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E qual não foi sua surpresa quando aquele homem pegou, no banco do passageiro, um embrulhinho e lho estendeu pelo vidro.
Sentado, a beira da calçada - Histórias e contos de páscoa
Sentado na beira da calçada, com um ovo de chocolate pequenino nas mãos, olhar sério, aquele menino pôs-se a imaginar. Havia muitas coisas que ele não entendia, por mais que tentasse.
Durante a semana toda, na escola, na rua, em casa, em todos os lugares só se ouvia falar de Páscoa, coelhinho e ovos de chocolate.
A professora até colocou Jesus no meio da história, mas só aumentou a sua confusão; ele não conseguia organizar o pensamento.
Jesus não é aquele que nasceu no Natal?
Faz tão pouco tempo, e ele já morreu??!!
Não, decididamente ele não entendia nada. Não sabia exatamente o que uma coisa tinha a ver com a outra.
Afinal de contas, porquê comemorar, se Jesus morreu? Porquê os ovos de chocolate?
E o coelho, o que ele faz nesta história?
Complicado!
Separava somente as coisas que entendia, e sabia o que era.
Entendia que estava à espera de ganhar um ovo bem grande, daqueles que tinha visto na televisão, embrulhado num papel brilhante e com um laço de fita vermelha, que não veio, e ele sabia porquê:
O dinheiro não deu.
Ele sabia. Nem o seu pai e nem a sua mãe tinham prometido dar-lhe um ovo de páscoa; e ele sabia, também, que o coelhinho não o trazia para ninguém.
Então, como é que ele poderia satisfazer a sua vontade de comer chocolate?
Como ia passar o domingo de páscoa sem comer um ovo?
E a idéia veio assim, de repente! Porque não?
Foi até ao primeiro semáforo daquela movimentada avenida e, quando o sinal ficava vermelho ele lançava-se entre os carros e ia pedindo:
'Moço, dá-me um ovo de páscoa?'
'Senhor, poderia me dar um ovo de páscoa?'
'Moça, dá-me um ovo de chocolate?'
Assim, ia pedindo e ouvindo as mais esfarrapadas respostas, quando alguém respondia.
Até que, enfim, parou um carro velho, todo manchado de ferrugem.
Dentro, um homem com cara de bravo... Ele tomou coragem, foi até lá e arriscou o mesmo pedido:
'Moço, eu quero um ovo de páscoa'.
'Obrigado'
E saiu em disparada.
De volta à sua calçada, ele olhou o ovinho e sorriu feliz.
Afinal, agora ele comemoraria a Páscoa.
2
SE EU FOSSE CRIAR MEU FILHO DE NOVO
Mensagem para Reunião de Pais e Mestres
SE EU FOSSE CRIAR MEU FILHO DE NOVO
Se eu fosse criar meu filho de novo,
Faria mais pintura a dedo, em vez de apontar o
dedo,
Seria menos corretivo e mais conectivo.
Olharia menos o relógio, e mais para ele.
Cuidaria menos de aprender, e aprenderia a cuidar
mais dele.
Faria caminhadas, soltaria pipas.
Pararia de brincar de sério para brincar a sério.
Correria mais pelos campos e contemplaria mais
estrelas.
Daria mais abraços e menos broncas.
Construiria a auto-estima primeiro, e a casa
depois.
Seria menos firme, e muito mais afirmativo.
Ensinaria menos sobre o amor ao poder,
E mais sobre o poder do amor.
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Reunião com professores
Esta é a história de um rapaz que tinha um gênio muito difícil. Seu pai lhe deu uma bolsa de pregos e lhe disse que cada vez que perdesse a paciência, deveria pregar um prego detrás da porta.
No primeiro dia, o rapaz cravou 37 pregos detrás da porta. As
semanas se seguiram e, a medida que ele aprendia a controlar seu gênio, cravava cada vez menos pregos atrás da porta.
Por fim descobriu que era mais fácil controlar-se que cravar pregos atrás da porta.
Chegou o dia em que ele pôde controlar-se durante todo o dia.
Depois de informar a seu pai, este lhe sugeriu que retirasse um prego cada vez que conseguisse controlar sua raiva e impaciência.
Os dias se passaram e o jovem pôde finalmente anunciar a seu pai que não restavam mais pregos para retirar da porta.
Seu pai o tomou pela mão e o levou até a porta.
Seu pai lhe disse: “Você trabalhou muito duro, meu filho. Porém, olhe
todos esses buracos na porta. Ela nunca mais será a mesma.
Cada vez que você perde a paciência, deixa cicatrizes exatamente como as que você poder ver na porta.”
Você pode insultar a alguém e depois retirar o que disse, porém, o modo com você falou deixa cicatrizes que perduram para sempre.
Uma ofensa verbal é tão daninha como uma ofensa física.
Os amigos são jóias preciosas. Nos fazem rir e nos animam a seguir adiante. Nos escutam com atenção, e sempre estão prestes a abrirnos seu coração.
“O sábio não diz tudo o que sabe, e o ignorante não sabe o que diz.” Provérbio chinês
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MEU FILHO, VOCE NAO MERECE NADA - um alerta para os pais
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.
É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E-mail: elianebrum@uol.com.br Twitter: @brumelianebrum
Ao conviver com os bem mais jovens,
com aqueles que se tornaram adultos há pouco
e com aqueles que estão tateando para virar gente grande,
percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada.
Preparada do ponto de vista das habilidades,
despreparada porque não sabe lidar com frustrações.
Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia,
despreparada porque despreza o esforço.
Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas,
despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida.
E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar
que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas,
viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia.
Uma geração que teve muito mais do que seus pais.
Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil.
Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas –
onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede.
Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram.
E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos,
revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo,
sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção –
e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito.
Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos.
Já que seus pais não conseguiram dizer,
é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora:
viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim?
Penso que este é um questionamento importante para quem está educando
uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito.
E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”.
Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues –
sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores.
Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal.
Mas é possível uma vida sem frustrações?
Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo
duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço?
Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento?
Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com
os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade.
O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto.
Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa.
Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor.
Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina.
Este atesta a excelência dos genes de seus pais.
Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C,
que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço,
existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer.
De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens,
uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido.
Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito.
E a frustração um fracasso.
Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens
ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido.
Expressão que logo muda para o emburramento.
E o pior é que sofrem terrivelmente.
Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo
para lidar com a dor e as decepções.
Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém,
por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é:
“Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”?
É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão.
Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer –
este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha,
começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade.
Desde sempre sofremos.
E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí:
se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo
que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos,
como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado?
Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer
duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar
construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar,
porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar.
E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de
crianças que não se comportam segundo o manual.
Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise
olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem
– e aos pais caberia garantir esse direito –
que tipo de relação pais e filhos podem ter?
Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento,
o medo e as dúvidas estão previamente fora dele?
Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo,
especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar –
e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade,
o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia.
É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado,
onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar,
e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar.
E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem.
E, portanto, estão perdendo uma grande chance.
Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados.
E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo.
E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar
não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta,
com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto,
percebo que precisam muito de realidade.
Com tudo o que a realidade é.
Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem.
Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua,
mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz,
é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada.
É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas.
Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que
tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando:
“Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.
Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é:
“Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso”
ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”.
Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho
que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil,
incapaz de compreender a matéria da existência.
É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente
para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito
e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência.
De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que
vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia.
O melhor a fazer é ter a coragem de escolher.
Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –,
seja a de abrir mão dele.
E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo,
porque com certeza vai dar errado muitas vezes.
Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falha não a torna menor.
Sim, a vida é insuficiente.
Mas é o que temos.
E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
(Eliane Brum)
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.
É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E-mail: elianebrum@uol.com.br Twitter: @brumelianebrum
Ao conviver com os bem mais jovens,
com aqueles que se tornaram adultos há pouco
e com aqueles que estão tateando para virar gente grande,
percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada.
Preparada do ponto de vista das habilidades,
despreparada porque não sabe lidar com frustrações.
Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia,
despreparada porque despreza o esforço.
Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas,
despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida.
E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar
que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas,
viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia.
Uma geração que teve muito mais do que seus pais.
Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil.
Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas –
onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede.
Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram.
E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos,
revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo,
sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção –
e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito.
Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos.
Já que seus pais não conseguiram dizer,
é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora:
viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim?
Penso que este é um questionamento importante para quem está educando
uma criança ou um adolescente hoje.
Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito.
E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”.
Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues –
sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores.
Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal.
Mas é possível uma vida sem frustrações?
Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo
duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço?
Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento?
Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com
os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade.
O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto.
Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa.
Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor.
Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina.
Este atesta a excelência dos genes de seus pais.
Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C,
que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço,
existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer.
De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens,
uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido.
Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito.
E a frustração um fracasso.
Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens
ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido.
Expressão que logo muda para o emburramento.
E o pior é que sofrem terrivelmente.
Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo
para lidar com a dor e as decepções.
Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém,
por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é:
“Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”?
É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão.
Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer –
este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha,
começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade.
Desde sempre sofremos.
E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí:
se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo
que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos,
como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado?
Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer
duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar
construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar,
porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar.
E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de
crianças que não se comportam segundo o manual.
Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise
olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem
– e aos pais caberia garantir esse direito –
que tipo de relação pais e filhos podem ter?
Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento,
o medo e as dúvidas estão previamente fora dele?
Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo,
especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar –
e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade,
o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia.
É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado,
onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar,
e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar.
E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem.
E, portanto, estão perdendo uma grande chance.
Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados.
E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo.
E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar
não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta,
com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto,
percebo que precisam muito de realidade.
Com tudo o que a realidade é.
Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem.
Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua,
mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz,
é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada.
É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas.
Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que
tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando:
“Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.
Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é:
“Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso”
ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”.
Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho
que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil,
incapaz de compreender a matéria da existência.
É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente
para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito
e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência.
De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que
vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia.
O melhor a fazer é ter a coragem de escolher.
Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –,
seja a de abrir mão dele.
E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo,
porque com certeza vai dar errado muitas vezes.
Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falha não a torna menor.
Sim, a vida é insuficiente.
Mas é o que temos.
E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
(Eliane Brum)
3
Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.
No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram...
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho!
Moral da história:
Há professores e há educadores... Comunicar é sempre um desafio!
Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados.
Por quê?
•Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: épassividade.
•Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: ésubserviência.
•Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
•Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: éimbecilidade.
Marcas de Baton no Banheiro....
Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.
No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram...
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho!
Moral da história:
Há professores e há educadores... Comunicar é sempre um desafio!
Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados.
Por quê?
•Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: épassividade.
•Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: ésubserviência.
•Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença.
•Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: éimbecilidade.
4
REFLEXÃO PARA A VOLTA AS AULAS
Amigas, estamos retornando as atividades e algumas vezes nos magoamos com certas palavras e atitudes de colegas de trabalho. Lendo esse texto que recebi de uma amiga, por email, me veio a mente o retorno ao serviço... resolvi partilhar com vocês.
Abraços e espero que gostem e seja útil.
Viver como as flores
- Mestre, como faço para não me aborrecer, com as pessoas? Algumas falam demais, falam de nossa vida, gostam de fazer intriga, fofoca, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Fico magoado com as que são mentirosas. "Sofro com as que caluniam".
- "Pois viva como as flores!", advertiu o mestre.
- "Como é viver como as flores?" Perguntou o discípulo.
- "Repare nestas flores", continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim. "Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
- É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores."
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."
(Edward Everett Hale (1823-1909), clérigo e escritor norte-americano.)
Abraços e espero que gostem e seja útil.
Viver como as flores
- Mestre, como faço para não me aborrecer, com as pessoas? Algumas falam demais, falam de nossa vida, gostam de fazer intriga, fofoca, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Fico magoado com as que são mentirosas. "Sofro com as que caluniam".
- "Pois viva como as flores!", advertiu o mestre.
- "Como é viver como as flores?" Perguntou o discípulo.
- "Repare nestas flores", continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim. "Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
- É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento.
Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores."
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."
(Edward Everett Hale (1823-1909), clérigo e escritor norte-americano.)
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