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terça-feira, 21 de abril de 2015



A AUTOESTIMA: SEU SIGNIFICADO EM NOSSA VIDA

Maria das Graças Teles Martins
Introdução
A forma como nos sentimos acerca de nós mesmos é algo que afeta crucialmente todos os aspectos da nossa experiência, desde a maneira como agimos no trabalho, no amor e no sexo, até o modo como atuamos como pais, e até aonde provavelmente subiremos na vida. Nossas reações aos acontecimentos do cotidiano são determinadas por quem e pelo que pensamos que somos. Os dramas da nossa vida são reflexos das visões mais íntimas que temos de nós mesmos.
A autoestima é a apreciação que uma pessoa faz de si mesma em relação à sua autoconfiança e seu autorespeito. Através dela podemos enfrentar desafios e defender nossos intertesses. Assim, a autoestima é a chave para o sucesso ou para o fracasso. É também a chave para entendermos a nós mesmos e aos outros.
O que está relacionado à autoestima?
A autoestima é formada na infância, utilizando o tratamento que se dá à criança como peça chave, ou seja, se a criança for sempre oprimida em relação às suas atitudes terá baixa autoestima. Por outro lado se for sempre entendida, apoiada, orientada positivamente naquilo que é certo ou errado, terá autoestima elevada.
Acredito que tudo que permeia nossa existencia está intimamente relacionado à nossa autoestima. Digo isso porque, além de problemas biológicos, não consigo pensar em uma única dificuldade psicológica entre elas, por exemplo, presença da ansiedade e depressão, medo da intimidade ou do sucesso, ao abuso de álcool ou drogas, às deficiências na escola ou no trabalho. Outras questões muito presentes na atualidade, tais como: espancamento de companheiras [os] e filhos, imaturidade emocional, suicídio ou aos crimes violentos que não estejam, de alguma forma, relacionados com uma autoestima negativa. Percebe-se, assim, que nossa autoestima é um fator importante no direcionamento de nossos ideais existenciais e, quando positiva nos sentimos motivados, com disposição para busca de realizações satisfatórias.
O julgamento que fazemos de nós mesmos
Você sabia que de todos os julgamentos que fazemos em nossa vida, nenhum é tão importante quanto o que fazemos sobre nós mesmos. Isso é verdadeiro. A autoestima positiva é requisito importante para uma vida satisfatória. Vamos entender o que é autoestima.
A autoestima tem dois componentes: o sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal. Em outras palavras, a autoestima é a soma da autoconfiança com o auto-respeito. Ela reflete o julgamento implícito da nossa capacidade de lidar com os desafios da vida [entender e dominar os problemas] e o direito de ser feliz [respeitar e defender os próprios interesses e necessidades].
O que é ter autoestima elevada, baixa ou média?
Ter uma autoestima elevada é sentir-se confiantemente e adequado à vida, isto é, sentir-se competente e merecedor de tudo que possa ser capaz de nos trazer alegria e bem estar. A baixa autoestima é o sentimento que se manifesta em pessoas inseguras, criticadas, indecisas, depressivas e que buscam sempre agradar outras pessoas. Assim, ter uma autoestima baixa é sentir-se inadequado à vida, errado, não sobre este ou aquele assunto, mas ERRADO COMO PESSOA. Ter uma autoestima média é flutuar entre sentir-se adequado ou inadequado, certo ou errado como pessoa e manifestar essa inconsistência no comportamento, por exemplo: 'às vezes agindo com sabedoria, às vezes como tolo', reforçando, portanto, a incerteza em tudo que faz.
Autoconfiança e Auto-respeito
Todos temos capacidades de desenvolver autoconfiança e autorespeito em nossa vida. A capacidade de desenvolver uma autoconfiança e um auto-respeito saudáveis é inerente à nossa natureza, pois a capacidade de pensar é a fonte básica da nossa competência, e o fato de que estamos vivos é a fonte básica do nosso direito de lutar pela felicidade.
Idealmente falando, todos deveriam desfrutar um alto nível de autoestima, vivenciando tanto a autoconfiança intelectual como a forte sensação de que a felicidade é adequada. Entetanto, infelizmente, uma grande quantidade de pessoas não se sente assim.
Muitas sofrem de sentimentos de inadequação, insegurança, dúvida, culpa e medo de uma participação plena na vida – um sentimento vago de 'eu não sou suficiente'. Esses sentimentos nem sempre são reconhecidos e confirmados de imediato, mas eles existem.
O Processo de crescimento e autoestima
No processo de crescimento e no processo de vivenciar esse crescimento, é muito fácil que nos alenemos do autoconceito positivo [ou que nunca formemos um]. Poderemos nunca chegar a uma visão feliz de nós mesmos devido a informações negativas vindas dos outros, ou porque falhamos em nossa própria honestidade, integridade, responsabilidade e auto-afirmação, ou porque julgamos nossas próprias ações com uma compreensão e uma compaixão inadequadas.
Entretanto, a auto-estima é sempre uma questão de grau. Não conheço ninguém que seja totalmente carente de auto-estima positiva, nem que seja incapaz de desenvolver auto-estima.
Desenvolver a auto-estima
Desenvolver a auto-estima é desenvolver a convicção de que somos capazes de viver e somos merecedores da felicidade e, portanto, capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, que nos ajudam a atingir nossas metas e a sentirmo-nos realizados.
Desenvolver a autoestima é expandir nossa capacidade de ser feliz. Se entendermos isso, poderemos compreender o fato de que para todos é vantajoso cultivar a autoestima. Não é necessário que nos odiemos antes de aprender a nos amar mais; não é preciso nos sentir inferiores para que queiramos nos sentir mais confiantes. Não temos de nos sentir miseráveis para querer expandir nossa capacidade de alegria.
Autoestima em Alta
É preciso que internalizemos que quanto maior a nossa autoestima, quanto mais alta ela for, mais bem equipados estaremos para lidar com as adversidades da vida. Quanto mais flexíveis formos, mais resistiremos à pressão de sucumbir ao desespero ou à derrota. Teremos capacidade de enfrentar tudo àquilo que se apresenta como negativo em nossa frente. Podemos ainda enfrentar situações que parecem nos atingir diretamente em nosso eu interior, em nossa emoção e sensibilidade. Portanto veja alguns pontos de como a autoestima nos ajuda em diferentes situações:
1-Quanto maior a nossa autoestima, maior a probabilidade de sermos criativos em nosso trabalho, ou seja, maior a probabilidade de obtermos sucesso.
2- Quanto maior a nossa autoestima, mais ambiciosos tenderemos a ser, não necessariamente na carreira ou em assuntos financeiros, mas em termos das experiências que esperamos vivenciar de maneira emocional, criativa ou espiritual.
3- Quanto maior a nossa autoestima, maiores serão as nossas possibilidades de manter relações saudáveis, em vez de destrutivas, pois, assim como o amor atrai o amor, a saúde atrai a saúde, e a vitalidade e a comunicabilidade atraem mais do que o vazio e o oportunismo.
4- Quanto maior a nossa autoestima, mais inclinados estaremos a tratar os outros com respeito, benevolência e boa vontade, pois não os vemos como ameaça, não nos sentimos como 'estranhos e amedrontados num mundo que nós jamais criamos' [citando um poema de A. E. Housman], uma vez que o auto-respeito é o fundamento do respeito pelos outros.
5- Quanto maior a nossa autoestima, mais alegria teremos pelo simples fato de ser, de despertar pela manhã, de viver dentro dos nossos próprios corpos. São essas as recompensas que a nossa autoconfiança e o nosso auto-respeito nos oferecem.
Significado da Autoestima
Autoestima pode ser definida como a avaliação que o indivíduo faz de suas experiências interpessoais, atribuindo juízo de valor a si mesmo. As crianças formam sua autoestima a partir da maneira como são tratadas por pessoas importantes para ela, tais como pais, amigos e professores.
Nesta parte, procuremos nos aprofundar mais no significado do conceito de autoestima. Autoestima, seja qual for o nível, é uma experiência íntima; reside no cerne do nosso ser. É o que EU penso e sinto sobre mim mesmo, não o que o outro pensa e sente sobre mim. Portanto, EU me amo muito, mais do que qualquer coisa, sendo assim, EU estou em primeiro lugar em tudo.
Alguns estudiosos relatam que quando crianças, nossa autoconfiança e nosso auto-respeito podem ser alimentados ou destruídos pelos adultos – conforme tenhamos sido respeitados, amados, valorizados e encorajados a confiar em nós mesmos. Mas, em nossos primeiros anos de vida, nossas escolhas e decisões são muito importantes para o desenvolvimento futuro de nossa autoestima.
Estamos longe de ser meros receptáculos da visão que as outras pessoas têm sobre nós. E de qualquer forma, seja qual tenha sido nossa educação, quando adultos o assunto está em nossas próprias mãos. Temnos capacidades de buscar, reagir, enfrentar e ter êxito.
Ninguém pode respirar por nós, ninguém pode pensar por nós, ninguém pode nos dar autoconfiança e amor-próprio. Então, posso ser amado por minha família, por meu companheiro ou companheira e por meus amigos e, mesmo assim, não amar a mim mesmo. Posso ser admirado por meus colegas de trabalho e mesmo assim ver-me como um inútil. Posso projetar uma imagem de segurança e uma postura que iludem virtualmente a todos e ainda assim tremer secretamente ao sentir minha inadequação.
Posso preencher todas as expectativas dos outros e, no entanto, falhar em relação às minhas. Posso conquistar todas as honras e apesar disso sentir que não cheguei a nada. Posso ser adorado por milhões e despertar todas as manhãs com uma nauseante sensação de fraude e vazio.
Chegar ao 'sucesso' sem conquistar uma autoestima positiva é ser condenado a sentir-se um impostor que aguarda intranquilo ser desmascarado. Não, de forma alguma quero ou desejo isso para mim. Sou inteligente o suficiente para saber muito bem que quero o melhor para mim.
A tragédia é que existem muitas pessoas que procuram a autoconfiança e a autoestima em todos os lugares, menos dentro delas mesmas, e, assim, fracassam em sua busca.
A Autoestima como conquista espiritual
Veremos que a autoestima positiva pode ser entendida como um tipo de CONQUISTA ESPIRITUAL, isto é, uma vitória na evolução da consciência.
A partir do momento em que começamos a entender a autoestima dessa forma, como uma condição da consciência, entendemos quanta tolice há em acreditar que, se pudermos causar uma boa impressão nos outros, teremos uma autoavaliação positiva.
Procuro pensar sempre que se ter autoestima é julgar que sou adequado à vida, à experiência da competência e do valor, se autoestima é a autoafirmação da consciência, de uma mente que confia em si, então ninguém pode gerar essa experiência a não ser eu mesma. Quando avaliamos a verdadeira natureza da autoestima, vemos que ela não é competitiva ou comparativa.
A verdadeira autoestima não se expressa pela autoglorificação à custa dos outros, ou pelo ideal de se tornar superior aos outros, ou de diminuir os outros para se elevar. Quando diminuo alguém pensando que estou me elevando é puro engano. Na realidade eu é que estou precisando me amar mais e me perceber mais sem prejudicar outrem. A arrogância, a jactância e a superestima de nossas capacidades são atitudes que refletem uma autoestima inadequada, e não, como imaginam alguns, excesso de autoestima.
Uma das características mais significativas da autoestima saudável é que ela é 'o estado da pessoa que não está em guerra consigo mesma ou com os outros.' a importância da autoestima saudável está no fato de que ela é o fundamento da nossa capacidade de reagir ativa e positivamente às oportunidades da vida – no trabalho, no amor e no lazer. A autoestima saudável é também o fundamento da serenidade de espírito que torna possível desfrutar a vida com algria, paz e harmonia.

NOTAS: Texto adaptado por: Maria das Graças Teles Martins- Professora, Psicóloga Clínica e Hospitalar.

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