenas para decifrar o que está escrito é muito pouco para uma sociedade letrada como a nossa. O cidadão que sabe ler é aquele que consegue dar sentido ao material a que tem acesso. É ler o mundo o tempo todo. Enfim, estar alfabetizado é dar compreensão e posicionamento crítico do material e da realidade vivida, sendo este, o conceito de letramento.
As fases da criança para a construção do pensamento em relação a língua escrita
No contexto escolar ainda é muito comum encontrarmos professores que ao perguntarmos como ocorre a aprendizagem da língua escrita respondem: “A criança vai juntando as sílabas e formando as palavras, de repente dá na criança um estalo e ela passa a ler e a escrever”. Na verdade, vemos que o que acontece não é nenhum sobrenatural e muito menos um estalo. Os estudos de Emilia Ferreiro e outros pesquisadores contribuíram para a prática pedagógica testando e organizando as concepções da criança sobre a linguagem, mostrando em seus estudos que a alfabetização é um longo processo, em que o aprendiz observa, estabelece relações, organiza, interioriza conceitos, reelabora, até chegar ao código alfabético.
Assim, da mesma forma em que todo o ser humano passa pela infância, adolescência até chegar a vida adulta, a criança para construir e reconstruir o código lingüístico apresenta fases ou níveis de desenvolvimento para a construção do pensamento em relação à linguagem escrita.
Nível pré-silábico
A escrita é concebida como um desenho. Lê em gravuras, fotos e outros. Dividindo-se em duas fases:
Fase pictórica: fase caracterizada pelas garatujas, desenhos sem e com figuração.
Fase gráfica primitiva: são registros, símbolos e pseudoletras, onde letras e números são misturados. Nesta fase a criança questiona muito o adulto sobre as coisas que vê no meio que a cerca.
Fase pré-silábica: nesta fase propriamente dita a criança já difere as letras dos números, desenho e símbolos e já reconhece o papel das letras na escrita.
Nível silábico
Nesta fase surge a tentativa de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõe uma escrita. É um período de maior importância evolutiva, pois é o surgimento do que Emilia Ferreiro denominou “hipótese silábica”, em que cada letra vale por uma sílaba.
A hipótese silábica pode aparecer com sinais distantes das letras do alfabeto ou aplicar-se a letras sem que se lhes atribua valores sonoros estáveis. Mas ainda nesse período, as letras começam a adquirir valores sonoros (silábicos) com certa estabilidade, estabelecendo-se uma correspondência com o eixo qualitativo: as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se exprimir por letras semelhantes, o que também é fonte de conflito para a criança quando, por exemplo, produz uma mesma escrita (AO) para palavras diferentes tais como pato e gato.
O conflito entre as hipóteses internas – silábica e de quantidade – é resolvido “acrescentando” um numero maior de grafias que as previstas. Assim, as palavras dissílabas que deveriam ser escritas com duas letras passam a ter três, para atender a hipótese de quantidade mínima, mas conflita com o fato de uma das letras não ter uma emissão possível.
O nível silábico caracteriza-se, portanto, pelos aspectos que se seguem:
- Ao descobrir a silaba na fala (e não escrita) a criança sabe que a escrita vincula-se à pronúncia das partes da palavra (hipótese de que a silaba oral corresponde a uma letra);
- Tem dificuldade para escrever monossílabos e dissílabos por entrar em conflito com a exigência da quantidade mínima de letras;
- Na escrita de palavras tem a preocupação de não repetir letras;
- Quando silábico convicto, usa para cada som que emite, uma letra. Não há sobras;
- Pode ou não conhecer o valor sonoro convencional das letras e saber utilizá-las;
- Pode misturar letra com número na escrita de palavras, apesar de diferenciá-las;
- Lê apontando para cada letra;
- Leitura silábica;
Nível silábico-alfabético
A criança ensaia diversas soluções de compromisso sem conseguir absorver as perturbações que surgem e o abandono da hipótese silábica torna-se necessário. Apenas buscando uma divisão que vá além da sílaba, isto é, procedendo a uma divisão da sílaba em sons menores, é possível à criança superar o conflito.
Porém, isso não acontece de imediato. Durante este período ocorrem grandes oscilações entre escrita silábica e alfabética, dando lugar a leituras e escritas que geralmente começam silabicamente e terminam alfabeticamente.
As principais características dessa fase de transição entre o silábico e o alfabético são:
- A criança pode acrescentar mais letras em uma palavra para representar o som de uma sílaba;
- Pode ou não usar o valor sonoro convencional;
- Começa a fazer sílabas completas nas palavras com mais freqüência quando estas palavras estão em um contexto;
- Começa a fazer a relação grafema/fonema;
Ainda não descobriu a relação existente entre consoante e vogal, ou seja, que a vogal muda o som da consoante;
- Em relação à leitura, é uma fase de grande conflito para a criança que pode ainda ler globalmente.
Nível alfabético
A escrita alfabética constitui o final desta evolução. Ao chegar a este nível a criança já compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba, e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
Descobre que não basta uma letra por sílaba e que também não se pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba (já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras).
Tudo isso, não significa que todas as dificuldades tenham sido superadas, pois a partir desse momento, a criança terá de se haver com as questões ortográficas (pelo lado qualitativo), uma vez que a identidade de som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letra, a de som.
A criança finalmente já percebe a estrutura e o funcionamento do sistema de escrita porque apropriou-se desse conhecimento através de sua re-construção.
Descobre que não basta uma letra por sílaba e que também não se pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba (já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras).
Tudo isso, não significa que todas as dificuldades tenham sido superadas, pois a partir desse momento, a criança terá de se haver com as questões ortográficas (pelo lado qualitativo), uma vez que a identidade de som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letra, a de som.
A criança finalmente já percebe a estrutura e o funcionamento do sistema de escrita porque apropriou-se desse conhecimento através de sua re-construção.
É possível afirmar que o processo de alfabetização inicia quando ainda somos bebês, quando escutamos uma cantiga, quando ouvimos a voz carinhosa daqueles que nos afagam, quando manuseamos um livro, quando, finalmente, começamos a ver o mundo a fazer interpretações do espaço e das pessoas ao nosso redor.
Não é nenhum problema dar início a alfabetização formal ainda na educação infantil, basta que este processo seja privilegiado através do lúdico e de atividades coerentes a cada faixa etária. Atividades mimeografadas ou xerocadas para pintar ou colar sem nenhuma outra finalidade, trabalhar letras soltas e desconexas, com a intenção de ler só por ler, contribuem pouco ou nada para este processo. A criança nesta fase, ainda é um ser inseguro e delicado e seu mundo é egocêntrico e fantasioso. As particularidades desse desenvolvimento devem ser respeitadas e não devemos querer que este aprendizado aconteça antes que ele realmente seja possível. Isso, não significa que a criança não deva ter contato com o mundo da escrita e da leitura, até pelo contrário, deve-se propiciar a criança o maior acesso possível a livros, revistas e jornais, possibilitando o manuseio destes diferentes tipos de materiais.
Não é nenhum problema dar início a alfabetização formal ainda na educação infantil, basta que este processo seja privilegiado através do lúdico e de atividades coerentes a cada faixa etária. Atividades mimeografadas ou xerocadas para pintar ou colar sem nenhuma outra finalidade, trabalhar letras soltas e desconexas, com a intenção de ler só por ler, contribuem pouco ou nada para este processo. A criança nesta fase, ainda é um ser inseguro e delicado e seu mundo é egocêntrico e fantasioso. As particularidades desse desenvolvimento devem ser respeitadas e não devemos querer que este aprendizado aconteça antes que ele realmente seja possível. Isso, não significa que a criança não deva ter contato com o mundo da escrita e da leitura, até pelo contrário, deve-se propiciar a criança o maior acesso possível a livros, revistas e jornais, possibilitando o manuseio destes diferentes tipos de materiais.
CORRIGIR OU ACEITAR – O ERRO - NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO?
Uma das maiores dúvidas quando se fala em alfabetização, é sobre o papel do erro neste processo. O que fazer? Como lidar com tentativas frustradas de escritas? Corrigir ou aceitar?
Partindo do princípio de que o erro é um processo de construção, que a criança só erra porque busca o acerto, devemos ter em mente que ele é fator fundamental no processo de aprendizado. Se a criança copia por copiar, cometerá erros referentes à falta de atenção, por não identificar uma ou outra letra, mas quando o erro é fruto da construção espontânea, onde mais do que codificar ou decodificar um símbolo, é o entendimento e a expressão de uma idéia o que se busca, o erro acontecerá com mais freqüência. Devemos, então, observar em primeiro plano, o nível de aquisição da escrita em que a criança se encontra, pois cada nível possui suas particularidades e erros comuns a esta etapa.
A correção é importante, cada vez que a criança repete o erro, pois o considerando como a opção certa, estamos permitindo que a realização deste exercício motor, reforce a escrita incorreta no processo mental. Logo, é natural a criança reproduzir na escrita espontânea, aquilo que escuta quando fala (Kasa para casa), no entanto, reforçar este modelo, não contribuirá para a escrita correta. A melhor alternativa, seja em qual for a etapa em que a criança se encontra, é criar um conflito, para que ela elabore novas hipóteses para a escrita da mesma palavra.
Na escrita espontânea, a criança por si, se dá conta de que há um erro, com isso, busca frequentemente o auxílio do educador para mostrar o que escreveu. Quando damos um elogio para um erro, além de reforçar a escrita incorreta, corremos o risco de cair no descrédito, pois a criança se dá conta que não é preciso escrever da forma correta e, logo, deixará de buscar o auxílio do educador.
Há várias formas de fazer uma intervenção, seja com questionamentos ou apenas mostrando a criança como se escreve. Ter em sala alfabeto móvel e outras formas de visualização deste recurso, favorece a observação e a comparação da produção espontânea, com a forma correta de escrever. . Por isso, nesta fase de alfabetização, os exercícios que favorecem noções topológicas, desenvolvem a motricidade e a lateralidade, colaboram tanto para a escrita correta de palavras.
Conclui-se então, que observando uma criança vemos que ela aprende a engatinhar, a andar, a correr por si mesma, nunca por meio de lições verbais dos adultos, mas muito através da necessidade e da imitação. A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma, quando tem a oportunidade de interação. Ao chegar à escola, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimentos acumulados, conquistados por meio de exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, que influenciarão no processo de aprendizagem.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrta, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos) e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, inteligente, prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático, repetitivo, mecânico) muito próprio das escolas. Portanto, podemos perceber a necessidade de se relacionar o processo de alfabetização com o lúdico, na forma de jogos e brincadeiras, que despertam o interesse e arrebatam a atenção das crianças, tornando este processo recheado de significado.
Partindo do princípio de que o erro é um processo de construção, que a criança só erra porque busca o acerto, devemos ter em mente que ele é fator fundamental no processo de aprendizado. Se a criança copia por copiar, cometerá erros referentes à falta de atenção, por não identificar uma ou outra letra, mas quando o erro é fruto da construção espontânea, onde mais do que codificar ou decodificar um símbolo, é o entendimento e a expressão de uma idéia o que se busca, o erro acontecerá com mais freqüência. Devemos, então, observar em primeiro plano, o nível de aquisição da escrita em que a criança se encontra, pois cada nível possui suas particularidades e erros comuns a esta etapa.
A correção é importante, cada vez que a criança repete o erro, pois o considerando como a opção certa, estamos permitindo que a realização deste exercício motor, reforce a escrita incorreta no processo mental. Logo, é natural a criança reproduzir na escrita espontânea, aquilo que escuta quando fala (Kasa para casa), no entanto, reforçar este modelo, não contribuirá para a escrita correta. A melhor alternativa, seja em qual for a etapa em que a criança se encontra, é criar um conflito, para que ela elabore novas hipóteses para a escrita da mesma palavra.
Na escrita espontânea, a criança por si, se dá conta de que há um erro, com isso, busca frequentemente o auxílio do educador para mostrar o que escreveu. Quando damos um elogio para um erro, além de reforçar a escrita incorreta, corremos o risco de cair no descrédito, pois a criança se dá conta que não é preciso escrever da forma correta e, logo, deixará de buscar o auxílio do educador.
Há várias formas de fazer uma intervenção, seja com questionamentos ou apenas mostrando a criança como se escreve. Ter em sala alfabeto móvel e outras formas de visualização deste recurso, favorece a observação e a comparação da produção espontânea, com a forma correta de escrever. . Por isso, nesta fase de alfabetização, os exercícios que favorecem noções topológicas, desenvolvem a motricidade e a lateralidade, colaboram tanto para a escrita correta de palavras.
Conclui-se então, que observando uma criança vemos que ela aprende a engatinhar, a andar, a correr por si mesma, nunca por meio de lições verbais dos adultos, mas muito através da necessidade e da imitação. A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma, quando tem a oportunidade de interação. Ao chegar à escola, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimentos acumulados, conquistados por meio de exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, que influenciarão no processo de aprendizagem.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrta, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos) e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, inteligente, prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático, repetitivo, mecânico) muito próprio das escolas. Portanto, podemos perceber a necessidade de se relacionar o processo de alfabetização com o lúdico, na forma de jogos e brincadeiras, que despertam o interesse e arrebatam a atenção das crianças, tornando este processo recheado de significado.
DICAS DE JOGOS PARA ALFABETIZAR
Silabário
Para jogar: Se não houver a possibilidade de construir um silabário para cada criança, será necessário um para cada grupo de 3 ou 4 crianças.
Formas de jogar:
1 - O professor leva as fichas e sorteia, as crianças montam as palavras sorteadas, depois registram no caderno. Pode-se, ainda, pedir que identifiquem a letra inicial/final, número de letras, vogais e consoantes. Dependendo do nível, pode-se solicitar que separem as sílabas.
2 - Em grupo, cada criança recebe um determinado número de tampinhas. Um por vez deve tentar formar palavras colocando apenas uma tampa no tabuleiro, sendo possível aproveitar as sílabas/letras dos demais integrantes.
3 - Cada criança forma 4 palavras no silabário, depois, preenche os espaços com sílabas soltas e troca o silabário com o colega, que deverá localizar as palavras formadas pelos amigos. Depois deverá ser feito um registro da atividade no caderno.
Memória 3D - figura e palavra
Jogo da memória com imagem e nome da palavra. Podem ser usadas letras bastão ou cursiva, minúscula ou maiúscula, dependendo do nível de escrita da turma.
Jogo do Talharim
Este jogo consiste em que cada participante, caso acerte, pode pegar mais uma massa, desta vez sem nenhum fonema, para que assim consiga montar no seu prato uma macarronada.
Objetivo: Consciência fonêmica - Identificação do fonema inicial e segmentação fonêmica.
Material : 1 panela, 4 pratos, 4 garfos e macarrão em E.V.A.
Como jogar: Cada participante escolhe um pratinho e um garfo. Um participante desafia o outro tirandode um recipiente uma palavra.
O jogador deverá olhar para dentro da panela de talharim e apenas com o garfo mexer na massa tentando pegar a que tiver o fonema inicial referente a palavra escolhida. Em seguida, o jogador deverá falar o som do fonema que encontrou.
Ganha o jogo quem conseguir colocar no prato o maior número de massas.
Pescaria
Objetivo: Desenvolver a consciência silábica.
Materiais necessários : Caixa para pescaria, peixes com letras, anzol.
Modo de jogar: O jogador retira de um envelope uma ficha com uma figura. O mesmo deverá encontrar o peixe que contém a letra que inicia a figura. Deve dizer o nome da figura, segmentando-a silabicamente e classificando-a pelo número de sílabas. Em seguida, deverá colocar o peixe no aquário adequado ao número de sílabas.
Podem ser somados pontos por acerto.
Caixas ilustradas
Objetivo : Desenvolver a percepção da linguagem escrita; promover a associação da palavra com a figura e dos grafemas com os fonemas.
Materiais necessários :Caixinhas de fósforo; figuras pequenas; letras recortadas.
Modo de jogar : As professoras deverão formar as palavras de acordo com a figura.
Boliche do alfabeto - Jogo das argolas
Objetivos: Identificar as letras do alfabeto relacionando-as com o fonema inicial de cada palavra; Desenvolver a coordenação ampla.
Materiais necessários: embalagens de refrigerante e bola.
Modo de jogar: Ao derrubar as garrafas, deverá identificar a letra e dizer uma palavra que inicie com a mesma.
Quebra-cabeça com palitos ou caixas
Objetivo: Familiarizar as crianças com a noção de palavras e sílabas.
Materiais necessários: fichas em forma de quebra-cabeça, palitos ou caixas.
Vence a equipe que formar o maior número de palavras.
Jogo das abelhas
Objetivo: Consciência fonêmica - identificação do fonema inicial e segmentação fonêmica.
Materiais necessários: Abelhas e mãozinhas em E.V.A.
Modo de jogar: O professor sorteia uma letra e produz o som da mesma. Cada integrande da equipe ficará com uma mãozinha. O aluno que identificar a letra deverá bater na abelha com a mãozinha, ficando com a mesma caso esteja correto.
Ganha quem tiver mais abelhas.
Mais perto do 10
Objetivos: Noção de quantidade; representação numérica, soma, subtração.
Materiais necessários: Caixa com 30 palitos ou mais; marcadores para identificar os pontos de cada participante (fichas, tampinhas, botões...); tabuleiro.
Como jogar: Cada participante tenta tirar um conjunto de 10 palitos sem contar nem olhar. Cada um marca no tabuleiro a quantidade de palitos que tirou e devolve à caixa. Quem tirar 10 palitos ganha um ponto. Se o número de palitos não estiver no tabuleiro o jogador perde a rodada.
Depois de 4 rodadas, ganha quem tiver mais pontos.
Jogo dos balões
Materiais necessários: Cartelas com figuras de balões numeradas e fichas que somem até a quantidade desejada.
Modo de jogar: A criança sorteia duas fichas, faz o calculo mental e marca o valor correspondente na cartela.
Boneca das emoções
Em rodinha as crianças se comunicam com a boneca, usando apenas uma palavra (sentimento). Depois, cada criança a leva para casa e devolve no dia seguinte, relatando aos colegas tudo o que a boneca fez durante a visita e porque gostou de levá-la para casa.
É ideal para primeiros dias de aula ou turminhas com problemas de relacionamento.
- BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1991.
- CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. São Paulo: Scipione, 1989.
- ______Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 1998.
- CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Didática de alfabetização: decifrar o mundo: alfabetização e socioconstrutivism. São Paulo: FTD, 1996.
- COOK-GUMPERZ, J. Construção social da alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
- CURTO, Lluís Maruny; MORILLO, Maribel Ministral; TEIXIDÓ, Manuel Miralles. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensina-las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
- ELIAS, Marisa Del Cioppo. De Emilio a Emília: a trajetória da alfabetização. São Paulo: Scipione, 2000.
- FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.
- ______. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1993.
- ______; TEBEROSKY. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
- FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.São Paulo: Moraes, 1980.
- ______; MACEDO, D. Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
- GRAFF, Harvey J. Os labirintos da Alfabetização: reflexões sobre o passado e o presente da alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
- SOARES, M.B. Alfabetização: a (dês)aprendizagem das funções da escrita. Belo Horizonte: Educação em revista n.8, p.3 –11, 1988.
- ______. Língua Escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas. São Paulo: Revista Brasileira de Educação n.0, p.5 –11, 1995.
- TEBEROSKY, Ana; TOLCHINSKY, Liliana. Além da alfabetização: a aprendizagem fonológica, ortográfica, textual e matemática. São Paulo: Ática, 1996.
- Por muito tempo a alfabetização era reduzida ao mero aprendizado do sistema alfabético. Hoje sabemos que alfabetizar é muito mais que apenas codificar e decodificar palavras, é inserir e garantir o acesso do educando ao mundo letrado, é formar cidadãos autônomos e conscientes . E para isso é necessário que os alunos sejam usuários da leitura e da escrita, nas suas diferentes funções sociais.
- A construção do processo da leitura e da escrita difere de aluno para aluno, pois cada educando é único e possui seu próprio ritmo, sendo este um ser que constrói e reconstrói, que é criativo e que busca compreender o mundo que o cerca, criando para isso seus próprios critérios hipóteses e justificativas.
- Desde o início do trabalho de alfabetização deve-se propor a atividade de produção de textos a princípio oral, com finalidade definida, registrados pelo professor, que posteriormente poderá propor atividades de registro de palavras retiradas dos textos as quais tenham significado para os alunos com o objetivo de estudar as letras e sílabas.
- Para a aquisição da leitura e da escrita é necessário um ambiente alfabetizador em que a criança tenha contato com diferentes portadores textuais (gibis, parlendas, musicas, contos, lendas, textos jornalisticos, bulas, cartões, poesias, etc...)Neste contexto, os jogos e suas regras são importantes e enriquecem o ambiente.
- Para a construção do conhecimento é necessário que se leve em conta as experiências vividas do educando, seus conhecimentos prévios. Sendo a escola um grande espaço de socialização, é preciso saber conviver com as diferenças.
- Valorizando e respeitando o conhecimento que o educando já possui, o professor assume o papel de mediador a nortear o educando a percorrer em caminho da sua própria construção,organizando um ambiente rico em elementos de escrita utilizando diferentes materiais,não apenas escolares, mas de uso social enriquecendo a cultura o contexto da escrita que o educando já tem acesso.
- É preciso que o professor tenha conhecimento teórico sobre os niveis de desenvolvimento da escrita da criança para poder diagnosticar e avaliar os "documentos" com registros escritos de suas produções espontâneas, certificando-se que esta(s) não sejam cópias. A partir dessa avaliação diagnóstica o professor deverá proporcionar dentro do âmbito da sala de aula exercícios que assegurem um saber com um significado real para o aprendente. A escola neste processo de alfabetização deve proporcionar um ambiente acolhedor para que o aluno se sinta seguro e possa colocar-se, sabendo que sua opinião será respeitada desenvolvendo assim, sua capacidade de produção oral e escrita. É a escola que deve ensinar ao aluno o uso e a forma de fala adequadas as diversas situações na vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário